Histórias sem Pé nem Cabeça
Primeira História
era uma vez uma história sem pé nem cabeça. não tinha início, meio ou fim. era uma coisa desengonçada e fora de moda. contudo, nas horas de fastio, brincava de ciranda-de-roda. certamente, para ver o tempo passar.
o incrível é que, o escritor da história, era pior do que a própria história em si: não sabia quem era, o que era, porque escrevia e o que iria escrever quando iniciou a história.
de forma que, mais que maluquice, ou atrapalho, o escritor pensou em ser a própria história, enquanto a história, brigava dentro dele porque afinal, ela sim, era a história. e ele, tão somente o autor. bem, para dizer a verdade, nem o escritor, nem a história, sabiam o que ia ocorrer ou ser escrito.
da mesma forma que, a história nem imaginava o quê ou quem era. deve ser porque ainda nem existia. uma história que não existe, deve ser algo vazio e sem graça. por isso mesmo, a história chegara à conclusão que, não possuía documentos e portanto, identidade. com isso, o escritor ficou muito zangado e disse: ora, eu sou o maluco aqui!. além do mais, sou eu quem não possui identidade ou documentos. então, vai tirando o cavalinho da chuva porque a história aqui sou eu e não você.
toda essa indecisão acabou gerando uma tremenda discussão cada vez mais acirrada. sem pé, nem cabeça. sem início, meio ou fim. e a história foi ficando naquele “blablablá”, “tititi” e coisa e loisa. como não conseguiam chegar a um acordo, acrescentaram um “etecétera” que é uma palavra um tanto quanto estranha. mesmo para uma história sem pé nem cabeça.
— ora, não me aborreça!. disse o escritor já exaltado.
por sua vez, a história respondeu:
— não vou dizer nada!.
— não quero nem saber.
respondeu o escritor com menosprezo. E a coisa toda continuou naquela lengalenga. sem fim. aliás, sem nexo e sem sentido.
a história enfezada, mudou de linha e de cor de repente. foi aí que o escritor matutou:
— isso não tem a mínima importância. você está pensando que vou me aborrecer?. e amuado, ficou aborrecido com a história. foi por isso que, passou a escrever tudo com letras minúsculas. mesmo no início de cada frase ou parágrafo. por outro lado, a história acabou aborrecendo-se ainda mais com o escritor.
Cerraram o cenho e permaneceram emburrados um com o outro. o escritor mudou de cor. a história também. contudo, apesar das discórdias, acabaram concluindo que, era melhor fazerem as pazes. e fizeram. acabaram ficando de bem um com o outro. tanto a história, quanto o escritor. afinal, brigar não é uma atitude legal e no mais, a gente vive precisando uns dos outros mesmo!...
melhor viver-se em paz, disse. quem disse essa frase?. ora essa, como posso eu saber?. aí, você leitor, vem e fica bravo comigo?. eu não tenho culpa se a história e o escritor viviam brigando. não tenho mesmo!.
foi então que tudo ficou de pernas para o ar. e a história sem ser terminada e sem “se terminar”. mas, como eu disse anteriormente, não tenho nada a ver com o peixe. querem uma sugestão?. porquê vocês não tentam refazer essa história e escreverem vocês?. bem, bem... acho que, por enquanto, essa história termina aqui. mesmo sem terminar. sem pé, nem cabeça. ora essa!. será que toda essa bagunça termina mesmo por aqui?.
–––––-
O Avesso do Fim
Segunda História
como o escritor queria o avesso do fim, o fim entrou na história sem pé nem cabeça pelo avesso. o que ele fez?. fácil, pulou do fim para o começo. E, acreditem se quiserem, começou saltando de linha e trocando de cor. essa atitude deixou o escritor tão irritado que, não conseguindo controlar a história sem pé nem cabeça, acabou transformando-se no avesso do avesso. a história e não ele, o escritor.
e, de repente, lá estava: o avesso do fim.
“deve ser o começo”. concluiu o escritor, empalidecendo e mudando de cor.
empalideceu. Ficou tão transparente no amarelo que, não conseguia enxergar a si próprio.
aí, o escritor resolveu voltar à sua cor natural. pensando bem, é melhor ter qualquer cor do que não ter nenhuma. nem que seja uma coisa assim, meio sem pé nem cabeça. no fim do começo ou, no começo do fim. talvez o avesso do fim, fosse o fim do avesso. vai saber?. matutou o escritor, já completamente esquecido do que iria escrever. ficou olhando para o vazio do nada que, é uma coisa assim, que existe sem existir. uma coisa que, às vezes, se sabe que tem, mas continua faltando.
então, ele ficou ainda mais chateado porque, era uma coisa tão sem graça aquele vazio que, chegava a dar sono. sono, preguiça e vontade de ficar dando risada o tempo todo. risada de tudo e de todos porque, coçava-se distraidamente.
foi então que, de tanto permanecer ali parado, a fitar o vazio, acabou sentindo saudade das coisas do sem-fim. não do avesso do fim. ou do sem pé nem cabeça. ou do avesso do avesso. mas, do sem-fim. foi por isso que ele ficou novamente chateado.
sem mais nem menos, saltou para esta linha abaixo, mudando de cor mais uma vez. decidido a colocar fim no começo ou, começo no fim pelo avesso sem avesso que, naquela história sem pé nem cabeça, o outro escritor que era o avesso daquele que escrevia, tascou um ponto final e pronto. basta!.
mas que coisa mais sem graça!. pensou o escritor falando ao mesmo tempo sem falar ou pensar em coisa alguma. decidido a pôr termo àquela história sem pé nem cabeça, virando-a pelo avesso do avesso, escreveu: aqui é o avesso do fim do começo que vai dar no começo do fim. analisou bem, leu, releu e concluiu:
“acho que ninguém vai entender”.
disse isso porque, ele mesmo, estava bastante confuso. também, não era pra menos. havia feito tanta confusão com a história que ela parecia não ter pé nem cabeça. parecia mais como se estivesse meio pelo avesso do avesso. sem o fim do começo. nem o começo do fim.
com as palavras mudando de cor e embolando-se pelo meio do meio da história que zangou-se com o escritor, ele desligou a lâmpada, vestiu o pijama, deitou-se e despertou para descobrir, finalmente que, estivera o tempo todo sonhando.
ou tendo pesadelo?.....
Fontes:
RUEDA, Mauro Gonçalves. Histórias sem pé nem cabeça (Inventando Coisas). São José do Rio Preto: ebookLibris. Coleção Joyceana, vol.6. 1999.
era uma vez uma história sem pé nem cabeça. não tinha início, meio ou fim. era uma coisa desengonçada e fora de moda. contudo, nas horas de fastio, brincava de ciranda-de-roda. certamente, para ver o tempo passar.
o incrível é que, o escritor da história, era pior do que a própria história em si: não sabia quem era, o que era, porque escrevia e o que iria escrever quando iniciou a história.
de forma que, mais que maluquice, ou atrapalho, o escritor pensou em ser a própria história, enquanto a história, brigava dentro dele porque afinal, ela sim, era a história. e ele, tão somente o autor. bem, para dizer a verdade, nem o escritor, nem a história, sabiam o que ia ocorrer ou ser escrito.
da mesma forma que, a história nem imaginava o quê ou quem era. deve ser porque ainda nem existia. uma história que não existe, deve ser algo vazio e sem graça. por isso mesmo, a história chegara à conclusão que, não possuía documentos e portanto, identidade. com isso, o escritor ficou muito zangado e disse: ora, eu sou o maluco aqui!. além do mais, sou eu quem não possui identidade ou documentos. então, vai tirando o cavalinho da chuva porque a história aqui sou eu e não você.
toda essa indecisão acabou gerando uma tremenda discussão cada vez mais acirrada. sem pé, nem cabeça. sem início, meio ou fim. e a história foi ficando naquele “blablablá”, “tititi” e coisa e loisa. como não conseguiam chegar a um acordo, acrescentaram um “etecétera” que é uma palavra um tanto quanto estranha. mesmo para uma história sem pé nem cabeça.
— ora, não me aborreça!. disse o escritor já exaltado.
por sua vez, a história respondeu:
— não vou dizer nada!.
— não quero nem saber.
respondeu o escritor com menosprezo. E a coisa toda continuou naquela lengalenga. sem fim. aliás, sem nexo e sem sentido.
a história enfezada, mudou de linha e de cor de repente. foi aí que o escritor matutou:
— isso não tem a mínima importância. você está pensando que vou me aborrecer?. e amuado, ficou aborrecido com a história. foi por isso que, passou a escrever tudo com letras minúsculas. mesmo no início de cada frase ou parágrafo. por outro lado, a história acabou aborrecendo-se ainda mais com o escritor.
Cerraram o cenho e permaneceram emburrados um com o outro. o escritor mudou de cor. a história também. contudo, apesar das discórdias, acabaram concluindo que, era melhor fazerem as pazes. e fizeram. acabaram ficando de bem um com o outro. tanto a história, quanto o escritor. afinal, brigar não é uma atitude legal e no mais, a gente vive precisando uns dos outros mesmo!...
melhor viver-se em paz, disse. quem disse essa frase?. ora essa, como posso eu saber?. aí, você leitor, vem e fica bravo comigo?. eu não tenho culpa se a história e o escritor viviam brigando. não tenho mesmo!.
foi então que tudo ficou de pernas para o ar. e a história sem ser terminada e sem “se terminar”. mas, como eu disse anteriormente, não tenho nada a ver com o peixe. querem uma sugestão?. porquê vocês não tentam refazer essa história e escreverem vocês?. bem, bem... acho que, por enquanto, essa história termina aqui. mesmo sem terminar. sem pé, nem cabeça. ora essa!. será que toda essa bagunça termina mesmo por aqui?.
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O Avesso do Fim
Segunda História
como o escritor queria o avesso do fim, o fim entrou na história sem pé nem cabeça pelo avesso. o que ele fez?. fácil, pulou do fim para o começo. E, acreditem se quiserem, começou saltando de linha e trocando de cor. essa atitude deixou o escritor tão irritado que, não conseguindo controlar a história sem pé nem cabeça, acabou transformando-se no avesso do avesso. a história e não ele, o escritor.
e, de repente, lá estava: o avesso do fim.
“deve ser o começo”. concluiu o escritor, empalidecendo e mudando de cor.
empalideceu. Ficou tão transparente no amarelo que, não conseguia enxergar a si próprio.
aí, o escritor resolveu voltar à sua cor natural. pensando bem, é melhor ter qualquer cor do que não ter nenhuma. nem que seja uma coisa assim, meio sem pé nem cabeça. no fim do começo ou, no começo do fim. talvez o avesso do fim, fosse o fim do avesso. vai saber?. matutou o escritor, já completamente esquecido do que iria escrever. ficou olhando para o vazio do nada que, é uma coisa assim, que existe sem existir. uma coisa que, às vezes, se sabe que tem, mas continua faltando.
então, ele ficou ainda mais chateado porque, era uma coisa tão sem graça aquele vazio que, chegava a dar sono. sono, preguiça e vontade de ficar dando risada o tempo todo. risada de tudo e de todos porque, coçava-se distraidamente.
foi então que, de tanto permanecer ali parado, a fitar o vazio, acabou sentindo saudade das coisas do sem-fim. não do avesso do fim. ou do sem pé nem cabeça. ou do avesso do avesso. mas, do sem-fim. foi por isso que ele ficou novamente chateado.
sem mais nem menos, saltou para esta linha abaixo, mudando de cor mais uma vez. decidido a colocar fim no começo ou, começo no fim pelo avesso sem avesso que, naquela história sem pé nem cabeça, o outro escritor que era o avesso daquele que escrevia, tascou um ponto final e pronto. basta!.
mas que coisa mais sem graça!. pensou o escritor falando ao mesmo tempo sem falar ou pensar em coisa alguma. decidido a pôr termo àquela história sem pé nem cabeça, virando-a pelo avesso do avesso, escreveu: aqui é o avesso do fim do começo que vai dar no começo do fim. analisou bem, leu, releu e concluiu:
“acho que ninguém vai entender”.
disse isso porque, ele mesmo, estava bastante confuso. também, não era pra menos. havia feito tanta confusão com a história que ela parecia não ter pé nem cabeça. parecia mais como se estivesse meio pelo avesso do avesso. sem o fim do começo. nem o começo do fim.
com as palavras mudando de cor e embolando-se pelo meio do meio da história que zangou-se com o escritor, ele desligou a lâmpada, vestiu o pijama, deitou-se e despertou para descobrir, finalmente que, estivera o tempo todo sonhando.
ou tendo pesadelo?.....
Fontes:
RUEDA, Mauro Gonçalves. Histórias sem pé nem cabeça (Inventando Coisas). São José do Rio Preto: ebookLibris. Coleção Joyceana, vol.6. 1999.
Imagem = http://www.overmundo.com.br/
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