quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Sophia Irene Canalles (Ramalhete de Trovas)




1
Ah, se eu pudesse voltar
aos tempos de antigamente!
Não teria, em meu olhar,
esta angústia tão presente!
2
Ama com amor profundo,
reúne o sonho disperso,
e verás que neste mundo,
és grande como o universo!
3
Às vezes, um passarinho,
numa cantiga, nos prova,
que o mundo é só de carinho
e nossa alma se renova!
4
Do meu passado risonho,
Hoje, só resta a saudade...
parece que foi um sonho
que tive na mocidade!
5
É no palco que o ator,
mostrando sabedoria,
às vezes, esconde a dor
e a todos mostra alegria!
6
Era um carinho profundo
que tu sentias por mim...
Quem dera que todo o mundo
pudesse viver assim!
7
Esta saudade dorida,
que sinto dentro do peito,
faz parte da minha vida...
Quero esquecer...não tem jeito!
8
Eu gosto da madrugada
     com seu encanto e magia,
     do canto da passarada,
     anunciando um novo dia!
9
Eu saí devagarzinho,
     me embrenhei naquela mata,
     para ouvir , em meu caminho,
     o murmúrio da cascata!
10
Fiz um castelo de areia
naquela duna branquinha,
veio o vento e a maré cheia,
levaram tudo que eu tinha!
11
Nada mais me prende ao mundo,
depois que, daqui, partiste,
meu pesar é tão profundo
que, pra mim, mais nada existe!
12
Não sei escrever bonito,
     pois me falta inspiração,
     mas o que, aqui, está escrito
     eu sinto em meu coração.
13
Nessa vida atribulada,
quem não sofreu por amor,
dizendo não sentir nada,
como se fosse um ator?
14
Nesta vida em que me empenho,
cheia de desilusão,
parece que já não tenho
nem alma, nem coração!
15
No grande palco da vida
     os artistas, somos nós,
que depois, de tanta lida,
sempre ficamos a sós!
16
O sorriso da criança,
como o perfume da flor,
nos enchendo de esperança,
dá-nos paz, ternura e amor!
17
Pensar que no meu passado
     tudo era alegre e risonho...
     Hoje, só tenho ao meu lado,
     os fragmentos desse sonho!
18
Quero fazer um pedido:
– Quando chegar o meu fim,
quando eu já tiver partido,
leiam trovas para mim!
19
Se alguém ler estes meus versos,
me desculpe por favor,
são sonhos, ora dispersos,
de quem perdeu seu amor!
20
Se quiseres ser perdoada,
     perdoa teu inimigo,
     e no fim de tua estrada
     estarás feliz contigo.
21
Ser bonita se contesta.
Não é tudo o que se quer.
Tem que ser bastante honesta
para ser uma mulher!
22
Sereno da madrugada,
na folha do jasmineiro,
é como gota pingada
dos olhos do seresteiro!
23
Toda trova é um lenitivo.
que alivia a nossa dor,
por isso, é que sempre vivo
compondo  trovas de amor!
24
Todo aquele que sorrindo,
disfarça a mágoa que tem,
torna seu viver mais lindo
e não aflige ninguém! 

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