CONSELHOS DE MÃE
Meu filho, a vida é dura e fere... e nos magoa...
mas, trata-a com respeito e guarda a dignidade.
Ainda que a alma inteira sem clemência doa,
não permitas que o mal altere o que é verdade!
Sonha bem alto e segue o voo do teu sonho
sem pressa de alcança-lo e tendo-o sempre à vista!
Cada dia que passa é um dia mais risonho,
quando o amanhã promete as glórias da conquista!
“Segura a mão de Deus!” Segue o rumo sem medo.
Os caminhos, verás, se abrirão à medida
que teu passo provar firmeza e, sem segredo,
revelar o sentido e o Ideal da tua vida!
Não temas opressões nem quedas. Persevera!
Se achares que ao final o saldo não convence,
reage, continua... a vida tens à espera!
Confia em teu valor! Trabalha! Luta! E vence!
DELIMITANDO SANTOS
Manhã de sol, luminosa,
Dourando as águas do mar...
Brisa mansa... onda morosa...
Um barquinho a balouçar...
Nesse barco pequenino,
Os sonhos do pescador
Compõem o próprio destino,
Vencendo frio e calor.
Ao fundo, o azul horizonte,
Ilha das Palmas! E alçado
À frente Itaipu no monte
E a Serra do Mar, ao lado.
Ao centro, a concha serena,
De tão sublimes encantos,
Guarda pérola pequena
E tão valiosa –Santos!
E essa concha de ternura,
Sempre cercada de flores,
Oferece a alma pura
Na gama de tantas cores!
De norte a sul, leste a oeste,
Há perfume de poesia,
De orquídeas de aroma agreste,
Mesclado de maresia.
No porto, grandes navios...
Nas praias, verdes jardins,
Palmeiras, troncos esguios
Das alturas sempre afins.
E o azul por cima de tudo!
No altar do Monte, a Padroeira,
Com seu olhar de veludo,
Abraça a cidade inteira!
Santos, o berço da História!
E de tão grandes poetas
Que honram a Pátria e a memória,
Traçando brilhantes metas!
Liberdade e Caridade
Santos traz no coração...
E em troca, levam Saudade
Os que de Santos se vão!
ESPERANÇA
Que falta faz a mão do “Poverello”,
mão chagada, que lembra o Salvador!
Mão que outras mãos unia, como um elo...
Elo de luz fraterna, elo de Amor!
Que falta faz o ardor do seu anelo,
quando tentava unir a um só Pastor
as ovelhas dispersas – sonho belo
que a vida se compraz em decompor!
E a vida o quanto vale?! – Um quase nada!
Por todo lado, há só gente empenhada
em fazer gente ser mais infeliz!
- Quem sabe ainda houvesse uma esperança,
se o mundo ouvisse a voz, humilde e mansa,
do bom Francisco... nosso Irmão de Assis!...
HOJE É UM DIA DE SOL!
Esquece a mágoa e a dor! Esquece a própria vida,
e esse afã de vivê-la, alheio aos seus porquês!
Hoje é um dia de sol! O amor é quem convida
para a festa triunfal, que é tua... e tu não vês!
Hoje é um dia de sol! Deixa a angústia esquecida!
Abre as janelas da alma... agora é tua vez!
Tão doce é a sensação de encontrar refletida
no brilho de um olhar a esperança em que crês!
Hoje é um dia de sol! Dia cheio de luz!
Tenta amar e sorrir... hás de ver como encanta
transformar em fulgor a sombra de uma cruz!
O céu faz-se aquarela! Às tintas do arrebol,
vão-se as nuvens embora... a natureza canta!
E canta o Amor com ela! – Hoje é um dia de sol!
NAUFRÁGIO
Neste oceano da vida, tumultuoso,
Lancei, cheio de sonhos, um barquinho.
E ele flutuou e deslizou airoso,
Vencendo os empecilhos do caminho!
Nos momentos difíceis, sem repouso,
Depressa ia ampará-lo o meu carinho
E ansiosa eu via, com secreto gozo,
Meus sonhos desafiando os torvelinhos!
E chegaste! E de pedra era tua alma!
De papel, o barquinho... e tenso e mudo,
Ficaste, quando o mar perdeu a calma!
Contra o recife, o barco soçobrou!
E os sonhos, sem guarida, ao fim de tudo,
Um a um, impiedoso, o mar levou!
O BEIJO DO HOMEM BOM
Eu era pequenina...eu era bem pequena...
três anos, nada mais... e o ver chegar sorrindo
aquele homem tão bom, de face alegre e amena,
aos seus braços corria! E com afeto infindo,
colava o rosto ao seu, na entrega pura e plena.
E aquele homem tão bom, o meu rosto cobrindo
de beijos, encantava a minha alma serena...
Era o sol de verão, que o céu fazia lindo!
E a Vilazinha triste, feia e tão modesta,
ganhava nova cor e animação de festa,
aureolada de luz e graças imprevistas!
O homem bom que, em criança, amigo me beijava,
era um grande Poeta, eu soube, e se chamava
Martins Fontes,“Tié-fogo” - orgulho dos santistas!
O IDEAL DE TIRADENTES
Sem ser fátuo ou falaz, tem permanência
o sonho que se apoia na bravura
e mostra o seu valor na persistência
com que defende, à luz, a ideia pura!
Há quantos anos vibra a Inconfidência
na emoção do Brasil! Sol que perdura!
E o nome -Tiradentes- na consciência
de gerações, se alenta de ternura!
O sonho libertário, esquartejado,
dos quatro cantos, ressurgiu mais forte!
E esse Ideal de Justiça, estrangulado,
ganhou força maior!... Força escondida
que não teme sequer carrasco e morte,
porque vale até mais que a própria vida!
REVERSO
Se um verso meu chegar onde tu estás, um dia,
Fácil de adivinhar, dirá tua vaidade:
- Ela pensa em mim, rimou, porque sentia
No coração o agudo espinho da saudade!
Não gosto de mentir, calar é mais seguro.
Não direi sim, nem não... e nem sequer, talvez!
Porém, ao ler meu verso, em troca, eu asseguro:
Tu pensarás em mim... ao menos, nessa vez!
TÃO PERTO... E TÃO LONGE...
Andaste bem pertinho de minha alma!
Tão perto, que cheguei a acreditar
Quem desta vez, alguém teria a palma,
De compreendê-la e dela se apossar!
Mas a aventura impôs-se em teu caminho,
Equívoca, a impelir-te em rumo incerto...
Partiste em busca de um banal carinho.
Restou a dor de um sonho mal desperto!
Chamei por ti!... E a brisa, com desgosto,
Murmurou confidente, ao meu ouvido:
- Esquece, tola, que eu te enxugo o rosto...
Deixa-o partir...o mais não tem sentido;
Se o adeus rouba o sorriso à tua boca,
A saudade e a ventura são rivais!
Deixa-o partir... Esquece... Esquece, louca!
Outro virá... e há de querer-te mais!
VELHO RIO...
Deslizas velho rio, amargo e silencioso,
A esconder, bem ao fundo, a injúria e a dor calada.
Cresceste manso, puro! E teu caudal piscoso
Refletia o esplendor da luz da madrugada!
Quantas milhas coleaste! Fértil, dadivoso,
Quantos lares supriste! E se a sede saciada
Afugentou a seca, esse fantasma odioso,
Tiveste, em paga injusta, a face maculada!
Hoje, segues tristonho... sujo... moribundo...
Tendo no seio o estigma e, na alma dolorida,
Toda a angústia de ser a lixeira do mundo!
Velho rio... depois de tanto desengano,
Entendo porque, enfim, protestas contra a vida
E afogas tua dor no abismo do oceano!
VILA DOS ANDRADAS
Nasci naquela vilazinha feia,
sem árvores nem flores nas calçadas.
Rua? Perdão se assim chamei-a,
era apenas a Vila dos Andradas.
Saí criança e não voltei. Lembrei-a,
saudosa das cirandas nas calçadas.
Foi lá, que eu aprendi que a lua cheia
era a Mansão dos Sonhos e das Fadas!
Não mais existe a minha velha Vila,
mas, pobre e triste, seu passado atesta
que nela havia luz que ainda cintila
a ultrapassar os sóbrios horizontes:
- Naquela Vila, plácida e modesta,
viveu, rimou o nosso Martins Fontes!
Meu filho, a vida é dura e fere... e nos magoa...
mas, trata-a com respeito e guarda a dignidade.
Ainda que a alma inteira sem clemência doa,
não permitas que o mal altere o que é verdade!
Sonha bem alto e segue o voo do teu sonho
sem pressa de alcança-lo e tendo-o sempre à vista!
Cada dia que passa é um dia mais risonho,
quando o amanhã promete as glórias da conquista!
“Segura a mão de Deus!” Segue o rumo sem medo.
Os caminhos, verás, se abrirão à medida
que teu passo provar firmeza e, sem segredo,
revelar o sentido e o Ideal da tua vida!
Não temas opressões nem quedas. Persevera!
Se achares que ao final o saldo não convence,
reage, continua... a vida tens à espera!
Confia em teu valor! Trabalha! Luta! E vence!
DELIMITANDO SANTOS
Manhã de sol, luminosa,
Dourando as águas do mar...
Brisa mansa... onda morosa...
Um barquinho a balouçar...
Nesse barco pequenino,
Os sonhos do pescador
Compõem o próprio destino,
Vencendo frio e calor.
Ao fundo, o azul horizonte,
Ilha das Palmas! E alçado
À frente Itaipu no monte
E a Serra do Mar, ao lado.
Ao centro, a concha serena,
De tão sublimes encantos,
Guarda pérola pequena
E tão valiosa –Santos!
E essa concha de ternura,
Sempre cercada de flores,
Oferece a alma pura
Na gama de tantas cores!
De norte a sul, leste a oeste,
Há perfume de poesia,
De orquídeas de aroma agreste,
Mesclado de maresia.
No porto, grandes navios...
Nas praias, verdes jardins,
Palmeiras, troncos esguios
Das alturas sempre afins.
E o azul por cima de tudo!
No altar do Monte, a Padroeira,
Com seu olhar de veludo,
Abraça a cidade inteira!
Santos, o berço da História!
E de tão grandes poetas
Que honram a Pátria e a memória,
Traçando brilhantes metas!
Liberdade e Caridade
Santos traz no coração...
E em troca, levam Saudade
Os que de Santos se vão!
ESPERANÇA
Que falta faz a mão do “Poverello”,
mão chagada, que lembra o Salvador!
Mão que outras mãos unia, como um elo...
Elo de luz fraterna, elo de Amor!
Que falta faz o ardor do seu anelo,
quando tentava unir a um só Pastor
as ovelhas dispersas – sonho belo
que a vida se compraz em decompor!
E a vida o quanto vale?! – Um quase nada!
Por todo lado, há só gente empenhada
em fazer gente ser mais infeliz!
- Quem sabe ainda houvesse uma esperança,
se o mundo ouvisse a voz, humilde e mansa,
do bom Francisco... nosso Irmão de Assis!...
HOJE É UM DIA DE SOL!
Esquece a mágoa e a dor! Esquece a própria vida,
e esse afã de vivê-la, alheio aos seus porquês!
Hoje é um dia de sol! O amor é quem convida
para a festa triunfal, que é tua... e tu não vês!
Hoje é um dia de sol! Deixa a angústia esquecida!
Abre as janelas da alma... agora é tua vez!
Tão doce é a sensação de encontrar refletida
no brilho de um olhar a esperança em que crês!
Hoje é um dia de sol! Dia cheio de luz!
Tenta amar e sorrir... hás de ver como encanta
transformar em fulgor a sombra de uma cruz!
O céu faz-se aquarela! Às tintas do arrebol,
vão-se as nuvens embora... a natureza canta!
E canta o Amor com ela! – Hoje é um dia de sol!
NAUFRÁGIO
Neste oceano da vida, tumultuoso,
Lancei, cheio de sonhos, um barquinho.
E ele flutuou e deslizou airoso,
Vencendo os empecilhos do caminho!
Nos momentos difíceis, sem repouso,
Depressa ia ampará-lo o meu carinho
E ansiosa eu via, com secreto gozo,
Meus sonhos desafiando os torvelinhos!
E chegaste! E de pedra era tua alma!
De papel, o barquinho... e tenso e mudo,
Ficaste, quando o mar perdeu a calma!
Contra o recife, o barco soçobrou!
E os sonhos, sem guarida, ao fim de tudo,
Um a um, impiedoso, o mar levou!
O BEIJO DO HOMEM BOM
Eu era pequenina...eu era bem pequena...
três anos, nada mais... e o ver chegar sorrindo
aquele homem tão bom, de face alegre e amena,
aos seus braços corria! E com afeto infindo,
colava o rosto ao seu, na entrega pura e plena.
E aquele homem tão bom, o meu rosto cobrindo
de beijos, encantava a minha alma serena...
Era o sol de verão, que o céu fazia lindo!
E a Vilazinha triste, feia e tão modesta,
ganhava nova cor e animação de festa,
aureolada de luz e graças imprevistas!
O homem bom que, em criança, amigo me beijava,
era um grande Poeta, eu soube, e se chamava
Martins Fontes,“Tié-fogo” - orgulho dos santistas!
O IDEAL DE TIRADENTES
Sem ser fátuo ou falaz, tem permanência
o sonho que se apoia na bravura
e mostra o seu valor na persistência
com que defende, à luz, a ideia pura!
Há quantos anos vibra a Inconfidência
na emoção do Brasil! Sol que perdura!
E o nome -Tiradentes- na consciência
de gerações, se alenta de ternura!
O sonho libertário, esquartejado,
dos quatro cantos, ressurgiu mais forte!
E esse Ideal de Justiça, estrangulado,
ganhou força maior!... Força escondida
que não teme sequer carrasco e morte,
porque vale até mais que a própria vida!
REVERSO
Se um verso meu chegar onde tu estás, um dia,
Fácil de adivinhar, dirá tua vaidade:
- Ela pensa em mim, rimou, porque sentia
No coração o agudo espinho da saudade!
Não gosto de mentir, calar é mais seguro.
Não direi sim, nem não... e nem sequer, talvez!
Porém, ao ler meu verso, em troca, eu asseguro:
Tu pensarás em mim... ao menos, nessa vez!
TÃO PERTO... E TÃO LONGE...
Andaste bem pertinho de minha alma!
Tão perto, que cheguei a acreditar
Quem desta vez, alguém teria a palma,
De compreendê-la e dela se apossar!
Mas a aventura impôs-se em teu caminho,
Equívoca, a impelir-te em rumo incerto...
Partiste em busca de um banal carinho.
Restou a dor de um sonho mal desperto!
Chamei por ti!... E a brisa, com desgosto,
Murmurou confidente, ao meu ouvido:
- Esquece, tola, que eu te enxugo o rosto...
Deixa-o partir...o mais não tem sentido;
Se o adeus rouba o sorriso à tua boca,
A saudade e a ventura são rivais!
Deixa-o partir... Esquece... Esquece, louca!
Outro virá... e há de querer-te mais!
VELHO RIO...
Deslizas velho rio, amargo e silencioso,
A esconder, bem ao fundo, a injúria e a dor calada.
Cresceste manso, puro! E teu caudal piscoso
Refletia o esplendor da luz da madrugada!
Quantas milhas coleaste! Fértil, dadivoso,
Quantos lares supriste! E se a sede saciada
Afugentou a seca, esse fantasma odioso,
Tiveste, em paga injusta, a face maculada!
Hoje, segues tristonho... sujo... moribundo...
Tendo no seio o estigma e, na alma dolorida,
Toda a angústia de ser a lixeira do mundo!
Velho rio... depois de tanto desengano,
Entendo porque, enfim, protestas contra a vida
E afogas tua dor no abismo do oceano!
VILA DOS ANDRADAS
Nasci naquela vilazinha feia,
sem árvores nem flores nas calçadas.
Rua? Perdão se assim chamei-a,
era apenas a Vila dos Andradas.
Saí criança e não voltei. Lembrei-a,
saudosa das cirandas nas calçadas.
Foi lá, que eu aprendi que a lua cheia
era a Mansão dos Sonhos e das Fadas!
Não mais existe a minha velha Vila,
mas, pobre e triste, seu passado atesta
que nela havia luz que ainda cintila
a ultrapassar os sóbrios horizontes:
- Naquela Vila, plácida e modesta,
viveu, rimou o nosso Martins Fontes!
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