A cena se passou numa fila do INSS para recebimento do auxílio-doença, igual a muitas que se vêem por este Brasil afora.
– Nome?
– Colosflónio Único da Silva.
– Cavalheiro, não estou aqui para brincadeira! O nome certo? – falou, já meio bravo, o atendente do outro lado do guichê.
– Colosflónio Único da Silva.
E o gajo já foi metendo quase nas fuças do funcionário sua carteira de identidade, para comprovar o seu nome verdadeiro.
– Mas, isso é nome que alguém tenha?
– Mas eu tenho, infelizmente!
– E como é que você se arranja com um nome desses?
– E o que é que eu posso fazer? Matar o meu pai? Ele já está morto há muito tempo! Foi ele quem botou esse nome em mim, e eu, recém-nascido não podia protestar! Meu pai quis que seu filho tivesse um nome inédito no Brasil! E me arranjou esse que só me dá encrenca. Já fui até parar na delegacia por ter esbofeteado uma moça que fez chacota do meu nome. Já apanhei e bati por causa do nome. Não passa um só dia em que não tenha de explicar essa maldita herança que meu pai me deixou. Mas também é tanta praga que eu rogo para ele, que até o seu esqueleto deve dançar no caixão!
Logo atrás do infortunado, um homem “gordo às pampas” ria e falava:
– Isso não é nada! Podia ser pior!
Mas foi logo fulminado com o olhar de “poucos amigos” do proprietário do nome e até a “autoridade” do guichê se pronunciou:
– Cavalheiro, o assunto não lhe diz respeito. Cale-se!
Depois do atendimento ao único dono de tal nome no Brasil, que por sinal tinha de voltar, pois, como sempre, faltava um documento para satisfazer o Instituto, lá se foi ele embora todo chateado.
Murmurou entredentes o funcionário: “Cada nome que me aparece neste guichê!”
– O próximo. Nome?
– Paquiderme Junqueira.
Fonte:
PROTTI, Roberto. O embrulho inédito. Osasco, SP: Novo Século, 2004. ps.75
– Nome?
– Colosflónio Único da Silva.
– Cavalheiro, não estou aqui para brincadeira! O nome certo? – falou, já meio bravo, o atendente do outro lado do guichê.
– Colosflónio Único da Silva.
E o gajo já foi metendo quase nas fuças do funcionário sua carteira de identidade, para comprovar o seu nome verdadeiro.
– Mas, isso é nome que alguém tenha?
– Mas eu tenho, infelizmente!
– E como é que você se arranja com um nome desses?
– E o que é que eu posso fazer? Matar o meu pai? Ele já está morto há muito tempo! Foi ele quem botou esse nome em mim, e eu, recém-nascido não podia protestar! Meu pai quis que seu filho tivesse um nome inédito no Brasil! E me arranjou esse que só me dá encrenca. Já fui até parar na delegacia por ter esbofeteado uma moça que fez chacota do meu nome. Já apanhei e bati por causa do nome. Não passa um só dia em que não tenha de explicar essa maldita herança que meu pai me deixou. Mas também é tanta praga que eu rogo para ele, que até o seu esqueleto deve dançar no caixão!
Logo atrás do infortunado, um homem “gordo às pampas” ria e falava:
– Isso não é nada! Podia ser pior!
Mas foi logo fulminado com o olhar de “poucos amigos” do proprietário do nome e até a “autoridade” do guichê se pronunciou:
– Cavalheiro, o assunto não lhe diz respeito. Cale-se!
Depois do atendimento ao único dono de tal nome no Brasil, que por sinal tinha de voltar, pois, como sempre, faltava um documento para satisfazer o Instituto, lá se foi ele embora todo chateado.
Murmurou entredentes o funcionário: “Cada nome que me aparece neste guichê!”
– O próximo. Nome?
– Paquiderme Junqueira.
Fonte:
PROTTI, Roberto. O embrulho inédito. Osasco, SP: Novo Século, 2004. ps.75
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