quarta-feira, 2 de abril de 2008

Adriana Lunardi (Clarice)

Na varanda, ele aponta a pedra pontuda e as casinhas apinhadas que sobem pela encosta. Professoral, chama cada coisa pelo nome, educando-me o olhar para as coisas que ama. Aquele é o morro Dois Irmãos; do lado, a favela da Rocinha. Na vibração da voz, no atropelo de assuntos, a pressa de revelar-se. A ansiedade pelo papel que durante toda a vida (a minha vida, ao menos) evitou desempenhar. O de ser meu pai.

Eu não decidira ainda de que modo chamá-lo. Com minha mãe, ele sempre fora ele, simplesmente, o pronome indicando um mesmo sujeito, o único homem importante em minha biografia. Pai é uma palavra que nunca precisei usar – já tinha dentes quando aprendi a pronunciá-la – e Otávio, pura e simplesmente, exige maior intimidade do que posso oferecer. O jeito é usar a neutralidade do que você e despistar todas as vezes que os apelos tenham que ser mais diretos.

Lá é o Leblon, Ipanema do lado e, à direita, esse você sabe, o Cristo. Apresenta os bairros e as montanhas como um senhor feudal e, em seguida, me espreita, à espera de reação. Aliás, ele me observa o tempo todo, procurando em meu rosto aquelas semelhanças que todos os parentes procuram nas gerações mais novas. Quem sabe na forma dos olhos, no jeito de sorrir, encontrasse uma prova inequívoca, material, de que somos mesmo pai e filha.

Em minha cabeça, nada se acomoda. Os pensamentos fogem antes que eu possa esclarecê-los. É muita informação logo cedo, e estou em jejum, o que agrava meu desconforto. Para completar, tem essa bondade no olhar dele encaramelando tudo.

Estava à beira de vomitar quando a senhora de uniforme avisou que o café seria servido.
Não há silêncio mais incômodo do que aquele de duas pessoas sentadas frente a frente, sem ter o que falar ou, ao contrário, com tanto a dizer que não imaginam por onde começar senão saindo aos gritos. Um pouco de violência faz parte de mim. Uso unhas afiadas sempre que me põem contra a parede. A cicatriz discreta, mas indelével, na pálpebra esquerda da Cris, coleguinha de maternal, é testemunha do meu estilo. Desde que me alfabetizei, contudo, transferi essa ferocidade para as palavras, que cicatrizam mais lentamente que os arranhões. Será a minha contribuição a esse homem que, enquanto raspa a polpa de um papaia até a casca, tenta mapear o gelo em que pisa. Sou capaz de destruí-lo, sinto a força em mim. A força de um selvagem das cavernas que não sabe controlar os próprios instintos.

Procurando incessantemente por pistas, ele pergunta coisas que se perguntam às crianças: se vou bem ao colégio, qual a minha matéria predileta, qual grupo de rock. Quer saber tudo de mim entre uma colher de geléia e uma mordida de pão. Basta o resumo.

Sim à primeira, português à segunda e Mutantes à última, respondo num tiro, esperando que o questionário morra ali. Sem me abalar, ele pensa um pouco e retoma o rimo, fazendo apreciações analíticas.

Mutantes? Achei que na sua idade ninguém mais conhecia.

Gostaria de ter certeza de que ele sabe que tenho dezessete anos. Minha aparência diz menos. Parei de crescer aos doze, e mesmo naquela época era a menos da turma, de modo que é fácil me confundirem com uma menina, especialmente para um pai recém-nascido que nunca comprou presentes de aniversário. Talvez essa imagem de anjo perverso explique os olhos arregalados, incertos sobre o que dizer ao me verem encher a segunda xícara de café e acender o primeiro cigarro do dia.

Sopro a fumaça de lado, pergunto se incomoda. Ele agüenta firme. Autoriza-me um fique à vontade de anfitrião educado e, no embalo, confidencia ter parado de fumar há pouco. E que achava que a minha geração estava melhor informada sobre os malefícios do fumo.

Os vícios é que nos salvam, penso em dizer, mas acho melhor ficar calada.

O silêncio se alarga entre o guardanapo e a boca. Uma pergunta difícil, dessas que se experimenta primeiro, abrindo-lhe a casca para verificar se está perfeita, demora a achar a voz de Otávio, mas chega. Qual o primeiro lugar que eu gostaria de conhecer no Rio de Janeiro?
O cemitério do Caju, respondo sem hesitar.

Pronto. Está feito. Sou uma garota difícil. Dessas que fazem os pais fincarem os cotovelos na mesa e segurarem as têmporas com o indicador e o dedo médio, enquanto os polegares sustentam as mandíbulas inferiores, analisando a máscara da perplexidade.

A gargalhada da Penha, tirando a mesa do café, enche a sala de espontaneidade.

Tanta coisa linda para se ver nessa cidade e a menina querendo ir ao cemitério. É de lascar, seu Otávio!

Otávio empalidece e afunda os olhos na mesa, vexado por ter de se expor à crítica popular dos fatos.

Você é gótica? Penha se esbalda, irreverente. O termo aprendido na novela da tevê é uma sobremesa que irá apreciar em família, depois do expediente, comentando sobre a estranha filha do patrão que em vez do Pão de açúcar preferia visitar o caju.

A gargalhada vívida desaparece por uma porta vaivém, deixando migalhas na toalha xadrez e, no ar, um vapor inflamável de posto de gasolina. Apago o cigarro, temendo explosões.

Arrependido, digo, ambígua no tom, que tanto pode ser interrogativo quanto de adivinhação.
Era o que você queria? Otávio me encara, a raiva fininha se infiltrando na massa corrida do discurso paterno, o rosto crespo de indignação. Não está entre amigos, ele devia saber, mas parece não ter entendido ainda. Ninguém que responde a uma pergunta fazendo outra sabe. Deixei que a provocação agonizasse sozinha até que o ruído dos carros, vindo de muito longe, a atropelasse. Otávio desviou as pupilas para o céu e suspirou.

O ódio bem podia ser o sentimento supremo que nos une. Temos, afinal, o mesmo código, eu e esse cara. O exame de DNA disse. O resto da história, como e porquê são buracos mal cobertos pelas versões esfarinhadas de minha mãe. O resumo básico é que ela tivera com Otávio uma fidelidade insuficiente para tranqüilizá-lo quanto à genética do embrião que carregava. As dúvidas favoreceram mágoas, acusações e o resto da cartilha dos amores imperfeitos. Na hora do meu nascimento, não havia ninguém para fotografar o parto.

Às vezes basta uma desculpa, dessas que só o tempo afia, para tudo ficar cristalino como uma janela recém-lavada. Em outras vezes, no entanto, é preciso um grande susto para a verdade aparecer. A certeza da minha origem precisou das duas possibilidades combinadas: a crise dos quarenta batendo à porta de dois ex-namorados e um exame de saúde trazendo a suspeita de que em breve eu seria órfã de mãe. Desde então, tenho aprendido que a morte, sua vizinha inapelável, exige sinceridade absoluta de todos os envolvidos. A minha inclusive.

Vamos para a sala? ele convida, reclinando a cabeça no ombro esquerdo. Deve ter precisado alongar o pescoço muitas vezes na vida para não perdê-lo. Esse apartamento, por exemplo. O piso recamado de persas, a cintilância de alguns cristais e essa natureza na varanda, luxuosa como documentário da National Geographic, escancaram em cada metro quadrado uma alma vendida.

Gostou daqui? Ele me flagra apreciando seus tesouros. Da próxima vez terei de ser mais cuidadosa. Odeio que me apanhem desprevenida.

Bonito. Caro. O segundo adjetivo saiu quase sem querer, colado à lisonja, como se eu estivesse avaliando profissionalmente o lugar.

Demorei muito para conseguir, Otávio se defende, enumerando as virtudes necessárias para se adquirir um império. Trabalho duro, ambição, resistência. As reticências na fala deixam a lista em aberto, fazendo crer que tem mais. Um pouco de sorte também, ele considera, jogando a purpurina da modéstia para causar boa impressão.

Você trabalha com propaganda, mamãe disse.

Internet. Sou sócio em um provedor.

Ele, provedor. Meu riso explode. Só podia ser uma piada. Otávio finge não perceber a ironia.
Quer saber se eu navego, qual é a minha máquina, quanta memória ela tem.

Pouca. Uso o computador só para escrever.

Os filhos dos meus amigos respiram Web. É divertido. Você não tem vontade?

Não gosto de me divertir.

Eu estava fazendo uma citação, mas ele jamais presumiria. A sombra da culpa embaça-lhe a inteligência. Cada frase que eu disser pode significar uma grosseria diante de suas sublimes intenções patriarcais, pois tudo o que ele teme é o Quarto Mandamento ser rasgado em mil pedacinhos no chão da sala, sujando os tapetes que, de tão puros, prometem voar.

Sem conseguir conter a frustração, Otávio sopra mais um suspiro e cruza as pernas, enlaçando as mãos sobre o joelho que ficou por cima.

Do que você gosta, então? desafia, meio zombeteiro, meio irritado.

De aprender, respondo, a voz sumindo a cada sílaba, espuma que se empraia na arrebentação.

Então você deve ir bem na escola, se olhos se acendem: enfim uma brecha, quase um diálogo inteiro. Colei até o fim da faculdade, confidencia, animadíssimo. Nunca achei que alguém tivesse alguma coisa para me ensinar e... Ele segue falando até distrair-se com a própria voz. Aproveito para observar a casa.

Será que ele mora sozinho? Procuro pelas mesas e balcões um porta-retrato, desses em que se aparecem rostos queridos lembrando do quanto somos importantes, ao menos para duas ou três fotografias. Os enfeites, contudo, são poucos. Quase sempre esculturas ou objetos de uso obscuro vindos de algum lugar bem distante.

O mar! – me lembro – preciso descobrir se fica longe, se posso ir a pé até a praia e andar sozinha, andar até saber o que lalande.

Ao descobrir que falava sozinho, Otávio se cala. Afasta o antebraço, olha o pulso e dá um salto.
Preciso dar uma passadinha no trabalho. Depois teremos o final de semana inteirinho pra gente. Penha me fará companhia, ele garante, caso eu queira descer, caminhar, ver a lagoa de perto.
Pede licença e desaparece no corredor.

Sinto-me infinitamente mais à vontade sem ninguém por perto. As coisas começam a ganhar sentido. Preciso de clama para senti-las, para saber o que significam, se gosto ou não delas. É tão demorado acostumar-se com o novo, que parece não haver tempo suficiente para isso. Em vez de viver, verbo irresponsável demais para tanta exigência, a gente deveria dizer estou me dedicando, como em um trabalho difícil, desses que exigem cada uma das horas do dia.

Otávio ressurge. Trocou de roupa e penteou os cabelos. Chama Penha e distribui ordens enquanto apanha chaves. Pára um segundo, olha para mim e pergunta se preciso de alguma coisa. Faço um não com a cabeça. Ele diz que volta para o almoço e bate a porta. O som abafado da madeira devolve o silêncio de antes, mas agora um perfume almiscarado flutua no ar.

Onde fica o Caju? Entro na cozinha, assustando Penha. Dá para ir caminhando?

Dá não, responde Penha. É lá para os lados de São Cristóvão.

Conto o dinheiro entre as páginas de um livro. Mostro a quantia a Penha, perguntando se é suficiente para o táxi. Ela diz que eu não deveria ir sozinha.

A cidade é perigosa, você não conhece nada. Seu Otávio não vai gostar.

Saio depressa, Penha me segue até o elevador, ameaça ligar para o “seu pai”, enquanto exclama por santos desconhecidos para mim. Aperto o botão do térreo e, me certificando de que a pedra está comigo, prometo estar em casa à hora do almoço.

Parte do caminho é bonita. Margeia a lagoa, tomada por remadores e pessoas que se exercitam como se o dia fosse feriado. O táxi entra por um túnel tão longo que é mais fácil adivinhar o fim do mundo do que o céu azul esperando na saída. Depois, são viadutos que espicham línguas em cima dos edifícios, fazendo o carro voar sobre a cidade. Mais adiante, um cinza de subúrbio, casas baixas, ruas estreitas.

Na vitrina de uma loja, a coroa de flores anuncia que estamos chegando. Um muro alto passa a acompanhar o carro. A asa de um anjo espia o movimento do lado de fora. Mais adiante, uma cruz. O táxi diminui a marcha e estaciona.

O comunal Israelita é logo ali, diz o motorista.

Rente à calçada, a parede prossegue, bloqueando a visão. Deixo que meus dedos rocem a superfície áspera do tijolo até ferir a pele. Sob a tinta barata, posso sentir o frio, antigo como a terra, revelando a alma de todos os muros. Tenho vontade de encostar minha testa ali, deixar que a indiferença dos séculos acalme as passadas rápidas do meu coração, que quer sempre outro, ou ser finalmente ele mesmo, e bate apenas para me lembrar que está à espera de uma decisão.

A opacidade da muralha é finalmente interrompida pelo gradeado de um portão. Em cada uma das folhas, finas lanças de ferro apontam o firmamento. No meio do caminho abrem mão de sua verticalidade para formar o desenho de duas estrelas de seis pontas, e voltam à retidão anterior até espetar o céu. Detrás delas, filas de lajes compridas e estreitas como camas de solteiro estampam o terreno de norte a sul.

Bem no meio, organizando o dormitório, a rua principal, feita de pedras portuguesas, alterna ondas pretas e ondas brancas. Um alpendre azul celeste a recobre. Os pilares se erguem, à esquerda e à direita, encimando um telhado pontudo. Lembram as casinhas que se desenha na infância. Feitas apenas de contornos, ocas por dentro. No alto, uma tumbérgia agarra-se firme ao madeirame. É muito jovem para entender os motivos de estar ali, mas seu destino de sombra e sombrinha está escrito.

O branco repetido das tumbas não ajuda a decidir quanto à direção a ser tomada. Escolho a fila mais próxima. Começar pelo meio pode não ser muito racional, mas depois de investigar três alas de retângulos idênticos e ler as inscrições em hebraico descubro que há uma organização por datas, ou então muita gente morreu em 1968.

Quanto mais avanço, mais o oco do silêncio se fecha, amplificando o som das solas dos sapatos a esmigalhar a terra. O calor também cresce, e sinto que estou perdida. Paro, escuto com mais atenção. Nada se mexe, salvo uma abelha perturbada pelo sol. Espero, imóvel, até meus ouvidos alcançarem o som abafado de uma batida repetir-se muito longe de onde estou.

Volto sobre minhas pegadas e depois de dobrar esquinas e errar o caminho, avisto um pedreiro ajoelhado junto a uma cova aberta. Faço aproximação cautelosa, evitando que ele se assuste com a minha presença. O homem se vira, deixando ao meio um golpe de picareta. Cumprimento-o.
Ele responde, mantendo o toco de charuto no canto da boca, depois estica o queixo pra o vazio aberto no chão e acrescenta. Não tenha medo. É só um trabalho de reforma. Sorrio, tentando mostrar confiança, e pergunto onde fica o túmulo que procuro. O homem aponta uma pá suja de cimento para a direção de onde vim.

Siga por ali até a rua G. É o oitavo, à esquerda.

Agradeço, aliviada, e, ao virar as costas, escuto ele perguntar:

Você é da família, moça?

Volto-me, a língua já alojada nos dentes da frente, o sopro do n pronto para iniciar o não, quando uma idéia rodopia no fundo da resposta, adiando-a.

Não, não era filha, sobrinha, prima. Nenhum laço de genealogia me atava a ela, mas a que família eu podia afirmar pertencer? Não tivera um pai até hoje e, quando ele aparece, é minha mãe que parte: um arranjo simples demais para a instituição familiar; ofende as leis mais elementares que a regulam. Nada em minha vida afiançara as relações de parentesco. Se eu quisesse uma família, tinha que criá-la eu mesma. Fazer uma seleção particular de pessoas e inventar uma afinidade que nos unisse. Um desespero de compreensão, por exemplo, no lugar do sangue. Então sim, poderia afirmar, gritar ao coveiro, que Clarice me era mais familiar do que qualquer outro ser no mundo. Com ela eu tinha finalmente uma coisa parecida. Uma coisa fundamental. Ela era alguém que me olhava nos olhos, e nesse olhar estava o segredo que compartilhávamos. Um segredo que só existe pela cumplicidade de sabê-lo, como todos os segredos da família. Ela afastava de mim o temor de enlouquecer só porque aquilo que eu sentia ainda não tinha nome. E me encorajava a ser o que eu era, a gostar de sê-lo. Assumia a minha estranheza, apontava-me a beleza que havia nela e, sobretudo, cercava-a de dignidade. O resto do mundo que ficasse atônito se eu era um daqueles que matam para florescer.

Antes que eu pudesse dizer um sim vitorioso, sibilante de convicção, o homem já tinha retomado sua tarefa, indiferente como um pedreiro que ergue tumbas debaixo do sol.

Volto devagar à rua principal. Dobro a esquina indicada e meus olhos avançam sobre o mármore que se ergue da terra como pombo de peito estufado. Um pombo cubista. Na lápide, as letras foram pintadas à mão sobre o molde talhado em pedra. Na linha superior, o nome em hebraico e a estrela de David. Uma única data, 9-12-1977, sepulta para sempre o mistério do ano do seu nascimento.

Clarice Lispector, leio. Clarice Lispector, leio outra vez, repetindo, repetindo, até meus olhos acreditarem.

Um gosto salgado me invade a boca. As lágrimas enchem os canais escondidos sob o rosto, mas não escorrem. Seguro-as para me fortalecer no sofrimento. Quero o choro apenas quando o mal for maior que a compreensão. E aqui, há encontro. Estou diante do túmulo de Clarice Lispector e essa é a minha história. Tinha ido até ali para vivê-la, para fazer-me do que gosto, ceder à mínima manifestação do meu ser difícil, áspero, desesperado. Sobretudo, tinha ido ali para me filiar.

Tiro a pedra do bolso e deposito-a na superfície respingada de luz. Um ritual de que não conheço ao certo o sentido, mas que tomo de empréstimo para iniciar a tradição da minha linhagem.

O meio-dia varreu toda possibilidade de sombras. Acaricio o leito branco. A poeira se gruda em meus dedos, lembrando-me do eterno pó que somos e seremos. O corpo dói de celebração. Atrás de mim ouço um ruído. Não tenho pressa. Sei que ao dar as costas verei Otávio, as mãos nos bolsos, entre furioso e aliviado, pensando no que fazer comigo. Há, finalmente, coisas para as quais ele não tem um nome. Mas pode estar perto, muito perto, de conhecer a ordem dos corações selvagens.

Fonte:
In: Vésperas. Rocco, 2002.
http://www.claricelispector.com.br/artigos_adrianaLunardiVesperas.aspx

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