Sebas é de Tambaú – SP
(2o. Lugar no Concurso de Cronicas do Concurso Literário Cidade de Maringá, 2013)
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Com a morte do marido, servidor braçal, sem Carteira de Trabalho, Letícia viu-se sozinha, com dois filhos menores e a mãe doente e idosa. Maior que o infortúnio, porém, foi a sua decisão de enfrentar um novo propósito de vida. Matriculou seus meninos na Creche Comunitária e com a mãe olhando pela casa, saiu em busca do que sabia fazer. Empregou-se como faxineira em domicílios, escritórios, onde houvesse necessidade de um balde e de uma vassoura. Dividia as horas do dia para cumprir suas obrigações sem descanso. Aliviava os temores rezando enquanto varria. Apesar da aparência mal tratada, revelava um certo quê a motivar inúteis convites maliciosos.
De volta à casa, já tardezinha, enfrentava ainda afazeres que dela dependiam, como a daquela vez em que mal chegara e fora direto para o tanque de lavar roupa. Concentrada em seu labor, não percebera a aproximação dos seus garotos, felizes com a alegria inocente de brincar com a bola, presente pelo último Natal. Sem hesitar e sorrindo pela surpresa, Letícia pôs de lado a roupa ensaboada na bacia e, de avental molhado, foi com os filhos jogar bola no fundo do quintal. E riram. E brincaram.
A vizinha que chegara para um dedo de prosa e a tudo assistia, comentou: - A que hora você vai acabar de lavar esta roupa? De noite?
A observação continha cabimento. Letícia, porém, explicou uma outra verdade: - Quando meus filhos crescerem não irão se lembrar de que a mãe deles lavava roupa... Mas sentirão saudade de quando brincaram comigo!
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