quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Olivaldo Junior (O Louco)

O rapaz, quando criança, era tido como superimaginativo. Vivia inventando histórias, um prodígio. "Isso ainda vai dar num escritor!", profetizava uma das tias. Tinha sido pedra, cavalo e navio. Não havia limites para tanto imaginar. 

Depois, quando crescido, deu de falar que era Jesus, Gandhi, Kennedy, Cabral e Maomé. Mas, como não era mais criança, foi levado ao médico, que lhe deu pílulas de realidade. Realidade? Sim, como dizia Clarice, seja lá o que isso seja. 

Porém, com o tempo, tais pílulas passaram a não surtir mais nenhum efeito em seu sistema, tão nervoso quanto o vento de agosto, e, em debandada, suas sinapses "deram pau", e já se achava capaz de voar, sagrou-se a sabiá, surtou. 

Hoje, preso numa clínica para doentes mentais, mentaliza que vai fugir quando lhe abrirem a gaiola (já assistiu ao filme Asas da Liberdade?), soltarem seus passos do quadrado pátio da velha casa de repouso, onde só pousa a (in)sanidade. 

Homem feito, da pedra que foi fizera um castelo, que guarda um cavalo, que puxa um navio, onde vão Jesus, Gandhi, Kennedy, Cabral, Maomé e, lá na proa, com seu chapéu de soldado, reluzente, superimaginativo, ao sol, o "menino".

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