domingo, 27 de abril de 2008

Poesias Soltas ao Vento

Gruta da Poesia
Alba Albarello (É tempo de vencer)

Tens vergonha
de chorar,
sofrer
dar um sorriso.
Frágil?
Mas quem não é...
Ser como um cristal!
Que pode estilhaçar.
Pense...
Enquanto não quebrar
Brilhe...
Lute!
Mergulhe?
Para se molhar!
Todos procuram
Carinho e afeição.
Sabem...ou
Estão buscando
Vagueiam..a paz
Descendo aos corações.


Gislaine Canales (Liberdade)

Me sinto livre, porque sou amada,
pertenço aos céus e corro como os ventos,
vou flutuando na noite enluarada,
nas doces asas dos meus sentimentos!

Faço da liberdade, a minha estrada,
e dou amor em todos os momentos,
transformando em meu tudo, um quase nada,
e em nada, todos os meus sofrimentos!

No azul do mar, a imagem refletida,
a imagem do meu próprio coração,
num renascer eterno de emoção!

Livre e feliz, eu sigo pela vida,
com mil estrelas a brilhar, converso,
plantando os sonhos meus pelo Universo!

Lígia Antunes Leivas (Os beijos que não esqueci)

Dentro de mim vive o consolo da saudade sentida.

Saudade de teu beijo ardente
de nossos beijos loucos
que nos cansaram o corpo
nos fizeram tolos
na certeza pouca
de que o nunca mais
um dia chegaria.

Ah! teus beijos!.
Adrenalina pura!
Lânguidos
insanos
feitos de romance
de bem, de mal, de tudo;
de sonhos de paixão
de toques de ousadia
do fogo da emoção
do ardor da euforia.

Dentro de mim resta o consolo de sentir saudade.

Vem!
Volta!
Esgota-me com teu beijo!
Renova-me com teu beijo!
Me faz viver de novo
em meio a nossos beijos
desejos tão sentidos!

Deus se faz...

Luiz Eduardo Caminha (Contrastes)

A cor azul turquesa
Faz o contraponto,
Com a palidez
Da linha do horizonte.

Acima de mim, o céu,
Vestido de azul claro,
Espera o manto dourado,
Dos raios vindos do Leste.

A última estrela da manhã
Vê, aos poucos, brilho apagado,
O nascer de um novo dia.

No meio do oceano,
Como uma casca de noz,
Flutuando na lagoa,
Eu sinto o Universo gigante.

Na madrugada de instantes atrás
Relâmpagos e trovoadas,
Faziam da chuva, tormenta
Contrastes da aurora iluminada.

Tantas forças que se opõem!
De noite o vendaval,
De dia, a serena paz.

Não há como negar:
Deus existe! E SE FAZ!!!

Maria Nascimento Santos Carvalho (Excesso de amor)

Amo o sol, amo a lua, o firmamento,
amo os montes, as serras, e arrebóis,
amo a terra, a beleza, o pensamento ...
Eu amo loucamente os rouxinóis.

Amo prados, colinas e amo os ventos,
e tudo desta vida passageira,
eu aprendi a amar os sofrimentos
e até mesmo a vizinha faladeira ...

Amo as flores, as aves, as florestas,
amo praias, jardins, e os coqueirais,
eu amo a solidão, bem como as festas,
também amo o frescor dos matagais.

Amo a sombra, o silêncio e a harmonia,
amo tudo o que traz felicidade,
o sereno, o ciúme, a cortesia,
amo a cor, amo o amor, e amo a saudade !

Amo o frio da noite enluarada,
amo os rios, o espelho e a amplidão,
amo a vida, sem mesmo ser amada,
porque amo ouvir a voz do coração ...

Eu amo o bem - estar da Humanidade,
seguindo o que me ensina a Lei Cristã...
Amo plantar, feliz, na mocidade
uma esperança a mais para o amanhã !

Amo a noite, amo o dia, a madrugada,
a chuva que dá viço a flor do agreste,
o sublime cantar da passarada,
e a vida sossegada do Nordeste...

Amo a fonte, os desertos, os rochedos,
amo a areia e amo a espuma do oceano,
o clarão, amo a réstia, amo os degredos,
e amo as quatro estações de cada ano ...

Amo o sonho, o talento, amo a pintura,
a igreja com seu sino a repicar ...
Amo o riso depois da desventura
e amo o barulho ouvido à beira - mar ...

Amo o som, a ternura, amo a nobreza,
e o pranto quando fruto de emoção,
amo todo o esplendor da Natureza,
eu amo tudo, enfim, sem distinção...

Amo as nuvens com arte e com mesuras,
quando formam no espaço um longo véu ...
e as estrelas fazendo travessuras,
mudando de lugar, mesmo no céu ...

Eu amo os vegetais, toda a folhagem,
a garra da cigarra cantadeira,
as notas musicais, amo a friagem
e o calor insistente da lareira...

Eu amo o despertar da simpatia,
a velhice e também a juventude,
um semblante que vibra de alegria,
a força de vontade, amo a virtude !

Amo o lirismo, a paz, amo a cultura,
amo o trabalho, a luz e a inteligência,
amo as benesses da literatura,
amo a sabedoria da Ciência ...

Eu amo o campo santo, a nostalgia,
E o lazer no descanso após a lida,
e fervorosamente amo poesia ...
e amando o Ser Humano ... Eu amo a Vida !

Eu amo este Universo imenso e bom
com todo o amor que Deus me concedeu,
pois nem toda Mulher possui o dom
de Amar, com tanto excesso, assim com eu ...


Marisa Cajado (Sou a Música)

No contexto do universo
Sou voz em tom expresso
Do som da divindade
Toco os acordes da alma
Que estimula e acalma
O cerne da humanidade

Onde o concerto Divino,
Profundo e Cristalino,
Exprime-se naturalmente,
Alcançando árvores ninhos
As vozes dos passarinhos
No som do eternamente.

Estou na voz do vento,
Suave ou em tormento,
Acompanhando a vida
Desde o princípio da Terra,
Nas lutas que ela encerra,
A dar-lhe paz e guarida.

Inspirei o guerreiro iludido
Também o homem vencido
Porque, a minha missão
É de acordar a grandeza
Que dormita na fraqueza
Dos pobres de coração.

Em tantos hinos de glórias,
Exaltei muitas vitórias,
Nas ilusões que traduzem.
Até, o homem encontrar
O vórtice angular
Representado nas cruzes.

Então, em elevação
A alma sem divisão,
Retornará ao seu lar.
Sou a música que embala
Enquanto à sua alma fala:
Amigo, Viver é amar!

Tchello d'Barros (A flor da pele)

O Amor-perfeito veio
Nascer na tela do artista
E nasceu em nossos olhos
Amor à primeira-vista

As Avencas hoje dançam
Ao vento que vem soprar
Essa brisa diz-me algo
Vem teu nome sussurrar

As Azaléias formosas
Fazem sombra pro besouro
E sem sombra de dúvida
Nosso amor é um tesouro

As Acácias abraçadas
Tão juntinhas neste ramo
Olho dentro dos teus olhos
Então digo que te amo

As Adálias tão formosas
Parecem obras de arte
E bate forte o meu peito
Simplesmente por amar-te

Os Antúrios corações
Lá no jardim à crescer
Bate-bate e faz tum-tum
Cada vez que vou te ver

Os Agapantos ao vento
Como azuis olhos de Venus
Com afagos e carícias
Assim nós nos amaremos

As Begônias são a causa
De um jardim tão colorido

Sem teu amor minha vida
Não teria algum sentido

As Bromélias são encanto
Magia de belos matizes
Essa paixão é o feitiço
Que nos faz sorrir felizes

As Camélias tem um ar
De quem vibra de paixão
Escrevo hoje teu nome
No livro do coração

Oh Crisântemos divinos
São as flores de um adeus
Jamais morre esta chama
Que me une aos olhos teus

Os Cravos estavam tristes
Pois o sol havia se posto
Vi nas nuvens deste céu
O desenho do teu rosto

A Flor-de-Liz e suas cores
São matizes da beleza
Mantemos em nosso peito
A chama do amor acesa

Os Gerânios nos jardins
Ornamentam a cidade
Assim é o nosso amor
Jardim de felicidade

A Gérbera apaixonada
Na primavera nascia
Em mim nasceu o amor
Que renasce à cada dia

Os Girassóis apaixonados
Sorriam ao astro-rei
Te amarei eternamente
Jamais te esquecerei

Os Hibyscus perfumavam
O vento do entardecer
Meu coração será teu
Cada vez que ele bater

As Hortências tão sublimes
De fragrância tão pura
Mais sublime é nosso amor
Puro afeto e ternura

Os Ipês na primavera
Vestem traje amarelo
Teu amor vestiu meu mundo
De um sonho doce e belo

O Jasmin enamorado
Floresceu até que enfim
O romance de nós dois
Tem começo e não tem fim

Os Lírios perto do mar
Inesquecível paisagem
Assim é o teu semblante
Em sonho vi tua imagem

Nos Lisiantus do jardim
Pisca-pisca um vagalume
O teu amor me completa
Como a flor e seu perfume

As Margaridas não mentem
Respondem à quem quiser
Perguntei de nosso amor
Terminou em bem-me-quer

A Miosótis tão singela
Sempre me enterneceu
Estarei junto de ti
Sempre sempre ao lado teu

As Orquídeas com seu néctar
Onde pousa o beija-flôr
Nesses lábios pousam beijos
Também a palavra amor

As Petúnias se destacam
No céu de azul profundo
Te quero muito meu amor
Mais que tudo neste mundo

As Prímulas elegantes
Como asas de querubim
No céu brilha o arco-íris
Como este amor sem fim

A Rosa disse ter visto
Borboletas no jardim
E falou do teu amor
A melhor parte de mim

As Tulipas são tão raras
Tão difíceis de encontrar
Encontrei o meu amor
E meu destino é te amar

As Violetas violácias
Ou da mesma cor do céu
Não acaba este beijo
Com doce sabor de mel

Fonte:

Colaboração de Iara Melo
Gruta da Poesia - Nº 07 da 2ª série – Abril de 2008
http://www.caestamosnos.org/Revista_A_Gruta_da_Poesia/08.html

Academia de Letras, Artes e Ciências de Abreu e Lima (Cerimônia Solene)

A Academia de Letras, Artes e Ciências de Abreu e Lima realizará Cerimônia Solene de nstalação Acadêmica, Posse do Presidente acadêmico Marcos de Andrade Filho e de seu Conselho Dirigente e Recepção dos novos acadêmicos:
Elisabeth Salgado (poetisa);
José Pimentel (dramaturgo, ator, diretor e produtor teatral);
Alcides Tedesco (educador e cientista da Educação).
24 de maio de 2008 (sábado, na Câmara Municipal de Abreu e Lima

sábado, 26 de abril de 2008

Entrevista com Douglas Maria Lara

Biografia de Douglas Lara em 8 de fevereiro
---

Vânia Moreira Diniz do Jornal Ecos entrevista o divulgador e editor Douglas Lara

Jornal'Ecos: Douglas: Você nasceu em Sorocaba, uma grande cidade paulista, a origem de sua família é de Sorocaba mesmo?

Douglas: Vânia, que bom conversar contigo. Sim, nasci em Sorocaba em 24 de janeiro de 1938 que aproximadamente 70 anos atrás era uma cidade média do interior do estado de São Paulo, ficando a 90 quilômetros da capital.

Penso que não existia melhor lugar para nascer. A vida em Sorocaba era de pessoas ordeiras e do bem, amigas e nasci do casamento de minha mãe Victoria (com seis irmãos) e Ramon Lara Rodrigues (que também tinha seis irmãos). Meus pais foram morar com meus avós maternos Elias Salum e Henriqueta Dias Salum numa casa enorme com muita gente no centro de Sorocaba).

Todos trabalhavam e vivíamos alegras e muito felizes.
Conheci e convivi durante muitos anos com minha avó Henriqueta que quando casei-me e tive meu primeiro filho, o Douglas Junior foi morar conosco em São Paulo, cidade que mudei-me em 1958 para fazer vestibular na faculdade de economia na USP.
Meus avós paternos foram imigrantes espanhóis que trouxeram 6 filhos primeiro para a Argentina onde nasceu em Buenos Aires e posteriormente decidiram imigrar para o Brasil na época com 7 filhos.

Jornal'Ecos: Como transcorreu sua infância? Tem alguma recordação de algum fato que o marcou com ênfase?

Douglas: Minha infância foi muito alegre e divertida no meio de muitos tios e primos.
Meu único irmão, o Dorival nasceu quando eu já tinha 7 anos de idade o que fez com que meus pais tivessem dois filhos únicos, dos mesmos pais.
Morava com minha vó e bisavó.
Como era comum na época, aos treze anos fui trabalhar com meus tios que tinham uma pequena manufatura de sapatos ... meu primeiro salário foi um dicionário de português.
Ai você pode ver que meus tios tinham sensibilidade e perceberam que teria que estudar muito a língua pátria.
Quando criança tudo era permitido, exceto não estudar.
E Sorocaba, chamada terra das escolas e das indústrias oferecia para todos seus moradores trabalho e estudo.
Vânia, agora irei contar um pouco de minhas peraltices.
Na minha infância, saia muito com meus tios que tinham 14 anos ou mais portanto moleques.
Uma das coisas que mais gostávamos de fazer era nadar no rio Sorocaba, que ficava bem próximo de onde morávamos.
Quem conhece Sorocaba sabe que o rio passa no centro da cidade ...

Jornal'Ecos: Douglas, explique um pouco mais isso e como seus pais controlavam estas peraltices de menino?

Douglas: Vânia, meu pai tinha um método infalível que era o de verificar minhas orelhas ao chegar do trabalho ... muito simples amiga ... as orelhas de quem vai nadar ficam brilhantes. Só que tinha como advogados de defesa, minha mãe, avó e bisavó, tios e tias que moravam sob o mesmo teto para defender o pequeno sobrinho, filho, neto e bisneto.
Recordo bem e agora conto para meu neto que eu era uma menino traquino que costumava perturbar os jogadores e torcedores nos jogos de várzea.
Recordo-me como se fosse hoje uma passagem no qual um jogador saiu do campo e veio para meu lado para me bater ... e iria bater se não fossem meus tios que pediram para ele deixar o 'moleque' em paz, ele é apenas uma criança ... rindo

Jornal'Ecos: Que faziam seus pais?

Douglas: Meu pai, Ramon Lara Rodrigues, era carpinteiro da Estrada de Ferro Sorocabana e minha mãe, Victória Salum Lara era tecelã na fabrica de tecidos Votorantim onde permaneceu durante uns quinze anos quando passou apenas a fazer os deveres domésticos e posteriormente cuidar de uma loja de calçados que eles tinham no centro de Sorocaba na rua Barão do Rio Branco.

Jornal'Ecos: Parece-me que você exerceu cargos em que liderava as ciências exatas, já naquela época se interessava pela literatura?

Douglas: Cursei contabilidade após terminar o ginásio, na OSE - Organização Sorocabana de Ensino vindo a concluir em 1957 e a literatura que conhecia estava relacionada com os estudos que era forçado para passar de ano.
Em 1957, um pouco depois da instalação da faculdade de medicina em Sorocaba decidi com apoio de meus pais preparar-me para o vestibular na USP. Ai tive a oportunidade de conhecer a literatura suficiente para o exame, tendo conhecido a escrita de Erico Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos e outros autores que eram presença constante nas re;ações de livros que tínhamos que estudar para o exame de português.
Ao entrar na faculdade tive que ir trabalhar pois meus pais não tinham condições de manter um filho adulto, dentro dos padrões brasileiros apenas estudando.
E meu trabalho foi direcionado para trabalhos onde a contabilidade a a matemática financeira eram mais importante.

Jornal'Ecos: Gostava de ler e tem algum autor que leu com mais persistência?

Douglas: Tomei gosto pela leitura e principalmente pelos autores citados e outros importados que faziam sucesso na época, como Dale Carnegie ... do como vencer na vida e como fazer amigos que hoje são chamados de auto ajuda.
Comecei a ser influenciado pelas mocinhas colegas de escola e aprendi um pouco de poesia e literatura mais para não 'fazer feio' no meio dos jovens da época.

Jornal'Ecos: Quando começou a navegar já escrevia alguns textos e os divulgava?

Douglas: Colocava apensa alguns pensamentos e citações, mesmo sem base arriscava.
Durante muitos anos usei um 'lema', toda decisão é uma solução intermediária.
Isto tem muita verdade hoje no episódio da disputa do gás com a Bolívia, os dirigentes dos vários paises envolvidos não sustentam em pé o que falaram quando estavam sentados, desculpe Vânia ocupar seu espaço para um pequeno desabafo.

Jornal'Ecos: Qual foi a primeira antologia organizada por você e de que forma aconteceu?

Douglas: Onze Autores da Web, atendendo solicitação de uma amiga de Jacareí na base de vamos escrever um livro juntos.
Deveria serem dez, porém a idéia foi um sucesso entre os internautas que terminamos em onze.
Dos onze apenas o Adhemar Molon permaneceu em todas antologias que organizei e sempre falo em tom jocoso que ele escreve mais rápido que podemos ler. E, ele não deixou de comparecer em nenhum dos lançamentos. É o que chamamos de 'amigãó de todas as horas'.

Jornal'Ecos: Como realmente você faz para conciliar as notícias o trabalho de divulgação e a organização das antologias?

Douglas: Tenho muito tempo, tenho todos os dias e apenas uma ou duas antologias por ano.
A antologia fixa é sempre lançada na ultima quinta feira de julho de cada ano.

Jornal'Ecos: Poderia falar algo sobre os anseios dos escritores que se reúnem nas coletâneas?

Douglas: As antologias são as tribunas onde cada um escreve o que quer sem censura de tema ou de assunto. É como uma conversa entre amigos onde cada um perpetua no papel o que pensa e como escreve e expõe suas idéias e ideais.

Jornal'Ecos: E esse interessante trabalho tem realizado suas expectativas?

Douglas: Acredito ter conseguido atender as expectativas dos autores e poetas que participam da coletâneas o que é nosso objetivo e para isso conto com o suporte e respaldo seu e do Mylton Ottoni.

Jornal'Ecos: Atualmente qual o trabalho no qual está se empenhando?

Douglas: No Roda Mundo 2006, na segunda edição da semana do escritor e na antologia dos escritores do Jornalecos todos já com data marcada de lançamento.
Diariamente edito um jornal eletrônico 'Acontece em Sorocaba, no qual tento trazer noticias de interesse para amigos internautas.

Jornal'Ecos: Algum sonho a realizar?

Douglas: Nada em particular, apenas saúde para continuar ajudando quem me procura e desejo de ser procurado bastante para ser útil dentro de minhas possibilidades.
Estou realizando um sonho em poder ser entrevistado por escritora experiente e podendo contar algumas coisas que parecem causos misturado com a verdade.

Jornal'Ecos: Douglas agradeço ter aceito meu convite e o espaço é todo seu. Quer deixar algum recado aos seus leitores e àqueles que lhe procuram para a divulgação de seus textos literários? Parabéns pelo seu brilhante e belo trabalho.

Douglas: Sou uma pessoa feliz e realizada e considero estar nesta vida para ajudar.
Obrigado e votos de felicidades a todos escritores e editores do Jornalecos e principalmente você, Vânia querida que me acompanha durante alguns anos.

Fonte:
Entrevista realizada por Vânia Moreira Diniz do Jornal'Ecos da Literatura Lusófona
10 de Maio de 2006 - Edição N°40
http://www.jornalecos.net/entrevistalara.htm

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Maria Lindgren

Nome: Maria José Lindgren Alves

- Mestrado em Educação – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ - 1999
Especialização em Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa – Universidade Federal do Rio de janeiro – UFRJ – 1991
- Licenciatura em Letras : Português – Inglês – Universidade Federal Fluminense – UFF, 1976.
- Revisora e avaliadora de textos pedagógicos do INEP/MEC, de 1999 a 2003.
- Escritora literária: livro publicado: UMA ROLHA NA LÁGRIMA(coletânea de contos e crônicas), 2004.
-Contos publicados na antologia Uruguaia Cuentogotas: Encontro Inusitado, em português e Alta Fidelidad, em espanhol, Editora Bianchi Pilar, Movimento Cultural ABRACE, Montevideo, 2006

Fonte:
http://www.vaniadiniz.pro.br/

Maria Lindgren (Se eu fosse um livro...)

“Los libros son como las dentaduras postizas: se guardan en un bolsillo hasta que sea el momento de masticar”.

Escarafunchei a cabeça o mais que pude, para ver se me saía um livro antigo ou novo, que eu pudesse chamar de meu predileto, aquele com o qual ficaria preenchida. E por que isto assim, de repente? Por duas razões interligadas: é tema de concurso do site espanhol Escuela de Escritores, que um dia pretendo enfrentar em concursos, e a curiosidade que o próprio tema me despertou.

Se me pedissem para escolher uma flor, certamente seria rápido: uma rosa bem vermelha, uma vez que as arianas, dizem, gostam de fogo: se fosse uma planta, uma árvore secular imorredoura e altiva; uma música, Cry me a River, com Julie London ou As Quatro Estações, de Vivaldi; se uma comida, meu bacalhau de Natal; uma sobremesa, uma daquelas japonesas com sorvete e banana caramelada... Enfim, para quase tudo, a resposta não daria tempo de piscar, mas um livro...

Nos bons tempos de avidez de leitura de livros de papel, não apenas eu, mas todos os que compartilhavam minha juventude bem intelectualizada saberiam dizer sem titubear o nome do último livro que havíam saboreado que, apesar disso, não sei se seria o predileto.

Certamente, o romance estaria entre os russos ou os latino-americanos, estes últimos, muito em voga; um ou outro brasileiro bem sofisticado; um ou dois ingleses ...). O livro de poesia, para ser curtida em silêncio ou a plena voz, oscilaria entre os luso-brasileiros, sem dúvida, os ingleses, sobretudo Shakespeare” life is a tale, told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing”( a vida é um conto narrado por um idiota, cheio de som e fúria, sem nenhum significado ) que, recitado em momento de baixa na vida, quase me custou um dedo numa janela de guilhotina velha.

Os amigos mais avançados ou snobs acabavam de descobrir o norte-americano J. A. Salinger (O apanhador no campo de centeio), mencionavam Clarice Lispector, ainda receosos, preferiam Rimbaud, entre os franceses, e falavam de Rilke, para embasbacar a platéia.

Se perguntasse à minha prima, naquela época, qual poesia mais lhe falava à alma, ela diria o Eu, de Augusto de Campos, encetando uma declamação direto: “...apedreja esta mão vil que te afaga e escarra nesta boca que te beija.

Enfim, a lista de literatura era longa e resultava sempre em discussão acalorada, com aquiescências e repulsas definitivas. Ninguém ousaria dizer não li nada esta semana. Cruz, credo! Só maluco passaria uma semana inteira sem ler um livro. Não seria fácil para ninguém dizer o título de seu livro predileto, tal a vertigem pelos livros.

Ler era compulsão aceita pelos melhores psis da época. Só fazia bem. Não se ficava em casa sem o lazer da leitura, não se saía à rua, sem um livro debaixo do baixo, nem que fosse para ir ao cinema, à praia ou em visita de muito bate-papo. O livro era mais importante na indumentária do que o resto da roupa. Usava-se até a expressão cultura axilar, em menosprezo aos que só o carregavam. Não tinha substituto no velho rádio e na TV insipiente, nem no computador inexistente quase.

Com a frase se eu fosse um livro na cabeça, abro o jornal El País e procuro a seção de Cultura. Fala-se de livros, porque dia 23/04 é Dia do Livro. Ressalta-se Barcelona, Festa de Sant Jordi, de confraternização de escritores e leitores, em meio a rosas vermelhas e livros, tudo em abundância. Percorro as fotos com inveja, confesso. Que vontade de correr para lá e partilhar da paella, em almoço feito para esse público tão especial.

Penso no contraste enorme com minha cidade no Dia do Livro, quase vazia de todo, por causa de feriadão, as livrarias fechadas ou abertas para ninguém, a não ser para um cafezinho.

Passeio pelo meu escritório de casa com bateladas de livros que ainda não li. Como nos diz Juan Cruz, no mesmo El País, no artigo El libro y la dentadura postiza, que recomendo: “Los libros son como las dentaduras postizas: se guardan en un bolsillo hasta que sea el momento de masticar”. Pior que hoje em dia, quase não há dentadura solta.

Fico mais triste ainda. Que idéia descobrir jeito para escrever logo em tempos de anorexia de livro! Olho para o computador, lembro-me dos escritores que publicam sem parar na Internet, sento na cadeira que gira e me mói, e renasço: ainda há esperança.

PS. Se eu fosse um livro, seria uma antologia poética internacional escolhida a dedo ou bolada por mim. Com certeza.

Fonte:
http://www.vaniadiniz.pro.br/maria_lindgren/cronica_se_eu_fosse_um_livro.htm
Colaboração de Douglas Lara in http://www.sorocaba.com.br/acontece

Bisa Maith (Maria Thereza Moreira Pereira)

Desde criança ela gostava de escrever e almejava tornar-se um dia uma grande escritora. Queria muito estudar, freqüentar uma escola mas isto lhe foi negado. Não foi além de Grupo Escolar, como se chamava então a escola primária, fato que, no entanto, não a impediu de sonhar, pois, os sonhos não estão condicionados a regras de gramática, ortografia, lingüística ou seja lá o que for.

O seu anseio, porém, se lhe afigurava impossível. Os escritores lhe pareciam tão distantes e inatingíveis quanto os consagrados artistas e desportistas com que sonham a maioria dos adolescentes.

Seguiu o caminho da maioria, trabalho, casamento, filhos ... e o seu sonho ficou guardado no coração. Nunca se desfez dele.

Satisfazia-se escrevendo alguma coisa que mandava para os jornais sempre que havia uma oportunidade.

Setenta e muitos anos, aposentada, filhos casados, viúva, só então tinha todo o tempo do mundo e o direito de fazer loucuras, como editar um livro, mil exemplares dos quais muito poucos foram vendidos, alguns doados e a maior parte lotou o seu armário.

Ela era inexperiente. Não conhecia nada do ramo e não procurou ajuda profissional. Deu seu livro para ser editado numa editora qualquer e o livro saiu com muitas falhas.

Ela ficou aborrecida, mas nem tanto. Orgulha-se dele como uma mãe que ama o seu filho mesmo que ele não seja o mais belo bebê deste mundo.

Graças a uma reportagem no Cruzeiro do Sul, ficou conhecida, seu blog (bisavo.blogger.com.br) teve muito acesso, foi convidada a participar do Roda Mundo 2005 e seus contos foram publicados em Cabo Verde, na África.

E vieram os convites para eventos literários. Tudo que ela desejou sua vida toda, mas, já então, sem condição de locomover-se, não pode aceitar.

Agora, consciente de estar trilhando o fim de sua estrada terrena, está vivendo talvez a mais gratificante etapa de sua vida, vendo seu trabalho ser reconhecido, conquistando novos amigos e procurando semear a sua volta sementes de alegria, de paz, de otimismo e de felicidade.

Fonte:
http://www.sorocult.com/el/colunistas/bisavo.htm

Bisa Maith (Sogra e Sogra)

Armando e Carol resolveram casar-se. Já eram namorados há algum tempo, mas ainda não conheciam as famílias. Agora estava na hora da aproximação e os dois estavam preocupados.

Armando dizia:

- A minha mãe é muito legal. Você vai gostar dela e ela de você, tenho certeza!”“.

Carol também afirmava:

Mamãe está ansiosa para conhecê-lo. Você vai ver que boazinha que ela é. Chegou o dia marcado para Carol fazer a primeira visita para a futura sogra e ela estava nervosa sem saber como se comportar para melhor impressioná-la.

Que vestir? Será que podia ir de calças compridas ou seria melhor um vestido? E o sapato? Não queria usar salto muito alto para não ficar mais alta do que o Mando, mas, salto baixo, também, não fazia nenhuma vista Tênis, nem pensar! Se fosse de calças até que podia, mas, não sei. . . É tão esporte!

E como se comportar na casa dele?

Se falasse muito alto, Ela a acharia vulgar, mas se cochichasse poderia parecer tímida. Tinha que medir muito bem (quantos decibéis?) para parecer uma pessoa fina, equilibrada, bem educada, etc.

Se mostrasse muito carinhosa com o Mando, podia parecer assanhada, mas se se mantivesse muito distante ela a acharia muito fria.

Se comesse muito, pareceria gulosa, mas, se comesse muito pouco, ela podia pensar que ela não gostou da sua comida.

Como é difícil encontrar o ponto de equilíbrio!

(A única coisa que não lhe ocorreu foi ser autêntica. Mostrar-se tal qual era na realidade para que ela já ficasse sabendo como era a mulher que estava levando embora o seu filho.).

E os possíveis acidentes? Já pensou se virasse a xícara de café, derrubasse alguma coisa no chão ou tropeçasse no tapete?

Quando se defrontaram, mediram-se por um instante de alto a baixo. Carol não pode deixar de comparar a mãe do Mando com a sua, (ela era bem mais sofisticada e isso a preocupou um pouco.) e a sogra pensou:

“Que menina feiosa”! Pernas finas, nariz chato e sardas no pescoço! ´´, mas falou, sorrindo:

- Olá, querida, o Armandinho não exagerou quando disse que você era linda!

Surpresa, Carol não lembrou de nada inteligente para dizer e balbuciou tolamente:

- ... ...gada...

- Meu nome é muito feio (Hermengarda!) cochicha-lhe no ouvido, mas quero que você, como todo mundo, me chame pelo apelido, Meg, e, por favor, nada de dona nem de senhora.

- Eu sou Carolina, mas todos me chamam de Carol.

- Eu já sabia, o Armandinho me disse.

O Armandinho procurou desanuviar o ambiente contando mil casos, mas a Carol não achava graça em nada. Queria sumir dali. Nunca pensou que fosse tão difícil relacionar-se com uma sogra em potencial.

Finalmente foram para a mesa e ela obrigou-se a se servir de tudo e comer um pouco.

E, então já, podia despedir-se.

- Volte sempre! Esta casa agora é sua!

-....gada... Ufa!

Na semana seguinte foi a vez do Armando conhecer a mãe da Carol.

Esta visita foi bem mais tranqüila. O Armando estava muito à vontade e a Berta, mãe da Carol recebeu-o carinhosamente, sem exageros.

Ofereceu, logo após os cumprimentos, uma latinha de cerveja que ele aceitou e trouxe uma bandeja enorme, de plástico, abarrotada de salgadinhos feitos por ela mesma (deliciosos).

A Carol ficou meio preocupada. Será que ele ia achar sua mãe muito brega?

Mas ele comeu à vontade, aceitou a segunda cerveja, e, quando ela ofereceu uma fatia de bolo, disse francamente que não gostava de bolo, mas que aceitava mais uma latinha.

- Meu Deus! Será que a Mamãe vai achar que ele bebe demais?

Berta era uma mulher simples, não se incomodava com etiquetas, mas, detestava beberrões e Carol sabia disso, é claro.

Carol estava com medo de que ele comparasse a sofisticação da mãe dele com a simplicidade da dela, mas ele nem reparou nisso. Aliás, já havia dito a Carol que a amava mesmo sem conhecê-la, pelo simples fato dela ser sua mãe e que a única queixa que tinha dela era o limite que ela punha no namoro dos dois. . .

Mas, faltava a terceira e mais complicada etapa. O confronto das duas futuras sogras.

Dentre os problemáticos relacionamentos familiares, é, sem dúvida, o das sogras o mais problemático de todos. Não por culpa delas, coitadas! (não conheço uma só que não diga: “eu não dou palpite, respeito às decisões de minha nora (ou genro)”. ““ A mãe dele (a) é um amor! Somos grandes amigas! ´´).

Berta e Meg se encontram num Restaurante. Um jantar para toda a família para oficializar o noivado, combinar o casamento.

As duas examinam-se, por um momento, cumprimentam-se e trocam frases polidas que não têm nada a ver com o que estão pensando.

Numa coisa as duas estavam de pleno acordo: o casamento de seus filhos tinha que ser um acontecimento para ser lembrado por muitas décadas. Uma festa de arromba, nem que para isso tivessem que empenhar tudo que tinham ainda ficar devendo.

O problema era o conceito que cada uma delas tinha de uma grande festa.

Berta sugeriu que a festa fosse na fazenda (uma grande fazenda de sua propriedade). Uma festa para o civil, outra para o religioso e depois que os noivos se fossem, uma terceira festa para o enterro dos ossos. Podiam convidar a cidade inteira que espaço não faltaria, muito menos comida e bebida.

Meg achou um absurdo. “Só faltou sugerir que os convidados fossem vestidos a caráter e dançassem uma quadrilha no terreiro ao som de violas e sanfonas”, pensou, mas disse:

- Eu acho que a festa num clube da cidade seria mais chic, mais apropriado. Pouca gente, um bom bufet, um decorador experiente, boa música, isto, naturalmente, depois da cerimônia na Catedral com toda a pompa a que temos direito. .

Os próximos meses foram cheios de trabalhos, apreensões e desencontros.

Meg e Berta, embora se declarassem amicíssimas e fossem vistas juntas por toda parte no afã dos preparativos para A Festa, desentendiam-se o tempo todo.

Meg, não satisfeita em escolher o seu próprio vestido, queria escolher também o da Berta, pois não ficava bem as Mães apresentarem-se muito diferentes e a Berta queria usar o que gostava, independente do que a Meg ia vestir.

Berta queria sempre fazer pesquisa de preços e, muitas vezes, optava pelo mais barato achando que tanto fazia, mas a Meg não admitia que se falasse em economia quando se tratava da grande festa do filhinho querido, e achava que a outra era mesquinha.

Quando os noivos começaram a montar sua casa, as duas se alvoroçaram a ajudá-los, cada uma querendo que suas idéias prevalecessem, é claro.

Os garotos começaram a perder a paciência. Carol pediu a mãe

- Não deixe a Meg mexer no nosso quarto. O Mando e eu queremos arrumar do nosso jeito, pelo menos o nosso quarto.

- Como é que eu vou fazer isso? Antes de eu começar a pensar ela já tinha providenciado tudo do seu gosto, até o cortinado da cama (será que ainda se usa isso?).

O Armando reclamou para a Carol:

- Sua mãe cismou de arrumar o meu escritório e agora eu não acho mais nada lá dentro.

- Mãe, por favor, não mexa nas coisas do Mando que ele não gosta.

- Vocês são mal agradecidos! A Meg e eu temos tido um trabalhão danado para que vocês tenham tudo do bom e do melhor. Se deixássemos por sua conta queria ver se saia casamento.

- Claro que saia. A gente casava em surdina, ia morar embaixo de uma ponta, e seríamos muito felizes!

- Deixe de falar bobagem e vá escolher o jogo de malas para a lua de mel.

- Ah! Mãe! Venha comigo. Eu não entendo nada de malas. . .

- É assim que é independente? Que podia casar em surdina e morar embaixo da ponte?

- Ah! Mãe! Isso é só modo de dizer. . .

Mas, de uma forma ou de outra o casamento realizou-se e as duas sogras continuaram se debicando amistosamente.

Berta gosta muito do Armando:

- Ele é um santo! A Carol tem um vidão. Não trabalha fora, tem empregada para todo o serviço da casa. Compra tudo o que quer e ele nunca a contraria em nada.

E, olhe, não pense que ele é rico. Faz sacrifícios, mas dá a ela tudo o que ela quer!

A Meg, porém, não vê as coisas pelo mesmo prisma:

- Coitado do Armandinho! A Carol é uma inútil! Não faz nada em casa. Gasta o que não tem e obriga-o a sacrifícios para satisfazer-lhe os caprichos.

Bem, Sogras à parte, Carol e Armando foram felizes para sempre. Afinal de contas, isto é o que importa, não é verdade?

Fonte:
http://www.sorocult.com/el/colunistas/bisavo.htm

Lançamento da 1a. Coletânea do Sorocultinho

O Sorocult é um site voltado ao incentivo e divulgação da Cultura e Literatura de Sorocaba e Região. No decorrer dos seus quase 3 anos de existência, já publicou 2 coletâneas literárias feitas em sistema de cooperativa entre alguns dos muitos escritores colunistas que escrevem no Espaço Literário do Sorocult.

E há quase um ano fundou o “CLIC Art & Letras - Centro Literário Cultural de Sorocaba e Região”, para agregar e divulgar os escritores e as coletâneas, através das “Maratonas Literárias Sorocult” criadas e organizadas pela equipe do Sorocult.

A fórmula deu muito certo e o grupo de escritores é amigo, ativo, alegre e criativo. Juntos, lutam pela literatura que amam e praticam. E no decorrer deste tempo, várias crianças e jovens foram ingressando no site como colunistas, o que levou à criação de um espaço infantil dentro dele: o Sorocultinho, que depois ganhou uma companheira : sua “irmã” Sorocultinha.

Ambos são os personagens infantis “vivos” que se transformaram num belo livrinho que agora está sendo lançado pelo Sorocult, intitulado ”1ª Coletânea do Sorocultinho”, patrocinado inteiramente pelo próprio Grupo Sorocult para ser doado para crianças carentes e escrito por 15 escritores do espaço Sorocultinho dentro do site Sorocult.

O livrinho traz textos interessantes e criativos em forma de fábulas, crônicas, poesias e trovas que focam a questão atual do Meio Ambiente e foi inteiramente ilustrado para ser colorido pela criança leitora. Traz ainda histórias traduzidas para o inglês, um capítulo com teoria literária para que a criança possa aprender alguns conceitos específicos sobre Literatura e algumas atividades lúdicas educativas.

Até onde se sabe, é a primeira coletânea infantil organizada com escritores de Sorocaba e Região e voltada inteiramente para crianças com caráter educativo principalmente. Nela escrevem escritores dos “8 aos 80”, provando mais uma vez que a idade das pessoas está longe de ser impedimento para que coisas boas sejam oferecidas para nossa sociedade.

Os lindos livrinhos serão doados para várias crianças carentes de várias entidades assistenciais de Sorocaba e várias bibliotecas e crianças de várias escolas de Sorocaba e região. Os lançamentos ocorrerão durante todo o mês de abril, um mês considerado marcante no mundo da literatura nacional e internacional, mês de Monteiro Lobato, nosso maior escritor brasileiro de todos os tempos.

Para os lançamentos foi preparada a “Maratona Literária Infantil Sorocult” que pretende, no ato da doação do livrinho, oferecer algumas atividades literárias para as crianças, focando o tema Meio Ambiente e Literatura. E ainda oferecer espaço na Net para que mais crianças possam mostrar sua arte literária nos espaços infantis dedicados a ela no site Sorocult.

O livrinho traz textos interessantes e criativos em forma de fábulas, crônicas, poesias e trovas que focam a questão atual do Meio Ambiente.

Co-autores da “1ª Coletânea do Sorocultinho” :
Amadeu de Carvalho Junior (Pilar do Sul)
Ana Paula de Cássia (Sorocaba)
Carmen Silveira de Abreu (Sorocaba)
Débora Válio Corrêa Fidêncio (Pilar do Sul)
Dorothy Jansson Moretti (Sorocaba)
Gabriela Maldonado Sewaybricker (Sorocaba)
Jairo Valio (Sorocaba)
Josefa Maria Portela (Sorocaba)
Larissa Evelyn de Oliveira (Sorocaba)
Márcia Maldonado Sewaybricker (Sorocaba)
Maria Thereza Moreira Pereira (Sorocaba)
Mariana Domitila Padovani Martins (Sorocaba)
Neusa Padovani Martins (Sorocaba)
Nícolas Estevan Padovani Martins (Sorocaba)
Therezinha Aparecida Válio Corrêa (Pilar do Sul)

A coletânea contou ainda com:
Lucas Diego Cesari Rizzo pelas traduções para o inglês de algumas histórias.
Dorothy Jansson Moretti pelas revisões destas traduções.
Mariana Domitila Padovani Martins por todas as belas ilustrações do livrinho.
Nicolas Estevan Padovani Martins pela criação da capa do livrinho.
Ottoni Editora pela preparação do livrinho.
There Valio e Jairo Valio pela imensa colaboração para que algumas escolas pudessem receber a doação dos livrinhos.
“Associação Cultural Pintura Solidária” pela indicação de instituições que poderiam ser beneficiadas com a doação dos livrinhos.

O primeiro lançamento aconteceu no dia 18 de abril de 2008 – 6ª feira na Oficina Integração do Menor Céu Azul (Sorocaba) que assiste crianças de várias idades e suas famílias. Todas as crianças já alfabetizadas receberam um livrinho de presente.

Bastante interessadas, as crianças participaram de todas as atividades de forma atenciosa e alegre e receberam a função de colorir os desenhos que ilustram as historinhas e de executarem com a professora, as atividades educativas que se encontram no final do livrinho. O Sorocult presenteou-as também com mudas de pitangueira com a finalidade de desenvolver nelas maior responsabilidade para com as coisas da natureza, amando e cuidando das plantas.

Fonte:
http://www.sorocult.com/

Richard Wagner (O Anel do Nibelungo: Parte 2: A Valquíria)

A Valquíria é uma ópera de Richard Wagner, a segunda parte de quatro que compõem a tetralogia O Anel do Nibelungo. Sua estréia ocorreu no Teatro Nacional em Munique em 26 de junho de 1870, antes mesmo do término da ciclo do Anel. Para esta obra, Wagner inspirou-se na lenda nórdica da Saga de Volsunga. A parte mais popularizada é a passagem musical da Cavalgada das Valquírias, que abre a primeira cena do terceiro ato.

(Primeira parte postada em 24 de fevereiro)

Sinopse

Ato I - Cena I

A obra é iniciada com personagens cujas identidades são desconhecidas (uma técnica já usada pelo autor em outras óperas fora da tetralogia do Anel, como Lohengrin). Durante uma grande tempestade, Siegmund procura abrigo na residência do guerreiro Hunding. O local é uma habitação rude, e há uma grande árvore no centro da sala. O dono da casa não se encontra no local, mas, exaurido e caindo próximo a uma lareira, Siegmund é recepcionado por Sieglinde, esposa infeliz de Hunding. Ele a conta que estava escapando de seus inimigos e que agora está ferido. Após beber um pouco de hidromel oferecido pela mulher, já se direciona para a saída alegando estar amaldiçoado pelo infortúnio. Ele acrescenta que sempre leva a desgraça onde quer que vá. Entretanto, ela o convida a permanecer, justificando que ele não pode trazer infortúnio em um lar onde a má sorte já reside, em referência a sua infelicidade.

Ato I - Cena II

Ao retornar, Hunding relutantemente oferece hospitalidade ao visitante. Marcando a transição para a segunda cena, a entrada desse novo personagem é caracterizada por compassos curtos que demonstram seu caráter sombrio. Hunding surpreende-se com tamanha semelhança ente sua esposa e o forasteiro. Ele começa a conversar com o hóspede, perguntando seu nome, até então desconhecido. Siegmund responde que não pode chamar-se Pacífico nem Jubiloso, mas sim Doloroso.

Sieglinde, cada vez mais fascinada pelo sujeito desconhecido, pede para que ele conte sua história enquanto os homens comem. Siegmund então descreve um dia estar voltando para casa com seu pai após caçarem juntos, encontrando sua casa incendiada, sua mãe morta e sua irmã gêmea desaparecida, raptada pelo povo Neindinge (invejoso). Ambos passam a viver na floresta, lutando contra inimigos que por vezes apareciam. Hunding então o interrompe por um momento, dizendo que já havia ouvido falar sobre rumores dessa corajosa dupla que vivia na floresta. Siegmund continua sua história, e como o povo Neindinge os perseguiu de forma que ele perdesse contato com seu pai. Nessa hora a orquestra executa o tema da Valhala, uma referência a origem do pai de Siegmund, ainda desconhecida. Agora sozinho, ele deixa a floresta e torna-se um desafortunado.

Após comentário seco de Hunding, Sieglinde pergunta ao hóspede como perdeu suas armas. Ele explica que certo dia encontra uma garota sendo forçada a se casar e discute com os parentes da moça, matando seus irmãos. Entretanto, por vingança suas armas foram quebradas e a moça morta pelo restante dos familiares. Desarmado e ferido, ele então escapou do local, chegando eventualmente à residência de Hunding. Quando Siegmund termina, Hunding revela que é um de seus capturadores (assume-se que é um dos membros da família que quer vingança). Ele garante uma noite de hospedagem ao estranho, mas o desafia para um duelo na manhã seguinte. Hunding então deixa a sala com Sieglinde, ignorando o desconforto de sua esposa. Antes de deixar o recinto, ela indica um ponto específico da árvore em sua sala ao visitante, que não entende o significado.

Ato I - Cena III

Iniciando outra cena, anoitece. Sozinho, Siegmund lamenta sua desgraça, citando a promessa de seu pai de que ele encontraria uma espada quando precisasse (lembrar que suas armas estavam quebradas pela batalha anterior, ele não tinha no momento outras disponíveis para duelar). Ele se sente desprotegido no local, apesar da presença da mulher adorável que acabara de conhecer. Começa então a invocar Volsa pela espada diversas vezes, um nome cujo significado é entendido posteriormente. Com o apagamento da lareira, ele percebe um clarão na árvore antes indicada por Sieglinde, e questiona o que seria aquilo.

Sieglinde retorna, explicando ter drogado a bebida de seu marido com uma erva narcótica para que repousasse profundamente. Ela diz querer lhe mostrar uma arma, e começa revelando que havia sido forçada a casar-se com Hunding após ter sido raptada. Durante a festa de casamento, um velho homem com um dos olhos cobertos apareceu e encravou uma espada no tronco de uma árvore localizada no centro da sala de sua casa, que nem Hunding nem seus comparsas conseguiam retiram. (Posteriormente descobre-se que o velho homem era Wotan, seu pai.) Ela toma conhecimento sobre o tal velho e a que a espada se destina, e expressa seu anseio pelo herói que poderia obter a espada para si e salvá-la de sua condição atual. Após ouvir a história, Siegmund expressa seu amor pela mulher, sendo correspondido por ela, que por sua vez tenta entender de onde já o reconhece. Deduzindo que o forasteiro era seu herói, quando ele cita o nome de seu pai, Volsa, ela declara que ele é Siegmund, e que a espada era destinada especialmente para ele. A porta se abre sozinha, assustando os dois.

Siegmund então facilmente obtém a espada para si, e ela declara que é Sieglinde, sua irmã gêmea. Ele então nomeia a espada Nothung. O ato encerra-se com Siegmund chamado Sieglinde por noiva e irmã, acariciando-a, e os dois partem do local.

Ato II - Cena I

Wotan está nas rochas de uma montanha com Brünnhild, uma de suas filhas valquírias. Ambos animados, ele a instrui a proteger Siegmund de um eminente ataque de Hunding (que após acordar do longo repouso proporcionado pelas drogas, estaria furioso pela ausência de sua esposa). Ela acata o pedido exclamando o brado típico das valquírias, e então percebe que Fricka está chegando rapidamente em um carro movido a carneiros. Fricka é esposa de Wotan e guardiã dos casamentos. A valquíria deixa o local. Ao chegar, claramente transtornada, Fricka exige a punição de Siegmund e Sieglinde por adultério e incesto. Ela sabe que Wotan era pai do casal; apesar de deus, ele também é conhecido como o homem mortal Volsa. Em seu contrato de casamento, Wotan prometeu ajudá-la em todos os momentos, ele deveria cumprir mais esse tratado. Ele protesta, alegando que precisava de um herói livre (não governado por ele, o governante dos deuses) para executar seus planos [Em relação ao problema do anel forjado por Alberich após o roubo do "Ouro do Reno" das ninfas, e que agora estava sob poder do gigante Fafner, como apresentado na primeira parte da tetralogia. Para mais informações, ler a sinopse da Parte 1: O Ouro do Reno, postado em 24 de fevereiro]. Também alega que não vê problema na união dos dois, que foi motivada por amor. Mas Fricka replica, alegando que Siegmund não passa de um fantoche dele e não um herói livre, e censura a relação incestuosa do casal, inaceitável segunda ela, e a desonra da quebra do casamento entre Hunding e Sieglinde. Sem saída, tendo que cumprir seu contrato com a esposa, Wotan promete a ela cumprir sua última exigência: retirar a magia da espada de Siegmund de forma que ele perca o duelo, e que a valquíria não o ajude nessa batalha. Brünnhild chega e Fricka parte, não antes de dizer à moça que seu pai tem algo a dizer.

Ato II - Cena II

Fricka se retira, deixando Brünnhild com um Wotan desamparado, bem diferente de quando haviam se encontrado pela última vez. Após pedido, Wotan a explica seus problemas, primeiramente hesitante ao abrir-se com a filha, o que poderia fazer com que perdesse sua figura autoritária. Ele começa desde seus impulsos que o fizeram mal uso dos tratados que legisla e a participação de Loge, o "O Ouro do Reno" e o anão Alberich, a mensagem transmitida por Erda já prevendo desastre eminente; Brünnhild inclusive é sua filha com Erda. Ela e suas oito irmãs cresceram como as valquírias, damas da guerra que levam as almas dos heróis mortos para formar na Valhala um exército contra Alberich. Era uma tentativa de Wotan de reverter os fatos que estavam se sucedendo desde que ele havia sido amaldiçoado pelo anel. Neste momento, ela o interrompe momentaneamente para dizer-lhe que o exército está em boas condições, mas é avisada por Wotan que o problema ainda não era esse, havia mais a ser explicado. Ele continua, dizendo que o exército seria derrotado se Alberich tivesse posse do Anel, que no momento estava sob posse do gigante Fafner. Usando o elmo mágico Tarnhelm, o gigante havia se transformado em um dragão, circulando pela floresta com o tesouro de Nibelungo. Wotan não poderia obter o Anel de Fafner através da força, pois era governante e a posse do anel estava com o gigante sob contrato, não havia nada a fazer por conta própria. Ele precisava de um herói livre para derrotar Fafner em seu lugar, uma pessoas isenta de sua influência. A valquíria chega a citar Siegmund. Entretanto, como apontado por Fricka, Wotan só consegue criar servos para si, meros fantoches como Siegmund não eram pessoas livres de fato.

Severamente, Wotan ordena Brünnhild a obedecer Fricka e assegurar a morte de Siegmund, filho de Wotan e meio-irmão da valquíria. Ela hesita, questionando as ordens contraditórias de seu pai, mas por fim acata o pedido. Ele sai, deixando-a sozinha para preparar-se para o duelo que viria a seguir.

Ato II - Cena III

Após fugir da residência de Hunding, o casal Siegmund e Sieglinde chega à passagem da montanha, onde Sieglinde desaba exausta e sentindo-se culpada, indigna do amor de Siegmund. Ele a conforta, dizendo que se vingará de Hunding. Ela alega começar a ouvir a perseguição de seu marido, e delira, já antevendo o duelo.

Ato II - Cena IV

Brünnhild chega de uma gruta e se aproxima de Siegmund, contando-o sobre sua morte eminente. Ela diz que sua função é se apresentar àqueles prestes a morrer, levando-os à Valhala. Os dois conversam sobre a vida que Siegmund teria nesse novo lugar, e por fim ele recusa segui-la quando descobre que Sieglinde não poderia o acompanhar. Ela lhe diz que não resta outra alternativa, mas ele replica que não haveria como morrer tendo a espada mágica de seu pai em punho. A valquíria o esclarece que a mesma pessoa que o havia concedido a espada retirara seu poder. Siegmund revolta-se com a traição que ocorrera, clamando preferir ir ao inferno que acompanhar Brünnhild à Valhala.

Transtornado, o guerreiro já ameaça matar sua esposa sendo impedido pela valquíria. Impressionada por sua coragem e comovida pela situação, Brünnhild reconsidera e concorda em proteger Siegmund, desrespeitando as ordens de seu pai. Com seus votos de bênção, ela deixa o local.

Ato II - Cena V

Enquanto Siegmund contempla sua noiva repousando, Hunding chega anunciado por sua trompa, os dois discutem e Hunding ataca seu oponente. Abençoado pela imortal Brünnhild, Siegmund reage e toma vantagem no duelo, mas Wotan aparece e estilhaça Nothung (a espada de Siegmund) com sua lança. Desarmado, Siegmund é morto por Hunding. Brünnhild reune Sieglinde e os pedaços da espada, e foge em seu cavalo. Wotan observa muito triste seu filho morto. Em sua fúria, mata Hunding com somente um gesto, e parte em perseguição a sua filha, que havia desrespeitado sua ordem, deixando a cena ao som de um trovão.

Ato III - Cena I

Em uma passagem musical conhecida como a Cavalgada das Valquírias (conhecida amplamente por sua utilização em outros meios), as valquírias Gerhilde, Ortlinde, Helmwige, Schwertleite, Waltraute, Siegrune, Grimgerde e Rossweisse se reúnem em uma montanha, cada uma com seu cavalo e levando um herói morto. Elas se espantam quando Brünnhild chega trazendo consigo uma mulher viva. Ela pede ajuda a suas irmãs, explicando a perseguição de Wotan, mas elas não ousam desafiar seu pai. Insiste, pedindo um cavalo, mas elas estão irredutíveis. Brünnhild então decide esperar Wotan enquanto Sieglinde foge. Antes de se retirar, Brünnhild revela que Sieglinde está grávida de Siegmund, e chamada o garoto ainda não nascido Siegfried. Sieglinde agradece e parte para a floresta. Ouve-se a voz enfurecida de Wotan, e as valquírias rodeiam Brünnhild a fim de protegê-la de seu pai.

Ato III - Cena II

Wotan chega enfurecido, exigindo que as outras valquírias entreguem Brünnhild. Apesar delas tentarem acalmá-lo, ele se enfurece ainda mais com a atitude fraternal "mortal" das moças, indignas de sua condição de valquírias. Por fim, Brünnhild se apresenta, e Wotan a julga: ela tem seu status de valquíria retirado, tornando-se uma mortal (um grande castigo a uma valquíria), e entrará em sono mágico na montanha até que um homem a salve, tornando-se seu esposo. As outras valquírias rogam piedade, mas após Wotan exigir que elas se retirem ameaçando estender a punição às outras elas fogem do local.

Ato III - Cena III

Brünnhild suplica piedade a Wotan, ela que era sua filha favorita. Ela explica a coragem de Siegmund e sua decisão de protegê-lo, conhecendo os reais desejos de Wotan e não os impostos por Fricka. Entretanto, Wotan mantém a decisão. Já conformada com o fato de tornar-se uma mortal, ela ainda não aceita estar a mercê de um homem qualquer, sem valor. Chega a citar Siegfried. Wotan reafirma a decisão, enfatizando que qualquer um que a acordar do sono profundo a terá como esposa. Ela insiste, pedindo que somente um bravo herói digno consiga acordá-la do sono. Apesar de resistência inicial, seu pai acaba acatando o pedido emocionado com a situação, definindo que o perímetro da montanha esteja coberto por fogo mágico, de forma que somente os bravos heróis dignos do amor da ex-valquíria a consigam encontrar. Através do leitmotiv, ambos percebem que esta pessoa será o ainda não nascido Siegfried. Para realizar o pedido, Wotan deita Brünnhild em uma rocha e a beija, iniciando o sono mágico. Ele invoca Loge para iniciar o círculo de fogo que a protegerá, sendo prontamente atendido. Ele então parte, citando "(...) quem teme a ponta de minha lança não passará pelo fogo"; isto é, somente pessoas livres poderão passar pelo fogo, quem não for regido pelo governante dos deuses [A lança de Wotan é o símbolo do seu poder como legislador dos deuses.].

Papéis

Entre os personagens mortais, o papel de Siegmund é interpretado por um tenor, o de Sieglinde por uma soprano e o de Hunding por um baixo. Entre os deuses, Wotan é baixo-barítono e sua esposa Fricka mezzo-soprano. Entre as valquírias, filhas de Wotan, Brünnhild, Gerhilde, Ortlinde e Helmwige são sopranos, Schwertleite é contralto, Waltraute, Siegrune, Grimgerde e Rossweisse são mezzo-sopranos.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/
http://seraqueosanjostemsexo.blogspot.com/ (imagem)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Raul Pompéia (O Ateneu)

Trecho da Obra "O Ateneu", de 1988.
Biografia do autor postada em 11 de abril de 2008.

I
"Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta."

Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regímen do amor doméstico; diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.

Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo - a paisagem é a mesma de cada lado, beirando a estrada da vida.

Eu tinha onze anos.
[...]
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o Império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à sustância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito. E engordavam as letras, à força, daquele pão. Um benemérito. Não admira que em dias de gala, íntima ou nacional, festas do colégio ou recepções da coroa, o largo peito do grande educador desaparecesse sob constelações de pedraria, opulentando a nobreza de todos os honoríficos berloques.

Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar o pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe do peito como uma couraça de grilos: Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio. Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei - o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes - era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas - era a educação moral. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não vêem os côvados de Golias?! Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a capricho, cobrindo os lábios, fecho de prata sobre o silêncio de ouro, que tão belamente impunha como o retraimento fecundo do seu espírito, - teremos esboçado, moralmente, materialmente, o perfil do ilustre diretor. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha: a obsessão da própria estátua.

Como tardasse a estátua, Aristarco interinamente satisfazia-se com a afluência dos estudantes ricos para o seu instituto. De fato, os educandos do Ateneu significavam a fina flor da mocidade brasileira.

A irradiação da reclame alongava de tal modo os tentáculos através do país, que não havia família de dinheiro, enriquecida pela setentrional borracha ou pela charqueada do sul, que não reputasse um compromisso de honra com a posteridade doméstica mandar dentre seus jovens, um, dois, três representantes abeberar-se à fonte espiritual do Ateneu.

Fiados nesta seleção apuradora, que é comum o erro sensato de julgar melhores famílias as mais ricas, sucedia que muitos, indiferentes mesmo e sorrindo do estardalhaço da fama, lá mandavam os filhos. Assim entrei eu.

A primeira vez que vi o estabelecimento, foi por uma festa de encerramento de trabalhos.

Transformara-se em anfiteatro uma das grandes salas da frente do edifício, exatamente a que servia de capela; paredes estucadas de suntuosos relevos, e o teto aprofundado em largo medalhão, de magistral pintura, onde uma aberta de céu azul despenhava aos cachos deliciosos anjinhos, ostentando atrevimentos róseos de carne, agitando os minúsculos pés e as mãozinhas, desatando fitas de gaze no ar. Desarmado o oratório, construíram-se bancadas circulares, que encobriam o luxo das paredes. Os alunos ocupavam a arquibancada. Como a maior concorrência preferia sempre a exibição dos exercícios ginásticos, solenizada dias depois do encerramento das aulas, a acomodação deixada aos circunstantes era pouco espaçosa; e o público, pais e correspondentes em geral, porém mais numeroso do que se esperava, tinha que transbordar da sala da festa para a imediata. Desta antessala, trepado a uma cadeira, eu espiava. Meu pai ministrava-me informações. Diante da arquibancada, ostentava-se uma mesa de grosso pano verde e borlas de ouro. Lá estava o diretor, o ministro do Império, a comissão dos prêmios. Eu via e ouvia. Houve uma alocução comovente de Aristarco, houve discursos de alunos e mestres; houve cantos, poesias declamadas em diversas línguas. O espetáculo comunicava-me certo prazer respeitoso. O diretor, ao lado do ministro, de acanhado físico, fazia-o incivilmente desaparecer na brutalidade de um contraste escandaloso. Em grande tenue dos dias graves, sentava-se elevado no seu orgulho como em um trono. A bela farda negra dos alunos, de botões dourados, infundia-me a consideração tímida de um militarismo brilhante, aparelhado para as campanhas da ciência e do bem. A letra dos cantos, em coro dos falsetes indisciplinados da puberdade, os discursos, visados pelo diretor, pançudos de sisudez, na boca irreverente da primeira idade, como um Cendrillon mal feito da burguesia conservadora, recitados em monotonia de realejo e gestos rodantes de manivela, ou exagerados, de voz cava e caretas de tragédia fora de tempo, eu recebia tudo convictamente, como o texto da bíblia do dever; e as banalidades profundamente lançadas como as sábias máximas do ensino redentor. Parecia-me estar vendo a legião dos amigos do estudo, mestres à frente, na investida heróica do obscurantismo, agarrando pelos cabelos, derribando, calcando aos pés a Ignorância e o Vício, misérrimos trambolhos, consternados e esperneantes.

Um discurso principalmente impressionou-me. À direita da comissão dos prêmios, ficava a tribuna dos oradores. Galgou-a firme, tesinho, o Venâncio, professor do colégio, a quarenta mil réis por matéria, mas importante, sabendo falar grosso o timbre de independência, mestiço de bronze, pequenino e tenaz, que havia de varar carreira mais tarde. O discurso foi o confronto chapa dos torneios medievais com o moderno certâmen das armas da inteligência, depois, uma preleção pedagógica, tacheada de flores de retórica a martelo; e a apologia da vida de colégio, seguindo-se a exaltação do Mestre em geral e a exaltação, em particular, de Aristarco e do Ateneu. "O mestre, perorou Venâncio, é o prolongamento do amor paterno, é o complemento da ternura das mães, o guia zeloso dos primeiros passos, na senda escabrosa que vai às conquistas do saber e da moralidade. Experimentado no labutar quotidiano da sagrada profissão, o seu auxílio ampara-nos como a Providência na terra; escolta-nos assíduo como um anjo de guarda; a sua lição prudente esclarece-nos a jornada inteira do futuro. Devemos ao pai a existência do corpo; o mestre cria-nos o espírito (sorite de sensação), e o espírito é a força que impele, o impulso que triunfa, o triunfo que nobilita, o enobrecimento que glorifica, e a glória é o ideal da vida, o louro do guerreiro, o carvalho do artista, a palma do crente! A família é o amor no lar, o estado é a segurança civil; o mestre, com o amor forte que ensina e corrige, prepara-nos para a segurança íntima inapreciável da vontade. Acima de Aristarco - Deus! Deus tão-somente; abaixo de Deus - Aristarco."

Um último gesto espaçoso, como um jamegão no vácuo, arrematou o rapto de eloqüência.
[...]

À noite houve baile nos três salões inferiores do lance principal do edifício e iluminação no jardim.

Na ocasião em que me ia embora, estavam acendendo luzes variadas de bengala diante da casa. O Ateneu, quarenta janelas, resplendentes do gás interior, dava-se ares de encantamento com a iluminação de fora. Erigia-se na escurodão da noite, como imensa muralha de coral flamante, como um cenário animado de safira com horripilantes errantes de sombra, como um castelo fantasma batido de luar verde emprestado à selva intensa dos romances cavalheirescos, desapertando um momento da legenda morta para uma entrevista de espectros e recordações. Um jato de luz elétrica, derivado de foco invisível, feria a inscrição dourada em arco sobre as janelas centrais no alto do prédio. A uma delas, à sacada, Aristarco mostrava-se. Na expressão olímpica do semblante transpirava a beatitude de um gozo superior. Gozava a sensação prévia, no banho luminoso da imortalidade a que se julgava consagrado. Devia ser assim: - luz benigna e fria, sobre bustos eternos, o ambiente glorioso do Pantheon. A contemplação da posteridade em baixo.

Aristarco tinha momentos destes, sinceros. O anúncio confundia-se com ele, suprimia-o, substituía-o, e ele gozava como um cartaz que experimentasse o entusiasmo de ser vermelho. Naquele momento, não era simplesmente alma do seu instituto, era a própria feição palpável, a síntese grosseira do título, o rosto, a testada, o prestígio material do seu colégio, idêntico com as letras que luziam em auréola sobre a cabeça. As letras, de ouro, ele, imortal: única diferença.

Guardei, na imaginação infantil, a gravura desta apoteose com o atordoamento ofuscado, mais ou menos de um sujeito partindo à meia-noite de qualquer teatro, onde, em mágica beata, Deus Padre pessoalmente se houvesse prestado a concorrer para a grandeza do último quadro. Conheci-o solene na primeira festa, jovial na segunda, conheci-o mais tarde em mil situações, de mil modos; mas o retrato que me ficou para sempre do meu grande diretor, foi aquele - o belo bigode branco, o queixo barbeado, o olhar perdido nas trevas, fotografia estática, na ventura de um raio elétrico.
[...]

Fonte
http://www.academia.org.br

Nilto Maciel (Panorama do Conto Cearense - Parte III)

CONTISTAS DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Braga Montenegro afirma que “o conto cearense só adquiriu substância e qualidade artísticas após ou simultaneamente à guerra, com novos nomes e novas intenções estéticas”.

No início do século XX apenas dois nomes merecem destaque: Gustavo Barroso e Herman Lima. No entanto, Assis Brasil, no Dicionário Prático, não menciona os nomes deles, embora não tenha esquecido outros nomes importantes da literatura cearense: Aluízio Medeiros, Antônio Girão Barroso, Araripe Júnior, Artur Eduardo Benevides, Braga Montenegro, Caio Porfírio Carneiro, Domingos Olímpio, Eduardo Campos, Francisco Carvalho, Franklin Távora, Holdemar Menezes, Jáder de Carvalho, João Clímaco Bezerra, José Albano, José Alcides Pinto, José de Alencar, Juarez Barroso, Manuel de Oliveira Paiva, Moacir C. Lopes e Rachel de Queiroz. Deixou também de fora nomes singulares, como os de alguns naturalistas.

Gustavo (Dodt) Barroso nasceu em Fortaleza, no dia 29 de dezembro de 1888. Filho de Antônio Filino Barroso e Ana Dodt Barroso. Fez o curso preparatório no Liceu Cearense e o de ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Ceará e na do Rio de Janeiro. Versou os mais variados assuntos e temas – História, Biografia, Arqueologia, Museologia, Economia e Finanças, Folclore, Lexicografia, Literatura histórica, didática e infantil, Política, Memórias, Viagens, Teatro. De sua vasta obra, destacam-se os contos e novelas de Praias e Várzeas, Casa de Maribondos, Mula Sem Cabeça, Alma Sertaneja, Mapirunga, A Ronda dos Séculos, Pergaminhos, Livro dos Milagres, O Bracelete de Safiras, Mulheres de Paris e Cinza do Tempo, e os romances Tição do Inferno, O Santo do Brejo, Mississipe e A Senhora de Pangim. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e diretor do Museu Histórico Nacional. Realizou inúmeras traduções. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 3 de dezembro de 1959.

Braga Montenegro vê nele o ponto culminante da prosa de ficção curta no Ceará nos primeiros anos do século XX. Sânzio informa que “se trata de um dos maiores vultos do conto realista e regionalista do Ceará”. E acrescenta à lista de suas coleções de histórias O Livro dos Enforcados (1939), sobre o qual diz o seguinte: “tão esquecido de quantos enumeram os contos de Gustavo Barroso, e que, não obstante seja baseado em acontecimentos históricos, retirados da crônica criminal do Ceará, reúne algumas narrativas do mais autêntico sabor ficcional”. Numa análise de várias páginas do ensaio citado linhas atrás, assegura o crítico: “Não é difícil perceber a segurança com que Gustavo Barroso trabalha o conto, não o alongando excessivamente, e demorando-se em descrições apenas o estritamente necessário à pintura do ambiente e à preparação do clímax da fabulação”.

Em A Literatura no Brasil, volume 6, pág. 53, Herman Lima enfatiza: “Gustavo Barroso é o grande nome do conto cearense, isolado no panorama das letras de sua província literária, até o recente advento de Eduardo Campos e Moreira Campos, duas vocações integrais de contistas modernos. Durante muitos anos, nossa mais bela produção de gênero (sic) estava realmente enfeixada nos livros de Gustavo Barroso, Praias e Várzeas (1915), Mula-sem-cabeça (1922), Alma Sertaneja (1924), de ásperos cenários sertanejos e praianos, dum encanto imperecível, como é o caso de ‘Velas brancas’, ‘Pescadores’, ‘Luíza do seleiro’ e Mapirunga (1924), ao lado de outras coletâneas de âmbito universal, como O Bracelete de Safiras (s/d), Ronda dos Séculos (1920), Pergaminhos (1922), Livro dos Milagres (1924), Cinza do Tempo (s/d) e Mulheres de Paris (1933)”.

Dolor Barreira, ao se referir a Praias e Várzeas, anotou: “Todos os contos, que li duma assentada, tal a leveza das suas páginas, são escritos em forma correta e elegante, fora dos exageros da gramática, mas obediente sempre aos cânones da boa linguagem”.

Otacílio Colares, no ensaio “Gustavo Barroso e o Regionalismo”, introdução à edição de 1979, da Livraria José Olympio Editora, de Praias e Várzeas e Alma Sertaneja, num só volume, reabre a questão: estes escritos são contos ou apenas estórias populares adaptadas? “Num como noutro destes livros daquela prosa que diríamos ser ainda alencarina, pela musicalidade, mas, já em parte, pessoal, pelo cunho de realismo regional, quase – diríamos – tendente ao documental, num como noutro, o leitor preocupado com definições rígidas esbarra com o dilema: são contos o que está em ambos os volumes reunidos, ou apenas o são no que a palavra conto significa invenção e a palavra raconto é entendida como repetição (podendo ser modificada) de velhas narrativas.”

***

Herman (de Castro) Lima, nascido em Fortaleza no dia 11 de maio de 1897 e falecido em 1981, era filho de Antônio da Silva Lima e de Julieta Demarteau de Castro Lima. Formou-se em Medicina após estrear em livro com Tigipió (1924). Seguiu-se A Mãe-da-Água (1928).

Depois de Gustavo Barroso, o nome mais importante da história curta cearense no início do século XX é o de Herman Lima, que se teria iniciado na elaboração desse tipo de prosa “por influência” da ficção do primeiro, na opinião de Sânzio de Azevedo, que o chama de “mestre incontestável, na teoria e na prática, autor que seria de contos e livros sobre a técnica do conto”. Noticia Sânzio que a partir da terceira edição (1932) o primeiro livro sofreu alterações: teve incluídos o inédito “O Arrieiro” e três peças do segundo livro (“Os Caboclos”, “As Mulheres” e “A Mãe-dágua”). Na mesma nota, no final do livro, Herman Lima esclarece que não pretende “reeditar esse último, por ser um livro sem homogeneidade, composto de contos e crônicas”. O contista publicou também o romance Garimpos e obras de pesquisa, Rui e a Caricatura e História da Caricatura no Brasil, tido como sua principal obra e com a qual se tornou o maior conhecedor do assunto no país. Tornou-se, ainda, um dos grandes teóricos da história curta e escreveu Variações Sobre o Conto, com que mereceu os melhores elogios.

No mesmo ano de sua publicação, Tigipió recebeu prêmio da Academia Brasileira de Letras, apesar de impresso na Bahia e às expensas do autor. Quase todos os críticos brasileiros de então teceram grandes loas a Tigipió. Humberto de Campos escreveu: “O Sr. Herman Lima não é, entretanto, apenas um admirável fixador das coisas do sertão de que é filho. As suas qualidades de marinhista são, igualmente, consideráveis”. Carlos Drummond de Andrade também se rendeu aos encantos dos livros de Herman: “Há em Tigipió, como em Garimpos, uma identificação com a terra, uma visão amorosa e fiel de paisagens e seres, um sentido dramático das situações que tornam admiráveis muitos de seus contos e cenas do romance”. A composição de Herman estudada por F. S. Nascimento, em livro citado linhas atrás, intitula-se “O Arrieiro” e, curiosamente, teve como primeiro título “O Camarada”, traduzido para o francês como “Le Muletier”, em 1935. Na lição de Nascimento, “aliando o senso de observação ao jogo impressionista das cores tropicais, Herman Lima se firmaria como um extraordinário paisagista, retratando com absoluta fidelidade as praias e os sertões do Ceará.”

Sânzio ensina: “narrativas como ‘Tigipió’, ‘Alma Bárbara’, ‘Os Sertanejos’, ‘O Arrieiro’, ‘Ventura Alheia’ e outros garantem a Herman Lima lugar do maior destaque no panorama do conto cearense, ele que na verdade já figura no panorama do conto brasileiro”. Em “Relendo Herman Lima”, de Dez Ensaios, o citado estudioso assegura: “Alguns contos de Tigipió são páginas soberbas, dignas de qualquer antologia do gênero: seja no clima fantástico de ‘’Sereias”, no anedótico de “As Guabirabas”, ou no trágico de “Alma Bárbara”; em todas as narrativas sentimos o pulso do verdadeiro ficcionista”.

***

Ao analisar os anos de 1909 e 1910, Dolor Barreira assim se manifesta: “O conto, de sua parte, adormecera desde os buliçosos e entusiásticos tempos da Padaria Espiritual e do Centro Literário, com José Carvalho, Eduardo Sabóia, Artur Teófilo, Viana de Carvalho, Soares Bulcão, Aníbal Teófilo, Pedro Moniz, Frota Pessoa, Marcolino Fagundes, Joaquim Fabrício e outros”.

Sânzio lembra, ainda, os nomes de Francisco Matos, José Luís de Castro, Domingos Bonifácio e Melo Sidney. Seus nomes não foram mencionados nas obras do historiador Raimundo Girão que serviram de fonte para a elaboração de algumas biografias neste estudo. Ao último se refere Dolor, na página 396 de sua História: “Ainda em 1909 dá-nos a conhecer Melo Sidney O meu irmão Mário (conto)”. E também ao penúltimo, assim: “Mas não só no verso se sobressaiu Domingos Bonifácio. Sobressaiu-se também na história curta, “que foi de preferência o campo que explorou com raro brilho e delicadeza, deixando alguns de incontestável valor artístico”. Escreveu, com efeito, vários contos de Natal, alguns dos quais foram publicados, figurando entre eles: – “O Raca de Kalmaka” – e – “Natal feliz” –. Pouco antes de sua morte, ideou e reduziu a escrito um conto a que deu o título de – No pavilhão dos Lázaros. Alguém que o leu afirma que o colorido forte da expressão, a precisão da narrativa dos fatos, as cenas bem delineadas e urdidas, o enredo emocionante e comovente, dão a impressão de se estar lendo um desses contos fantásticos de Hoffmann ou Edgar Poe, e acrescenta que sem favor esse conto ficará na história das nossas letras como uma das mais expressivas e vigorosas páginas em que a dor humana tenha sido, nos seus aspectos mais horrorosos, um motivo de arte. Destaca-se, entretanto, entre todos os seus contos – “A Boneca Bojuda” –, trabalho de fino lavor, em que se conjugam, inegavelmente, imaginação, estilo e sentimento. Só esse trabalho – diz-se – se outros não tivera escrito, lhe asseguraria lugar de relevo nas letras cearenses, entre os prosadores de renome”.

Outros nomes lembrados por Dolor Barreira são os de Pontes Vieira, Atahualpa Barbosa Lima e Ocelo Sobreira. Em 1912, na revista O Árcade, órgão da sociedade literária Arcádia dos Quinze, fundada em 1910, o primeiro publicou “O filho das selvas” e “Coração de filho”; o segundo, “A sad narration” e “O cochilo”; e o terceiro, “Coriscos” e “Felicidade conjugal”. Ainda em 1912 aparecem peças ficcionais de outros escritores na revista Fênix, como de Genuíno de Castro, Gustavo Frota Braga, Gil Amora, Daniel Lopes, Pancrácio Júnior, Estevam Mosca, Clovis Monteiro e Edigar de Alencar. Na exposição de Barreira, “a nota joco-espirituosa preponderava sempre na prosa de Genuíno de Castro”. Em 1916 se editou Mel e Pimenta, de Ernesto Paula Sena.

Antônio Furtado (Quixeramobim, 1893) editou, no Rio de Janeiro, em 1931, o volume Idéia Fixa. Sânzio lhe dá destaque “pela sua qualidade literária”. Composto de cinco histórias, o livro tem “visível influência de Eça de Queiroz”, segundo Barreira. Teve incluído na revista Fênix, em 1912, o conto ou fantasia “Tuberculosa”.

Na revista Panóplia, surgida em 1913, também se publicaram obras de ficção menor, como “O ébrio”, de Alf. Castro; “Fé de Tachi”, de Bezerra Filho; “Os pobres”, de Antônio Furtado; “O tropeiro da serra”, de João da Maia; e “O milagre de Santa Briolanja”, de Gustavo Barroso. Na apreciação de Dolor, “Neste conto, Alf. Castro patenteia-nos apreciáveis qualidades de conteur: – talento descritivo, que faz com que as coisas e aspectos que ele descreve se movimentem e como que vivam aos nossos olhos; senso de realidade, servido pelo qual consegue apanhar as circunstâncias ambientes, nos seus mínimos pormenores, com clareza e precisão”. Em relação ao conto de Bezerra Filho vislumbrou o historiador “o poder de objetividade de seu autor, a que um estilo forte e florido presta inestimável ajuda”.

Carlyle Martins (Fortaleza, 1899-1986), poeta e crítico literário, com vasta obra publicada, reuniu, já em 1960, no livro Alma Rude seus contos regionais.

Cruz Filho (Canindé, 1894-1974), poeta dos maiores, teria deixado inéditos dois volumes de narrativas. Suas Histórias de Trancoso se publicaram em 1971. Na opinião de Raimundo Girão, um “exímio contista”.

Santino Gomes de Matos (1908-1975), autor de Flagrantes ao Sol do Norte (1929).

Sabóia Ribeiro (Jaguaribe, 1898), contista, romancista, poeta e ensaísta, imprimiu em 1933 o livro Rincões dos Frutos de Ouro, premiado pela Academia Brasileira de Letras, e Contos do Cacau, em 1966, além de romances, ensaios e conjuntos de poemas. “Um escritor seguro de sua técnica, com perfeito domínio da palavra e da frase”, na opinião de Braga Montenegro.

José Potyguara ou Potiguara (Sobral, 1903), romancista, cronista e contista, autor de Sapupema (contos amazônicos), de 1943, e dois romances.

Martins Capistrano (Canindé, 1905) apresentou aos leitores alguns livros, um deles Turbilhão, de contos.

R. Magalhães Júnior (Ubajara, 1907-1981), mudou-se, ainda jovem, para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo. Poeta, biógrafo, contista, é autor de Impróprio para Menores (1934) e Fuga e Outros Contos (1936), ambos de narrativas curtas.

Maria Stela Barros Nascimento (Mulungu, 1923) teve “Celine” premiado em primeiro lugar em concurso promovido pelo jornal O Povo. Editou o romance Mulungu (1973).

Carlos de Vasconcelos (Carlos Carneiro Leão de Vasconcelos) está biografado no Dicionário da Literatura Cearense, de Raimundo Girão, e estudado por Otacílio Colares em Lembrados e Esquecidos – III, no longo estudo “Carlos de Vasconcelos, ficcionista do exótico e criador de palavras”. Nasceu em Granja (11.10.1881) e faleceu no Rio de Janeiro (31.1.1923). A Rua Carlos Vasconcelos, em Fortaleza, é uma homenagem ao escritor. Estreou em 1912, com Cartas da América, publicou romances e um livro de histórias, Torturas do Desejo (episódios trágicos), em 1922, pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, com 309 páginas. Segundo Otacílio, “escritor bizarro, estranho, para uns, preciosístico, para outros; na verdade, atrevido na inventiva como no uso da língua portuguesa, em que todos os malabarismos sintáticos se permitiam, bem assim o recuo ao passado, pelo uso do quase já arcaico, quando não a contorção de uma palavra em outra”. Viriato Correia, ao se referir ao livro de contos e a Os Deserdados, que é de 1921, afirma: “São páginas formidáveis, escritas num estilo às vezes arrevesado, mas páginas que se não esquecem, agitadas por uma imaginação inundante e potente” (transcrito do ensaio de Otacílio Colares).

***

Destaque especial deve ser dado a Rachel de Queiroz, nome nacional desde o livro de estréia, o romance O Quinze (1930). Não participou do Clã, embora seja contemporânea da maioria dos membros daquele grupo. Como consta de todos os dicionários, enciclopédias e estudos de Literatura Brasileira, Rachel de Queiroz (às vezes grafado Raquel de Queirós) é principalmente romancista, cronista e teatróloga.

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna, "dona Miliquinha", era prima de José de Alencar). Em 1917 mudou-se para o Rio de Janeiro e a seguir para Belém do Pará, retornando à capital cearense em 1919. Ainda jovem se iniciou no jornalismo. E logo se tornou nome nacional, ao publicar o romance O Quinze, em 1930, que lhe deu o prêmio da Fundação Graça Aranha. De volta à antiga capital da República, passou a atuar na grande imprensa, como na revista O Cruzeiro e no jornal Última Hora. Sua peça Lampião, de 1953, ganhou o prêmio Saci. Em 1957 recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra. Além de peças, romances, crônicas, literatura infantil, Rachel escreveu contos. Em 1977 ingressou na Academia Brasileira de Letras, tornando-se a primeira mulher da agremiação. Obras: Romances: O Quinze (1930); João Miguel (1932); Caminho de pedras (1937); As três Marias (1939); Dôra, Doralina (1975); O galo de ouro (1985) - folhetim na revista O Cruzeiro (1950); Memorial de Maria Moura (1992). Literatura Infanto-Juvenil: O menino mágico (1969); Cafute & Pena-de-Prata (1986); Andira (1992). Teatro: Lampião (1953); A beata Maria do Egito (1958); O padrezinho santo (inédita); A sereia voadora (inédita). Crônica: A donzela e a moura torta (1948); 100 Crônicas escolhidas (1958); O brasileiro perplexo (1964); O caçador de tatu (1967); As menininhas e outras crônicas (1976); O jogador de sinuca e mais historinhas (1980); Mapinguari (1964); As terras ásperas (1993); O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas); A longa vida que já vivemos; Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas; Cenas brasileiras. Traduções para o alemão, o francês, o inglês, o japonês. Diversos prêmios, condecorações e títulos. Morreu no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 2003.

Quando publicou, em 1965, o famoso ensaio “Evolução e Natureza do Conto Cearense”, Braga Montenegro fez a seguinte observação: “‘Monólogo’, ‘Romance’, ‘Luisinha, a Manicura’ e mais um punhado de contos a ser retirado em meio a uma avalanche de crônicas, notadamente em O Brasileiro Perplexo (1963), constituem a limitada bagagem de Rachel de Queiroz. Entretanto, a escassez não insinua a inaptidão. Rachel de Queiroz, se quisesse, seria contista na mesma altura por que é romancista, e até não há exagero em afirmar-se que poucas de suas páginas superam a humanidade, a contagiante ternura, a discreta beleza de ‘Monólogo’”.

Nas abas (“O Percurso Cúmplice de Viver”) de A Casa do Morro Branco, José Nêumanne aduz: “A contista Rachel de Queiroz é contundente como o quê, sutil e cortante qual gume de faca de picar fumo nas feiras livres do interior do Ceará. Ela descreve a vida sem disfarce, sem dourar a pílula, com a impressionante frieza de um assassino profissional. Seus personagens são doces e perversos, agem com a cabeça ou com os bofes, chutam lata e atanazam sempre, não deixando o próximo em paz nem quando desencarnam, pois voltam sempre à vida, depois de mortos, só para azucrinar os acomodados. A prosa curta da romancista é escorreita e crua, sem subterfúgios nem tergiversações: adjetivos são dispensados sem cerimônia, prevalecendo a força dos substantivos comuns, enfileirados com argúcia e sensibilidade”.

Em outro parágrafo, Nêumanne esclarece: “A narradora nunca se precipita, mas também não se atrasa à expectativa do leitor. Escritura e leitura andam lado a lado, como se passeassem de mãos dadas domingo no parque. Em cada frase que lhe surge, o leitor parece tropeçar no olho gaiato da Autora, que se diverte, saltitante à sua frente, conduzindo-o por um labirinto que vai se iluminando à medida que ambos descortinam cada passagem do texto”.

continua...

Fonte:
http://www.cronopios.com.br/

Ângela Bretas

Ângela Bretas é natural de Santa Catarina. Sempre gostou de escrever prosa e versos. Mudou-se para os EUA em 1985 e cursou língua inglesa no Lynn Community College, em Massachussetts. Tem três livros publicados e dois no prelo, e atua como free-lance para diversos jornais no Brasil e nos Estados Unidos, trabalhando como colunista e jornalista. Reside em Boca Raton - Florida/USA.

No momento ultima a produção do livro “BRAVA GENTE BRASILEIRA EM TERRAS ESTRANGEIRAS”, uma coletânea de poesias e crônicas de 29 brasileiros residentes nos mais diversos lugares desta Terra. O livro deverá ser lançado na Feira Internacional do Livro de Miami - "Miami International Book Fair" -, em agosto de 2004, e na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 2006.

Livros e trabalhos publicados:

- “Éramos quatro”, 1983
- “Sonho americano”, 1997
- “Conversando com as estrelas”, 2002
- American Antology of Poetry. 1999
- Antologia de Poesias, Contos e Crônicas
17ª Bienal Internacional de São Paulo, 2002
- Antologia diVersos – Grupo Pax Poesis Encantada, 2002
- Antologia Poetrix – Movimento Internacional Poetrix, 2002
- Talento Feminino em Prosa e Verso
Rede Brasileira de Escritoras, 2002
- Antologia Tempo Limitado – Scortecci Editora, 2002

E- books:
- Poetrix
- Ecos Inspiracionais
– Prosas Poéticas
- 1º Concurso Verso e Prosa da Florida – coordenadora

Alguns prêmios, troféus e participações:

- Recebeu o prêmio Troféu Brasil 2001 na categoria jornalismo, evento realizado em Miami anualmente homenageando brasileiros que lutam para manter a cultura brasileira em terras norte-americanas.

- Foi indicada, através do voto popular, pelo terceiro ano consecutivo ao Brazilian Press Awards de Miami 2001.

- Finalista do prêmio ''Eccho of Literature'' com base em Londres – Inglaterra, pela editora Rickmarck Publishing.

- Homenageada com o Troféu Imigrante 2002 – Miami – categoria jornalismo.
.
Fonte:

Ângela Bretas (Mulher Abstrata)

Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...

Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!

Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.

Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

3a. Seleção Pública de Projetos Culturais


São Paulo, 23 de abril de 2008 - O Instituto Votorantim abre as inscrições para a 3ª seleção pública do Programa de Democratização Cultural Votorantim, que selecionará projetos que objetivem a fruição, experimentação e vivência de conteúdos culturais pelo público, principalmente pelos jovens entre 15 e 24 anos. A empresa investirá neste edital R$ 4 milhões em iniciativas de todas as áreas culturais.

Lançado em 2006, o Programa apóia, hoje, cerca de 50 projetos culturais, com atuação nos centros urbanos e rurais de todo o País, beneficiando mais de 200 municípios. “Procuramos direcionar recursos para o apoio a iniciativas que proporcionem, principalmente à população jovem, oportunidades de contato qualificado com atividades culturais. Seja por meio do acesso a produções artísticas ou pela abertura de portas para o exercício prático nesse universo, a intenção é promover a ampliação do contato com a arte. Por isso, apoiamos projetos de educação para as artes, apresentações em praças públicas, circuitos itinerantes, formação cultural, entre outras iniciativas”, explica Lárcio Benedetti, gerente de desenvolvimento sociocultural do Instituto Votorantim.

À frente do espetáculo de dança popular Passo, o artista Antonio Nóbrega afirma que o Instituto Votorantim tem maior sensibilidade em sua atuação com os editais. O Instituto dá suporte aos proponentes, prorroga inscrições e possui uma dinâmica que faz com que os parceiros potencializem seus projetos. “O Brincante tem 15 anos no campo socioartístico cultural e só realizamos projetos com esse porte com o apoio do Instituto Votorantim. Estávamos orfãos de apoios ousados para viabilizar projetos que, sem essa parceria institucional, não saem do papel”, explica.

Para incentivar a elaboração de projetos direcionados à democratização do acesso à cultura, em 2007 o Instituto Votorantim desenvolveu o Manual de Apoio à Elaboração de Projetos de Democratização Cultural. A publicação está disponível no site www.institutovotorantim.org.br/democratizacaocultural .

Programa de Democratização Cultural

Em 2008, a 3ª seleção pública do Programa de Democratização Cultural selecionará projetos cuja soma totalize R$ 4 milhões. O limite do investimento será de R$ 600 mil por projeto. As iniciativas devem se destacar pelo alto impacto cultural e, também, pelo benefício ao público jovem.

Podem participar da seleção artistas, grupos, produtores e instituições de todas as regiões do País, que realizem ações culturais para estimular o interesse e ampliar o acesso dos jovens às manifestações artísticas. Os conteúdos devem ser atrativos e apresentados em locais de fácil acesso, de forma gratuita ou a baixo custo. Todas as áreas culturais podem ser contempladas - artes visuais, artes cênicas, música, cinema e vídeo, literatura, e patrimônio.

Inscrição e seleção de projetos

A inscrição de projetos deve ser feita pelo site www.institutovotorantim.org.br/democratizacaocultural. O processo é gratuito e aberto a pessoas físicas e jurídicas entre os dias 24 de abril e 08 de agosto deste ano. Serão qualificados para a etapa de seleção somente projetos que possuam, antes do término do período de inscrição, número de registro no PRONAC, pelas Leis Rouanet ou do Audiovisual.

Os projetos recebidos serão avaliados por uma comissão técnica independente, formada por especialistas da área cultural, que avaliará a adequação do projeto ao foco da democratização cultural, de acordo com os cerca de 20 critérios apresentados aos proponentes no regulamento da seleção. A decisão final fica a cargo do Comitê e do Conselho do Instituto Votorantim, que examinarão os projetos pré-selecionados pelos especialistas. Os projetos poderão ter qualquer duração, desde que as fases patrocinadas sejam realizadas entre janeiro e dezembro de 2009.

Os projetos apoiados pelo Instituto em 2008 foram escolhidos na 2ª seleção pública, realizada em 2007. Foram contemplados 12 projetos de todas as regiões do País – além da renovação de outros já existentes – com foco na democratização cultural.

Serviço
3ª seleção pública do Programa de Democratização Cultural Votorantim
Período de inscrição: de 24 de abril a 08 de agosto de 2008, às 18h
Inscrições pelo site: www.institutovotorantim.org.br/democratizacaocultural
Dúvidas: podem ser esclarecidas pelo telefone (11) 2818-5021, de segunda a sexta, das 9h às 12h30 e das 13h30 às 18h, a partir do dia 24/4 até o dia 08/8, às 18h.

Sobre o Instituto Votorantim e o Programa de Democratização Cultural

O Instituto Votorantim foi criado em 2002 para orientar e qualificar as ações de investimento sociocultural do Grupo Votorantim, qualificando a atuação da Empresa na área. Para isso, estabeleceu como foco de seus investimentos, o jovem de 15 a 24 anos, por ser um dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira, mas com um imenso potencial de transformação social.

Na área cultural, o Grupo Votorantim escolheu, em 2006, a causa da democratização cultural para direcionar sua atuação. Além de realizar seleções públicas anuais para escolha de novos projetos, a Empresa mantém um núcleo dedicado à produção e difusão do conhecimento sobre democratização cultural. O Instituto Votorantim é responsável pelo planejamento e coordenação dessas iniciativas.

Mais Informações
Instituto Votorantim / FSB Comunicações
Francine Machado - francine.machado@fsb.com.br
Carolina Stefanini - carolina.stefanini@fsb.com.br
11 – 3061-9596

Fonte:
Colaboração do escritor Douglas Lara