quinta-feira, 23 de julho de 2009

Dario Vellozo (1869 – 1937)


Dario Persiano de Castro Vellozo, escritor nascido no estado do Rio de Janeiro, em seu entitulado Retiro Saudoso, no bairro de São Cristóvão, em 26 de Novembro de 1869 , estudou no Liceu de São Cristóvão (de 1880 a 1883), tendo se tornado aprendiz de encadernador (1883) e, posteriormente, compositor tipográfico no primeiro jornal paranaense: O Dezenove de Dezembro (fundado em 1853), que tinha como editor Cândido Lopes.

Sua vida até a mudança para Curitiba é registrada em seu livro Retiro Saudoso, de 1915 , narrando sua infância no Rio de Janeiro.

De 1886 a 1889 estudou no Pathernon Paranaense (onde conheceu Eusébio Mota - apesar de não ter sido seu aluno -, um professor que estimulou muitos dos seus à Arte Literária) e, depois, no Instituto Paranaense. Neste último, fora companheiro de turma dos novíssimos de sua geração: Silveira Netto, Nestor Victor, Emílio de Menezes, Emiliano Pernetta, etc, etc.

Em 1889 lança seu primeiro livro intitulado Primeiros Ensaios, editorado nas oficinas do Dezenove de Dezembro. Este livro teve como principais influências ao jovem Dario Vellozo os neo-românticos Lord Byron, Lamartine e Musset.

De 1889 a 1893 trabalhou em cargos burocráticos da repartição de polícia e na secretaria de Fazenda do estado do Paraná.

Em 1890 , com a fundação da Revista do Club Curitybano, que tinha como Diretor seu pai Cyro Vellozo, temos o desabrochar de uma tendência literária de Dario Vellozo, tendo seus poemas e crônicas publicados desde o segundo número deste periódico (de 01 de Fevereiro de 1890), com Êxtase Divino.

Em 1892 , com seu espírito de liderança e sociabilidade, funda nas oficinas do Club Curitybano (juntamente com Augusto Stresser e Brasílio Costa) o Grêmio Ensaios Literários. Neste ano, as influências do recém chegado da Europa poeta Jean (João) Itiberê da Cunha sobre sua leitura ficam evidenciadas.

Descobre neste ano Poe, Flaubert e Huysmanns e, no ano seguinte: Verlaine, Rimbaud, Mellarmé, L'Islle Adam, além de Péladan, Stanislas de Guaita, Maurice Maeterlinck, Eliphas Levi e Papus (sendo esses cinco últimos pela influência direta de João Itiberê).

Em 1893 também vê-se envolvido na fundação de uma nova revista, Azul, que fora uma primeira tentativa do grupo do Cenáculo (periódico simbolista inaugurado em 1895). A Revista Azul tem interrompida sua sequência em razão da Revolução Federalista, na qual Dario Vellozo, juntamente com os outros participantes da Revista, lutam ao lado dos legalistas.

De 1894 a 1898 era o redator dos debates ocorridos no congresso legislativo do estado paranaense.

Em 1894 torna-se o Diretor Literário da Revista do Club Curitybano, mudando a grafia deste último para Coritibano. Irá permanecer na Direção desta revista até 1900

Em 1895 funda a Revista O Cenáculo, na qual temos caracterizada toda a veia simbolista não só dos autores curitibanos, como de todo o Brasil. Essa revista terá uma curta duração de dois anos, mas o suficiente para deixar suas marcas.

Em 1896 lança a obra em prosa Esquifes. Neste mesmo ano intensifica seus estudos de Ciência Oculta, com traduções de autores ocultistas europeus publicados na página do Club Curitybano. Também envolve-se em polêmica neste ano ao publicar nas folhas d'O Cenáculo o texto Pelos Índios! que é apoiado pela Maçonaria de seu estado.

Em 1897 publica dois fabulosos livros (parte de uma trilogia junto com Atlântida, de 1938): Alma Penitente e Althäir, além de colaborar no periódico A Pena.

Em 02 de Março de 1898 é nomeado professor interino e, depois, efetivado (após concurso) como professor de História Universal e do Brasil (19 de Abril de 1899 ) no Ginásio Paranaense antigo Instituto paranaense, no qual estudou. Neste ano também funda o Jornal Jeruzalém, que irá intensificar seus polêmicos (para a época) discursos anti-clericais, também colaborando em Pallium.

Em 1899 funda A Esphynge Jornal, e mantém contatos com os grupos de Papus e de Jollivet-Castelot (Groupe Independente de Études Esoteriques e Association Alchimique de France, respectivamente), promovendo a idéia da constituição de suas escolas em terras brasileiras. Não a toa, fora contemporâneo do efervescente final de século ocultista europeu, fazendo-o também presente no Brasil.

Seus discursos anti-clericais e republicano-socialistas, além das questões pedagógicas (visto que era professor de História no Ginásio Paranaense) irão margear suas teses lançadas de 1902 a 1908 como: Lições de História (1902 ), Escola Moderna (1903 ), Da Instrução Pública (1904 ), No Sólio do Amanhã (1905 ), Derrocada Ultramontana (1905 ), Voltaire (1905 ), Pátria Republicana (1905 ), Compêndio de Pedagogia (1907 ), Moral dos Jesuítas (1908 ).

Em 1908 publica o livro de poesias Hélicon e inicia a publicação do periódico Myrto e Acácia.

Era extremamente bem querido por seus alunos, onde sua oratória, desprovida de retóricas, era apaixonante.

Funda o Instituto Neo-Pitagórico em 1909 , onde constrói um fabuloso e helenístico "Templo das Musas" (1918 ), procurando reviver a magna Grécia, tendo publicado no ano anterior os estatutos da Sociedade Neo-Pitagórica. Suas Celebrações Místicas se deram entre as Colunas do mesmo, atraindo inúmeros Iniciados e admiradores.

Ali funda sua Tipografia (em 1911 , de nome Tipografia Crótona Vellozo & Filhos), na qual edita seus livros e anais de estudos dos alunos de seu Instituto. Este ano é fundamental como divisor de águas para Dario Vellozo. Além da coroação de Emiliano Pernetta como o mais célebre poeta de Curitiba, inicia-se a Celebração do Equinócio (juntamente com seus alunos do Ginásio Paranaense) com a festa de Clóris e a festa de Ceres: Delfos e Elêusis erguendo cânticos à Fraternidade.

Inicia numerosos intelectuais (não só brasileiros) em sua Sociedade. João Itiberê da Cunha (autor Simbolista, que iniciou inúmeros autores de Curitiba nesta veia literária, tendo feito parte do movimento original francês, amigo de Maurice Maeterlinck - Simbolista belga - e que lança seu début em francês, o ótimo Préludes), que o inicia verdadeiramente nos estudos simbólicos no último decênio do século XIX, deu origem à um apaixonado discípulo.

Em 1919 funda um ramo da Sociedade Teosófica em Curitiba, de Blavatsky, chamado Loja Teosófica Nova Crótona.

Em 1920 publica os livros O Habitat e a Integridade Nacional e, em homenagem à morte de seu filho menor, O Livro de Alir.

Em 1921 , Tasso da Silveira (seu ex-aluno no Ginásio Paranaense e filho de Silveira Netto, um dos fundadores do grupo do Cenáculo) irá publicar um livro em sua homenagem intitulado: Dario Vellozo: Perfil Espiritual.

Em 1922, com o centenário da Independência, temos a publicação (por Dario Vellozo) das obras: Horto de Lisis, Símbolos e Miragens, Missão Social do Brasil, O Brasil e o Ideal Pitagórico.

Em 1923 ele e seus alunos passam a editar uma coluna no Jornal Gazeta do Povo, de nome Coluna Dórica. Neste mesmo ano tem publicado seu livro No Limiar da Paz.

Em 1929 reúne poesias suas publicadas entre 1892 e 1929 (fase Simbolista) e publica o ótimo Cinerário.

Em 1931 é inaugurado o periódico A Lâmpada, de seu Instituto.

Em 1932 afasta-se do magistério. Daí trata de escrever Atlântida, finalizada em 1933 mas somente publicada (post -mortem) em 1938

Sua última obra publicada em vida chamava-se Jesus Pitagórico e fora publicada em 1936 , quando já se encontrava enfermo.

Postumamente, foram publicadas as obras inéditas (além de Atlântida): Fogo Sagrado (1941 ), Psiquê e Flauta Rústica e, numa reunião do Instituto Neo Pitagórico (em três volumes): Obra Completa (1979 ), com um quarto volume lançado em 1975

Cabe salientar aqui que, até sua morte em 28 de Setembro de 1937 , Dario Vellozo permaneceu um eterno e admirável Simbolista, tornou-se um pagão de primeira linha ao tentar reviver entre seus convíveres a inigualável Grécia e seus cultos.

Tão admirável persona teve seu enterro seguido de grandioso cortejo que, passando pelos bairros pobres da cidade de Curitiba, teve uma multidão a seguir e a celebrar a morte do mais formidável poeta, professor e visionário aparecido por terras curitibanas...

Fontes:
– MURICY, Andrade. Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro, vol. 01. SP: Perspectiva, 1987.
O Caminho da Serpente (Rubens Malcher Pinho)

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