A constelação das cabeças pensantes perdeu uma estrela daquelas que surgem em silêncio, vivem em silêncio, sendo buriladas e instigadas pela curiosidade, observação e conhecimentos, chegando ao auge do prestígio e empatia.
Luiz Fernando Veríssimo era reservado nas falas, mas genial nos escritos. Como o pai, também um possuído pelo demônio das viagens mundo a dentro. Na eterna busca dos curiosos, necessitados, palmilhou caminhos desde menino com a família nos EUA. Depois, escriba-pensador, alçou voos por tantas paragens, mas sempre voltou às origens.
Muitos escreveram sobre Veríssimo, mas foi ele quem deu vida a tantas querências e personagens - como o Analista de Bagé, a Velhinha de Taubaté, da Cruz Alta do pai Érico, de Porto Alegre, Rio e Paris, onde viveu rabiscando com humor refinado, ironia, seus contos e crônicas do cotidiano, e outras centenas de narrativas.
Conversando com ele parecia um ninguém, pacato, mas sabendo quem era, a gente via nele um gênio silencioso. Seu jeito simples, quase um ausente, olhar sereno, cativou a mim, a ti, a tanta gente com seu doce veneno - a palavra.
Era julho, a noite avançava no pé da Serra da Bocaina, onde está plantada a histórica Parati -costumo chamar "meu cantinho especial" -, e lá é realizada anualmente a FLIP - Feira Literária de Parati. São cinco dias de um verdadeiro caleidoscópio cultural.
A reminiscência leva ao Centro Histórico este escriba aprendiz, o Luiz Fernando e o Zuenir Ventura, aclamados no uso do verbo.
O papo girava em torno de assuntos variados -família, política, literatura (!), morte, viagens... quando o Zuenir perguntou ao Veríssimo:
- O que você acha da morte, Veríssimo?
- Eu? Eu sou contra. (risos)
E a conversa seguiu ao sabor de Parati.
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Silmar Bohrer nasceu em Canela/RS em 1950, com sete anos foi para em Porto União-SC, com vinte anos, fixou-se em Caçador/SC. Aposentado da Caixa Econômica Federal há quinze anos, segue a missão do seu escrever, incentivando a leitura e a escrita em escolas, como também palestras em locais com envolvimento cultural. Criou o MAC - Movimento de Ação Cultural no oeste catarinense, movimentando autores de várias cidades como palestrantes e outras atividades culturais. Fundou a ACLA-Academia Caçadorense de Letras e Artes. Membro da Confraria dos Escritores de Joinville e Confraria Brasileira de Letras. Editou os livros: Vitrais Interiores (1999); Gamela de Versos (2004); Lampejos (2004); Mais Lampejos (2011); Sonetos (2006) e Trovas (2007).
Fontes:
Texto enviado pelo autor.
Pintura sobre a foto do site Quero Livro, retocado com Drawify
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