segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Expressões e Suas Origens (G, H, I)

por Deonísio da Silva

Ganharás o pão com o suor de teu rosto
Muito utilizada por oradores e por escritores de todos os tempos, e de uso bastante freqüente em alusão ao trabalhado, de acordo com o texto do Evangelho esta frase foi pronunciada originalmente por Deus ao expulsar Adão e Eva do paraíso terrestre. Ela foi dirigida ao primeiro homem, coroando um processo sumário conduzido por Deus que culminou em três sentenças gravíssimas. As outras duas foram dirigidas ao demônio, representado pela serpente, e a Eva. A serpente foi condenada a arrastar-se eternamente sobre o ventre, e as mulheres, a passar pelos sofrimentos no partos.

Glória a Deus nas alturas
O evangelista São Lucas foi o primeiro a registrar esta frase que teria sido, não apenas dita, mas também cantada por um anjo, acompanhado de milhares de vozes de coros celestes, na noite em que nasceu Jesus, diante de pastores maravilhados e um pouco medrosos com a aparição. Eles guardavam seus rebanhos naquele noite nas redondezas da gruta que depois seria transformada em basílica formosa. A partir do século XIII, quando São Francisco de Assis (1182-1226) construiu o primeiro presépio, a frase, juntamente com a represente da Sagrada Família, dos pastores e dos animais que rodearam a manjedoura naquela noite de frio, esteve sempre presente em todos os presépios em forma de faixa.

Habeas-corpus
A origem desta famosa frase latina, citada com muita freqüência, principalmente em tempos de perseguições políticas que levam à perda das liberdades individuais, encontra-se nas primeiras palavras de uma célebre lei inglesa, o Habeas Corpus Act, sancionada em 1679 por Carlos II (1630-1685), então rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Hoje está incorporada aos sistemas jurídicos de quase todos os países. Seu significado é que tenhas teu corpo. O objetivo deste preceito é garantir ao acusado o direito de aguardar o julgamento em liberdade, sob fiança. O imperador que sancionou notabilizou-se, entre outras coisas, por assegurar a convivência entre católicos e protestantes num tempo de grandes rivalidades entre as duas religiões.

Houve muitos músicos famosos, mas apenas um Beethoven
Com esta frase, sempre repetida, Pelé explica, sem vaidade, a sua proclamada e reconhecida genialidade como maior jogador de futebol de todos os tempos. Excessiva humildade, vinda de nosso atraso socioeconômico, dera-nos, antes de 1958, o complexo de vira-latas, segundo Nelson Rodrigues. Pelé rejeitou toda modéstia, sagrando-se rei e desfrutando de sua majestade ainda hoje, sendo mais conhecido e reconhecido do que monarcas e presidentes. O glorioso camisa 10 não poderia, porém, ignorar que Beethoven e ele, na música e no futebol, sempre tiveram companhias à altura. Sem aqueles talentosos colegas, no Santos e na seleção, ele certamente não teria sido o mesmo. Sem contar que na Copa de 1962, Amarildo, Garrincha e os outros nove, e na de 1970, Gérson, Rivelino, Tostão e Jairzinho, fizeram-nos lembrar de que além de Beethoven, havia Mozart, Wagner, Vivaldi, Villa-Lobos, etc.

Houve muitos papas e um único Michelangelo
Esta frase foi pronunciada pela primeira vez pelo célebre pintor, escultor, arquiteto e poeta italiano Michelangelo Buonarotti (1475-1564), autor de algumas das principais obras-primas da arquitetura e da arte sacra em todos os tempos, entre as quais se destacam a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma, e os famosos afrescos da capela Sistina. O artista vivia às turras com o papa Júlio II (1443-1513), que, entretanto, protegeu, além de Michelangelo, outros grandes pintores e arquitetos, como Rafael (1483-1520) e Bramante (1444 -1514), e foi numa de suas brigas com o sumo pontífice que pronunciou a frase que ficaria famosa. Ao ouvir a frase, o papa deu uma bolacha na face do artista.

Independência ou morte
Esta frase foi pronunciada por Dom Pedro I (1978-1834), no dia 7 de setembro de 1822, por volta das quatro da tarde, em São Paulo, às margens do riacho Ipiranga, ao romper os laços coloniais que nos submetiam a Portugal e proclamar a independência do Brasil. O imperador estava montado quando a pronunciou, de acordo com a iconografia que consagrou o ato mais importante do Brasil como nação, tal como fez o pintor paraibano Pedro Américo (1843-1905) no mais famoso de seus quadros históricos, Grito do Ipiranga. Nossa independência tornou notáveis muitas pessoas. O próprio pintor teve seu retrato colocado na sala dos pintores célebres, na celebérrima Galeria Degli Uffizzi, em Florença, na Itália.

Inês é morta
Personagem histórica e literária, celebrada em Os lusíadas, de Luís de Camões (1524-1580), Inês de Castro (1320-1355) teve um caso com o príncipe Dom Pedro (1320-1367), com quem teve três filhos. Por reprovar o romance, a casa real condenou a dama castelhana que vivia na corte portuguesa à morte por decapitação. Ela literalmente perdeu a cabeça por um homem. Quando já era o oitavo rei de Portugal, Dom Pedro deu-lhe o título de rainha. Mas àquela altura logicamente isso de nada adiantava: Inês já estava morta. A frase passou a significar a inutilidade de certas ações tardais. É o título de romance do mineiro Roberto Drummond.

Fonte:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/vempalavras1

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