Há muito tempo, existiu na Irlanda um rei que só teve um filho, ao qual dispensava tanto carinho que não o deixava afastar-se da sua vista nem do castelo, fosse de noite ou de dia.
Finalmente, quando cresceu e completou vinte e um anos, o filho disse ao pai:
— Chegou o momento de me deixares ir a algum lugar.
— Se é exercício que pretendes, ofereço-te uma bola e um taco de hurling* — respondeu o monarca.
No dia seguinte, deu ao jovem uma bola e um taco e ele foi praticar no prado. Havia um ano que se dedicava a essa atividade, quando, um dia, surgiu um homenzinho cinzento por cima do fosso, dirigindo-se-lhe:
— Suponho que já deves estar bem preparado. Se quiseres, jogo uma partida contigo.
— Que vamos disputar? — perguntou o filho do rei.
— Quem ganhar receberá tudo o que desejar. O outro terá de lhe dar.
Começaram a jogar e prosseguiram todo o dia, até que o Sol principiava a pôr-se quando o filho do rei conseguiu ganhar.
— E agora, que desejas? — quis saber o homenzinho cinzento.
— Que o prado do meu pai se encha de cavalos para mim, amanhã de manhã.
Na manhã seguinte, o relvado apresentava-se cheio de cavalos, que foram levados para os estábulos e tratados.
O filho do rei começou de novo a praticar e continuou durante um ano e um dia. O homenzinho cinzento tornou então a aparecer e jogaram durante todo o dia. Ao anoitecer, quando o Sol principiava a descer para o horizonte, o filho do rei alcançou a vitória.
— Agora, que desejas? — perguntou o homenzinho cinzento.
— Possuir um castelo suntuoso no prado do meu pai, amanhã de manhã, com servidores e tudo o que deve haver num lugar desses.
O castelo apareceu na manhã seguinte, com serviçais e riquezas de toda a espécie.
De novo o filho do rei praticou durante um ano e um dia, após o que o homenzinho cinzento o abordou pela terceira vez.
— Bem, filho do rei, agora que já praticaste três anos e três dias, jogarei contigo pela terceira vez.
Assim fizeram e, quando o Sol se punha ao entardecer, o homenzinho cinzento conquistou a vitória.
— Que desejas? — perguntou o filho do rei.
- A ilha verde — Que precisamente um ano e um dia a contar de hoje, estejas na ilha Verde.
— Onde fica essa ilha?
— Procura-a, que talvez a encontres.
Naquela noite, quando regressou ao castelo, o filho do rei estava desanimado e triste.
— Que te aflige? — perguntou o rei. — Qual é a tua mágoa, meu filho?
— Desta vez, perdi a partida e tenho de procurar a ilha Verde.
— Se o deves fazer, não há outro remédio. Vou dar-te dinheiro para a viagem.
O filho do rei viajou até que chegou à casa de um gigante, que o recebeu com cordialidade.
— Onde te conduz o teu caminho? — perguntou.
— Procuro a ilha Verde — informou o filho do rei.
O gigante admitiu-o no castelo e ofereceu-lhe ceia e alojamento.
— Consultarei os meus livros durante a noite — anunciou. - Se descobrir onde se situa, dir-te-ei pela manhã.
— Descobriste onde é? — quis saber o filho do rei, na manhã seguinte.
— Não, mas tenho um irmão que vive a alguma distância daqui e talvez te possa elucidar.
E o gigante deu-lhe dois pães para o caminho.
O filho do rei exprimiu a sua gratidão e empreendeu a marcha, viajando até que chegou ao castelo do segundo gigante, o qual surgiu a correr, enfurecido, com a intenção de o matar. O filho do rei apressou-se a dar-lhe um dos pães. Quando o teve nas mãos, o gigante disse:
— Isto vem da fornada da minha mãe.
O filho do rei recebeu ceia e alojamento, e o gigante perguntou-lhe:
— Onde te leva o teu caminho?
— Procuro a ilha Verde.
— Tentarei encontrar nos meus livros alguma indicação sobre ela. Se o conseguir, informar-te-ei pela manhã — comunicou, quando o filho do rei ia deitar-se.
— Descobriste alguma coisa? — perguntou este último, na manhã seguinte.
— Não — respondeu o gigante -, mas segue em frente por este caminho até chegares ao castelo de outro meu irmão, que vive longe daqui. Nada receies. Dá-lhe o pão e compreenderá.
O jovem andou até que chegou ao castelo do terceiro gigante, que se enfureceu ao avistar um desconhecido e surgiu a correr, disposto a matá-lo. Mas, quando o filho do rei lhe mostrou o pão, disse:
— Isto saiu do forno da minha mãe.
Deixou então o filho do rei entrar no castelo e deu-lhe ceia e alojamento.
— De manhã, dir-te-ei onde fica a ilha Verde — prometeu.
Quando amanheceu, o filho do rei perguntou-lhe:
— Dizes-me agora onde fica a ilha Verde?
O gigante, que era o senhor do ar, indicou:
— Acompanha-me lá fora. Vou chamar todos os pássaros do céu, para lhes perguntar onde se encontra a ilha Verde. — Com estas palavras, conduziu o filho do rei ao exterior do castelo e, uma vez diante da entrada, disse: — Esqueci-me do chifre em cima da mesa.
— Vou buscá-lo — declarou o filho do rei.
Correu para o local indicado, mas não conseguiu levantar o chifre, pelo que teve de ser o próprio gigante a fazê-lo. Soprou-o, e todas as aves do mundo acudiram à sua volta.
— Falta uma — observou o gigante. — A águia-dourada.
Tornou a soprar o chifre, para ver se a águia aparecia. Esperou um quarto de hora e soprou mais uma vez. Pouco depois, viu-a voar ao longe. Quando pousou no prado quase não podia falar, de tão cansada que estava.
— Não desanimes, nem te sintas amargurado — aconselhou ela. — E come só o que eu te trouxer.
Ele pôs de parte o que o rei lhe tinha enviado e o jovem serviu-lhe uma porção do seu próprio pequeno-almoço. O jovem tragou tudo e aguardou que o rei aparecesse.
— Que te pareceu o pequeno-almoço? — perguntou.
— Gostei muito — disse o filho do rei da Irlanda.
O monarca retirou-se e, à hora combinada, surgiu a filha mais jovem com a comida e ele deitou-a fora. Mais tarde, ela reapareceu com metade do seu próprio almoço e o filho do rei comeu tudo. À noite, o rei tornou a visitar a cela e anunciou:
— De manhã, tenho um trabalho para ti. Prepara-te.
Mais tarde, a filha mais jovem do rei conduziu-o aos seus aposentos, onde conversaram demoradamente. Por fim, ela advertiu-o:
— Tens de estar lá em baixo, antes que o meu pai te vá buscar, de manhã.
Com efeito, ele já regressara à cela quando o rei entrou e explicou:
— Há um estábulo para vacas, que não foi limpo uma única vez nos últimos cento e vinte e cinco anos, onde se encontra um broche que pertencia à minha bisavó. Vai proceder à limpeza e encontra-o.
O filho do rei da Irlanda pegou numa pá e dirigiu-se ao estábulo, o qual era tão grande que tinha quarenta janelas. Começou a trabalhar, mas cada vez que retirava uma pá cheia de lixo, entrava o correspondente a três através das janelas, pelo que se viu obrigado a abandonar precipitadamente o local para não ficar sepultado.
A jovem levou-lhe o pequeno-almoço e ele chorou de desespero.
— Que te aflige, agora? — perguntou ela.
— Trabalhei muito, mas passou a haver mais para limpar no estábulo do que quando comecei.
— Não chores mais, que farei a limpeza por ti.
Ato contínuo, ela principiou a trabalhar e, por cada uma das suas pazadas saía a voar pelas janelas o lixo correspondente a vinte e uma. Por fim, encontrou o broche, entregou-o ao filho do rei da Irlanda e recomendou:
— Não vás ao castelo até passar uma hora desde o meu afastamento. Quando o meu pai te pedir o broche, não lhe deves entregar. Alegas que não podes renunciar ao que a sorte te concedeu.
Quando ele chegou ao castelo, o rei perguntou-lhe:
— Encontraste o broche?
— Encontrei.
O rei pediu-lhe, mas o jovem disse que não lhe cederia, pois não podia renunciar ao que a sorte lhe tinha proporcionado. Por conseguinte, ficou com ele. O monarca voltou a mandá-lo para a cela e deixou o broche em seu poder. A sua filha mais jovem levou-lhe pão e água, que o jovem deitou fora. Mais tarde, cedeu-lhe metade da sua própria refeição. Ele comeu tudo, e a princesa disse que o levaria para o seu quarto à noite, mas devia regressar à cela antes que o pai aparecesse, de manhã cedo. Assim, à noite, conduziu-o aos seus aposentos no castelo, porém o jovem encontrava-se de novo na cela antes de o velho rei se apresentar.
— Hoje, tenho outra tarefa para ti.
— Não me podes encarregar de qualquer tipo de trabalho que não seja capaz de executar — declarou o filho do rei da Irlanda.
— Tenho um lago onde a minha bisavó perdeu um anel de ouro. Vais, pois, extrair toda a água e recuperar o anel.
O jovem pegou num balde e começou a retirar água do lago, mas, à medida que o fazia, tornava-se cada vez mais profundo. Finalmente, desanimado, sentou-se numa rocha e pôs-se a chorar. Ao meio-dia, a filha do rei levou-lhe metade do seu almoço e disse:
— Não deves pôr-te assim. Senta-te e come.
Em seguida, puxou do lenço e atirou-o ao lago, que começou imediatamente a secar, até que a água se extinguiu por completo. Ela encontrou o anel e entregou-o ao filho do rei da Irlanda, que se dirigiu para o castelo uma hora depois de se separar da princesa.
— Encontraste o anel que te mandei procurar, esta manhã? — perguntou o monarca.
— Encontrei.
— Dá-me.
— Não posso renunciar ao que a sorte me proporcionou — declarou o jovem, e ficou com o anel.
O rei mandou-o recolher à cela e enviou lá a filha mais jovem com pão e água, que o filho do rei da Irlanda deitou fora, como sempre. Mais tarde, ela levou-lhe metade do seu jantar e conduziu-o aos seus aposentos no castelo. Depois, disse:
— Agora, tens de voltar para a cela, antes que apareça o meu pai.
Ele correu para lá e acabava de chegar quando o rei fez a sua aparição.
— Como passaste a noite? — inquiriu.
— Na verdade, muito agradavelmente — respondeu o jovem.
— Tenho mais uma tarefa para ti.
— De que se trata?
— Há uma espada na copa de uma árvore e quero que me tragas.
O filho do rei pegou no seu machado e traçou uma linha em volta do tronco da árvore, para verificar se crescia, como acontecera ao lago e ao lixo do estábulo. Em seguida, começou a cortar a árvore, mas, a cada golpe que lhe aplicava, o tronco tornava-se cada vez mais grosso. Por fim, sentou-se e começou a chorar. A filha do rei apareceu então e disse-lhe:
— Não estejas triste, nem abatido. Eu própria derrubarei a árvore.
Com uma única machadada, fê-la tombar no chão, após o que retirou a espada da copa, entregou-a ao filho do rei da Irlanda e indicou-lhe:
— Volta ao castelo uma hora depois de mim. Se o meu pai te pedir a espada, não lhe entregues. Diz que não podes renunciar ao que a sorte te ofereceu.
Afastou-se e, uma hora mais tarde, o jovem seguiu o mesmo caminho.
— Derrubaste a árvore? — perguntou o monarca.
— Derrubei.
— Dá-me a espada.
— Não, porque não quero renunciar ao que a sorte me proporcionou.
Mandou-o voltar para a cela, depois de lhe dizer:
— Sei que todos os nativos da Irlanda sabem narrar contos. Esta noite, levar-te-ei aos meus aposentos. Quero que me contes alguns.
Assim fez. Entretanto, a filha mais jovem tinha disposto uma cama em cada lado do quarto — uma para o pai e a outra para o filho do rei da Irlanda. Providenciou para que as lanternas iluminassem pouco, pelo que o aposento estava imerso na penumbra. Depois, levou três pães grandes que ela própria tinha confeccionado, deixou um na cama do jovem, outro no chão, no meio do quarto, e o terceiro junto da porta. Por último, a princesa e o filho do rei da Irlanda puseram-se apressadamente em fuga.
— Muito bem, filho de um rei, começa o teu conto — disse o monarca.
O pão que se encontrava na cama iniciou a narração, a qual se prolongou tanto que ocupou grande parte da noite. No final, o rei reconheceu:
— É um bom conto. Agora, conta-me outro.
O pão que estava no chão, no meio do quarto, encetou a segunda narração e alongou-se tanto que, quando terminou, já quase era dia.
— Este conto também é muito bom — admitiu o rei. — Conta-me um terceiro.
O pão junto da porta disse:
— Vou contar um que te despertará a atenção, rei da ilha Verde. A tua filha fugiu esta noite com o filho do rei da Irlanda. Neste momento, encontram-se longe daqui e compete-te persegui-los.
O monarca levantou-se de um salto e, ao aproximar-se da cama onde supunha que se encontrava deitado o filho do rei da Irlanda, deparou-se-lhe o pão. Compreendeu que tinha sido obra da filha mais jovem, chamou as outras duas e partiram os três em perseguição dos fugitivos.
A filha mais jovem tinha a certeza de que o pai e as irmãs os perseguiriam, pelo que recomendou ao filho do rei da Irlanda que olhasse para trás e verificasse se vinha alguém no seu encalço.
Ele obedeceu e disse:
— Vejo três pássaros que nos seguem ao longe.
— Torna a olhar.
— Parecem três montões de feno.
— Olha mais uma vez.
Ele assim fez e anunciou:
— Parecem três montanhas.
— Atira o broche para trás de ti.
Atirou-o e, naquele momento, todo o campo se cobriu de enormes agulhões de aço, eretos como um bosque denso e sem ramos, perante o rei da ilha Verde e as suas duas filhas.
— Vão rapidamente a casa e tragam-me o martelo que deixei debaixo da cama — ordenou o monarca.
Elas não tardaram a reaparecer com o martelo, que era grande e pesado e com o qual o pai abriu caminho através dos agulhões de aço, pelo que puderam continuar em frente.
Pouco depois, a filha do rei indicou ao filho do rei:
— Olha para trás e verifica se consegues vê-los.
— Vejo três coisas do tamanho de pássaros a seguirem-nos.
— Torna a olhar — volveu ela, passado algum tempo.
— Agora, parecem três montões de feno.
— Olha mais uma vez.
— Parecem três montanhas.
— Atira o anel para trás de ti.
No momento em que ele obedeceu, todo o campo atrás deles se converteu num lago. O rei da ilha Verde não o podia atravessar, mas ordenou às duas filhas mais velhas:
— Vão a casa e tragam o balde que está no meu quarto.
Elas partiram apressadamente e não tardaram a voltar com o balde.
O monarca pegou nele e utilizou-o para secar o lago, após o que reataram apressadamente a marcha.
A filha mais jovem do rei ordenou ao filho do rei da Irlanda:
— Olha para trás e verifica se eles nos seguem.
— Parecem de novo três pássaros.
— Toma a olhar.
— São como três montões de feno.
— Olha mais uma vez.
— Parecem três montanhas.
— Atira a espada para trás de ti.
O jovem assim fez e todo o campo atrás deles se cobriu de um bosque tão denso, que ninguém o poderia atravessar.
O rei ordenou às filhas:
— Vão a casa buscar o machado.
Quando lhe entregaram, abriu caminho através do mato e reataram a perseguição a toda a velocidade.
Os dois fugitivos chegaram a um rio de quase dois quilômetros de largura. Saltaram para dentro de uma embarcação que havia na margem e remaram com todo o vigor. O rei da ilha Verde podia alcançar, de um salto, mais de um quilometro. A embarcação encontrava-se exatamente a essa distância, quando os perseguidores chegaram à margem. Ele deu um salto para a frente e foi pousar precisamente atrás dela. Naquele momento, o filho do rei da Irlanda atingiu-o na cabeça com o remo e o monarca morreu. Por conseguinte, ele e a princesa chegaram sem problemas à outra margem e seguiram em frente calmamente.
— Agora, já não temos de recear ninguém — reconheceram.
O filho do rei da Irlanda viajou com a filha do rei da ilha Verde, até que chegaram às proximidades do castelo do pai do primeiro.
— Aguarda aqui um momento — indicou ele. — Venho já buscar-te.
— Entretanto, não beijes ninguém, nem permitas que te beijem — advertiu a princesa. — De contrário, esqueces-me no mesmo instante.
O jovem entrou no castelo. Não beijou ninguém, nem consentiu que o beijassem, mas o seu cão, que estava deitado a um canto, levantou-se de um salto e beijou-o. Ato contínuo, esqueceu-se da princesa. Ela cansou-se de esperar e, como ele não aparecia, internou-se num bosque.
Havia aí um ferreiro, com a sua forja. Quando começou a anoitecer, a jovem trepou à copa de uma das árvores, junto da qual se encontrava um poço. A noite estava iluminada pelo luar e a serviçal do ferreiro aproximou-se para levar água. Ao ver o reflexo da jovem, julgou que era do seu rosto e exclamou:
— Que sorte a minha! Com uma cara assim tão bela e tenho de servir na cabana de um ferreiro!
Largou o balde, afastou-se, e o ferreiro não voltou a saber dela. A esposa esperava o regresso da moça e, receando que tivesse caído ao poço, foi procurá-la. Ao ver o reflexo na água, pensou que era o seu próprio rosto e lastimou-se:
— É vergonhoso para mim ser a mulher e escrava de um ferreiro, com os atributos físicos que possuo!
Por conseguinte, não voltou à casa do marido. Este foi procurar a serviçal e a esposa e, chegado ao poço, olhou para dentro, viu o reflexo, apercebeu-se de que era de uma mulher, voltou a cabeça para cima e avistou uma jovem na árvore.
— Desce daí — ordenou-lhe. — Por tua culpa, fiquei sem serviçal nem esposa. Agora, tens de vir comigo e cuidar da minha casa.
A princesa acompanhou-o e cozinhou para ele, até que, um dia, inteirou-se de que o filho do rei ia casar, e o ferreiro disse-lhe.
— Se fosses ao casamento, podias encontrar trabalho e ganhar algum dinheiro.
E ela foi. Na véspera da boda, tinha de se confeccionar um bolo enorme.
— Posso encarregar-me disso? — perguntou ao chefe de cozinha.
Este irritou-se e replicou:
— Não serias capaz.
Ela deu-lhe cinco moedas de ouro e o homem deixou-a preparar o bolo. Apressou-se a começar e incluiu nele o castelo do pai, o estábulo e o lago, para que o filho do rei os pudesse ver.
Quando apresentou o resultado, todos disseram:
— Há uma estranha no castelo.
Chamaram o chefe de cozinha, o qual explicou que tinha sido feito por uma jovem.
— Vai chamá-la — ordenou o rei.
Ela compareceu e ficou na sua comitiva. A noite, todos narraram contos e, no final, o monarca indicou-lhe:
— Agora, é a tua vez.
— Não sei nenhum — alegou ela -, mas, se me permitires, ensinar-lhes-ei um truque.
— Com certeza — disse o rei.
Lançou ao solo dois grãos de aveia, dos quais surgiram um galo e uma galinha. Em seguida, lançou outro entre ambos. A galinha apanhou-o e o galo picou-a.
— Não me terias feito isso no dia em que limpavas o estábulo e fui obrigada a ajudar-te — queixou-se a galinha.
A jovem lançou novo grão, com idêntico resultado: a galinha apanhou-o e o galo picou-a.
— Não me terias feito isso no dia em que esvaziavas o lago para encontrar um anel — lembrou a galinha.
A jovem lançou um terceiro grão, a galinha recolheu-o e o galo picou-a.
— Não me terias feito isso no dia em que derrubavas a árvore enorme para recuperar a espada do meu pai, nem quando cozi três pães grandes e fugimos.
De repente, o filho do rei recordou-se dela e reconheceu-a imediatamente, pelo que se voltou para o pai e anunciou:
— Não terei outra esposa que não seja esta mulher.
O filho do rei da Irlanda desposou a filha do rei da ilha Verde e viveram eternamente felizes.
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* Antigo desporte irlandês, semelhante ao hóquei moderno
Fonte:
http://guida.querido.net/contos/irlanda.htm