O boi-bumbá, brincadeira que no século 19 já havia chegado à Amazônia, incorporou, em Parintins, elementos da cultura regional. O índio está sempre presente. A brincadeira original absorveu influências e elementos característicos de diversas outras culturas, em especial as culturas cabocla e indígena.
Desde o início do século passado até hoje, os bois-bumbás parintinenses estão em constante processo de transformação. O Boi Bumbá Caprichoso passou a inserir influências e elementos característicos de diversas outras culturas, em especial as culturas cabocla e indígena.
O auto do boi-bumbá original essencialmente narra a história de um casal de trabalhadores que mata o boi mais querido pelo fazendeiro e sua filha, a sinhazinha. Os fazendeiros pedem ajuda aos índios, e o boi é ressuscitado graças a um pajé.
No boi-bumbá de Parintins, o elemento indígena começou a crescer na década de 60, com a introdução das tribos indígenas, das lendas e dos rituais. Outros personagens passaram a fazer parte da narrativa, entre eles a Rainha do Folclore, a Porta-Estandarte e a Cunhã-Poranga, sendo esta última uma evolução das "misses" surgidas no início da década de 80.
Outras culturas também deram sua contribuição aos bumbás de Parintins. Exemplo disso foi a escola de artes plásticas fundada pelos religiosos italianos a Parintins, que está na raiz da sofisticação estética do espetáculo.
No aspecto musical, as brincadeiras inicialmente eram baseadas apenas no surdo e nas palminhas. Com o tempo, o ritmo foi se sofisticando e novos instrumentos foram introduzidos, entre eles a caixinha e o roncar. No início dos anos 80, foram introduzidos também o charango e o violão, e nos anos 90, foi a vez do teclado se tornar parte da trilha sonora da festa, mais uma colaboração do Boi Bumbá Caprichoso para os sons da floresta.
Surgidos nos primeiros anos do século 20, Caprichoso e o contrário (como denominamos o outro boi, o Garantido) começaram a se destacar entre seus pares nos anos 40. À medida que os bois-bumbás cresciam, crescia também a rivalidade entre eles. Nas décadas de 50 e 60, a oposição dos dois grupos folclóricos se manifestou em confrontos violentos e terríveis entre seus torcedores nas ruas da cidade. As brigas começaram a diminuir após a criação do Festival Folclórico de Parintins, mas a rivalidade entre os fãs dos dois bumbás permaneceu e se cristalizou na geografia e na própria paisagem da cidade. Há casas de famílias, bares, ruas e até bairros inteiros que são redutos de um ou outro boi. Boa parte das ruas do Centro da cidade, em especial a Loris Cordovil, mais o Bar Chapão, são considerados redutos do Caprichoso em Parintins
O Boi-Bumbá Caprichoso tem sua história atrelada a uma família. A professora e folclorista parintinense Odinéia Andrade afirma que o bumbá foi fundado em 1913 pelos irmãos Raimundo Cid, Pedro Cid e Félix Cid. Os três teriam migrado do município de Crato, no Ceará, passando pelos estados do Maranhão e Pará, até chegarem à ilha, onde fizeram uma promessa a São João Batista para obterem prosperidade na novo município. Isso foi motivado pelas influências recebidas pelos Cid durante a trajetória até a ilha, quando puderam conhecer vários folguedos juninos por onde passaram. Duas manifestações folclóricas chamaram a atenção: o Bumba-Meu-Boi, maranhense, e a Marujada paraense. Andrade (2006) acredita que o Boi Caprichoso assimilou elementos desses dois folguedos, uma vez que o bumbá adotou como cores oficiais o azul e o branco, usadas nos trajes dos marujos, e denominou seu grupo de batuqueiros, responsáveis pelo ritmo na apresentação do boi de Marujada.
Valentin (1999) traz em sua obra um relato do compositor parintinense Raimundinho Dutra, que conta uma história diferente sobre a criação do boi. Ele diz ter ouvido dos pais que o nascimento do boi azul teria acontecido no mês de março de 1925. Segundo Dutra (2006), o boi teria nascido num sábado à noite, por volta das vinte horas, na casa de João Roque, onde se reuniram, à luz de lamparinas, o comerciante Emídio Vieira, seu Vitário e Dona Fé, os irmãos Cid, Meireles e Nina, João Ribeiro, seus pais, entre outras pessoas que tinham como objetivo criar um novo boi no município. Durante a reunião, o coronel João Meireles, que era fã de um certo Boi Caprichoso existente em Manaus, sugeriu ao grupo denominar o novilho de Caprichoso. A sugestão teria sido imediatamente aceita, ficando acertado que o amo seria Félix Cid, repentista famoso na época por sua voz poderosa.
A versão adotada como oficial pela agremiação afirma que o Bumbá nasceu de um briga interna no Boi Garantido, criado por Emídio Vieira. Em razão de um desentendimento, o fundador deixa o boi e em seu lugar assume os irmãos Cid, que teriam feito uma promessa de colocar um boi na rua caso obtivessem sucesso em Parintins. Os novos dirigentes da brincadeira construíram uma nova carcaça para o boi e trocaram seu nome para Caprichoso. Todos esses fatos teriam acontecido em 20 de outubro de 1913, data oficial de fundação do bumbá.
Fontes:
Desde o início do século passado até hoje, os bois-bumbás parintinenses estão em constante processo de transformação. O Boi Bumbá Caprichoso passou a inserir influências e elementos característicos de diversas outras culturas, em especial as culturas cabocla e indígena.
O auto do boi-bumbá original essencialmente narra a história de um casal de trabalhadores que mata o boi mais querido pelo fazendeiro e sua filha, a sinhazinha. Os fazendeiros pedem ajuda aos índios, e o boi é ressuscitado graças a um pajé.
No boi-bumbá de Parintins, o elemento indígena começou a crescer na década de 60, com a introdução das tribos indígenas, das lendas e dos rituais. Outros personagens passaram a fazer parte da narrativa, entre eles a Rainha do Folclore, a Porta-Estandarte e a Cunhã-Poranga, sendo esta última uma evolução das "misses" surgidas no início da década de 80.
Outras culturas também deram sua contribuição aos bumbás de Parintins. Exemplo disso foi a escola de artes plásticas fundada pelos religiosos italianos a Parintins, que está na raiz da sofisticação estética do espetáculo.
No aspecto musical, as brincadeiras inicialmente eram baseadas apenas no surdo e nas palminhas. Com o tempo, o ritmo foi se sofisticando e novos instrumentos foram introduzidos, entre eles a caixinha e o roncar. No início dos anos 80, foram introduzidos também o charango e o violão, e nos anos 90, foi a vez do teclado se tornar parte da trilha sonora da festa, mais uma colaboração do Boi Bumbá Caprichoso para os sons da floresta.
Surgidos nos primeiros anos do século 20, Caprichoso e o contrário (como denominamos o outro boi, o Garantido) começaram a se destacar entre seus pares nos anos 40. À medida que os bois-bumbás cresciam, crescia também a rivalidade entre eles. Nas décadas de 50 e 60, a oposição dos dois grupos folclóricos se manifestou em confrontos violentos e terríveis entre seus torcedores nas ruas da cidade. As brigas começaram a diminuir após a criação do Festival Folclórico de Parintins, mas a rivalidade entre os fãs dos dois bumbás permaneceu e se cristalizou na geografia e na própria paisagem da cidade. Há casas de famílias, bares, ruas e até bairros inteiros que são redutos de um ou outro boi. Boa parte das ruas do Centro da cidade, em especial a Loris Cordovil, mais o Bar Chapão, são considerados redutos do Caprichoso em Parintins
O Boi-Bumbá Caprichoso tem sua história atrelada a uma família. A professora e folclorista parintinense Odinéia Andrade afirma que o bumbá foi fundado em 1913 pelos irmãos Raimundo Cid, Pedro Cid e Félix Cid. Os três teriam migrado do município de Crato, no Ceará, passando pelos estados do Maranhão e Pará, até chegarem à ilha, onde fizeram uma promessa a São João Batista para obterem prosperidade na novo município. Isso foi motivado pelas influências recebidas pelos Cid durante a trajetória até a ilha, quando puderam conhecer vários folguedos juninos por onde passaram. Duas manifestações folclóricas chamaram a atenção: o Bumba-Meu-Boi, maranhense, e a Marujada paraense. Andrade (2006) acredita que o Boi Caprichoso assimilou elementos desses dois folguedos, uma vez que o bumbá adotou como cores oficiais o azul e o branco, usadas nos trajes dos marujos, e denominou seu grupo de batuqueiros, responsáveis pelo ritmo na apresentação do boi de Marujada.
Valentin (1999) traz em sua obra um relato do compositor parintinense Raimundinho Dutra, que conta uma história diferente sobre a criação do boi. Ele diz ter ouvido dos pais que o nascimento do boi azul teria acontecido no mês de março de 1925. Segundo Dutra (2006), o boi teria nascido num sábado à noite, por volta das vinte horas, na casa de João Roque, onde se reuniram, à luz de lamparinas, o comerciante Emídio Vieira, seu Vitário e Dona Fé, os irmãos Cid, Meireles e Nina, João Ribeiro, seus pais, entre outras pessoas que tinham como objetivo criar um novo boi no município. Durante a reunião, o coronel João Meireles, que era fã de um certo Boi Caprichoso existente em Manaus, sugeriu ao grupo denominar o novilho de Caprichoso. A sugestão teria sido imediatamente aceita, ficando acertado que o amo seria Félix Cid, repentista famoso na época por sua voz poderosa.
A versão adotada como oficial pela agremiação afirma que o Bumbá nasceu de um briga interna no Boi Garantido, criado por Emídio Vieira. Em razão de um desentendimento, o fundador deixa o boi e em seu lugar assume os irmãos Cid, que teriam feito uma promessa de colocar um boi na rua caso obtivessem sucesso em Parintins. Os novos dirigentes da brincadeira construíram uma nova carcaça para o boi e trocaram seu nome para Caprichoso. Todos esses fatos teriam acontecido em 20 de outubro de 1913, data oficial de fundação do bumbá.
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