sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Olivaldo Júnior (Natação)

Foi em junho de 2012 que, com toda a coragem do mundo, procurei uma academia de natação de minha cidade, para aprender a nadar. Como sou do signo de Peixes, já devia ter meio caminho andado em direção às profundezas de uma piscina, que, assim como lagos e rios, tem sempre um lado onde dá pé. Péssima ideia. Não a de procurar uma academia a fim de nadar, mas a de pensar que eu ficaria sossegado, só no lado onde meus pés pisavam firme. Alguém já disse que nadar é o mais próximo que o homem pode chegar da sensação de voar. Talvez seja verdade. Eu, quando nadava, me sentia leve, muito leve. A cor da piscina, quase sempre azul, já me encanta. Se eu pudesse, teria nascido peixe. Seria o Nemo! 

Para o bem da verdade, aquela não foi a primeira vez que me aventurei no mundo das águas. Já tinha me inscrito meses antes em outra academia, mas a professora logo saiu e desanimei de continuar. 

O professor que tive naquela nova academia era muito atencioso comigo. Chamava-se Renan. Fazia exercícios de dessensibilização na água, pedindo que, com os óculos próprios, ficasse de olhos abertos enquanto ele me afundava, para que eu perdesse o medo de submergir. Outro dia, vi muitos bebês submersos num vídeo que achei no Youtube, mostrando o exemplo de uma aula de natação para recém-nascidos. Legal é ver como eles já têm naturalmente o instinto para se sair bem na piscina, os danados! 

Não, ainda não foi daquela vez que aprendi a nadar. Ainda vai demorar um pouco para eu honrar o símbolo cristão por excelência e me tornar um peixe. Eu, que nunca vi o mar ao vivo, espero um dia poder nadar um pouquinho em suas ondas verdes, tão doces quanto as canções de Caymmi, praieiras e sãs. Sumir, como o Príncipe Escamado, com Narizinho mar abaixo e, no Reino das Águas Claras, encontrar Ariel, a Pequena Sereia, e contar para ela como é o mundo da terra, onde tantos nadam, nadam, nadam e morrem na praia. 

Gosto de assistir às competições de natação na tevê, quando fico torcendo para que, algum dia, eu consiga nadar um por cento do que eles nadam. 

No mar de uma piscina, numa academia da cidade em que moro, quero ainda sentir o céu líquido em contato com as invisíveis asas de quem cai na água e não se afoga, rio acima, peixe vivo, avante.

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