quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Renato Frata (Alta rotatividade)


O estilo da casa exigiu um beiral do tipo aberto, vigas expostas e a parte inferior com telhas à mostra, próprio do visual rústico pretendido. Ele ficou lindo, é verdade. Diferente, ao menos!

Construímos um jardim com canteiros bem bolados, arbustos escolhidos e até um jasmineiro que pulveriza perfume pelo entorno em noites de lua. Sorrimos da concepção à realização, as molhaduras, o crescimento das plantas, as primeiras e contínuas flores, o cuidado com as cochonilhas e outras que se servem do bonito, e nos contentamos! É prazeroso cuidar de um jardim.

Aí, aos poucos, o beiral foi se transformando em pensão de alta rotatividade, como certos hotéis em que o entra-e-sai é constante e de caráter duvidoso: são os pássaros que, por falta de comida no seu habitat, nos imitaram deixando os campos para arreliar nas cidades.

E o nosso lindo beiral recebeu e recebe constantemente dezenas, centenas de pássaros para o pernoite. O bendito descansar após um dia em que, tendo saído na madrugada, misturam aventuras pelos céus em busca do precioso zanzar.

O retorno à tarde para eles, sinto, é o melhor dos alívios. 

Não há maior alegria e nem melhor sensação espiritual depois da jornada, do que ter para onde retornar. Verdade que serve a todos e se comprova com os passarinhos hóspedes do nosso beiral. Vêm em bando, alegres, cantantes, esvoaçantes na disputa do melhor lugar - a melhor cama no albergue emplumado que se tornou o seu interior. Ali conversam, estridulam, contam coisas, e o melhor: amam-se! 

Entre eles, como em nós, há fêmeas e machos — daí os olhares, a plumagem, os gritinhos e esvoaçares convidativos ao fazerem amor. 

Por isso há ninhos aqui, ali, acolá, a despeito de termos nos preocupado em dotar a estrutura com telas passarinheiras de plástico e de arame, e tudo o que se imagina para evitar esse incômodo. Sem resultado, porém!

As maritacas se responsabilizaram por destruir as de plástico; os pardais, tizius e outros, de alargarem suas malhas, e a passarinhada faz a festa no recinto democrático onde todos – sem exceção – têm vez e vida! E de graça...

O único senão não é sua cantoria, aliás, muito linda e que representa beleza a nossos ouvidos, mas a sujeira que fazem ao transformar nossas calçadas em penico.

Quanto come um pássaro? Não faço ideia, mas a lavar suas cacas esparramadas nas calçadas, tenho impressão de que comem um boi com chifres, rume e cascos. É o único inconveniente ao tê-los – não como pets, mas como hóspedes ambulantes.

No entanto, há a compensação. 

Ela vem pela manhã, faça sol ou chuva, frio ou calor: a cantoria na dança do bem acordar. Começam às cinco, e transformam nossos resmungares, queixas de dores e arrastares de chinelos de velhos em plena e magistral sinfonia. 

Tudo vale, quando o coração aceita. E comunga.
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Renato Benvindo Frata nasceu em Bauru/SP, radicou-se em Paranavaí/PR. Formado em Ciências Contábeis e Direito. Professor da rede pública, aposentado do magistério. Atua ainda, na área de Direito. Fundador da Academia de Letras e Artes de Paranavaí, em 2007, tendo sido seu primeiro presidente. Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Seus trabalhos literários são editados pelo Diário do Noroeste, de Paranavaí e pelos blogs:  Taturana e Cafécomkibe, além de compartilhá-los pela rede social. Possui diversos livros publicados, a maioria direcionada ao público infantil.
Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

Carina Bratt (O agora, é só o agora...)


VOCÊS que leem esse meu texto nesse dia espetaculoso. Sabiam que o agora, ou o hoje, não espera? Ele não faz promessas, não se repete, não se guarda para depois. Ele é. E só é enquanto é. Vivemos muitas vezes presas ao que já passou ou ansiosas pelo que ainda não chegou. Mas a vida, essa que pulsa de verdade, só acontece no agora. É no agora, no hoje que o coração bate, que o ar entra e sai dos pulmões, que os nossos olhos veem e a alma sente. O passado, o ontem é memória. O futuro é suposição. Somente o presente é real.

O agora é assim, simples, mas percebam, exige coragem. Coragem para estar inteira, para não fugir, para não se distrair. Estar no agora, entendo, é estar vulnerável, mas também é estar viva, se sentir viva, com a vida plena fluindo dentro de nós. O agora, é onde mora a paz, é onde reside a clareza, é onde sobrevive à presença. Por isso, respirem. Sintam. Olhem ao redor. Vocês estão aqui. E isso, só isso basta.

Lia Luft costumava dizer que “O agora é um ponto invisível entre o que foi e o que será”. De fato. O agora não tem forma, não tem peso, mas carrega TUDO: embala nossas escolhas, transporta de bom grado os nossos sentimentos, vivifica as nossas presenças. O agora é o único lugar onde a vida, a nossa vida, essa que temos nesse momento, realmente acontece. No agora, não há espaço para máscaras. Ele nos convida a sermos quem somos, sem os papéis que o passado nos deu ou os medos que o futuro nos promete. 

O agora é cru, mas apesar disso, é verdadeiro, é intenso. E por isso, muitas vezes, é evitado. Marina Colasanti apregoava que ‘quando aceitamos estar nele, no agora, algo dentro de nós muda’. E dava exemplos: “O tempo desacelera. As cores ficam mais vivas. O toque é mais sentido. O olhar é mais profundo. O agora nos devolve a nós mesmas”. É no agora que o amor acontece. É no agora, no pensamento de Cora Coralina “que o perdão é possível. Que a coragem nasce. Que a paz se instala.” 

De fato, tudo o que importa só pode ser vivido no hoje, ou repetindo, no agora. Então vamos lá. Respirem. Sintam o chão sob seus pés. Ouçam os sons ao redor. Percebam o ar entrando e saindo, se renovando, se transformando nesse momento mavioso e “irrepetível”. Vocês estão aqui. Se fazem vivas, o coração batendo, e isso é tudo. O agora, o hoje, o já é o único tempo que realmente existe. O passado e o ontem, já se foram. O futuro ainda não chegou. O amanhã no dizer sempre brilhante de Lygia Fagundes Telles “é uma ideia, uma projeção, uma esperança. Mas quando ele chega, já não é mais amanhã — é hoje, é agora”. E euzinha acrescentaria por conta e risco: é JÁ.

A escritora Carla Madeira, autora do livro “A Natureza da Mordida” bate na tecla de que “pensar no amanhã é natural. Fazemos planos, sonhamos, nos preocupamos. Mas viver no amanhã é impossível. A vida só pode ser vivida no presente. É aqui, neste exato instante, que respiramos, sentimos, escolhemos e mudamos’’. Aparício Fernandes no prefácio de seu livro “Escritores do Brasil”, deixou sintetizado que “O agora é como um sopro: leve, breve, mas cheio de potência. É o solo fértil onde tudo germina: o amor, a coragem, a criação, a mudança. E se não o habitamos, ele passa. Passa e se vai silencioso. Se torna irrecuperável.”

Não poderia deixar de citar Aparecido Raimundo de Souza, em seu livro “Talvez eu volte para casa na primavera”. Ele disse no pórtico dessa preciosidade que “o grande segredo, creio, não seja tentar controlar o amanhã, mas aprender a confiar no agora. Porque é nele, é no já que plantamos o hoje, que regamos o agora. É no hoje e no agora que acordamos no momento presente. E igualmente é nesse hoje que nos abraça, irmanado a esse sopro benfazejo e divino que se faz pulsante em nossas mãos e ao nosso alcance, que o amanhã, ainda que “distantanciado”, os nossos consanguíneos certamente irão colher a tão sonhada perseguida e amada  F E L I C I D A D E.”
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CARINA BRATT nasceu em Curitiba/PR. Secretária particular e assessora de imprensa em Vila Velha/ES. Escreve crônicas em uma coluna denominada "Danações de Carina" para um site de Portugal.
Fontes:
Texto enviado pela autora,
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Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Pernas, pra que te quero?”


As expressões idiomáticas estão presentes em todas as línguas e culturas. Como tal, caracterizam-se por não ser possível identificar seu significado pelo sentido literal das palavras que as compõem, e sim pelo que querem dizer ou o que significam, após a consolidação do uso no nosso português de cada dia. 

Nesse passo – e sem intuito de trocadilho - "PERNAS, PRA QUE TE QUERO?" é uma delas, tipicamente brasileira que significa correr, se mandar, se colocar a salvo, fugir de algo ou alguém ameaçador ou perigoso, para um lugar seguro.

Sua origem não é clara, permanecendo do campo do indefinido, mas a frase se tornou popular ao longo do tempo, como uma forma de dizer: "me ajudem a fugir", "me ajudem a correr" ou ainda, “se eu tenho pernas, é para correr”. 

Não há um registro específico que aponte um autor ou um momento exato da sua criação ou como teria ela surgido, que ao longo do tempo passou a ser repetida por jovens, adultos e idosos, para evidenciar que “vazaram” da cena que se mostrava perigosa, sinistra ou potencialmente ameaçadora. 

A ideia central é de que as pernas, úteis e indispensáveis para caminhar, também servem para a fuga, para correr em direção a um lugar onde alguém não se sente vulnerável. É uma forma de traduzir o valor da agilidade, a necessidade de se locomover, para livrar-se de algo incômodo ou arriscado.

Dúvida não resta que é uma forma coloquial e humorística de dizer que alguém precisa se afastar rapidamente de uma situação embaraçosa. A expressão é frequentemente usada em contextos como “ele viu o meliante e saiu correndo!”, ou “pulei o muro da prisão e pensei: pernas, pra que te quero?”...

Além de chistosa, ela pode ser usada em diferentes situações, com a mesma conotação de fuga, de evasão. Em relatos de medo ou exigindo retirada estratégica, às vezes ela está subentendida, nem precisando ser pronunciada: “De volta a Belém e morando na CEUP (...), presidida à época pelo notável santareno José Gumercindo Rebelo, por 3 anos fui mais um entre os 75 universitários que batalhavam em busca da graduação, precariamente albergados naquele conhecido endereço da Av. 16 de Novembro, de muitos cômodos e um grande incômodo - pois o casarão era tido como mal assombrado. Encerrado o “FANTÁSTICO” da Rede Globo a cada domingo, todos corriam desarvorados, atropelando-se, para se confinar nos dormitórios, deixando ligada a TV da sala de estar. Era o invariável momento da aparição de uma diáfana figura feminina, envolta numa túnica alvacenta e com fama de “saliente”, pois surgia da penumbra dos corredores tentando sofregamente abraçar os retardatários. Eu nunca tive receio das coisas do além, mas... pelo sim pelo não, ficava trancado no meu quarto...” (APL, meu discurso de posse).

A capital paraense é conhecida por suas lendas, e o saudoso escritor Walcyr Monteiro as abordou exaustivamente em seu livro “Visagens e Assombrações de Belém” (Smith Editora, 2007) verdadeiro repositório de crenças, lendas e mitos urbanos, incorporadas ao acervo da cultura da Amazônica. Nesse clássico da assombração, a cada arrepiante episódio narrado por Walcyr, vem à mente o quão oportuno se mostra essa expressão, considerando que ninguém é suficientemente corajoso para as coisas do além. 

A língua é o maior legado cultural de um povo e reflete, além de seus traços comportamentais, o modo de viver da sociedade onde é cultivada. Sabemos que alguns aspectos linguísticos estão arraigados ao vernáculo e fazem parte da maneira de falar da população. Não existe possibilidade, ainda que remota, de tentar modificá-los em busca de uma adaptação ao chamado “padrão culto”. 

“PERNAS, PRA QUE TE QUERO?” ultraja a gramática porque não existe concordância entre o vocativo “pernas” e o pronome que o retoma (te). Imagine-se em informal roda de conversa, alguém dizendo “PERNAS PRA QUE VOS QUERO?” (ou, “PERNAS, PARA QUE QUERO VOCÊS”?) como seria gramaticalmente correto. Restaria evidente a arrogância intelectual, senão o esnobismo do infeliz interlocutor. Falando nisso, o único que pode usá-la sem medo de errar é o Saci-Pererê, pois tem somente uma perna, conforme a icônica imagem popularizada por Monteiro Lobato, nos idos de 1918.

“Bahia Batuque Orixá”, de Saulo Fernandes, exalta o orgulho de ser da Bahia e a vibração singular do carnaval soteropolitano. A canção passeia por bairros emblemáticos de Salvador e, pelo título e pelo refrão, ressalta sua carga espiritual ao invocar o “batuque” e os “orixás”, referências históricas e religiosas da tradição africana no Brasil. Em alguns trechos da música o autor enfatiza a expressão “PERNAS, PRA QUE TE QUERO?”, importante para pular o carnaval.

“Sou da Avenida Sete Portas
Pernas, pra que te quero?
Pra pular, balançar
Pra ferver
Sou da Avenida Sete Portas
Pernas, pra que te quero?
Pra pular, balançar
Pra ferver”

É patente que essa expressão do nosso cotidiano não poderá jamais ser modificada para o “falar culto”, produto raro ao alcance de requintada minoria, pois ela se consolidou exatamente desse modo trivial, destoante das regras e dos círculos literários, fulcrada no linguajar falada pelo povo em geral. Mas não deixa de ser uma curiosidade gramatical merecedora de registro, haja vista que para a maioria, ela passa completamente despercebida. 
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras, em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.
Fonte:
Enviado pelo autor
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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Asas da Poesia * 118 *


Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR

Eterna ausência

Esse teu olhar
Abriu uma janela
Em meus arquivos.
Revivi a mesma
Paixão.
Senti calado
A mesma ausência
De outrora.
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Poema de
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

À deriva

Quem me deixa à deriva, desconhece
Que meu barco é movido a sentimentos
Pois meus sonhos, toda vez que a maré cresce,
Agradecem ao poder feliz dos ventos.

Mesmo que a dor me exponha ao relento,
Movimento o meu amor com a fantasia
E é assim que sobrevivo: eu me alimento
Do momento que alimenta a poesia.

A magia de quem sofre e faz sua parte
Vem da arte que se despe da moldura,
Pois nem mesmo um folhetim é um encarte
Para a arte que se esculpe com ternura.

Só quem sabe repintar-se com nobreza,
Vê beleza em cada riso que se doa
E se um riso é feliz por natureza,
Num sorriso, a alegria empluma... e voa.

Num rabisco inusitado, a parceria
Que há com Deus, mais espontânea se revela...
É assim que Ele desenha a fantasia
Da poesia a que harmoniza a cor da tela.

Só quem tem dom de amar e transcrevê-lo
Faz quem lê-lo, transportar-se e compreender
Que a linha solitária de um novelo
Só termina, quando quem sabe tecer

Abençoa o terno olhar embevecido
De quem vê, num simples risco de um bordado,
A ternura que repousa num tecido
Construído om amor, luz e cuidado.

Quem me deixa à deriva, não me deixa,
Alimenta minha eterna inspiração,
Porque, quando minha emoção se queixa,
Ela deixa tão triste meu coração...
Que até mesmo a invenção de alguma gueixa,
Complementa minha dor de solidão.

Quem me deixa, nunca foi meu par perfeito,
Não me deito com olhares insensíveis...
Conteúdos sempre têm algum defeito
E os defeitos também são imprevisíveis...

Meu navio só precisa de um motor:
É o amor que ainda tens para me dar
E se amar é recriar um sonhador,
Deixa ao menos, pelo menos, eu te amar.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Entrelinhas 

  Há no entrelaçar das nossas linhas
      Um mágico encontro,
     Desenhado e tecido pelo destino.
 Há no entrelaçar dos nossos lábios
 Carícias que realizam sonhos,
    Sonhos repletos de cores,
      Aromas,  lindas lembranças...
       Há no entrelaçar dos nossos corações,
  Uma aquarela,
    Um bailado encantado, juntinhos
        Num mesclar de vidas,
    Amor e desejo,
Êxtase e desassossego...
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Trova Popular

À noite quando me deito
eu rezo à Virgem  Maria,
para sonhar toda  a noite
com quem penso todo o dia.
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Soneto de
RAUL DE LEONI
Petrópolis/RJ, 1895-1926

Serenidade

Feriram-te, alma simples e iludida.
Sobre os teus lábios dóceis a desgraça
Aos poucos esvaziou a sua taça
E sofreste sem trégua e sem guarida.

Entretanto, à surpresa de quem passa,
Ainda e sempre, conservas para a Vida
A flor de um idealismo, a ingênua graça
De uma grande inocência distraída.

A concha azul envolta na cilada
Das algas más, ferida entre os rochedos,
Rolou nas convulsões do mar profundo;

Mas inda assim, poluída e atormentada,
Ocultando puríssimos segredos,
Guarda o sonho das pérolas no fundo.
= = = = = = 

Soneto de
VICENTE DE CARVALHO
Santos/SP, 1866 – 1924

Soneto da mudança

Não me culpeis a mim de amar-vos tanto
Mas a vós mesma, e à vossa formosura:
Que, se vos aborrece, me tortura
Ver-me cativo assim do vosso encanto.

Enfadai-vos. Parece-vos que, em quanto
Meu amor se lastima, vos censura:
Mas sendo vós comigo áspera e dura
Que eu por mim brade aos céus não causa espanto.

Se me quereis diverso do que agora
Eu sou, mudai; mudai vós mesma, pois
Ido o rigor que em vosso peito mora,

A mudança será para nós dois:
E então podereis ver, minha senhora,
Que eu sou quem sou por serdes vós quem sois.
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO +
São José dos Campos/SP 

Doce prisão

Este vaivém do mar beijando a areia
bem se assemelha à nossa vida a dois:
Também o que nos ata é uma cadeia
que solta... e prende bem, logo depois...

Não cansa o sangue em seu volver na veia,
nem eu por ser cativo seu só, pois
você não é prisão que me aperreia
como a canga que enreda os mansos bois!

Se para ficar livre eu for deixar
a minha praia, ou minha artéria, o quê
além de desengano irei achar?

Prefiro ser cativo nesse ambiente
a que me acostumei, tendo você...
E ser feliz assim, eternamente!
= = = = = = 

Poema de
PAULO LEMINSKI
Curitiba/PR, 1944 – 1989

Arte do Chá

ainda ontem
convidei um amigo
  para ficar em silêncio
comigo

  ele veio
meio a esmo
  praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
= = = = = = 

Trova Funerária Cigana

Pra resistir tua falta,
minh'alma não tem coragem.
Só se iludido pensar
que não perdi tua imagem.
= = = = = = 

Poemeto de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

Sou uma leve brisa,
o beijo do dia.
Uma lágrima na noite
fria, solidão sombria.
Sou doce perfume,
suave sangria.
Gargalhada aprisionada
ou veneno, sua alforria.
Sou a rosa do tango,
drama na alegria.
Rodopiando na valsa
sorrio, faço poesia.
= = = = = = 

Poema de 
ALBERTO MARTINS
Santos/SP

O editor

Passa o dia entre livros
Que não existem, ainda estão por ser escritos
Ou nunca chegarão a ser impressos.
Não trabalha no campo
Mas tem as mãos escalavradas:
A pele dos dedos descama feito pergaminho.
De noite voltam para casa
Ele e sua sombra – enxertada de palavras.
= = = = = = 

Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016

Ao passar do vento

Quando tremula a fronde ao passar de uma brisa
é um sorriso floral dos galhos verdejantes;
quando às águas do lago um leve sopro alisa,
como a sorrir também, felizes e arquejantes;

quando às flores, sem nome, uma aura que desliza
beija e afaga a sonhar doces sonhos distantes;
quando às nuvens no céu azul canta e suaviza
numa glória de sol e brilhos coruscantes;

eu cismo e vejo bem que os arpejos que passam
unidos pelo amor, pelo amor se entrelaçam,
e, alegres, todos vão com modos galhofeiros,

mostrando a nosso olhar, talvez muito cansado,
toda a beleza que há no vento tresloucado,
no sublime correr dos ventos passageiros.
= = = = = = 

Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES

Naquela noite

1
Ainda sinto o sabor
Da tua meiguice
na minha ternura...
Enraizando sublime amor...
Ainda sinto o calor
Do teu coração de encontro ao meu...

2
O perfume,
a maciez das ondas negras
dos teus cabelos,
a embriagar-me
e a afogar-me
os sentidos...

3
A tua doce voz, aos meus ouvidos,
ainda ouço, a sussurrar baixinho,
ao som do “meu castigo”
que, de fato, nos castigava,
nos torturava,
de amor... E de carinho...

4
Sinto, igualmente, o compasso,
do passo,
dolente,
da dança,
que encanta,
ainda, em mim...

5
E sinto mais:
O afago dos teus braços...
E tu,
toda envolvida,
e quase vencida,
enfim...

6
Ainda agora, escuto o teu “não...”
Assim cheio de suavidade
no eco da minha saudade
Depois que tomei-te,
E apertei-te,
Em meu coração.
= = = = = = 

Poema de
EUGÉNIO DE ANDRADE
Fundão/Portugal, 1923 – 2005, Porto/Portugal

Os livros

Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais,
tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.
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Hino de 
Olinda/PE

Olinda, cofre sublime
de brilhantes tradições.
Teu nome beleza exprime
e produz inspirações.
Teu céu, teu mar, teus coqueiros,
ruínas, praias, luar,
despertam sonhos fagueiros,
deslumbrando o nosso lar.

Estribilho:
Glória a Duarte Coelho,
que ouvindo o justo conselho
de inspiração genial,
deu luz, prestígio, beleza,
força, progresso e grandeza,
a ti, Olinda imortal.

Olinda, tão sedutora,
quanta beleza contens!
sendo assim merecedora
do lindo nome que tens,
De nossa brasilidade
foste o berço singular!
No teu solo a liberdade
nunca deixou de brilhar.

Olinda, honrando a memória
do artista que te fundou,
com ele reparte a glória
que a tua fama alcançou.
Que majestade suprema
existe em tudo o que é teu!
tu és, Olinda, um poema
que a natureza escreveu!…
= = = = = = 

Poema de 
LUÍS DA MOTA FILIPE 
Sintra/Portugal

De uma Lisboa esquecida

Das ondas, das maresias
Dos mares, dos rios
Das canastras, das varinas
Dos barcos, dos pescadores

Das vielas, das guitarras
Dos fados, dos destinos
Das revistas, das canções
Dos teatros, dos aplausos
Das tertúlias, das declamações
Dos poetas, dos Cafés
Das sinas, das sortes
Dos pregões, dos cauteleiros
Das floristas, das feiras
Dos arraias, dos mercados
Das rosas, das sardinheiras
Dos cravos, dos manjericos
Das esquinas, das calçadas
Dos Pátios, dos azulejos
Das praças, das fontes
Dos jardins, dos namorados
Das janelas, das varandas
Dos telhados, dos beirais
Das rezas, das procissões
Dos devotos, dos amantes
Das saudades, das paixões
Dos amores, dos corações

De uma Lisboa… esquecida
= = = = = = 

Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

O lobo e o cão magro

A pequena distância duma aldeia,
Um lobo encontra um gozo,
E quer ferrar-lhe o dente.
O cão, manhoso,
E vendo a coisa feia,
Rabo entre pernas, diz humildemente:
«Peço perdão, mas Vossa Senhoria,
Ou não vê bem de perto,
Ou vê decerto
Em mim pobre iguaria!...
Eu sou o que se chama um carga-d’ossos;
Vendido em qualquer talho,
Não valho
Dois tremoços!...
Quer um conselho? Espere. Muito breve,
Meu dono casar deve;
Convidado
Já fui para o noivado;
Tempo de boda,
Tempo de fartura:
Faz-se gordura
Esta magreza toda!...
Tal como sou, não passo dum lambisco;
Enquanto que, depois de uns dias ledos
— Não é por me gabar — mas... um petisco
Eu devo ser
De se lamber
Os dedos!...
Deixe que eu tire o ventre de miséria,
E venha, venha então!»
O lobo crê na léria,
E larga o cão.

Passam dias — e, muito cauteloso,
Entra o lobo na aldeia.
A ver se acha no gozo
Melhor preia.
Mas em lugar seguro, o cão, velhaco:
«Por cá, meu caro? — diz; — prazer sem par!...
Dois dedos de cavaco
Eu e o guarda-portão te vamos dar;
Espera aí portanto,
Abrimos-te o ferrolho!»
Era o guarda-portão
Um canzarrão
Capaz de estrangular um lobo enquanto
O demo esfrega um olho!
O lobo, ao vê-lo, diz todo assustado:
«Senhor guarda-portão, um seu criado!»
E as pernas pôs em rápido exercício!

Ora aqui está um lobo que, a meu ver,
Mostrava não saber
Do seu ofício!
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Cailin Dragomir (Histórias de Moșneagul*) O Sábio da Aldeia


Em uma manhã em uma pequena aldeia da Romênia, onde o canto dos pássaros e o cheiro do pão fresco permeavam o ar. No centro da aldeia, sob a sombra de uma velha árvore, estava Moșneagul, o velho sábio da comunidade. Com sua longa barba branca e olhos que refletiam a profundidade dos anos, ele era uma figura respeitada e amada por todos.

Moșneagul tinha o dom de contar histórias. As crianças se agrupavam ao seu redor, ansiosas por ouvir suas narrativas sobre heróis e dragões, amores impossíveis e aventuras épicas. Mas, mais do que isso, ele era um guardião da sabedoria popular. Suas histórias não eram apenas entretenimento; traziam lições de vida, conselhos que ressoavam através das gerações.

Certa vez, um jovem chamado Andrei, cheio de dúvidas sobre seu futuro, decidiu procurar Moșneagul. Com o coração pesado, ele se sentou à sombra da árvore, buscando respostas. O velho o observou por um momento, com um sorriso sereno.

- Meu jovem, o que te aflige? - perguntou Moșneagul, sua voz suave como a brisa da manhã.

Andrei suspirou e começou a falar sobre suas incertezas, suas aspirações e medos. O velho ouvia atentamente, sem interromper. Quando o jovem terminou, Moșneagul fez uma pausa, como se estivesse pesando as palavras que escolheria.

- Lembre-se, Andrei - começou ele -, a vida é como um rio. Às vezes, as correntezas são fortes, e as pedras podem parecer obstáculos intransponíveis. Mas cada curva e cada desvio têm seu propósito. O importante é seguir em frente, aprendendo com cada desafio.

A sabedoria do velho ecoou na mente de Andrei. Ele percebeu que não precisava ter todas as respostas naquele momento, mas sim a coragem de continuar sua jornada.

Os dias passaram, e a presença de Moșneagul continuava a ser uma luz na aldeia. Ele não apenas contava histórias, mas também cultivava um senso de comunidade. Os aldeões, em suas conversas diárias, frequentemente citavam suas palavras, como se fossem provérbios. “A paciência é uma virtude” e “O amor é a chave que abre todas as portas” tornaram-se mantras que guiavam suas vidas.

Em uma tarde de outono, enquanto as folhas caíam como ouro, Moșneagul reuniu os aldeões para uma celebração. Ele queria compartilhar uma história especial, uma que falasse sobre a importância da união e da empatia. Com a fogueira crepitando ao seu redor, ele começou a narrar a história de um grupo de viajantes que, ao se depararem com um desafio, aprenderam que a força estava na colaboração.

A cada palavra, os rostos dos ouvintes iluminavam-se. O velho sábio tinha uma habilidade única de tornar cada história um espelho, refletindo as lutas e triunfos de cada um ali presente.

No final da noite, enquanto as estrelas brilhavam no céu, os aldeões sentiram-se mais conectados, mais unidos. Moșneagul, com seu coração generoso e sua sabedoria infinita, havia cumprido mais uma vez sua missão: ensinar que, na simplicidade da vida cotidiana, reside a verdadeira grandeza.

Assim, sob a sombra da velha árvore, Moșneagul continuou a ser a alma da aldeia, um farol de esperança e conhecimento, lembrando a todos que, mesmo nas dificuldades, a sabedoria e o amor sempre encontram um caminho.
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* Nota do autor:
Moșneagul, que significa "o velho" em romeno, é uma figura arquetípica nas tradições folclóricas da Romênia. Ele representa a sabedoria acumulada ao longo dos anos e a conexão profunda com a cultura e as tradições locais. É frequentemente retratado como um sábio que possui um vasto conhecimento sobre a vida, a natureza e as relações humanas. Ele serve como mentor para jovens e adultos, oferecendo conselhos valiosos e orientações que muitas vezes são baseadas em experiências pessoais e sabedoria popular. As histórias contadas por ele são uma parte essencial da cultura romena. Elas geralmente abordam temas universais, como amor, amizade, coragem, e a luta entre o bem e o mal. Suas narrativas muitas vezes incluem elementos do folclore, como criaturas míticas, heróis e lições morais. Ele frequentemente menciona plantas, animais e fenômenos naturais em suas histórias, usando-os como metáforas para ensinar lições sobre a vida e a convivência harmoniosa com o meio ambiente. 

Uma das principais funções de Moșneagul é transmitir a sabedoria das gerações passadas. Suas histórias são uma forma de preservar a memória cultural, passando adiante tradições, costumes e valores que poderiam se perder com o tempo. Moșneagul é muitas vezes visto como a personificação da tradição e da cultura romena. Ele representa a voz do povo, refletindo suas esperanças, medos e aspirações. Suas histórias ajudam a manter a identidade cultural viva, especialmente em tempos de mudança. Apesar da profundidade de suas lições, as histórias de Moșneagul frequentemente contêm humor e ironia. Ele utiliza o riso como uma forma de ensinar, fazendo com que as pessoas reflitam sobre suas próprias vidas de maneira leve e acessível.

As histórias de dele não apenas educam, mas também fortalecem a coesão social na aldeia. Elas criam um senso de pertencimento e identidade, unindo as pessoas em torno de valores compartilhados. Ele é mais do que um simples contador de histórias; ele é um símbolo da sabedoria coletiva, uma ponte entre o passado e o presente, e um farol de esperança e inspiração para todos que o ouvem.
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       Cailin Dragomir nasceu em 1949, na vibrante cidade de Timișoara, na Romênia. Desde cedo, demonstrou uma paixão inata pela literatura e pela arte das palavras. Ele cresceu em um ambiente que refletia a rica herança cultural da sua cidade, onde a música e a poesia se entrelaçavam nas conversas cotidianas. Após concluir o ensino médio, ingressou na Universidade, onde se destacou em seus estudos de literatura. Sua dedicação e talento o levaram a continuar sua formação acadêmica, culminando em um pós-doutorado. Durante esse período, ele mergulhou na obra de grandes poetas romenos e internacionais, desenvolvendo um estilo próprio que misturava o lirismo clássico com uma abordagem contemporânea. Em 1992, tomou a decisão de se mudar para o Brasil, em busca de novas oportunidades e experiências. Ao chegar ao país, ele se estabeleceu em São Paulo, onde rapidamente se destacou como professor de literatura. Suas aulas eram conhecidas pela abordagem criativa e envolvente, inspirando os estudantes a apreciar a literatura de maneira profunda e significativa. Além de sua carreira acadêmica, cultivava uma paixão pelo xadrez. Ele se tornou um jogador forte e respeitado, participando de torneios e promovendo o jogo entre seus alunos. Dragomir acreditava que o xadrez, assim como a literatura, era uma forma de arte que desenvolvia o pensamento crítico e a estratégia, habilidades essenciais tanto na vida quanto na escrita. E em um clube de xadrez ele veio a conhecer o diretor dele, José Feldman, com que estreitou laços de amizade não só pelo jogo, mas pela literatura, além do fato de que ambos possuíam uma paixão pela música e Feldman ser filho de pais romenos. Ao longo de sua vida, Cailin Dragomir se estabeleceu como uma figura influente na cena literária e educacional, deixando um legado duradouro tanto na Romênia quanto no Brasil. A influência da cultura romena em sua poesia se manifesta em diversos aspectos de sua obra. A rica tradição literária da Romênia, que inclui poetas como Mihai Eminescu e George Coșbuc, moldou a sensibilidade estética dele. Ele usa uma linguagem lírica e metafórica, incorporando elementos do folclore e da mitologia romena, que são essenciais na poesia romena clássica. A natureza é um tema recorrente na poesia romena, e Dragomir não é exceção. Suas descrições vívidas de paisagens romenas, como as montanhas dos Cárpatos e os campos de flores, refletem uma profunda conexão com o ambiente natural, transmitem uma sensação de integração e nostalgia.
       A riqueza do folclore romeno permeia sua poesia, com referências a mitos, lendas e tradições populares. Utiliza esses elementos para criar uma ponte entre a modernidade e as raízes culturais, trazendo à tona a sabedoria ancestral que ainda ressoa na vida contemporânea. A poesia romena é conhecida por sua profundidade emocional e introspecção. Seguindo essa tradição, explora sentimentos complexos como amor, perda e saudade, utilizando uma abordagem que reflete tanto a sensibilidade individual quanto a experiência compartilhada do povo romeno. Ele muitas vezes incorpora ritmos e cadências que evocam a sonoridade da música popular romena, criando uma harmonia entre palavra e som que enriquece a experiência do leitor.
       Após sua mudança para o Brasil, passou a incorporar a experiência da diáspora em sua poesia. Essa nova perspectiva enriqueceu sua obra, permitindo uma fusão de influências culturais que resultou em uma poesia mais ampla, reflexiva e acessível a diferentes públicos. 
       Em suas obras faz referências a figuras mitológicas romenas, como "Zmeu", um dragão que frequentemente aparece em contos populares. Ele utiliza essa figura para simbolizar desafios e superações, inserindo a luta contra o Zmeu como uma metáfora para as dificuldades da vida. Também é comum encontrar menções a "nossas montanhas", como os "Cárpatos", que não apenas servem como cenário, mas também como símbolo de resistência e força. Cailin pode descrever a beleza dessas montanhas em relação à história do povo romeno, evocando sentimentos de pertencimento. Ele inclui personagens folclóricos como "Moșneagul" (o velho sábio) e "Zână" (a fada), representando a sabedoria ancestral e a proteção, respectivamente. Esses personagens são frequentemente utilizados para transmitir lições de vida e a importância das tradições. Além disso, faz alusão a festivais tradicionais, como "Mărțișor", que celebra a chegada da primavera. Em seus versos, ele descreve a troca de fitas brancas e vermelhas como um símbolo de renovação e esperança, refletindo a alegria da vida. Histórias de amores impossíveis, como a lenda de "Făt-Frumos" e "Ilena Cosânzeana", podem ser exploradas em sua poesia. Ele usa essas narrativas para abordar temas de amor e sacrifício, conectando a experiência pessoal com a tradição. Há a presença de criaturas míticas, como o "Chimera" ou o "Roc", descrevendo esses seres como guardiões de segredos e mistérios, simbolizando os desafios que todos enfrentamos em busca de conhecimento. Esses elementos folclóricos não apenas enriquecem a poesia de Cailin Dragomir, mas também criam uma ponte entre o passado e o presente, permitindo que ele dialogue com suas raízes culturais enquanto se adapta a novas influências. Essa fusão é uma das marcas distintivas de sua obra.
          Como poeta, Dragomir publicou três livros : 1. "Ecos da Alma" - Uma coletânea de poemas introspectivos que exploram a complexidade das emoções humanas; 2. "Sussurros da Memória" - Uma obra que reflete sobre o passado, a nostalgia e a busca pela identidade; 3. "Caminhos de Luz" - Uma série de poemas que celebram a beleza da natureza e a conexão entre o ser humano e o mundo ao seu redor.

Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing