terça-feira, 8 de abril de 2008

Curso de Redação em Português (Parte II)

Este curso está sendo postado em três partes para não ficar muito longo em um dia e possibilitar o acesso a outros artigos. A Parte I foi postada em 6 de abril de 2008.


A criatividade do parágrafo

A criatividade é muito importante para desenvolver qualquer atividade. No que diz respeito à escrita, para criar um parágrafo é necessário que os estudantes saibam o conceito de parágrafo, para depois começar a construir um texto. Eles se perguntarão como iniciar as unidades do texto, já que unidade é quando alguém escreve uma coisa de cada vez. Quem tem a resposta é Bernardo que disse que para começar a escrita, deve-se iniciar pelo tema, que servirá para compreender e refletir sobre o assunto, para depois perguntar à nossa consciência: por que o professor colocou esse tema? E também, que acho disso?

Então, já que o aluno resolveu sobre determinada idéia principal, ele tem que saber as diferentes combinações de como formar o parágrafo. Segundo Viana, et. al (1998, p.62-65), há dois tipos de estruturas: simples e mistas; estas fazem harmonizar a idéia principal de cada parágrafo. Isto nos ajudará a ter coerência e coesão.

A estrutura simples tem várias técnicas que são: retomada da palavra-chave; por encadeamento; por divisão; por recorte. A primeira, que é a retomada da palavra-chave, o aluno escolhe um vocábulo da idéia principal, através desta palavra é retomada na seguinte frase em relação à frase anterior e assim sucessivamente. Estas frases sempre estarão retomadas pelas seguintes sem repeti-las. Se não se encontra palavra para substituir, pode se colocar o mesmo vocábulo, mas sempre somando novas informações.

Mostrando num esquema:
Palavra-chave dentro do tema recuperar por coesão a cada frase

A segunda técnica seria por encadeamento. Encadear significa formar cadeia ou série, ou seja, é como se houvesse uma corrida de reversão, em que o segundo período leva para frente um vocábulo do primeiro, o terceiro do segundo; até chegar ao final do parágrafo. Este método é importante, porque se pode escrever à vontade até onde achar necessário. A escolha do vocábulo a ser escrito é pessoal, pois cada palavra escolhida do período é uma opção do autor que está escrevendo.

Mostrando um esquema:
Frase2 à frase1; frase3 à frase2; frase4 à frase3. E assim sucessivamente.

Outra técnica é por divisão. Divisão significa separar partes; isto funciona assim: para separar os vocábulos do primeiro parágrafo que se desenvolve o raciocínio em duas partes, para depois, explicá-las no seguinte parágrafo, seja no mesmo parágrafo ou diferentes. Pode colocar as expressões como: em primeiro lugar... em segundo...por último; por um lado...por outro lado. Na frase seguinte, explica os detalhes de cada um, e por último, finaliza o tema. Mostrando o esquema:

No final do primeiro parágrafo citar os dois vocábulos divisão das duas palavras em parágrafos diferentes ou frases Frase 3 escreve detalhes frase 4 finaliza o assunto.

Outra técnica é por recorte. Neste método tem uma palavra que nos leva a interpretar vários pontos de vista. Para isso, escolhe-se um ponto de vista para ser trabalhado; daí usam-se exemplos para confirmar o ângulo, para depois concluir.

Mostrando o esquema:
Palavra generalizada, na frase 1 recorte-se num ângulo, na frase 2 nas seguintes frases pôr exemplos na última frase se conclui.

Por último, a estrutura mista, que é uma combinação das anteriores: pode ser uma retomada da palavra-chave no primeiro, segundo, terceiro, para depois mudar para encadeamento ou por divisão depois mudar para recorte. O mais importante é não perder a seqüência do parágrafo.

Eis, em síntese, o que você deve observar para escrever um parágrafo:

Um parágrafo é formado por vários períodos. Dentro das orações deve haver unidade, para formar um todo, já que, em cada um, se colocará um tema e uma palavra-chave de peso. Se essa idéia principal fosse vaga, confundiria cada unidade de pensamento. Também se deve evitar palavras soltas, sem coesão com o assunto, pois quando se exploram vários pensamentos, a produção de textos fica incoerente.

Um exemplo do livro Redação Inquieta aclarará como autor montou o parágrafo. Segundo Bernardo (2000, p, 40),

"Escrever compromete mais ainda do que falar. Porque marca. Porque corre de boca em boca, de olho em olho, à revelia de quem escreveu. Escrever é um contrato com a verdade (ou com a mentira); um contrato com o outro e consigo mesmo. Escreveu, não leu, pau comeu - como dizem".

Com este exemplo, responder as perguntas seguintes:
1. Quantos períodos se utilizou?
2. Todos eles referem-se ao tema?
3. Qual é a palavra de peso?
4. Qual dos períodos dá melhor sentido do parágrafo?
5. Os demais períodos referem-se ao tema? Como?

Respostas:
1 (5); 2 (Sim); 3 (Escrever); 4 (O primeiro, que é o tema); 5 (Sim, o segundo, porque dá explicação da importância de escrever. O terceiro e quarto explica porque marca o que o autor quer expressar para os outros ou para si mesmo. No quinto, quem não se informa e não lê, na hora de escrever pode errar muita coisa. Este é um exemplo de como o escritor foi perfeito na idéia principal. Assim, outros autores podem orientar-se na estrutura no parágrafo, que depende do estilo)

Montando o texto

Para montar um texto, necessita-se ter uma idéia. Dessa idéia, forma-se uma palavra; dessa palavra, um parágrafo; esses parágrafos transformam-se num texto. Para criar um texto, precisa-se concordar com a idéia. Isso tece em unidades do começo ao final até chegar à produção da escrita. Na seguinte citação explica melhor:

Agora que você já domina as formas mais comuns de estruturação de um parágrafo, é preciso pensar na estrutura global do texto, ou seja, na sua macroestrutura. Veremos como se pode escrever uma redação coerente do princípio ao fim. O primeiro parágrafo (parágrafo-chave) é sempre o mais importante. Portanto, verifique se ele dá margem a uma boa expansão do tema. Nada sairá de um parágrafo-chave mal feito, em que se amontoam várias idéias ao mesmo tempo. Na organização de um texto, e fundamental a interligação entre os parágrafos. São eles que conduzem nosso processo reflexivo. Funcionam como partes de um todo e devem articular-se de forma perfeita para que a informação não se disperse. (VIANA, et. al, 1998, p.70)

É importante saber sobre a estrutura de um parágrafo, porém, também na estrutura de transição do texto. O discente não se perderá. Do momento que surge a idéia, essa é a primeira verdade, até chegar o último parágrafo com alegria, porém, se essa idéia é confusa ou primeiro parágrafo, então os parágrafos estarão confusos, e não vai ser feliz com a redação.

Segundo Viana, et. al (1998, p.70-72), há duas técnicas para montar um texto, que são: articulação por desmembramento do primeiro parágrafo; articulação por introdução de elementos novos a cada parágrafo.

A primeira técnica é baseada no primeiro parágrafo, que consiste escolher uma ou duas palavras-chave; ou seja, substantivos concretos ou abstratos; para depois se prolongar em outras palavras-chave de cada parágrafo. Eles transitam com naturalidade, até construir a produção de texto, que é costurada a partir do parágrafo-chave. Mostrando o esquema: parágrafo-chave é centrado num ou dois conceitos (palavras-chave), prolonga-se em outras palavras para formar cada um dos parágrafos na conclusão, resumir o texto iniciando com coesão.

A segunda técnica é baseada por encadeamento dos parágrafos, o parágrafo leva-se para um novo conceito que será o começo do seguinte, no entanto sem perder as palavras-chave do parágrafo principal. E, no final do texto, concluir, retomar o problema principal do parágrafo-chave.

Mostrando o esquema:
Texto encadeado redigir bem o primeiro parágrafo e nos outros parágrafos seguir uma nova palavra-chave, concluir com a retomada do parágrafo-chave.

Segundo Viana, et. al (1998, p, 74-75), para construir um texto, dá-se por parágrafos que levem a mesma unidade. Para que esta se cumpra, o primeiro parágrafo deve estar bem definido, para depois, ser desenvolvido nos seguintes transições. Cada um é retomado por uma palavra ou idéia que impressione na seguinte alínea. Se isso acontece, está-se elaborando um texto harmônico em torno de um mesmo assunto.

Os autores dizem que é importante ter a idéia mentalmente. Talvez seja bom um planejamento ou listar as palavras-chave com que vai introduzir o texto. É importante não perder de vista coerência e coesão; porém, o parágrafo final deve reconstruir toda a produção da escrita para finalizá-lo. Para que isso se realize, leia de novo a redação, a fim de ter uma seqüência lógica até o final.

Todo texto mostra o ponto de vista de quem o escreve. O autor tem sempre uma proposta a ser discutida para poder chegar a uma conclusão sobre o assunto. texto deve demonstrar uma seqüência lógica, que resulte um bom domínio de sua arquitetura e do conhecimento da realidade. Deve-se levar em conta o pensamento ordenado e a coesão na mente sentirá resultados satisfatórios. Desde que o tema seja de seu domínio e o estudante tenha conhecimento dos princípios de coesão e da estruturação dos parágrafos, as dificuldades de escrever serão bem menos.

É importante que se leia tudo o que for possível sobre o tema a ser desenvolvido para que sua posição seja firme e bem fundamentada.

Segundo a citação:

Transições são passagens de ligação - frases ou locuções, - que guiam o espírito do leitor de um pensamento ou de um desenvolvimento a outro, dando nexo à composição. Quando os pensamentos têm uma ligação necessária, são fáceis as transições, porque os primeiros são fontes dos segundos e estes o desenvolvimento daqueles. Mas, numa longa composição, são mais difíceis, porquanto as relações entre as idéias são longínquas e abrem-se intervalos na ordem dos pensamentos. Isto, por si só, é uma recomendação para que se evitem redações longas. Quando estas relações se tornam de tal modo remotas que há nelas incoerência e disparate, nada poderá ligar tais idéias. Quaisquer transições são, neste caso, esquisitas e ridículas. (BAÇAN, 1999, p.104)

Com certeza, uma coisa é um texto curto e outra é o texto longo, quando é uma redação curta é fácil levar uma seqüência dos parágrafos com os conectivos; agora, quando é um texto longo, se a pessoa que está escrevendo não leva em conta a coerência e coesão, as idéias podem se afastar. Então, a transição é importante para quem está preocupado em redigir bem.

Dessas duas técnicas, conclui-se que é importante o primeiro parágrafo-chave; então, há várias maneiras como iniciar e terminar uma produção escrita. O propósito deste parágrafo é chamar a atenção do leitor. Pode-se iniciar com uma definição, uma declaração afirmativa ou negação, uma pergunta, oposição (de um lado/de outro), citação, alusão histórica, etc. agora, para terminar ou fechar o texto há a conclusão-proposta (solução); conclusão-síntese (resumo); conclusão - surpresa (citação).

Segundo Lucília (2001, p.108), é importante, ao concluir, ficar claro para o leitor o encerramento da produção textual, tais como: em outras palavras; portanto; assim; em suma; concluindo; diante desse quadro; diante do que foi dito; em vista disso podemos concluir...

Textos criativos

Todo tipo de texto é importante para ajuda aos discentes, a fim de que eles tenham opção para redigir. Estes textos devem ser criativos e utilizam algumas técnicas: indução, dedução, maniqueísta, dialética. Estas técnicas serão de importância para elaborar uma produção diferente.

Escrever não será, também, uma questão apenas de técnica. Não se escreve sem alguma técnica, é certo. Mas, ninguém começa a escrever depois de "adquirir" a tal técnica. Começa-se a escrever porque se deseja fazê-lo, e então, enquanto se vai escrevendo, se vai organizando a própria técnica. (BERNARDO, 2000, p.20)

O estudante pode saber muitas técnicas, o interessante é estar motivado para escrever. Se ele não se interessa por escrever, de nada serve essa forma de organizar o texto.

De fato, é importante conhecê-las uma por uma. A indução é um método científico de referir, é dizer, contar ou narrar fielmente (o que se ouviu); citar; aludir (referencia indireta). Segundo Gustavo:

O procedimento indutivo, que coleciona os fatos para sustentar a hipótese definida a princípio, recorre à observação direta (com os próprios sentidos), à observação indireta (ou seja, à observação e à pesquisa dos outros, através de jornais, livros e outros meios de comunicação), e ao testemunho autorizado (ou seja, à observação e pesquisa de pessoas que se reconhecem como autoridades e especialistas no campo do argumento em questão). (BERNARDO, 2000, p.117)

A indução trabalha com hipóteses do tema escolhido, ou seja, do particular para o geral e do efeito para a causa, por isso ele é apoiado na observação. Do conhecido ao desconhecido. Muitas vezes, recorre-se a pessoas peritas no assunto que ajudaria o trabalho científico a concluir.

De acordo com Gustavo:
Observar é movimento humano e dinâmico, colhendo fatos, cozinhando-os no raciocínio e produzindo opiniões. Produzindo provisórias e necessárias regras de vida. [...] o método indutivo parte da observação do efeito, ou dos efeitos, para chegar à causa ou às causas. [...] (BERNARDO, 2000, p.49)

Quando o ser humano começa a pesquisar um determinado assunto, sua cabeça "voa", pois, a observação é constante é ativa; coletando dados; analisando-os na lógica para depois concluí-los. A indução é temporária, ou seja, até que cheguem outras pessoas com hipóteses mais fortes, fazendo outras conclusões; em outras palavras, por mais que se pesquise um assunto, nunca se chegará às finalizações definitivas.

Então, como seria uma redação indutiva na sala de aula? Inicia-se a argumentação com fatos concretos para achar ou induzir uma norma geral que os explique. A idéia principal ou teses aparecerá ao final do texto, a modo de conclusão, Vai-se do particular ao geral.

Segundo Gustavo:
[...] O método indutivo tem os seus limites. Ao raciocinar a partir dos fatos, ele nos entrega conclusões provavelmente verdadeiras, mas não necessariamente verdadeiras. No mais das vezes, existem hipóteses alternativas àquelas com as quais nos apegamos, indicando caminhos diversos para a solução. (BERNARDO, 2000, p. 53)

O esquema seria:
Tema + hipóteses alternativas (várias opiniões podem ser possíveis) + comprovações + conclusão (es).

Por exemplo:

Tema: As alegrias e as tristezas sempre estão presentes na forma de viver do homem curitibano. [particular, conhecido (concreto)]
Perguntar ao tema: por que as alegrias e as tristezas...?
Hipóteses alternativas: três argumentos (geral, desconhecido)
1. Se não tem a Deus a pessoa fica vazia
2. O homem sempre muda de caráter
3. A forma de viver depende do estado que se encontra a pessoa
Tema + hipóteses alternativas = um só parágrafo
Argumentos: três parágrafos diferentes
Conclusão (es).
As alegrias e as tristezas sempre estão presentes na forma de viver do homem curitibano. Se ele não tem a Deus como centro, a pessoa fica vazia; portanto o homem muda de caráter, porque a forma de viver depende do estado em que se encontra a pessoa.

Desenvolver as três hipóteses em parágrafos diferentes.

Depois que fez a pesquisa das hipóteses (comprovações), vem a conclusão.

Segundo: a dedução é um pensamento que vai do geral para o particular, da causa para o efeito, do desconhecido ao conhecido. Dedução é um método de inferir, ou seja, de conclusão. Há um raciocínio chamado de silogismo, que poderia nos ajudar a deduzir.

Desde Aristóteles, a forma nobre do raciocínio chama-se "silogismo". Se tentássemos fazer a etimologia dessa palavra, mas sem consultar o dicionário apropriado, seríamos tentados a enxergar sob ela a expressão "se-é-lógico", baseado na estrutura condicional "se à então", que funda a lógica e o raciocínio. Entretanto, se consultarmos o dicionário adequado, veremos que a palavra vem de um termo grego que significa "juntar os feixes de feno". O silogismo, portanto, é uma estrutura argumentativa que junta alfa com beta através de í, isto é, através de um termo médio. (BERNARDO, 2000, p. 109)

Na época de Aristóteles, havia o raciocínio dedutivo chamado de silogismo, que procura demonstrar a verdade na razão; com um significado profundo "juntar as opiniões para chegar à conclusão". O silogismo está baseado nas hipóteses. Há três proposições: uma premissa geral, particular, e a conclusão, isto é, o termo maior; o termo menor; o termo médio.

Segundo Bernardo (2000, p. 56) "[...] Entre as duas premissas há um termo comum, levando a se colocar, na conclusão, o particular dentro do geral, para justamente confirma a hipóteses, ou seja, a própria premissa geral e inicial".

Este termo médio é chamado assim, porque é o intermediário entre o termo maior e o menor.

Começa com -todo, qualquer, sempre- para o termo maior; com -ora- para o termo menor; com - logo, portanto, por isso - para o termo médio.

O esquema deste raciocínio:
Todo A é B;
Ora, C é A;
Logo, C é B.

Por exemplo:

Os professores curitibanos são muitos cultos;
Ora, Pedro é um professor curitibano;
Logo, Pedro é muito culto.

Na visão de Bernardo: (2000, p.106), "[...] Definimos um argumento como válido quando a sua conclusão segue necessariamente das premissas. No argumento válido, portanto, é impossível que, sendo verdadeiras as premissas, seja falsa a sua conclusão. [...]"

Este tipo de silogismo é válido quando as premissas gerais e particulares são válidas. Se cada uma delas é válida e impossível ser falsa a sua finalização.

Na visão de Gustavo, o silogismo munido de provas é baseado na indução e dedução. Apoiada em provas, certezas ou afirmações.

O esquema deste raciocínio:

Tese: indução = afirmações concretas, começando com todo.
Comprovação: dedução = hipóteses, começando com ora. Conclusão: dedução = hipóteses, começando com logo.

Por exemplo:

Razões econômicas obrigaram à maioria das nações baleeiras; incluso Grão Bretanha, Holanda e Estados Unidos suspenderam suas operações. Ora, cada ano o custo de caçar baleias aumenta à medida que decresce o número destes animais. Logo, dois países as perseguem tenazmente e aceleram a mortandade na luta contra o tempo: Japão e a União Soviética. Seus velhos barcos duraram poucos, e o gasto cada vez maior que implica sua reconstrução obrigam a substituí-los.

O que é a redação dedutiva? É uma redação que começa com a premissa geral, logicamente válida, para extrair uma lei particular que sua tese expõe. Isto é, nos parágrafos têm a idéia principal no começo. Isso é importante para o leitor, para não estar procurando as teses.

A terceira técnica para reconhecer o texto criativo é o maniqueísmo. De acordo a Bernardo (2000, p. 64-65) "Podemos começar a reconhecer, na dependência do sol à terra, e da terra ao sol, da luz (calor) à escuridão (o escuro subsolo onde germina a vida) e da escuridão à luz, do homem à mulher e da mulher ao homem. [...]"

O maniqueísmo é o dualismo que significa dois princípios: um depende do outro para complementar-se. É o mundo dividido em dois: o bem e o mal. É o "duplo pensar" de certo ou errado, isso ou aquilo, é ou não é.

Os dogmas se espalham no cotidiano. À força de tanta repetição, eles vêm à cabeça no ato, no momento em que alguém toma de papel e caneta. São as sentenças emprestadas, as idéias que nos mandaram repetir e reproduzir, papagaios e marionetes dos outros. Estas sentenças chegam e bloqueiam o aparecimento de outras, das nossas, das idéias que poderiam ser próprias se não fossem bloqueadas pelas alheias. (BERNARDO, 2000, p. 69)

Os dogmas são pensamentos fixos, quando o emissor transmite-o para outras pessoas. Essas pessoas repetem dos outros, como se fosse a única idéia para concretizar; no entanto, cada indivíduo tem sua própria idéia e abandona as alheias...

De acordo a Bernardo, (2000, p, 75), a redação maniqueísta é uma redação duvidosa, ou seja, hipotética; Isto quer dizer, O escritor tem dificuldade de definir uma linha lógica de raciocínio. Esta forma de pensar leva a fechar o sentido das palavras, faz uma confusão na hora de escrever. É totalmente ilógico em suas idéias ou usa ingredientes já prontos para a argumentação.

O contexto é tenso, ou seja, tem muitas idéias ou informações sobre o tema e não se consegue encadeá-las; portanto não se expressa e tem preconceitos de pessoas, coisas, lugares, atitudes, palavras; baseado em mera crença ou antipatia.

Por conseguinte, não acrescenta nada o leitor e oculta a forma dinâmica dos assuntos, ou seja, não sabe muito sobre a questão, e escreve outras coisas não relacionadas com o tema, pois, a ignorância sobre a realidade é grande.

O escritor pensa que é difícil resolver um problema, e pensa nas opiniões não sujeitas a mudança.

A estrutura maniqueísta de pensar determina as coisas e as pessoas como "em si", distribuindo-as em dois campos antagônicos de modo a um certamente eliminar o outro. [...]... [...] a característica da redação maniqueísta é a repetição, repetição que trava os processos, que volta sempre sobre os mesmos passos. [...]...[...] uma palavra, quando se repete igual muitas vezes, é uma palavra que não se desenvolveu, que não se relacionou. Daí acaba por dizer o contrário do que parece dizer. [...] (BERNARDO, 2000, p. 84-86)

Como ensinar o que é a redação maniqueísta na sala de aula?

Na cabeça dos estudantes, muitas vezes, o pensamento não está "ordenado", e quando se faz alguma tarefa, o professor orientá-lo para que não se contradiga o que escreve; não repetir palavras porque pode sair das idéias. Então, ensinar o que é certo ou errado.

Conclusão
confusa

O esquema desse tipo de texto seria:
teses
antíteses

Por exemplo:

Assunto: O ser político e ser político
Teses: Muitos dos políticos são corruptos e não fazem nada pela nação.
Antíteses: se fossem honrados, pensariam no povo.
Conclusão: portanto, é impossível que os políticos resolvam à situação do povo, isso que eu acredito.

A quarta técnica para reconhecer texto criativo é a redação dialética que, segundo Gustavo, no início a dialética era a arte de dialogar, ou seja, perguntar e obter respostas. Depois Hegel definiu a dialética como: tese, antítese, síntese; isto é, afirmação- negação- negação da negação; ou seja, a sínteses dos opostos. Na visão de Bernardo (2000, p. 133), "[...] a dialética procura investigar os aspectos mais dinâmicos e instáveis da realidade [...]"

A dialética é baseada nas pessoas que estão a favor e contra alguma idéia, e torna interessante o diálogo que pode mudar em qualquer momento dos fatos, porque o principal é provar algo, tanto para impugnar quanto para persuadir a simpatia do leitor ou ouvinte. Em outra citação de Bernardo:

A dialética continua a ser a arte do diálogo - mais complexa do que na Grécia, porém diálogo. Diálogo inclusive do homem com o objeto de sua investigação, diálogo também dos opostos para gerarem os seus contrários - num processo tendente a romper o maniqueísmo de escolher um dentre dois opostos, para combinar os dois opostos de forma a produzir uma terceira entidade: a síntese. (Bernardo, 2000, p, 130) A dialética tem início na Grécia, com o diálogo instaurado pelos filósofos. Na época antiga era o conhecimento que se baseava em perguntas e respostas. Depois o homem melhorou o diálogo dos opostos

Esquema dialético:

Como seria uma redação dialética na sala de aula?

Apresentação = colocação do problema
Tese = argumentos afirmativos
Antítese = argumentos negativos
Sínteses = dizer se é contra ou a favor da apresentação + observação final.

Por exemplo:

Tema: Religião e futebol

Apresentação: Na sala de aula é impossível falar sobre religião e futebol.
Tese: Muitos adolescentes, de várias salas gostam de religião e futebol.
Antíteses: no entanto, outras não gostam.
Sínteses: mesmo assim, todas as turmas concordarão que precisam acreditar em algo e o jogo torna-se divertido.

As noções básicas textuais

Se o professor quer que o estudante aprenda realmente, ele necessita ensinar, de uma maneira que todos estejam motivados a entender o processo da redação. Para isso, o professor possibilitará aos discentes as noções básicas de um texto, pois isso os ajudará a ter mais confiança em si mesmo. Esses primeiros passos são: o aspecto estético, gramatical, estilístico e estrutural do texto.

No aspecto estético, fala-se do belo e da harmonia na arte e natureza; no caso da redação, o professor orientará o discente a fazer com que escreva bonito, como: letra, margens, paragrafação, travessão, sem rasuras. Na visão de Soares (2002, p. 3), "No aspecto estético devemos considerar a legibilidade da letra, a paragrafação, se as margens estão regulares, o uso do travessão e a ausência de rasuras”. Por isso, é importante rascunho, porque pode corrigir antes de passar para a folha definitiva, e assim ter ordem. Portanto, o aluno deve ter consciência do aspecto da beleza.

No segundo aspecto, o gramatical, está-se falando de regras para falar e escrever numa dada língua; o aluno tem que verificar no final da redação se a ortografia, acentuação, concordância, pontuação, colocação pronominal e regência verbal estão adequadas:

No sentido mais comum, o termo gramática designa um conjunto de regras que devem ser seguidas por aqueles que querem "falar e escrever corretamente". Neste sentido, pois, gramática é um conjunto de regras a serem seguidas. Usualmente, tais regras prescritivas são expostas, nos compêndios, misturadas com descrições de dados, em relação aos quais, no entanto, em vários capítulos das gramáticas, fica mais do que evidente que o que é descrito é, ao mesmo tempo, prescrito. Citem-se como exemplos mais evidentes os capítulos sobre concordância, regência e colocação dos pronomes átonos. (POSSENTI, 1984, p. 31).

O discente pode levar livros de gramática para consulta, porque são muitas as regras e não é necessário que decore todas; seria bom levar um dicionário para ajudá-lo no texto. Mas, se o aluno tem boa memória seria mais rápido revisar o texto.

No terceiro aspecto, o estilístico, que quer dizer - arte de bem escrever - segundo Bernardo (2000, p.114), são "os elementos de expressividade da linguagem, isto é, os elementos capazes de impressionar, emocionar, sugestionar, convencer". Então, para que se cumpra tudo isso, deve-se escolher as palavras adequadas ou frases que motivem ao leitor a continuar lendo até o final do texto.

No tocante ao aspecto estilístico da redação devemos tomar cuidado com o uso de frases longas, a repetição desnecessária de palavras, o emprego de palavras desnecessárias, o uso inadequado do pronome "onde", o emprego repetitivo das palavras "que", "porque" e "mas", a presença de conectivos da língua falada, e a prolixidade, a qual poderia tornar o texto demasiadamente longo e enfadonho. (SOARES, 2002, p. 3).

Isso comprova que falar e escrever são duas palavras diferentes. Quando a pessoa redige, tem que selecionar frases pensando no leitor, com o propósito de ser claro, para não confundir.

No quarto aspecto, o estrutural, entendemos ser a inter-relação de todas as partes de um todo, pois como escreve Bernardo (2000, p, 64), "cada texto sugere esquemas diferentes". Cada estrutura textual é diferente, por exemplo: descrição, narrativa, dissertação.

Fonte:
Autor: Gonzalo Pérez Publicação: 23/06/06
http://www.mailxmail.com/curso/idiomas/redaportugues/
http://gattors.blogspot.com/ (figura)

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