quinta-feira, 17 de abril de 2025

A. A. de Assis (Quando sofrer faz bem)

Não creio que ninguém goste de sofrer. Todavia, de algum modo e em algumas  circunstâncias, o sofrimento pode fazer bem.

Tive recentemente uma experiência difícil, que envolveu hospitalização, exames laboratoriais, ultrassom, tomografia, cirurgia, UTI, injeções, uso de sonda etc.

Tendo em vista os avançados recursos da medicina moderna, meu caso nem foi dos mais graves, porém deixou marcas e lições especialmente fortes. Sobretudo me fez pensar. Comecei pensando na extrema bondade de Deus e no quanto lhe devo por todos os benefícios que me proporciona.

Em primeiro lugar pela felicidade de fazer parte de uma família unida, amorosa e solidária, que em nenhum momento me falta. É nas situações mais dramáticas que a gente melhor entende e mais valoriza esse tesouro que temos em nosso redor, incluindo (nas casas que as tenham) as funcionárias da família.

Grande felicidade, igualmente, é morar numa cidade como Maringá, que conta com serviços médicos e hospitalares da mais alta qualidade e em todas as áreas. Médicos, enfermeiras e enfermeiros (os anjos dos hospitais), laboratoristas, radiologistas e tantos outros profissionais da saúde.

Pensei também muito nessa preciosa riqueza que são os amigos. Quem os tem sente-se sempre amado e amparado. É um conforto, numa situação difícil, receber demonstrações de carinho: visitas, ofertas de ajuda, preces – centenas de amigos e amigas em correntes de orações em nossa intenção.

O sofrimento nos torna mais humildes e nos faz pensar no quanto somos dependentes de Deus, da família e de tantas outra pessoas. Sem os demais, não somos ninguém.

Tudo isso me deixou outra lição: aprendi que rezar/orar é bem mais do que fazer pedidos a meu favor ou agradecer as graças recebidas. Orar/rezar é nos irmanizarmos com as outras pessoas. Pedir a Deus por elas. Pedir que jamais lhes faltem as condições necessárias para uma vida feliz.

Aprendi, enfim, que fraternidade é viver de mãos dadas, como uma grande família, cada qual colaborando, com os seus talentos, para a formação de uma sociedade serena, amorosa, segura e livre de quaisquer carências.

Um abraço grande a todos os que de algum modo estiveram a meu lado nestas semanas de aprendizado. Paz e luz.
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Antonio Augusto de Assis (A. A. de Assis), poeta, trovador, haicaísta, cronista, premiadíssimo em centenas de concursos nasceu em São Fidélis/RJ, em 1933. Radicou-se em Maringá/PR desde 1955. Lecionou no Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM), aposentado. Foi jornalista, diretor dos jornais Tribuna de Maringá, Folha do Norte do Paraná e das revistas Novo Paraná (NP) e Aqui. Algumas publicações: Robson (poemas); Itinerário (poemas); Coleção Cadernos de A. A. de Assis - 10 vol. (crônicas, ensaios e poemas); Poêmica (poemas); Caderno de trovas; Tábua de trovas; A. A. de Assis - vida, verso e prosa (autobiografia e textos diversos). Em e-books: Triversos travessos (poesia); Novos triversos (poesia); Microcrônicas (textos curtos); A província do Guaíra (história), etc.

Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
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José Feldman (À sombra do lago)

Texto construído tendo por base os versos de Edy Soares (Vila Velha/ES):
Lembrança doce e singela
enchendo o peito de afago:
eu e meu pai na pinguela,
jogando pedras no lago…
Na pequena cidade de Ribeirão Verde, havia um lago que parecia ter saído de um conto de fadas. Suas águas eram calmas e refletiam o céu azul em dias ensolarados, enquanto as árvores em volta dançavam suavemente ao vento. Era um lugar mágico, onde as crianças corriam livres e as memórias se formavam como nuvens no céu. Para Benjamim, o lago era mais do que um simples corpo de água, era um espaço sagrado, um refúgio de lembranças que guardava momentos preciosos ao lado de seu pai.

Certa tarde de verão, quando Benjamim ainda era uma criança, seu pai decidiu que era hora de o levar até a pinguela, uma pequena ponte de madeira que se estendia sobre o lago. Ele sempre dizia que aquele era o melhor lugar para jogar pedras na água e ver as ondas se espalharem como um abraço de boas-vindas. Com um sorriso no rosto, pegou sua mão e seguiram juntos pela trilha que levava ao seu destino.

A pinguela, com suas tábuas desgastadas pelo tempo, rangia sob os pés deles, mas para Benjamim era um som familiar, como uma canção que só os dois conheciam. Seu pai, com seu chapéu de palha e seu jeito despreocupado, era a personificação da alegria. Ele o ensinou a escolher as pedras mais lisas, aquelas que pulavam na superfície da água. “Olhe bem, meu filho. A pedra precisa ter o formato certo. E você deve arremessá-la com confiança”, ele dizia, enquanto Benjamim o observava com admiração.

Esse ritual de jogar pedras era mais do que uma simples brincadeira; era um momento de conexão. Cada pedra que lançavam parecia levar consigo um pedaço de suas preocupações e medos. Benjamim lembrava de como seu pai ria quando uma pedra pulava várias vezes antes de se afundar. “Veja! Essa foi uma campeã!”, ele exclamava, e o garoto ria junto, sentindo a felicidade vibrar em meu peito.

Naquele dia, enquanto jogavam pedras, ele começou a contar histórias de sua infância. Falou sobre os verões que passara pescando com seu pai e como ele mesmo tinha aprendido a escolher as melhores pedras. A cada risada, a cada história compartilhada, o coração de Benjamim se enchia de afeto. A presença do seu pai era um abrigo seguro, e nada parecia mais importante do que aqueles momentos simples à beira do lago.

Com o passar do tempo, Benjamim foi crescendo, e as responsabilidades da vida começaram a se acumular. A escola, os amigos, e mais tarde, o trabalho, foram ocupando seu tempo e sua mente. As visitas ao lago tornaram-se menos frequentes, e a pinguela, uma doce lembrança da infância, foi se tornando apenas uma imagem distante. Mas, em seu coração, ele sabia que aquelas memórias estavam guardadas como um tesouro inestimável.

Anos depois, ao receber a notícia de que seu pai não estava bem, uma onda de nostalgia o invadiu. Lembrou-se da pinguela, das pedras e das risadas. Naquele momento, percebeu que precisava voltar àquele lugar que tanto significava para eles. Assim que pode, organizou uma viagem para Ribeirão Verde.

Chegando lá, encontrou o lago como lembrava, mas a pinguela parecia ter envelhecido. As tábuas estavam mais desgastadas, e o vento parecia sussurrar histórias do passado. Com o coração apertado, se aproximou da beira da água e, por um instante, fechou os olhos. As memórias vieram à tona como se estivesse lá novamente, lançando pedras com seu pai, rindo e aprendendo sobre a vida.

Sentou-se na beira do lago, e as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ele sabia que precisava de um momento de conexão, mesmo que seu pai não estivesse fisicamente presente. Compreendeu que as memórias que guardava eram o verdadeiro legado dele. Com um gesto automático, pegou algumas pedras do chão e começou a jogá-las na água, como faziam antes. Cada arremesso trazia de volta um fragmento do passado, um eco das risadas e das lições.

Neste reencontro com o lago, percebeu que, embora seu pai não estivesse mais ao seu lado, ele continuava vivo nas lembranças doces e singelas que preenchiam seu peito. Ele havia lhe ensinado a importância de valorizar os momentos simples, de encontrar alegria nas pequenas coisas, e naquele dia, ao jogar pedras, ele sentia sua presença como se ele estivesse o guiando novamente.

Enquanto o sol se punha no horizonte, tingindo o céu de laranja e rosa, percebeu que a vida era feita de ciclos. Embora a dor da ausência fosse aguda, as lembranças eram um bálsamo que aliviava a saudade. Com cada pedra que lançava, Benjamim dizia um silencioso “obrigado” ao seu pai, por todas as lições e por cada momento que compartilharam.

Aquela tarde no lago lhe trouxe paz. Compreendeu que a pinguela, as pedras e o lago eram mais do que apenas um cenário, eram símbolos da relação que tiveram e do amor que ainda vive nele. Ao sair daquele lugar, Benjamim levou consigo uma nova certeza: mesmo na ausência física, as memórias permanecem vivas, e o amor nunca se apaga.

E assim, ao voltar para casa, seu coração estava mais leve. Ele sabia que, sempre que precisasse, poderia retornar àquela pinguela, onde as lembranças doces e singelas enchiam seu peito de afago, lembrando-se de que, mesmo na solidão, nunca estamos realmente sozinhos.
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JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Foi amigo pessoal de literatos de renome (falecidos), como Artur da Távola, André Carneiro, Eunice Arruda, Izo Goldman, Ademar Macedo, e outros. Casado com uma escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Brasileira de Letras, Academia de Letras de Teófilo Otoni/MG, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria e Voo da Gralha Azul. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou mais de 500 e-books. Premiações em poesias no Brasil e exterior.

Fontes: 
José Feldman. Labirintos da Vida. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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Silmar Bohrer (Croniquinha) 132

Tenho estado em sintonia permanente com a frase de Aristóteles - "a vida quer movimento".  Raros momentos sou sossego, sempre buscando, auscultando, acrescentando.  A nossa organização física e mental precisa de ações para conservar e acrescentar.

São momentos de dileção com exercício nas caminhadas, olhares acostumados com o ambiente, enxergando o que muitos não veem.  Caneta, papel, efervescência nas ideias, sons e imagens dos caminhos.

Longe do burburinho os pensares sintonizando detalhes, anotando o máximo, buscando o elixir dentro de mim mesmo. A ebulição interna expande vida - alegrias, otimismo, luzes no ser.

E o que dizer da movimentação matinal dos cachorrinhos, que me fazem pular cedo da cama, no "bom dia" com a primeira baguncinha da hora.  Cadê o mau humor? E a cara feia?  Ausentes!  

Mais um dia de venturas e aventuras, justificando as palavras do filósofo grego --  façanhas, trabalho, ócio e mobilidade. Dom Theo e Dona Ísis são a leveza e a catarse de cada dia.
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Silmar Bohrer nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores  (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).

Fontes:
Texto enviado pelo autor.
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quarta-feira, 16 de abril de 2025

Asas da Poesia * 5 *


Triversos de
LUCIAH LOPEZ
Curitiba/PR

Vesperais

I
extraindo a saudade
das varandas e alpendres
tua substância esvanece

II
no horizonte vermelho
ídolos se avizinham
fugidias são as horas

III
ázimos serão os pães
que alimentarão as bocas
ao final do dia

IV
ao entardecer
o jardim é secreto
palco de euforias

V
ao cair da tarde
despertam cigarras cantadeiras
sonora euforia
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Trova de
GERSON CÉSAR SOUZA
São Leopoldo/RS

Ator, arisco ao cabresto,
rebelde, se for preciso,
a vida escreve o meu texto
e eu teimo e sempre improviso!
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Lembranças de Minas Gerais

De manhãzinha -
Janela entreaberta
À mesa de madeira
Pequenas flores perfumam
A caneca de ágata,
Recebendo os tênues raios de sol,
Enquanto o gato se espreguiça
À soleira da porta -
Distancia-se o som do trem,
Sinto o aroma de café
Que evola do antigo bule azul,
Emoldurando
O despertar da vida
Em poesias e nas alegres
Borboletinhas brancas -
Manhã de primavera
Desperta em Minas...
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Guri do boné virado, 
estilingue... palavrão..., 
hoje, vigário ordenado: – 
Pax vobiscum, meu irmão!
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Hei de render-me de braços levantados
(Mário Sousa Ribeiro, in “Textos de Amor”, p. 118)

Hei de render-me de braços levantados
Se apontares um beijo ao meu coração
E, algemados, arrastares à prisão
Estes meus olhos puros de amor armados.

Detido entre os teus braços já desfardados
Não irei implorar nada, nem perdão
E só assinarei uma confissão
A de querer os ferros eternizados.

Provo que sou culpado, sim, pela morte
Desses dias de pasmo e sinistra sorte
Que tive antes de tu bem me aprisionares.

Sei que o teu amor me salva e me redime
Mas irei cometer sempre o mesmo crime
Para nunca, nunca mais tu me soltares. 
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Poetrix de
REGINA LYRA
João Pessoa/PB

Harmonia

Supostas teclas
dedilham saudades.
Música que fazíamos juntos.
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Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918


Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
- Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.

De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.

Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!

E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!
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Trova de 
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN

Almoço e janto poesia. 
E neste meu universo, 
mastigo um pão todo dia 
amanteigado de verso.
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Poema de
HEINRICH HEINE
Alemanha, 1797 – 1856

De Manhã Cedo

Minha esposa querida e boa.
Minha bem amada esposa,
Que logo pela manhã
Negro café, branco leite,

É ela mesma quem serve!
E com que encanto, que sorriso!
Em todo o mundo de Cristo
Não há quem sorria assim.

E a flauta que é sua voz
Só entre os anjos se encontra.
Cá por baixo, quando muito,
Entre os melhores rouxinóis.

E as mãos que são como lírios
E os cabelos que entressonham
Em volta do róseo rosto!
Ah, tudo nela é perfeito!

Hoje, porém, ocorreu-me
- Não sei porquê - que um pouquinho
Mais elegante o seu corpo
Pudera ser. Um pouquinho.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Pergunta o padre ao noivinho: 
- "É de espontânea vontade?" 
e ele respondeu baixinho:
- "Não senhor...necessidade!...”
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

Eu sou aquele

Eu sou aquele que, estando sentado a uma janela,
a ouvir o Apóstolo das Gentes,
adormeci e caí do alto dela.
Nem sei mais se morri ou fui miraculado:

consultai os Textos, no lugar competente —
o que importa é que o Deus que eu tanto ansiava
como uma luz que se acendesse de repente,
era-me vestido com palavras e mais palavras

e cada palavra tinha o seu sentido...
Como as entenderia — eu tão pobre de espírito
como era simples de coração?

E pouco a pouco se fecharam os meus olhos...
e eu cada vez mais longe... no acalanto
de uma quase esquecida canção...
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Hino de
TORRES/ RS

Torres.
Tu és, cidade - menina,
A mais formosa praia sulina....
Tu és vida, luz e calor,
Tu és um poema de amor.

Entre as praias gaúchas,
Tu és a mais bela;
És uma linda aquarela.
De cor e de poesia...
És magistral sinfonia.

O teu mar de verdes águas,
Batendo contra os rochedos,
Vai cavando entre penedos
Tuas furnas deslumbrantes...

O Mampituba sereno,
A Torre Sul e a Guarita,
O Farol e a Torre Norte,
A Igrejinha tão bonita.

Recantos cheios de sonhos...
Torres : Ó praia tão sedutora,
Tens a beleza morena
Da menina sonhadora,
Da moça que devaneia
Sobre a tua areia...

Ó Torres :
Das três torres,
Tu és a rainha das praias...
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

A palavra

Palavras no contexto expressam vida
de felizes momentos ou tristezas,
de dor, condenação ou de belezas,
mas sempre vão estar em tua lida.

As decisões tratadas nas empresas,
nas escolas, na rua ou na avenida,
terão pra sempre a nota definida
pelas palavras cheias de certezas.

Mas, se a elas usamos com desprezo
transformarão aquilo que fizermos,
perderão o sentido em apalermos.

Mas se o texto estiver já bem coeso,
com a palavra usada em bom contexto
vamos, pois, escrever, não há pretexto.
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Trova Premiada de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP

A mulher que é mãe me encanta, 
no lar, seja aonde for.
Pois sendo mãe ela é santa 
sendo mulher é o amor.
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Poema de
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA

Missão

Quando alguém te ferir,
escreve;
quando a noite chegar,
escreve;
quando a chuva cair,
escreve;
quando o sonho acabar,
escreve!

Se a tristeza se for,
escreve;
se o amor renascer,
escreve;
se a esperança se impor,
escreve;
se o jardim florescer
escreve!

E só então
terás cumprido à risca
tua missão.
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Poemeto de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo/SP

Ouvia-se os respingos
caindo inertes, sem emoção.
Não era chuva, orvalho,
tampouco pranto.
Somente borrifadas...
Talvez poesia,
talvez um nada no chão.
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Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ES

Pedras

Depois de tantas lutas malfadadas,
de aspérrimos penhascos pela vida;
de palmilhar por todas as estradas
a fim de que a missão fosse cumprida...

Depois dessas sandálias desgastadas
num labirinto hostil e sem saída,
e as plantas dos meus pés dilaceradas,
cansado, eu resolvi pedir guarida...

Bem que eu tentei ser firme e resistente
feito o diamante, duro e reluzente,
ser fera que outros bichos não devoram...

Contudo, fortalezas se esmorecem...
Eu descobri que os fortes se enfraquecem...
Eu descobri que pedras também choram!
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Quadra de
AUTOR ANÔNIMO

Não sei se vou ou se fico,
não sei se fico ou se vou…
Se vou, eu sei que não fico,
se fico, eu sei que não vou…
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Letra de Música de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES

A força do amor

Eu estava perdido,
Cansado e sofrido,
Sem mais ilusão,
Descrente da vida
Vivia vagando
Sem paz no coração

(repete a partir daqui)

Mas eis que um dia
Surgiram alegrias
Em todo meu ser
Deparei com Jesus
E por caminhos de luz
Comecei a viver

Hoje sigo contente
Pois tenho presente
A sua força e calor
Sou todo universo 
Sou prosa – sou verso
Tudo em mim é amor
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Voltaire (Os dois consolados)

O grande filósofo Citófilo dizia, certo dia, a uma dama desolada, que tinha muitas razões para estar assim:

— A rainha da Inglaterra, filha do grande Henrique IV, foi tão desventurada quanto a senhora: expulsaram-no do trono, esteve na iminência de perecer no oceano sob a fúria das tempestades e viu o seu marido no patíbulo.

— Lamento por ela — disse a dama.

E se pôs a chorar os seus próprios infortúnios.

— Lembre-se de Maria Stuart — atalhou Citófilo. — Ela amou com grande honestidade um elegante músico que tinha uma grande voz. O seu marido matou o músico em sua presença. E, depois, sua boa amiga Elisabete, que se dizia virgem, mandou-lhe cortar a cabeça sobre o cadafalso forrado de negro, após dezoito anos de cativeiro.

— Isso é muito cruel — respondeu a dama.

E novamente mergulhou em sua melancolia.

—Talvez a senhora tenha ouvido falar — disse o filósofo consolador — da bela Joana de Nápoles, que foi presa e estrangulada, não?

— Lembro-me confusamente — respondeu, aflita, a senhora.

— É preciso que lhe conte — acrescentou o outro — a aventura de uma soberana que em minha mocidade, depois de um jantar, foi destronada e faleceu em uma ilha deserta.

— Conheço toda essa história — replicou a dama.

— Pois bem: vou contar-lhe o que aconteceu à outra princesa a quem ensinei filosofia. Tinha um namorado, assim como todas as grandes e belas princesas. Seu pai penetrou na alcova e surpreendeu o namorado, que tinha o rosto ardente e os olhos resplandecentes como diamantes. A dama também tinha o rosto muito enrubescido. O rosto do jovem pareceu tão repulsivo ao pai da princesa que o velho monarca lhe aplicou a maior bofetada que se deu em sua província. O namorado, lançando mão de uma tenaz, partiu a cabeça do velho que, curada, ainda exibia a cicatriz daquela ferida. A namorada, consternada, saltou pela janela e quebrou uma perna; de maneira que, ainda hoje, coxeia visivelmente, por mais que o disfarce e a despeito de seu porte admirável. O namorado foi condenado à morte por haver quebrado a cabeça de tão alto príncipe. Imagine, agora, o estado da princesa quando levavam o seu amado à forca. Eu a visitei durante um bom tempo enquanto ele estava na prisão. Só falava nas suas desventuras.

— Por que não quer, então, que eu pense nas minhas? — disse-lhe a dama.

— É — respondeu-lhe o filósofo — porque não há razão para pensar em desventura, e porque, sendo tantas as damas infelizes, a senhora não deve desesperar-se. Pense em Hécuba, em Nicolice...

— Ah! — disse a dama. — Se eu tivesse vivido nos tempos dessas últimas mulheres,  ou na de tão formosas princesas, e se, para consolá-las, o senhor lhes contasse as minhas desgraças, acha mesmo que elas lhe dariam ouvidos?

No dia seguinte, o filósofo perdeu seu único filho e esteve na iminência de morrer de dor. A dama redigiu uma lista de todos os reis que haviam perdido os seus filhos e a levou para o filósofo. Este a leu, achou-a exata, completa e não deixou de chorar.

Três meses depois, encontram-se novamente  e ficaram surpresos de estar com tão excelente humor.

Fizeram, então, erigir uma estátua ao Tempo, com esta inscrição:

Àquele que consola.
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VOLTAIRE (François-Marie Arouet) (1694-1778) Dramaturgo e filósofo francês, foi um dos mais proeminentes pensadores do iluminismo (movimento do século XVII). Inimigo das autoridades, foi preso várias vezes e escreveu mais de 2000 obras, entre livros, peças e panfletos políticos. Politicamente ativo e criador de polêmicas, as suas ideias eram críticas ao poder do clero católico, ao fanatismo religioso da população e à injustiça dos poderosos. As ideias de Voltaire sempre criticavam de modo irônico e satírico os reis que governavam a França e a corrupção da Igreja. Após o exílio na Inglaterra, o filósofo revolucionário se tornaria um ativista na defesa da liberdade de pensamento, do direito a um julgamento justo e da tolerância religiosa, além da separação entre Igreja e Estado. Voltaire contribuiu significativamente para os eventos que levaram às revoluções políticas e sociais do final do século XVIII na Europa, mesmo após a sua morte, em 1778.

Fontes:
Voltaire. Os dois consolados. Publicado originalmente em 1756. Disponível em Domínio Público.  
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Sangue de barata”

Dizemos que alguém que tem “Sangue de barata” quando a pessoa não reage a provocações ou situações desagradáveis, conseguindo ficar calma até nas horas mais difíceis. Trata-se de pessoa com "sangue frio", e olha que nem mesmo sangue essa bicha asquerosa tem.

É que a barata, assim como a maioria dos insetos, não tem sangue e sim possui um nauseabundo fluido chamado hemolinfa, que é transparente e não apresenta pigmentos. Dizem que o sangue é o condutor da nossa sensibilidade ao coração e assim, a pessoa com "sangue de barata" é fria e insensível, já que o inseto não possui o sangue "tradicional" que corre quente em nossas veias.

Dentro desse contexto, após agredir um torcedor, um jogador de futebol procurou justificar seu reprovável gesto dizendo que foi insultado antes e depois do jogo e dentro do esperado, reagiu: 

- “Ele ofendeu minha irmã e eu parti para cima dele, pois não tenho sangue de barata”. 

Natural de Caracaraí em Roraima, Marília Tavares iniciou na carreira artística ainda criança, com quatro anos de idade, quando cantava em eventos religiosos e culturais em sua cidade natal. Veja-se o trecho do texto poético de uma de suas canções, denominada justamente de “Sangue de Barata”:


Eu não consigo
Tampar a boca da minha raiva
Mandar o olho devolver a água
Pra ser plateia do meu ex-te-amo
Tem que ter sangue de barata.
Uma coisa que eu não tenho é sangue de barata, viu?

“Sangue de barata” inspirou também o nome de duas outras obras literárias, sendo uma de Sandra Paterno e outra de Martha Medeiros, demonstrando que essa expressão cultural fez parada na literatura e na música, assim nos meios eruditos e populares.

Sandra Paterno, natural de Ariranha (SP), escritora, gestora digital, psicopedagoga clínica e educacional, especialista em educação especial, pedagoga, compositora, palestrante e artista, imprimiu em seus muitos livros fortes ingredientes de psicologia e humor. 

“Sangue de Barata” é um dos livros dessa magnífica autora paulista que explora a psique de quem afirma não ter sangue de barata, daquele tipo de gente que não levam desaforo para casa. O livro busca desvendar as camadas ocultas da personalidade e guiar o leitor para o autoconhecimento. 

Diferente da cantora de Caracaraí (RR), famosa por “não ter sangue de barata”, a gaúcha Martha Medeiros, escritora, poeta e uma das melhores cronistas brasileiras, com mais de um milhão de exemplares vendidos, notabilizou-se pelo inverso. Esclarece que "Sangue de Barata" significa que a pessoa não reage quando é ofendida, age sempre marcada pela apatia, pelo “deixa pra lá”, sentimentos recorrentes nos apreciados textos da versátil autora. 

Em sua prestigiada coluna literária no GZH, Martha é coerente e confessa: "Quase tudo que conquistei na vida (desconte o exagero) foi por ter sangue de barata". Ela cita como exemplos a confiança no fato de que as pessoas cansarão se ela não der corda para suas maluquices, a sua compaixão por quem não tem condição de expandir-se, a calma diante de provocações, a tolerância com os desaforos, a paciência para aguardar e a espera da hora exata de cair fora. 

Portanto, quando nos referimos a alguém com “sangue de barata”, é o mesmo que dizer que a pessoa tem o sangue gelado, não age impulsivamente, não pega corda por qualquer coisa, não reage de bate pronto, não tem o tal pavio curto. 

No Lago Grande da Franca e em todo o Baixo Amazonas no Pará, um marmanjo desafiado para resolver uma diferença pessoal “no braço” e não reage, mesmo quando palavrosamente ofendido, é inapelavelmente rotulado de “indigno”, que no exemplo dado, não tem nada a ver com falta de dignidade pessoal e sim, com a falta de disposição para a luta corporal, haja vista que naquela vasta aba de mundo, assim como no Marajó, todo moleque briga desde a mais tenra idade. E é reputado “indigno” porque tem “sangue de barata”...

Nas danças da Desfeiteira que antigamente alegravam as várzeas do Arapucú, oeste paraense, a conhecida expressão não passou despercebida dos versejadores durante os bailes juninos, em que jocosamente provocavam suas damas, para delas receber, em cima da bucha, a merecida e irreverente resposta.

O cavalheiro:
Cabocla estúrdia e gostosa
desse jeito tu me mata,
te imploro, casa comigo,
não tenho sangue de barata...

A dama:   
Te enxerga pirento...
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Célio Simões de Souza é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. Membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras, em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

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O “Folhetim”

O folhetim é uma narrativa literária, seriada dentro dos gêneros prosa de ficção e romance. Folhetins são publicados de forma seriada e sequenciada em periódicos (jornais e revistas), rádio e televisão.

O folhetim surgiu na França no início do século XIX. Chegou ao Brasil logo depois, fazendo sucesso na segunda metade do século XIX. Eram publicados diariamente em jornais da capital do Império (Rio de Janeiro) e jornais do interior.

Originalmente (no século XIX) o termo folhetim (do francês feuilleton) designava uma seção, geralmente no rodapé da primeira página do jornal, onde um escritor publicava uma coluna com uma crônica (folhetim-crônica), um artigo avulso (por exemplo, de crítica literária) ou um romance em capítulos (romance folhetinesco, que poderia depois ser lançado em livro). 

Neste último sentido, nas novas mídias do século XX, deu lugar à “novela” de rádio e televisão.

Autores brasileiros como José de Alencar, Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida, Lima Barreto e Joaquim Manuel de Macedo tiveram obras suas publicadas em folhetins para depois serem editadas em livros. 

O romance urbano A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo é considerado o exemplo de folhetim mais popular da história do Brasil, tendo sido sucesso de vendas numa época em que a maioria da população do país ainda era analfabeta.

No final do século XIX, o formato alcançou seu apogeu. Foi publicado à exaustão, como forma de aumentar a venda dos jornais e auto-afirmar a presença do então novo veículo de informação. Apesar da boa demanda, o papel do folhetim como disseminador de cultura de massa e entretenimento não sobreviveu ao surgimento do Rádio.

O Rádio, por sua vez, também aproveitou-se da linguagem folhetinesca para auto-afirmar-se como veículo de comunicação. Dramatizações de folhetins deram origem às radionovelas, e o sucesso gerou a demanda por autores do gênero. Surgiram os primeiros grandes autores de radionovela, que anos depois migrariam para a produção televisiva.

A Televisão também deve sua afirmação como veículo de comunicação ao formato folhetinesco, na medida em que usou da mesma estratégia que os jornais e o rádio para conquistar seu espaço. As telenovelas utilizam a linguagem narrativa dos folhetins: técnica de utilização de ganchos ao final dos capítulos, abordagem de temas populares e polêmicos. Esses acabaram se tornando pontos pacíficos de qualquer narrativa que se proponha popular e destinada às grandes massas.

O Romance policial era publicado em periódicos jornalísticos no século XVIII e XIX, no século XX, passou a ser publicado em revistas pulp e livros de bolso, que herdaram características folhetinescas como o texto envolvente, o papel de herói do detetive, a luta do bem contra o mal, a verossimilhança e atualidade informativo-jornalística. Além disso, possui uma temática semelhante aos Faits divers e à cobertura policial.

No Brasil, nos anos de 1940, sob o pseudônimo feminino de Suzana Flag, o escritor Nelson Rodrigues escreveu alguns romances em formato de folhetim para os Diários Associados Chateaubriand. Com o primeiro folhetim; Meu destino é pecar, o sucesso foi tal que os leitores acreditavam que Suzana Flag existia de verdade. Saboreando tal sucesso Nelson escreve ainda: Escravas do Amor, Minha Vida, Núpcias de Fogo, O Homem Proibido e A Mentira. 

Em 1954, A MURALHA também foi editada no formato romance pela editora José Olympio. E esse foi o caminho de muitas obras publicadas em folhetins, como os livros de Machado de Assis e José de Alencar. O formato, aliás, influenciou muito a escrita desses dois autores, “quase todos os grandes escritores brasileiros do século XIX passaram por jornais. Podemos citar alguns que entraram para o cânone, como Joaquim Manoel de Macedo, Raul Pompéia, Aloísio de Azevedo e Euclides da Cunha”. (Luís Roberto de Souza Júnior)

O folhetim ajudou muito na popularização da leitura no Brasil, já que o acesso à livros era, bem, reservado às classes mais altas da sociedade. Mas lá naquelas páginas cheias de notas, notícias, reportagens, tinha sempre um pouquinho de ficção para encantar os leitores no rodapé das páginas.

No início da década de 1970, na tentativa de aumentar a venda da sua revista feminina "Grande Hotel", a Casa Editora Vecchi lançou alguns folhetins traduzidos supostamente de autores franceses, sob os títulos: Sublime Sacrifício (Mario D'Anconne - G.H. 1209 a 1236), Escrava de um Juramento (Geraldine Aubry - G.H. 1243 a 1270), Sepultada Viva (Geraldine Aubry - G.H. 1270 a 1300) e ainda Expulsa na Noite de Núpcias e O Inferno de um Anjo (Henriette de Tremière - G.H. 1301 a 1343 / 1343 a 1384). As edições eram encartadas em fascículos na citada revista que tinha edição semanal, depois a editora oferecia as capas para encadernação. Eram belos romances açucarados endereçados aos adolescentes.(Fonte: Revista Grande Hotel enumeradas acima - Paulo Sena: detentor de acervo com 4 destas obras completas e parte de Escrava de um Juramento)

Ainda nos anos de 1970, a antiga revista Capricho, aquela em antigo formato, publicava o folhetim Terra do Sol, da novelista Janete Clair, em suas últimas páginas. A trama era bem ao estilo de suas novelas da TV. Continha fotos coloridas com algumas cenas dos capítulos em evidência que eram belíssimas. Mais tarde, já no decorrer dos anos 80, a revista Manchete encartava os fascículos de Nenê Bonet, também da divina criadora Janete Clair. Era uma trama localizada no Rio antigo, trazendo à tona a época do glamour

Tentativa de retorno ao folhetim no Brasil da Confeitaria Colombo. Depois este folhetim foi editado em livro que, embora com edição esgotada, pode ser encontrado ainda em sebos espalhados pelo Brasil. (Paulo Sena - Vivências de leitura e manuseio na época, e presença das obras que dão testemunho dos escritos de Janete Clair). 

Algumas obras famosas que nasceram nas páginas de revistas e jornais:

O Guarani, de José de Alencar
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
O Ateneu, de Raul Pompéia
Casa de pensão, de Aluísio Azevedo
Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas
Madame Bovary, de Gustave Flaubert

Fontes:
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Folhetim&oldid=69416732
https://suminstante.substack.com/p/ah-os-tempos-dos-folhetins   10 jun 2022.