José Basílio da Gama nasceu em São José do Rio das Mortes (hoje Tiradentes), em 1741, e morreu em Lisboa, em 1795. Foi um bom poeta, admirado, principalmente, pelos autores românticos que viriam depois dele. Sua vida ilustra bem as relações que podem existir entre poesia e o poder. Basílio da Gama estudou no Brasil com os jesuítas até 1759, quando os jesuítas foram expulsos. Em 1768, em Lisboa, foi preso e condenado ao degredo em Angola por jesuitismo. Na prisão, mudou de idéia e passou para o lado do Marquês de Pombal. Livra-se da prisão e do degredo, dedicando seu poema O Uraguai ao Marquês de Pombal. Em O Uraguai, Basílio da Gama critica os jesuítas e defende a política de Pombal – tornando-se seu secretário. Apesar de ser considerado um bom poeta, é difícil escrever uma obra-prima quando se tem, como grande preocupação, propagandear idéias e levando bandeiras. As obras-primas podem até ser construídas em cima de uma ideologia, mas isto se limita a ser apenas um pano de fundo, não a preocupação primeira, como é o caso d’O Uraguai, de Basílio da Gama.
O Uraguai é um poema épico em que se percebeu algumas inovações, quebrando, assim, a estrutura camoniana. Essa, aliás, pode ser considerada, também, uma qualidade do poeta, que, exercendo sua liberdade criadora, conseguiu escrever uma obra de fôlego e com elegância poética.
As inovações praticadas por Basílio da Gama foram:
1. Escolha de um tema não adequado ao gênero épico por ser pouco grandioso e contemporâneo do autor. O tema histórico narra parte das guerras entre portugueses e espanhóis contra os índios guaranis dos Sete Povos das Missões, instigados pelos jesuítas. A responsabilidade da guerra coube toda aos jesuítas.
O motivo da guerra foi a determinação do Tratado de Madre (1750) para que os Sete Povos das Missões, liderados por jesuítas espanhóis, deixassem as terras do Rio Grande do Sul (pertencentes aos portugueses) e fossem para o Uruguai (terras pertencentes aos espanhóis), onde estavam instalados índios liderados por jesuítas portugueses. Em outras palavras: o tratado ordenava que fizessem uma troca, ficando os jesuítas espanhóis em terras dos espanhóis e os portugueses em terras dos portugueses. Como é natural, a ordem não agradou nem aos jesuítas nem aos índios, que, assim, iniciaram uma guerra em que as tropas dos portugueses e espanhóis liquidaram os povos indígenas no primeiro banho de sangue da América Latina.
2. A construção do poema em versos decassílabos brancos, isto é, sem rimas.
3. A substituição das estrofes por cantos. O poema apresenta cinco cantos, os mesmos da divisão tradicional: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. O poeta, no entanto, inicia o poema pela narração:
“Fumam ainda nas desertas praias
lagos de sangue tépidos, e impuros,
Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos.”
“O Uraguai” é árcade apenas na forma escolhida (poesia épica) e na defesa dos ideais iluministas do Marquês de Pombal. São personagens do poema: Gomes Freire Andrada, herói português; Balda, o vilão, jesuíta caricaturizado; e os indígenas: Lindóia; Sepé; Tatu-Guaçu; Caitutu e Tanajura, a vidente.
Fonte:
MOURA, Josana e SANTOS, Eberth. Filosofia & Literatura. 2. ed. Uberlândia, MG: Claranto, 2004.(série Palavra em Ação)
O Uraguai é um poema épico em que se percebeu algumas inovações, quebrando, assim, a estrutura camoniana. Essa, aliás, pode ser considerada, também, uma qualidade do poeta, que, exercendo sua liberdade criadora, conseguiu escrever uma obra de fôlego e com elegância poética.
As inovações praticadas por Basílio da Gama foram:
1. Escolha de um tema não adequado ao gênero épico por ser pouco grandioso e contemporâneo do autor. O tema histórico narra parte das guerras entre portugueses e espanhóis contra os índios guaranis dos Sete Povos das Missões, instigados pelos jesuítas. A responsabilidade da guerra coube toda aos jesuítas.
O motivo da guerra foi a determinação do Tratado de Madre (1750) para que os Sete Povos das Missões, liderados por jesuítas espanhóis, deixassem as terras do Rio Grande do Sul (pertencentes aos portugueses) e fossem para o Uruguai (terras pertencentes aos espanhóis), onde estavam instalados índios liderados por jesuítas portugueses. Em outras palavras: o tratado ordenava que fizessem uma troca, ficando os jesuítas espanhóis em terras dos espanhóis e os portugueses em terras dos portugueses. Como é natural, a ordem não agradou nem aos jesuítas nem aos índios, que, assim, iniciaram uma guerra em que as tropas dos portugueses e espanhóis liquidaram os povos indígenas no primeiro banho de sangue da América Latina.
2. A construção do poema em versos decassílabos brancos, isto é, sem rimas.
3. A substituição das estrofes por cantos. O poema apresenta cinco cantos, os mesmos da divisão tradicional: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. O poeta, no entanto, inicia o poema pela narração:
“Fumam ainda nas desertas praias
lagos de sangue tépidos, e impuros,
Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos.”
“O Uraguai” é árcade apenas na forma escolhida (poesia épica) e na defesa dos ideais iluministas do Marquês de Pombal. São personagens do poema: Gomes Freire Andrada, herói português; Balda, o vilão, jesuíta caricaturizado; e os indígenas: Lindóia; Sepé; Tatu-Guaçu; Caitutu e Tanajura, a vidente.
Fonte:
MOURA, Josana e SANTOS, Eberth. Filosofia & Literatura. 2. ed. Uberlândia, MG: Claranto, 2004.(série Palavra em Ação)
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