quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Asas da Poesia * 96 *


Soneto de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ

Quando chega o tempo

Chega um tempo em que a tristeza só se cura
Com a ternura que ainda habita um coração,
Porque a alma não suporta a amargura
Que perfura a pele dura da razão.

Chega um tempo em que só há uma solução:
Esquecer ou conviver com a dor sentida,
Porque a vida não carece da emoção
De sentir a solidão da própria vida.

Chega o tempo em que qualquer gota de pranto,
Já cansada de traçar o mesmo rumo,
se acomoda em qualquer riso e perde o prumo,

Todavia, basta apenas um encanto,
Que o sonho se esgueira devagar
E alegra a solidão do nosso olhar.
= = = = = = 

Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES

Indesejada

Tarde da noite, 
alguém bateu 
à minha porta
com vontade, 
quase a ponto de derrubá-la 

Ao abri-la,
Era a Saudade
do seu adeus... 
E agora – me pergunto:
“como fico eu?!”
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Batom de cereja

Aconchegam-se
À xícara branca
Os contornos
Dos nossos lábios -
Sobrepostos,
No gosto do meu batom
Cor e aroma de cereja,
Tonalizando, a saudade
Em mais um inesquecível
Fim de tarde impresso
Na suavidade da porcelana
Mesclada ao toque
Inesquecível do teu beijo...

Quando os relógios derretem
O Amor tem todo o tempo do mundo...
= = = = = = 

Fábula em Versos
adaptada dos Contos e Lendas da África
JOSÉ FELDMAN
Floresta/PR

O Pássaro e a Rainha

Em um reino distante, a rainha tão bela,
tinha um pássaro mágico, de voz singela.
Mas um dia, o pássaro, triste, cantou,
“Estou preso em um feitiço, que me aprisionou.”
A rainha, decidida, partiu na procura,
De um sábio ancião, que a resposta se configura.

Após muitos desafios, encontrou o velho:
“Para libertá-lo, deve quebrar o espelho.”
A rainha, corajosa, enfrentou o temor,
e ao quebrar o espelho, trouxe a liberdade e amor.
O pássaro voou, com alegria e gratidão,
e a rainha sorriu, sentindo a emoção.

A coragem e o amor podem libertar,
os laços do medo, podemos quebrar.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = 

Quadra Popular

Tu te queixas, eu me queixo...
Qual de nós tem razão?
Tu te queixas do meu zelo;
eu, da tua ingratidão.
= = = = = = 

Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO

Náufrago

Singrei diversas rotas solitário, errante,
Ao longe, eu percebi um elixir olente.
Imerso na magia desse fausto instante,
No mar dos teus encantos naufraguei, contente.

Tu foste desenhada com sem par requinte,
Sereia dos meus sonhos, da beleza és fonte.
Eu peço que concedas, se não for acinte,
Um beijo carinhoso aqui na minha fronte.

Não quero mais remar... Minh'alma vejo plena,
Carente de motivos... Tenho a ti, menina,
Domaste os furacões, vieste a mim serena,

Dos teus lábios formosos a doçura emana.
Tomara Deus que sejam minha eterna sina,
De todo o meu pensar, amor, és soberana.
= = = = = = 

Poema de
ARY DOS SANTOS 
Lisboa/Portugal, 1937 – 1984

Na Mesa do Santo Ofício 

Tu lhes dirás, meu amor, que nós não existimos.
Que nascemos da noite, das árvores, das nuvens.
Que viemos, amámos, pecámos e partimos
Como a água das chuvas.

Tu lhes dirás, meu amor, que ambos nos sorrimos
Do que dizem e pensam
E que a nossa aventura,
É no vento que passa que a ouvimos,
É no nosso silêncio que perdura.

Tu lhes dirás, meu amor, que nós não falaremos
E que enterrámos vivo o fogo que nos queima.
Tu lhes dirás, meu amor, se for preciso,
Que nos espreguiçaremos na fogueira.
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Irmã do coração

Humilde, sorridente, prestimosa,
alegre, bem disposta, divertida;
no mais, profundamente religiosa,
foi sempre assim a nossa Aparecida.

Gostava de uma estória bem jocosa
e, muito, de anedota comedida;
mas, nunca (criatura respeitosa),
faltou pureza em toda a sua vida!

Deu sempre a todos nós sua existência,
sem interesse algum, por puro amor,
afeto que doava sem medir.

E quando Deus chamou-a, por clemência
deixou-nos por herança e ao meu dispor,
o exemplo da alegria de servir!
= = = = = = 

Soneto de
FLORBELA ESPANCA 
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos

Mentiras

Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
Quando o teu doce olhar pousa no meu?
Pois julgas que eu não sei o que tu sentes?
Qual a imagem que alberga o peito teu?

Ai, se o sei, meu amor! Eu bem distingo
O bom sonho da feroz realidade…
Não palpita d’amor, um coração
Que anda vogando em ondas de saudade!

Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais,
O gelo do teu peito de granito…

Mas finjo-me enganada, meu encanto,
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!
= = = = = = 

Trova Funerária Cigana

Ó minha irmã Felisberta,
se com a nossa mãe falares,
não contes meu sofrimentos,
pra não lhe dar mais pesares.
= = = = = = 

Spina de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

Reencontro (2)

Inalas cada manhã 
tuas cores, pairas 
em vias, laboratório 

da ilusória poesia. O falatório 
das maritacas colorem o dia.
O sino dobra quase vexatório,
sem euforia. Nas frias tardes,
teu riso doura vento aleatório.
= = = = = = 

Soneto de 
HEGEL PONTES
Juiz de Fora/MG (1932 – 2012)

Catador de papéis

Bandeirante de um tempo diferente,
Sem legenda, sem lei, sem evangelho,
Pelas selvas da vida vai, descrente,
O velho catador de papel velho.

Nele morreram todas as esperanças
E, tendo o jeito de papai-noel,
Desperta o riso alegre das crianças,
Levando às costas sonhos de papel.

Zombam de sua exótica figura,
Mas ele, indiferente à zombaria,
Faz do papel surrado que procura
O tesouro do pão de cada dia.

Nada o magoa, nada o desalenta
Nem vê que sua sombra na calçada
Vai-se tornando cada vez mais lenta…
= = = = = = 

Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/SP

O amor II

Como a planta que nasce no quintal,
se bem  cuidada cresce e fica linda.
Também o amor que nasce natural
pode crescer, viver, florir, ainda.

É preciso, porém, que o amor normal
seja cuidado com ternura infinda.
O verdadeiro amor não tem rival,
a beleza do corpo é que se finda.

Quando o amor se revela por inteiro,
o carinho renasce e vem primeiro
ornando a vida e sobrepondo a dor.

E juntos seguem pela vida afora
vivendo intensamente a nova aurora,
iluminados  pela luz do amor.
= = = = = = 

Poetrix de
RENEU BERNI
Goiânia/GO

Ângulos

guri solta pipa
quero-quero cuida o ninho
a rua ruge
= = = = = = 

Soneto de
JOSÉ XAVIER BORGES JUNIOR
São Paulo/SP

Viver por amor

Esquece tua lúgubre procela
E faz tu próprio sempre o teu destino
Pintando na tua vida uma aquarela,
Retrato do teu sonho cristalino...

Restringe o dissabor, mantém o tino
E faz da vida doce passarela;
Afasta, se puderes o agrestino,
Corrige sempre o rumo da tua vela,

E deixa no abandono ou esquecida
A névoa que te fez tão infeliz.
Esforça-te a mostrar o teu valor,

E lembra-te que a vida só é vida
Se tu fores o teu próprio juiz
Vivendo o teu viver por puro amor…
= = = = = = 

Poema de 
CHARLES BAUDELAIRE
Paris/França, 1821 – 1867

A alma do vinho

A alma do vinho assim cantava nas garrafas:
"Homem, ó deserdado amigo, eu te compus,
Nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas,
Um cântico em que há só fraternidade e luz!

Bem sei quanto custa, na colina incendida,
De causticante sol, de suor e de labor,
Para fazer minha alma e engendrar minha vida;
Mas eu não hei de ser ingrato e corruptor,

Porque eu sinto um prazer imenso quando baixo
À goela do homem que já trabalhou demais,
E seu peito abrasante é doce tumba que acho
Mais propícia ao prazer que as adegas glaciais.

Não ouves retinir a domingueira toada
E esperanças chalrar em meu seio, febrís?
Cotovelos na mesa e manga arregaçada,
Tu me hás de bendizer e tu serás feliz:

Hei de acender-te o olhar da esposa embevecida;
A teu filho farei voltar a força e a cor
E serei para tão tenro atleta da vida
Como o óleo que os tendões enrija ao lutador.

Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,
Grão precioso que lança o eterno Semeador,
Para que enfim do nosso amor nasça a poesia
Que até Deus subirá como uma rara flor!"
= = = = = = 

Hino de 
Aperibé/RJ

Entre matas, entre serras, entre rios,
Despertando o progresso, a ferrovia,
Num esplêndido esmero desafio,
Denominava-se Chave do Faria.

À esquerda, ás margens do rio Paraíba,
E lindas serras Bolívia e Facões,
Mais próximo, á direita o rio Pomba,
Tranquilo mas rebelde nos verões.

A natureza com tuas riquezas,
O homem com bravura, força e fé,
Construíram com orgulho e pureza
A nossa amada terra Aperibé.

Onde índios viveram no passado,
Aperibé outrora Pito Aceso,
Território rico, fértil, disputado,
Libertado pelo teu povo coeso.

Povo de brio, forte, guerreiro,
Emancipando conquistou a liberdade,
Aperibé te amamos tu és
Sempre nossa adorada cidade.
= = = = = = 

Soneto de 
FRANCISCA JÚLIA
(Francisca Júlia da Silva Munster)
Eldorado/SP (antiga Xiririca) 1874 –  1920, São Paulo/SP

Os argonautas

Mar fora, ei-los que vão, cheios de ardor insano;
Os astros e o luar — amigas sentinelas —
Lançam bênçãos de cima às largas caravelas
Que rasgam fortemente a vastidão do oceano.

Ei-los que vão buscar noutras paragens belas
Infindos cabedais de algum tesouro arcano...
E o vento austral que passa, em cóleras, ufano,
Faz palpitar o bojo às retesadas velas.

Novos céus querem ver, miríficas belezas,
Querem também possuir tesouros e riquezas
Como essas naus, que têm galhardetes e mastros...

Ateiam-lhes a febre essas minas supostas...
E, olhos fitos no vácuo, imploram, de mãos postas,
A áurea bênção dos céus e a proteção dos astros...
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Recordando Velhas Canções
CASTIGO 
(samba-canção, 1958) 

A gente briga, 
diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar

Um belo dia 
a gente entende que ficou sozinha
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar

Você se lembra, 
foi isso mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender

Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você

Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria essa mulher que chora
Eu não teria perdido você
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J. E. Hanauer (Sátira) 1


Havia certa vez em Jerusalém um jovem padre que, além de saber de cor a liturgia do dia-a-dia, aprendera a ler um capítulo da Bíblia em árabe que adorava recitar diante da sua congregação. Ele sempre começava:”Então Deus disse a Moisés...”.

A primeira vez que leu isto, os fiéis se deleitaram e se surpreenderam com a sua erudição; mas logo cansaram deste sermão, que era repetido domingo após domingo. 

Então uma manhã, antes do serviço, um dos fiéis entrou na igreja e retirou a marcação da bíblia do padre. Quando, durante o serviço religioso, chegou o momento daquela leitura, o padre abriu a bíblia e começou, confiante: “Então Deus disse a Moisés...”. Mas ao olhar para a página diante dele, não a reconheceu; só aí percebeu que a sua marcação fora removida. 

Perturbado, começou a virar as páginas freneticamente, esperando encontrar o seu capítulo. Mais de uma vez imaginara tê-lo encontrado, e então recomeçava: “Então Deus disse a Moisés...”, mas não sabia como continuar. 

Finalmente um ancião da congregação, intrigado com a repetição daquela frase, perguntou: “Padre, o que Deus disse a Moisés?”

E o padre respondeu furiosamente: 

“Ele disse: Que Deus destrua a casa do desgraçado que retirou a marcação do meu livro!”.
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James (John) Edward Hanauer (Damasco/Síria, 1850–1938, Jerusalém) foi autor, fotógrafo e cônego de São. Catedral de Jorge em Jerusalém. Hanauer nasceu de pais judeus e suíços bávaros em Damasco e batizado em Jaffa (então Síria otomana); ele se mudou para Jerusalém ainda jovem. Seu pai, Christian Wilhelm Hanauer, nasceu na Baviera, em 1810, mas foi para Jerusalém e converteu-se do judaísmo ao cristianismo em 1843. J.E. Hanauer foi contratado para Expedição Arqueológica de Carlos Warren na Transjordânia, como tradutor e fotógrafo assistente, o início de seu interesse em pesquisas sobre as antiguidades e folclore da região o levaram ao seu envolvimento com o Fundo de Exploração da Palestina. Seus artigos e correspondência foram publicados no Declaração Trimestral da sociedade britânica depois de 1881, que também publicou seu livreto Tabela das Eras Cristã e Maometana em 1904; ele recebeu equipamentos fotográficos de alta qualidade para complementar suas produções. Algumas de suas coleções de fotografias foram reproduzidas em sua obra de 1910, Caminhadas sobre Jerusalém; seu irmão e o filho também atuavam neste campo. Em 1907 lança o Folclore da Terra Santa: muçulmano, cristão e judeu, publicado em Londres. Hanauer morreu em sua casa em Jerusalém em 1938. Foi posteriormente enterrado no Cemitério Protestante de Jerusalém, Cemitério Monte Sião.

Fontes:
J.E. Hanauer. Mitos, lendas e fábulas da Terra Santa. SP: Landy, 2005. Disponível em Domínio Público.  
Biografia = https://en.wikipedia.org/wiki/J._E._Hanauer
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

Célio Simões (O nosso português de cada dia) “Duas caras”


O notável escritor, filósofo, professor, romancista, artista plástico, ensaísta, poeta, político, advogado e imortal da ABL Ariano Suassuna, um dos maiores nomes da literatura brasileira, em uma de suas apresentações, narrou que certa vez uma senhora indiscreta, ao saber que ele era do signo de Gêmeos, teria afirmado que todo “geminiano” possui “DUAS CARAS”. 

Apanhado de surpresa viu-se Suassuna confrontado com a crença que associa as pessoas de Gêmeos com o estereótipo de "duas caras", sinônimo de falsidade. de quem age sem firmeza de propósitos, sempre “acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo”. De pronto, respondeu Ariano em tom jocoso:

- E você acha que se eu tivesse duas caras, eu usaria esta?...

A invertida demonstra a agilidade mental, a sagacidade e o bom humor do festejado dramaturgo paraibano, que de forma leve e inteligente, usou a vil acusação para engordar seu vasto repertório de situações cômicas.

Embora “DUAS CARAS” seja geralmente utilizada em sentido pejorativo, não se pode circunscrevê-la aos nascidos sob Gêmeos, signo que felizmente não tem o monopólio de albergar em seus limites cronológicos o tanto de gente falsa que existe em nossa volta, pois eles frequentam com desenvoltura e posando de sinceros, todas as demais faixas imaginárias do Zodíaco.

Atualmente não mais se discute a origem da expressão "DUAS CARAS". Remonta ela à dualidade inerente à natureza humana e ao vezo da manipulação, alcançando quem age com hipocrisia, falsidade e dissimulação, dependendo da situação. A expressão não tem uma origem única e pontual. Sofreu desenvolvimento gradual, encontrando paralelos em metáforas muito antigas, que evidenciam e desnudam a dualidade das pessoas. 

Exemplo mais remoto de “dupla face” foi o de Judas, ao entregar Jesus aos sacerdotes, não em troca de sinecuras, porém movido pela cupidez argentária de receber trinta moedas de prata. Ele era o tesoureiro do grupo e como tal, o responsável por administrar o dinheiro da comunidade de apóstolos, vendo na ignóbil oferta oportunidade imperdível de acumular riqueza pessoal, da qual, por sinal, sequer pode desfrutar, pois esmagado pelo peso do arrependimento resultante de sua vil traição, enforcou-se. 

Séculos depois, Joaquim Silvério dos Reis repetiu nas Alterosas o gesto infame de Iscariotes, ao trair os inconfidentes em troca do perdão de suas elevadas dívidas com a Coroa portuguesa, aliado ao medo de perder sua patente militar de coronel e seu prestigiado status social. Como o apóstolo maldito, agiu por ganância, oportunismo e interesses pessoais, não propriamente por lealdade à Coroa Portuguesa ou convicção política. Estudiosos da ciência jurídica e da História admitem que a atitude do coronel Silvério dos Reis pode ser considerada a primeira "delação premiada" do Brasil, instituto jurídico através do qual o delator é recompensado por revelar o envolvimento de seus pares. 

A colaboração ou delação premiada, pelo qual o investigado em um processo penal recebe benefícios em troca da deduragem. está prevista em diversas leis brasileiras e em qualquer delas, as informações do “colaborador” causam superlativo estrago, tanto que a protagonizada por Silvério dos Reis fulminou a Inconfidência Mineira e motivou o martírio de Tiradentes.

Há hipóteses, entretanto, que dão ensejo a acusações infundadas sobre alguém ter agido com “duas caras”. Como exemplo, vale lembrar o caso do ex-jogador da Ponte Preta de Campinas (SP). Na partida final do Campeonato Paulista do de 1977 disputada com o Corinthians, uma das mais memoráveis da história pois o Coringão buscava encerrar um longo jejum de títulos do campeonato paulista, no terceiro e decisivo jogo, ele foi expulso no início da partida após uma discussão com o árbitro. 

E sem o seu principal artilheiro, a Ponte Preta foi derrotada por 1-0 e o Corinthians finalmente sagrou-se campeão. Por coincidência, no ano seguinte, o jogador foi contratado justamente pelo Corinthians, o que aumentou a desconfiança de que ele teria facilitado a vitória do seu novo clube, o que nunca foi provado, pois o jogador com veemência sempre negou esse fato, no que foi corroborado pelos demais jogadores da Ponte, assim finalmente se livrando de ser rotulado de “duas caras”. 

É inevitável que essa repudiada expressão surja da observação do comportamento de indivíduos insinceros, que agem ao sabor da conveniência ou da situação que lhes parece mais favorável, fazendo jus ao rótulo de "falso" ou "hipócrita". A propósito, o vilão Duas-Caras do Batman, é um indicativo clássico dessa dualidade, com um lado bom e outro mau. Virou ele um dos mais famosos "Duas Caras" da nossa cultura, ajudando a popularizar o termo e consolidar a assertiva de que ter “duas caras" é próprio de alguém desonesto, sem decência e sem integridade moral.

O típico “duas caras”, exibe facetas contraditórias, marcadas pela hipocrisia (ostenta uma imagem, diversa do que é na verdade é), pela duplicidade (tem atitudes diferentes em contextos distintos), são vistos como os “morde-e-assopra” pelo povo, pois dizem uma coisa e fazerem outra, que estão “deste lado” mas também “do outro”, que são moralistas inflexíveis mas topam transigir, tudo, claro, em troca de vantagens, ainda que insignificantes.  

O tema é tão palpitante, que assegurou o êxito da novela “Duas Caras”, da rede Globo, exibida entre 2007 e 2008. Aguinaldo Silva caprichou na trama e alcançou grande invulgar sucesso de audiência abordando a história de um homem que, após roubar a fortuna da esposa, assume nova identidade. O enredo pode ser interpretado de várias maneiras, mas torna-se impossível não associá-lo à falsidade, mudança de comportamento, da ocultação de intenções, para concluir sobre existência de diferentes facetas da personalidade de cada um, dependendo da situação que enfrenta ou pretende enfrentar.

Para a Psicologia, a dupla personalidade pode ser resultado de experiências traumáticas ou mecanismos de defesa. Acredita-se que a pressão social pode levar pessoas a mostrar diferentes "caras", para de algum modo tirar proveito. A Filosofia exorta que a falta de autenticidade pode ser justificada pela dualidade do espírito humano. Entretanto, dúvida não resta que o selo de “duas caras” encerra impressão muito negativa sobre terceiro, associado que está à hipocrisia, à falsidade, à enganação, à dissimulação, ao disfarce e à capacidade de alguém se fazer passar por quem não é. 

Na música, tal a expressão descreve um tipo de personalidade falsa, que assim age para enganar os outros, especialmente em contextos amorosos. Tais composições (existem várias na MPB) são frequentemente cantadas para expor a decepção em um relacionamento, quando uma pessoa descobre, sob o peso da decepção, que a outra não é quem parecia ser, sentindo-se traída em sua confiança. A música "DUAS CARAS" de Paula Mattos, usa essa metáfora para expressar a dor de descobrir a infidelidade do parceiro.

“A minha raiva é não ter
aquela raiva de você
deve ser porque não deu, pra te esquecer.
Sofro sabendo que era só um truque
quando beijava tirando o look.
Dói saber que existem duas de você
uma é o meu amor a outra é meu desprazer.
Quem é você?
Quem tá aqui na minha frente
a verdadeira ou a que mente?
Quem é você?
Que dá o céu e tira o chão
a verdadeira ou a que mente
a top 1 na ilusão
e o pior de tudo ainda amo essa decepção
você é duas caras zero coração”

A paulistana Edna Frigato, famosa por seus poemas que exploram a profundidade das emoções humanas e a importância da autenticidade, sintetizou de forma magistral o que se deve pensar sobre esse tipo de gente: “O problema de conviver com pessoas de duas caras é que a gente nunca sabe a qual delas nos dirigir, já que as duas são falsas”. 

Excelente reflexão, diga-se de passagem, para encerrar esta crônica, pois dificilmente poderíamos conceituar de modo mais exato esse abominável desvio de personalidade, como fez numa única e antológica frase, essa carismática pensadora e poetisa brasileira.
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CÉLIO SIMÕES DE SOUZA é paraense, advogado, pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho, escritor, professor, palestrante, poeta e memorialista. É membro da Academia Paraense de Letras, membro e ex-presidente da Academia Paraense de Letras Jurídicas, fundador e ex-vice-presidente da Academia Paraense de Jornalismo, fundador e ex-presidente da Academia Artística e Literária de Óbidos, membro da Academia Paraense Literária Interiorana e da Confraria Brasileira de Letras em Maringá (PR). Foi juiz do TRE-PA, é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, fundador e membro da União dos Juristas Católicos de Belém e membro titular do Instituto dos Advogados do Pará. Tem seis livros publicados e recebeu três prêmios literários.

Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Asas da Poesia * 95 *


Poema de 
MARIA LUÍZA WALENDOWSKY
Brusque/SC

A Sombra 

A certeza do caminho 
na minha frente 
motivava sonhos 
ainda indeterminados, 
mas não menos desejados. 

A Beleza de tudo a minha volta 
inspirava coragem 
de explorar a aventura espontânea, 
mas os mesmos olhos 
que atentavam 
para todo aquele deslumbre, 
também revelavam algo além. 

  As águas do belo rio, 
ao lado da estrada, 
corriam em direção contrária, 
e o vento soprava, 
me empurrando de volta. 

  Uma nuvem, 
cruzando minha luz, 
uma sombra 
desenhou-me na estrada. 

  Passei por cima, 
segui em frente. 

  Eu sabia onde ir, 
sabia onde chegar, 
mas tudo parecia contra, 
de acordo com meu olhar. 

  Por um instante hesitei, 
por um instante refleti. 

Seria aquele o sentido certo? 
Parei, avistei a sombra, 
agora deixada para trás. 

  Lembrei-me 
que por cima dela passei, 
então, assim seguirei.
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Poema de 
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE
Pinhalão/PR

Permuta de amor

"Tua voz é doce, e delicado o teu rosto”
(Ct. 2.14)

Permutarei contigo um bem precioso,
Façamos, em cartório, um bom negócio;
Que o digam a razão e o sentimento,
Porque serei de ti bem mais que sócio.

Que o poderoso cérebro, qual juiz,
Testemunhe também o nosso engenho;
Se me deres pra sempre o teu amor,
Dar-te-ei eternamente o amor que tenho.

Para não acontecer alguma dúvida,
Com tintas arteriais fiquem gravados
Os termos do contrato, ultra* "sui generis"**,
Em duas almas gêmeas registrados;

"Com ternura exclusiva visceral,
Quero que o teu amor sempre me ame;
E o véu da tua sombra bem me cubra,
Com puro pensamento, por mim, clame.

Irei viver - viver por teu amor,
Vencerei este mundo em torvelinho;
Serei gigante à frente das procelas,
Farei do leão um mero cordeirinho.

Quão milagrosa a força deste amor,
Que vai lançar o mal na sepultura;
Fará do vingador mundo perverso
Parnaso*** colorido de aventura.
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* Ultra: Além.
** Sui generis: Locução adjetiva latina: Aquilo que não apresenta analogia com nenhuma outra (pessoa ou coisa). Inédito.
*** Parnaso: Fig. - Lugar de delícias.
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Soneto de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ

Lírico artefato

Não sigo a frota, quando a rota é sem destino.
Que poliglota fala a linguagem do mar?
... sei velejar com a inocência de um menino:
Faço um barquinho... e deixo o vento me levar.

A ingenuidade foi meu ponto de partida
Busquei amar sem questionar a alma alheia,
Fui enganado... ou me enganei, pois minha vida,
É mais que o canto sedutor de uma sereia.

Há, na candura, essa espécie de contato
Que sempre foge da frieza de um retrato
E mostra um rosto que sorri à revelia

Da poesia que se torna um artefato,
No exato instante em que o dragão foge o rato
E a explosão do amor detona a fantasia.
= = = = = = 

Soneto de
JOÃO BATISTA XAVIER OLIVEIRA
Presidente Alves/SP, 1947 – 2025, Bauru/SP

Isolado encanto

Salão repleto, nobre de artes belas,
murmúrios, gestos, ares estilistas.
O afago forte nos pincéis de artistas
moldura abraços, traços, luz nas telas.

A flor disposta à porta em todas vistas
exala as auras plácidas, singelas.
Porém as vistas todas são aquelas
voltadas às paredes tão benquistas.

Se os quadros levam ao encantamento
no brilho mais audaz de um só momento...
o vaso à entrada ampara, preterida,

a forma que transforma a transparência:
- a tela estampa a vida, é consequência;
a flor no entanto é causa, pois tem vida!
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Poema de
MARIA LÚCIA SIQUEIRA
Curitiba/PR

A janela

Vem de outras eras as fontes do espírito.
Os jasmins renascem nos canteiros,
a chuva já deu badaladas no telhado.
E quem sou? Me pergunto na noite morna.
Talvez uma ave noturna lenta demais
para atravessar as planícies.
Toda imensidão termina no ocaso.
E para além do sol... onde estão os meus olhos amados?
Sempre atravesso essas sombras ao anoitecer,
diante do quartel de estrelas que me policia.
E a janela é um avental que me convida
a continuar servindo.
= = = = = = 

Fábula em Versos
adaptada dos Contos e Lendas da África
JOSÉ FELDMAN
Floresta/PR

A Lenda do Macaco e do Crocodilo

No rio profundo, um crocodilo esperava,
um macaco travesso, sua fruta roubava.
“Venha, amigo, venha aqui me contar,
sobre a vida no fundo, onde o sol não vai brilhar.”
O macaco, astuto, viu a artimanha,
mas decidiu brincar, com uma brilhante patranha.

“Vou te levar, se me prometer,
que nunca mais vais tentar me comer!”
O crocodilo riu, achando que era um jogo,
mas o macaco pulou, e escapou como um fogo.
Aprendeu uma lição, sobre a esperteza,
e nunca mais quis saber de certeza.

A esperteza pode salvar, dos perigos que rondem,
mesmo os mais fortes devem saber que se escondem.
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Quadra Popular

Ó morte, ó tirana morte,
contra ti tenho mil queixas
quem hás de levar, não levas,
quem deves deixar, não deixas!
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Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO

Instinto

Escondes nesse corpo, fino manto
As cores da mais pura donzelice
Permitas que navegue em tal encanto
Fascina-me a candura, essa meiguice

Do teu fatal sabor estou faminto
Desejo fenecer no doce enlace
Não posso resistir ao meu instinto
O brilho do querer tomou a face

Armaste uma delícia... Oh, nobre teia!
É natural, princesa, que me atraia
O meu pensar em ti, ledo, passeia

Tu és o mar revolto, eu sou a praia
Um beijo teu em mim, decerto enleia
De laço assim não há, amor, quem saia
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Poema de
CECY BARBOSA CAMPOS
Juiz de Fora/MG

Invasão 

A primavera chegou de madrugada 
e entrou pela janela do meu quarto 
vestida de prateado. 
Enluarando a minha cama 
cobriu o meu corpo insone 
e anestesiou os meus sentidos. 
= = = = = = 

Soneto de 
ALFREDO SANTOS MENDES
Lisboa/Portugal

O embrião

Mãe! Por que não me deixas ver teu mundo?
Por que acabas assim com minha vida?
Por que será que estás tão decidida,
a praticar tal ato tão imundo!

Mãe! Eu não sou um ser nauseabundo!
Não sou uma doença contraída!
Faço parte de ti, fui concebida!
Sou vida no teu útero fecundo!

Não queiras destruir-me por favor!
Não transformes em ódio, aquele amor,
do momento da minha concepção!

Eu sei que não pensavas conceber…
Mas, por favor mãe, deixa-me nascer,
eu sou um ser humano em formação!
= = = = = = 

Soneto de
FLORBELA ESPANCA 
Vila Viçosa/Portugal, 1894 – 1930, Matosinhos/Portugal

Horas rubras

Horas profundas, lentas e caladas
feitas de beijos sensuais e ardentes,
de noites de volúpia, noites quentes
onde há risos de virgens desmaiadas.

Ouço as olaias rindo desgrenhadas...
tombas astros em fogo, astros dementes
e do luar, os beijos languescentes
são pedaços de prata pelas estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
os meus braços são leves como afagos,
vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve branca misteriosa...
e sou talvez na noite voluptuosa
ó meu poeta, o beijo que procuras.
= = = = = =

Hino de 
ÓBIDOS/ PA

Sentinela que guarda riqueza
deste vale imenso sem par;
podes bem ser chamada princesa,
das belezas do grande Rio-Mar.
Os teus filhos são bem brasileiros,
são valentes e sabem lutar.
E trabalham ao sol altaneiros,
sempre avante, não sabem parar!

Óbidos, és minha terra,
Óbidos, és meu torrão,
Óbidos, estás inteira,
dentro do meu coração.

Já tens glória passada que a história,
podes bem com justiça assentar;
não são gestos falazes que a vitória,
que soubeste tão bem conquistar.
És a filha do Rio Amazonas
e conheces o seu murmurar:
onde estás é a única zona,
por onde ele tem que passar !

Óbidos, és minha terra,
Óbidos, és meu torrão,
Óbidos, estás inteira,
dentro do meu coração.

Tuas noites são bem estreladas,
e o teu céu é mais puro azul.
E são claras as tuas madrugadas,
quando sopra o vento taful.
És rincão da terra brasileira,
na Amazônia és forte e viril,
vives sob a mesma bandeira,
que tremula em todo o Brasil!
= = = = = =

Spina de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

Olhares que Sorriem 

Ainda que cubram
os belos sorrisos, 
sejamos em brilho 

as janelas do novo estribilho.
Ainda que tirem nossas asas
sejamos o som do andarilho. 
Mesmo que os dias anuviem,
brindemos à paz nesse trilho.
= = = = = =

Poema de 
ANTONIO BATICÃ FERREIRA
Canchungo/Guiné-Bissau

Infância

Eu corria através dos bosques e das florestas
Eu ouvia o ruído vibrante de um bosque desvendado,
Eu via belos pássaros voando pelos campos
E parecia ser levado por seus cantos.

Subitamente, desviei os meus olhos
Para o alto mar e para os grandes celeiros
Cheios da colheita dos bravos camponeses
Que, terminando o dia, regressavam à noite entoando

Canções tradicionais das selvas africanas
Que lhes lembravam os ódios ardentes
Dos velhos. Subitamente, uma corça gritou
Fugindo na frente dos leões esfomeados.

Aos saltos, os leões perseguiram a corça
Derrubando as lianas e afugentando os pássaros.
A desgraçada atingiu a planície
E os dois reis breve a alcançaram
= = = = = = 

Recordando Velhas Canções
MEU MUNDO CAIU 
(samba-canção, 1958) 

Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu e agora
Diz que tem pena de mim
Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você, nem a ninguém
Não fui eu que caí

Não sei se você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar
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Silmar Bohrer (Croniquinha) 142


A constelação das cabeças pensantes perdeu uma estrela daquelas que surgem em silêncio, vivem em silêncio, sendo buriladas e instigadas pela curiosidade, observação e conhecimentos, chegando ao auge do prestígio e empatia. 

Luiz Fernando Veríssimo era reservado nas falas, mas genial nos escritos. Como o pai, também um possuído pelo demônio das viagens mundo a dentro.  Na eterna busca dos curiosos, necessitados, palmilhou caminhos desde menino com a família nos EUA. Depois, escriba-pensador, alçou voos por tantas paragens, mas sempre voltou às origens.

Muitos escreveram sobre Veríssimo, mas foi ele quem deu vida a tantas querências e personagens - como o Analista de Bagé, a Velhinha de Taubaté, da Cruz Alta do pai Érico, de Porto Alegre, Rio e Paris, onde viveu rabiscando com humor refinado, ironia, seus contos e crônicas do cotidiano, e outras centenas de narrativas.

Conversando com ele parecia um ninguém, pacato, mas sabendo quem era, a gente via nele um gênio silencioso.  Seu jeito simples, quase um ausente, olhar sereno, cativou a mim, a ti, a tanta gente com seu doce veneno - a palavra.  

Era julho, a noite avançava no pé da Serra da Bocaina, onde está plantada a histórica Parati -costumo chamar "meu cantinho especial" -, e lá é realizada anualmente a FLIP - Feira Literária de Parati.  São cinco dias de um verdadeiro caleidoscópio cultural.

A reminiscência leva ao Centro Histórico este escriba aprendiz, o Luiz Fernando e o Zuenir Ventura, aclamados no uso do verbo.

O papo girava em torno de assuntos variados -família, política, literatura (!), morte, viagens...  quando o Zuenir perguntou ao Veríssimo: 

- O que você acha da morte, Veríssimo? 

- Eu?  Eu sou contra. (risos)  

E a conversa seguiu ao sabor de Parati.
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Silmar Bohrer nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores  (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).

Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Pintura sobre a foto do site Quero Livro, retocado com Drawify