sexta-feira, 8 de julho de 2016

Paulo Walbach (Poemas Escolhidos)

ELE... QUEM É? 

Ele só como um relógio marca o tempo,
Num despertar constante de seu olhar brilhante
Todos os dias, e sempre...
Eternamente...
O SOL...

Fulgura em cada horizonte sobre qualquer lugar,
Por trás das montanhas; sobre o verde mar.
Faz assim seu aparecer, seu assomar...
Deixando seu rastro de luz, sua cor, o seu calor que conduz...
Com a fúria distante inflama o seu fogo;
E lá em cima mostra o seu esplendor...
Mais tarde, sem cessar, nem cansar...
Já deixando a saudade e o seu manto glorioso...
A SOMBRA...

De repente, luzeiros se acendem como tochas de fogo...
E ela aparece, inteira, orgulhosa, deslumbrante, ou apenas bela...
Em sua silhueta tímida, elegante e singela
Como uma virgem donzela: A noiva radiante e confiante
Nos seus passos firmes indo para o altar...
A LUA...

E no seu véu flutuante espargindo a sua aura, à procura de seu amado...
Seguindo os seus passos, tão só
E apenas deslizando
Sob mil olhares fixos e luzentes
De suas cúmplices damas...
AS ESTRELAS...

Lá no céu, como que a inveja soberba e maldosa,
Elas - ligeiras, cinzentas, enfadonhas, vaidosas,
Vão tomando o espaço, embaciando as luzes... 
AS NUVENS...

E com certo triunfo
Chegando aos rumores vorazes e atrozes
Relampeando e riscando os céus -
OS TROVÕES...

Destemidos, corajosos, como guerreiros em luta
Invadindo as trevas, anunciam com certa ira
A TEMPESTADE...

Uma outra forma de vida, que abruptamente cai...
E essa simbiose total e vital, às vezes letal,
Vem dar ao homem e à natureza
A VIDA...

Quando na manhã seguinte...
No silêncio do alvorecer...
Num mesmo lugar quem sabe...
Fulgura novamente, serena e fantasmagoricamente
a imagem do rei a reiniciar a sua lida
com sua coroa de ouro, no seu rastro da vida,
mostrando a sua força e raça
para cumprir a sua divina missão,
oferecendo ao homem o calor, equilíbrio, energia e luz
numa perene magia, para provar que a força de tudo isso,
vem misteriosamente a todos, sem discriminação,
com justiça, com amor...
Vem de uma força única...
criadora de tudo e de todos nós...
vem de ...
D E U S !!!!

APENAS UMA PLUMA

Sou apenas uma pluma carregada pelo vento;
vou vivendo a minha vida, por aqui ou acolá,
sem morada, sem família e sem ninguém.
Sou apenas uma pluma, desgarrada de meu sabiá…

Não tenho asas, não tenho canto,
não tenho vida, só tenho encanto.
Sou suave, leve solta eu sou,
Sem presa, sem saber para onde vou.

Sou apenas uma pluma do meu sabiá,
que voava e cantava pra viver…
Mas, um dia, triste dia aconteceu:
Uma pedra, dura pedra o abateu.

E soltei-me da plumagem de seu peito,
e do sopro derradeiro, eu voei…
Sou a pluma separada do meu ser,
que morreu, sem saber do meu viver!

Minha vida se é vida, feito assim…
Pouco dela sei, pouco sei de mim.
Pois eu vivo, se o sopro me soprar,
se a brisa ou se o vento me levar.

Mas um dia, a sorte me pegou
pelo vôo de um pássaro de acolá,
carregando-me pelo bico familiar:
Era o bico da mulher do meu sabiá.

De uma vida com passado, sem futuro,
transmutada de um dia para cá…
Do nada, quase nada, virei ninho
da ninhada dos filhotes do meu sabiá!

A LINGUAGEM DO POETA

Arte, Sonho, Liberdade! – a Poesia;
que o poeta,sem passagem, acredita,
pelos sonhos, perambula na magia
das palavras de sua Língua tão Bendita.

Ele voa pelas asas da alegria,
no embalo da estrela que palpita…
nos acordes do silêncio e da folia;
acelera, anda, passa, freia, grita…

Na linguagem; sinestesia ele tenta…
Escrevendo, vai suprindo sua emoção,
muitas vezes, já cansado de Sonhar…

O Poeta, com coragem, experimenta
até o fogo, que embriaga o vulcão,
acendendo seu pavio do Amar!

RASCUNHO & BORRÃO

Nas linhas pautadas do velho caderno
aterrissam sonhos, que viajam em mim…
Vêm de algures, além do inverno,
ao porto seguro da pista molhada,
em versos sem fim…

Pedaços poemas, delírios sem asas,
fonemas opacos que vêm para mim;
às vezes quebrados, não chegam, não vingam,
se perdem no espaço…
e viram poeira num outro jardim.

Palavras sem forças, sem nexo,sem voz,
que risco e apago e faço borrão.
Pensamentos que fogem, se soltam no ar,
e voltam sem vida na mente cansada
de minha emoção…

Os versos que morrem no ventre da alma
são sementes estéreis jogadas no chão…
Sepulto as letras nas pautas vazias,
escritos perdidos à espera de luz,
meu lápis riscando em traços em cruz…
fechando o caderno rascunho e borrão!

VENTO MENINO

Acordei com a voz do vento,
Que batia na minha janela…
Pensei na hora e no tempo,
Acendi ao meu lado uma vela.

Lá fora o frio ardia,
Doíam, a relva e a flor…
O vento na janela batia;
Batendo, implorava calor.

Abri a janela e o vento…
Tremendo, em mim desmaiou;
Passei minhas mãos sobre ele,
Sorrindo, o vento acordou.

Parecendo um menino perdido
Entre as mãos espalmadas o acolhi,
Balbuciando logo em meu ouvido,
melancólico adágio eu ouvi.

Tremendo ainda o vento,
No outro ouvido cantou…
Parecendo elemento alado,
O vento pra mim sussurrou.

Não sendo menino e nem pássaro,
Que presos, ainda podem cantar…
Levei-o tão logo à janela…
E o vento se põe a voar!


Fontes:
Poemas enviados pelo poeta
http://simultaneidades.blogspot.com
http://poetasdobrasil.blogspot.com
Lilia Souza (organizadora). Coletânea da Academia Paranaense de Poesia. 2012

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