Armando e Carol resolveram casar-se. Já eram namorados há algum tempo, mas ainda não conheciam as famílias. Agora estava na hora da aproximação e os dois estavam preocupados.
Armando dizia:
- A minha mãe é muito legal. Você vai gostar dela e ela de você, tenho certeza!”“.
Carol também afirmava:
Mamãe está ansiosa para conhecê-lo. Você vai ver que boazinha que ela é. Chegou o dia marcado para Carol fazer a primeira visita para a futura sogra e ela estava nervosa sem saber como se comportar para melhor impressioná-la.
Que vestir? Será que podia ir de calças compridas ou seria melhor um vestido? E o sapato? Não queria usar salto muito alto para não ficar mais alta do que o Mando, mas, salto baixo, também, não fazia nenhuma vista Tênis, nem pensar! Se fosse de calças até que podia, mas, não sei. . . É tão esporte!
E como se comportar na casa dele?
Se falasse muito alto, Ela a acharia vulgar, mas se cochichasse poderia parecer tímida. Tinha que medir muito bem (quantos decibéis?) para parecer uma pessoa fina, equilibrada, bem educada, etc.
Se mostrasse muito carinhosa com o Mando, podia parecer assanhada, mas se se mantivesse muito distante ela a acharia muito fria.
Se comesse muito, pareceria gulosa, mas, se comesse muito pouco, ela podia pensar que ela não gostou da sua comida.
Como é difícil encontrar o ponto de equilíbrio!
(A única coisa que não lhe ocorreu foi ser autêntica. Mostrar-se tal qual era na realidade para que ela já ficasse sabendo como era a mulher que estava levando embora o seu filho.).
E os possíveis acidentes? Já pensou se virasse a xícara de café, derrubasse alguma coisa no chão ou tropeçasse no tapete?
Quando se defrontaram, mediram-se por um instante de alto a baixo. Carol não pode deixar de comparar a mãe do Mando com a sua, (ela era bem mais sofisticada e isso a preocupou um pouco.) e a sogra pensou:
“Que menina feiosa”! Pernas finas, nariz chato e sardas no pescoço! ´´, mas falou, sorrindo:
- Olá, querida, o Armandinho não exagerou quando disse que você era linda!
Surpresa, Carol não lembrou de nada inteligente para dizer e balbuciou tolamente:
- ... ...gada...
- Meu nome é muito feio (Hermengarda!) cochicha-lhe no ouvido, mas quero que você, como todo mundo, me chame pelo apelido, Meg, e, por favor, nada de dona nem de senhora.
- Eu sou Carolina, mas todos me chamam de Carol.
- Eu já sabia, o Armandinho me disse.
O Armandinho procurou desanuviar o ambiente contando mil casos, mas a Carol não achava graça em nada. Queria sumir dali. Nunca pensou que fosse tão difícil relacionar-se com uma sogra em potencial.
Finalmente foram para a mesa e ela obrigou-se a se servir de tudo e comer um pouco.
E, então já, podia despedir-se.
- Volte sempre! Esta casa agora é sua!
-....gada... Ufa!
Na semana seguinte foi a vez do Armando conhecer a mãe da Carol.
Esta visita foi bem mais tranqüila. O Armando estava muito à vontade e a Berta, mãe da Carol recebeu-o carinhosamente, sem exageros.
Ofereceu, logo após os cumprimentos, uma latinha de cerveja que ele aceitou e trouxe uma bandeja enorme, de plástico, abarrotada de salgadinhos feitos por ela mesma (deliciosos).
A Carol ficou meio preocupada. Será que ele ia achar sua mãe muito brega?
Mas ele comeu à vontade, aceitou a segunda cerveja, e, quando ela ofereceu uma fatia de bolo, disse francamente que não gostava de bolo, mas que aceitava mais uma latinha.
- Meu Deus! Será que a Mamãe vai achar que ele bebe demais?
Berta era uma mulher simples, não se incomodava com etiquetas, mas, detestava beberrões e Carol sabia disso, é claro.
Carol estava com medo de que ele comparasse a sofisticação da mãe dele com a simplicidade da dela, mas ele nem reparou nisso. Aliás, já havia dito a Carol que a amava mesmo sem conhecê-la, pelo simples fato dela ser sua mãe e que a única queixa que tinha dela era o limite que ela punha no namoro dos dois. . .
Mas, faltava a terceira e mais complicada etapa. O confronto das duas futuras sogras.
Dentre os problemáticos relacionamentos familiares, é, sem dúvida, o das sogras o mais problemático de todos. Não por culpa delas, coitadas! (não conheço uma só que não diga: “eu não dou palpite, respeito às decisões de minha nora (ou genro)”. ““ A mãe dele (a) é um amor! Somos grandes amigas! ´´).
Berta e Meg se encontram num Restaurante. Um jantar para toda a família para oficializar o noivado, combinar o casamento.
As duas examinam-se, por um momento, cumprimentam-se e trocam frases polidas que não têm nada a ver com o que estão pensando.
Numa coisa as duas estavam de pleno acordo: o casamento de seus filhos tinha que ser um acontecimento para ser lembrado por muitas décadas. Uma festa de arromba, nem que para isso tivessem que empenhar tudo que tinham ainda ficar devendo.
O problema era o conceito que cada uma delas tinha de uma grande festa.
Berta sugeriu que a festa fosse na fazenda (uma grande fazenda de sua propriedade). Uma festa para o civil, outra para o religioso e depois que os noivos se fossem, uma terceira festa para o enterro dos ossos. Podiam convidar a cidade inteira que espaço não faltaria, muito menos comida e bebida.
Meg achou um absurdo. “Só faltou sugerir que os convidados fossem vestidos a caráter e dançassem uma quadrilha no terreiro ao som de violas e sanfonas”, pensou, mas disse:
- Eu acho que a festa num clube da cidade seria mais chic, mais apropriado. Pouca gente, um bom bufet, um decorador experiente, boa música, isto, naturalmente, depois da cerimônia na Catedral com toda a pompa a que temos direito. .
Os próximos meses foram cheios de trabalhos, apreensões e desencontros.
Meg e Berta, embora se declarassem amicíssimas e fossem vistas juntas por toda parte no afã dos preparativos para A Festa, desentendiam-se o tempo todo.
Meg, não satisfeita em escolher o seu próprio vestido, queria escolher também o da Berta, pois não ficava bem as Mães apresentarem-se muito diferentes e a Berta queria usar o que gostava, independente do que a Meg ia vestir.
Berta queria sempre fazer pesquisa de preços e, muitas vezes, optava pelo mais barato achando que tanto fazia, mas a Meg não admitia que se falasse em economia quando se tratava da grande festa do filhinho querido, e achava que a outra era mesquinha.
Quando os noivos começaram a montar sua casa, as duas se alvoroçaram a ajudá-los, cada uma querendo que suas idéias prevalecessem, é claro.
Os garotos começaram a perder a paciência. Carol pediu a mãe
- Não deixe a Meg mexer no nosso quarto. O Mando e eu queremos arrumar do nosso jeito, pelo menos o nosso quarto.
- Como é que eu vou fazer isso? Antes de eu começar a pensar ela já tinha providenciado tudo do seu gosto, até o cortinado da cama (será que ainda se usa isso?).
O Armando reclamou para a Carol:
- Sua mãe cismou de arrumar o meu escritório e agora eu não acho mais nada lá dentro.
- Mãe, por favor, não mexa nas coisas do Mando que ele não gosta.
- Vocês são mal agradecidos! A Meg e eu temos tido um trabalhão danado para que vocês tenham tudo do bom e do melhor. Se deixássemos por sua conta queria ver se saia casamento.
- Claro que saia. A gente casava em surdina, ia morar embaixo de uma ponta, e seríamos muito felizes!
- Deixe de falar bobagem e vá escolher o jogo de malas para a lua de mel.
- Ah! Mãe! Venha comigo. Eu não entendo nada de malas. . .
- É assim que é independente? Que podia casar em surdina e morar embaixo da ponte?
- Ah! Mãe! Isso é só modo de dizer. . .
Mas, de uma forma ou de outra o casamento realizou-se e as duas sogras continuaram se debicando amistosamente.
Berta gosta muito do Armando:
- Ele é um santo! A Carol tem um vidão. Não trabalha fora, tem empregada para todo o serviço da casa. Compra tudo o que quer e ele nunca a contraria em nada.
E, olhe, não pense que ele é rico. Faz sacrifícios, mas dá a ela tudo o que ela quer!
A Meg, porém, não vê as coisas pelo mesmo prisma:
- Coitado do Armandinho! A Carol é uma inútil! Não faz nada em casa. Gasta o que não tem e obriga-o a sacrifícios para satisfazer-lhe os caprichos.
Bem, Sogras à parte, Carol e Armando foram felizes para sempre. Afinal de contas, isto é o que importa, não é verdade?
Fonte:
http://www.sorocult.com/el/colunistas/bisavo.htm
Armando dizia:
- A minha mãe é muito legal. Você vai gostar dela e ela de você, tenho certeza!”“.
Carol também afirmava:
Mamãe está ansiosa para conhecê-lo. Você vai ver que boazinha que ela é. Chegou o dia marcado para Carol fazer a primeira visita para a futura sogra e ela estava nervosa sem saber como se comportar para melhor impressioná-la.
Que vestir? Será que podia ir de calças compridas ou seria melhor um vestido? E o sapato? Não queria usar salto muito alto para não ficar mais alta do que o Mando, mas, salto baixo, também, não fazia nenhuma vista Tênis, nem pensar! Se fosse de calças até que podia, mas, não sei. . . É tão esporte!
E como se comportar na casa dele?
Se falasse muito alto, Ela a acharia vulgar, mas se cochichasse poderia parecer tímida. Tinha que medir muito bem (quantos decibéis?) para parecer uma pessoa fina, equilibrada, bem educada, etc.
Se mostrasse muito carinhosa com o Mando, podia parecer assanhada, mas se se mantivesse muito distante ela a acharia muito fria.
Se comesse muito, pareceria gulosa, mas, se comesse muito pouco, ela podia pensar que ela não gostou da sua comida.
Como é difícil encontrar o ponto de equilíbrio!
(A única coisa que não lhe ocorreu foi ser autêntica. Mostrar-se tal qual era na realidade para que ela já ficasse sabendo como era a mulher que estava levando embora o seu filho.).
E os possíveis acidentes? Já pensou se virasse a xícara de café, derrubasse alguma coisa no chão ou tropeçasse no tapete?
Quando se defrontaram, mediram-se por um instante de alto a baixo. Carol não pode deixar de comparar a mãe do Mando com a sua, (ela era bem mais sofisticada e isso a preocupou um pouco.) e a sogra pensou:
“Que menina feiosa”! Pernas finas, nariz chato e sardas no pescoço! ´´, mas falou, sorrindo:
- Olá, querida, o Armandinho não exagerou quando disse que você era linda!
Surpresa, Carol não lembrou de nada inteligente para dizer e balbuciou tolamente:
- ... ...gada...
- Meu nome é muito feio (Hermengarda!) cochicha-lhe no ouvido, mas quero que você, como todo mundo, me chame pelo apelido, Meg, e, por favor, nada de dona nem de senhora.
- Eu sou Carolina, mas todos me chamam de Carol.
- Eu já sabia, o Armandinho me disse.
O Armandinho procurou desanuviar o ambiente contando mil casos, mas a Carol não achava graça em nada. Queria sumir dali. Nunca pensou que fosse tão difícil relacionar-se com uma sogra em potencial.
Finalmente foram para a mesa e ela obrigou-se a se servir de tudo e comer um pouco.
E, então já, podia despedir-se.
- Volte sempre! Esta casa agora é sua!
-....gada... Ufa!
Na semana seguinte foi a vez do Armando conhecer a mãe da Carol.
Esta visita foi bem mais tranqüila. O Armando estava muito à vontade e a Berta, mãe da Carol recebeu-o carinhosamente, sem exageros.
Ofereceu, logo após os cumprimentos, uma latinha de cerveja que ele aceitou e trouxe uma bandeja enorme, de plástico, abarrotada de salgadinhos feitos por ela mesma (deliciosos).
A Carol ficou meio preocupada. Será que ele ia achar sua mãe muito brega?
Mas ele comeu à vontade, aceitou a segunda cerveja, e, quando ela ofereceu uma fatia de bolo, disse francamente que não gostava de bolo, mas que aceitava mais uma latinha.
- Meu Deus! Será que a Mamãe vai achar que ele bebe demais?
Berta era uma mulher simples, não se incomodava com etiquetas, mas, detestava beberrões e Carol sabia disso, é claro.
Carol estava com medo de que ele comparasse a sofisticação da mãe dele com a simplicidade da dela, mas ele nem reparou nisso. Aliás, já havia dito a Carol que a amava mesmo sem conhecê-la, pelo simples fato dela ser sua mãe e que a única queixa que tinha dela era o limite que ela punha no namoro dos dois. . .
Mas, faltava a terceira e mais complicada etapa. O confronto das duas futuras sogras.
Dentre os problemáticos relacionamentos familiares, é, sem dúvida, o das sogras o mais problemático de todos. Não por culpa delas, coitadas! (não conheço uma só que não diga: “eu não dou palpite, respeito às decisões de minha nora (ou genro)”. ““ A mãe dele (a) é um amor! Somos grandes amigas! ´´).
Berta e Meg se encontram num Restaurante. Um jantar para toda a família para oficializar o noivado, combinar o casamento.
As duas examinam-se, por um momento, cumprimentam-se e trocam frases polidas que não têm nada a ver com o que estão pensando.
Numa coisa as duas estavam de pleno acordo: o casamento de seus filhos tinha que ser um acontecimento para ser lembrado por muitas décadas. Uma festa de arromba, nem que para isso tivessem que empenhar tudo que tinham ainda ficar devendo.
O problema era o conceito que cada uma delas tinha de uma grande festa.
Berta sugeriu que a festa fosse na fazenda (uma grande fazenda de sua propriedade). Uma festa para o civil, outra para o religioso e depois que os noivos se fossem, uma terceira festa para o enterro dos ossos. Podiam convidar a cidade inteira que espaço não faltaria, muito menos comida e bebida.
Meg achou um absurdo. “Só faltou sugerir que os convidados fossem vestidos a caráter e dançassem uma quadrilha no terreiro ao som de violas e sanfonas”, pensou, mas disse:
- Eu acho que a festa num clube da cidade seria mais chic, mais apropriado. Pouca gente, um bom bufet, um decorador experiente, boa música, isto, naturalmente, depois da cerimônia na Catedral com toda a pompa a que temos direito. .
Os próximos meses foram cheios de trabalhos, apreensões e desencontros.
Meg e Berta, embora se declarassem amicíssimas e fossem vistas juntas por toda parte no afã dos preparativos para A Festa, desentendiam-se o tempo todo.
Meg, não satisfeita em escolher o seu próprio vestido, queria escolher também o da Berta, pois não ficava bem as Mães apresentarem-se muito diferentes e a Berta queria usar o que gostava, independente do que a Meg ia vestir.
Berta queria sempre fazer pesquisa de preços e, muitas vezes, optava pelo mais barato achando que tanto fazia, mas a Meg não admitia que se falasse em economia quando se tratava da grande festa do filhinho querido, e achava que a outra era mesquinha.
Quando os noivos começaram a montar sua casa, as duas se alvoroçaram a ajudá-los, cada uma querendo que suas idéias prevalecessem, é claro.
Os garotos começaram a perder a paciência. Carol pediu a mãe
- Não deixe a Meg mexer no nosso quarto. O Mando e eu queremos arrumar do nosso jeito, pelo menos o nosso quarto.
- Como é que eu vou fazer isso? Antes de eu começar a pensar ela já tinha providenciado tudo do seu gosto, até o cortinado da cama (será que ainda se usa isso?).
O Armando reclamou para a Carol:
- Sua mãe cismou de arrumar o meu escritório e agora eu não acho mais nada lá dentro.
- Mãe, por favor, não mexa nas coisas do Mando que ele não gosta.
- Vocês são mal agradecidos! A Meg e eu temos tido um trabalhão danado para que vocês tenham tudo do bom e do melhor. Se deixássemos por sua conta queria ver se saia casamento.
- Claro que saia. A gente casava em surdina, ia morar embaixo de uma ponta, e seríamos muito felizes!
- Deixe de falar bobagem e vá escolher o jogo de malas para a lua de mel.
- Ah! Mãe! Venha comigo. Eu não entendo nada de malas. . .
- É assim que é independente? Que podia casar em surdina e morar embaixo da ponte?
- Ah! Mãe! Isso é só modo de dizer. . .
Mas, de uma forma ou de outra o casamento realizou-se e as duas sogras continuaram se debicando amistosamente.
Berta gosta muito do Armando:
- Ele é um santo! A Carol tem um vidão. Não trabalha fora, tem empregada para todo o serviço da casa. Compra tudo o que quer e ele nunca a contraria em nada.
E, olhe, não pense que ele é rico. Faz sacrifícios, mas dá a ela tudo o que ela quer!
A Meg, porém, não vê as coisas pelo mesmo prisma:
- Coitado do Armandinho! A Carol é uma inútil! Não faz nada em casa. Gasta o que não tem e obriga-o a sacrifícios para satisfazer-lhe os caprichos.
Bem, Sogras à parte, Carol e Armando foram felizes para sempre. Afinal de contas, isto é o que importa, não é verdade?
Fonte:
http://www.sorocult.com/el/colunistas/bisavo.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário