Pedro é de Balneário Camboriú/SC |
FORÇA E PODER
Na força
o desprezo
pelo arco em aliança
tenho no poder
a força que utilizo
em proveito
aproveito o esplendor
e me destaco perante
inimigos baratos e frágeis
no desprezo
a força do arco
sem aliança
a vista turva o alcance
do poder transferido em pedaços.
ABARCAR
Abarco o todo
em naufrágios
menores de riachos
veios d'água
inundam imagens
(submersas)
- falamos sobre camisas, calças e roupas
de baixo: que sustentam camisas
e calças -
a revista imagem
sobre a pedra polida
em acolhidos abraços.
NADA
O início
da temporada
encerra
a expectativa
de que o ciclo
se renove
na permanência
da temporada
que conhecemos
nova.
A novidade nos desconforta
em haveres desconhecidos
até
termos certeza
de que o início
continua o nada.
TEMPOS
Sufoco a vontade
afogada em prantos
disfarço a hora
partida
apátrida reconheço no espaço
a companheira: não me instalo.
afogo minha vontade
disfarçada no silêncio
sufocado da espera.
RECUAR
Recuo: a canção amadora
ressoa em vão
onde o som definido
na canção?
Canção da terra amarrada
em giros: a queda do anjo
sobre o prédio iluminado
receio não encontrar a terra prometida
ao profeta. Na insolação do corpo
revejo arestas ásperas
e do prédio menor
despenco lembranças.
AMANHÃS
Chamado não me apresento
ausente me faço distante
no amanhã repetido
inconsciente o preso se dirige
ao murmúrio inaudível:
escolho a pílula com que deito
e sonho silêncios
irrefletidos
dos amanhãs
nauseabundos
das canções: ofuscadas
clareiras dormentes
nos adormecimentos.
NATURAL
Na natureza decomposta
a dor exposta
em espécies
abatidas
cortadas
decepadas
depenadas
destocadas na força dos tratores
matrizes dos progressos: o homem
traz na aproximação a visão incolor do lucro
e a subsistência dos excluídos se defronta
com a terra ressecada após as passagens
a recomposição do solo exala
a acidez perpetrada
nos tempos desnecessários
das farturas: o homem
esquece o inconsentido passado
em projetos futuros inexequíveis
onde se debatem mortes
e avanços ao fim do mundo.
EFÊMEROS
A preocupação
decorre da memória
esmaecida no passar das horas
em que somos repostos
repetidos
recuperados
e apagados
nas lembranças
os que ficam para depois
devem se preocupar
com os deuses
retirantes iniciais
da efemeridade.
FOGO
Repetição do fogo: labareda e chama
ao encontro da terra.
Sobre a grama ressecada crepita:
decrépito senhor do fogo.
Queima o horizonte poente
e se desdobra em cores: repete o fogo
e derrete a terra. Calcina o corpo.
ESPERAR
o prédio inacabado, a estrada bloqueada,
o tempo encoberto: a espera reduz
a vida
ao mistério.
Ansiar o momento aventurado
e se realizar no átimo
da conquista.
Rever o terreno descoberto, o caminho
desbravado, o espaço brilhante das manhãs
de inverno. A luminosidade destaca
a contrariedade com que faz da espera
o toque de saudade.
CHAMAS
Candelabros acesos
janela aberta à noite: estranhos sentimentos
cruzando espaços. Na terra úmida a estrada
se desfaz em passos. A chama trêmula
se oferece ao vento. O ar se rarefaz
consumido pelo fogo. Fechada a janela
oferece a paisagem interior.
AVISTAR
Avisto a terra
a mata
a tênue rede de fumaça
longe o barulho
multiplica a vida
(estou dentro do corpo,
tenso no desencontro. Estou
presente em mim mesmo).
QUEDAR
Assumo a responsabilidade
pela queda: os degraus
dobrados
aos pés
tropeçando.
O vento colocando o corpo
em descompasso
(dias concretados
em altares)
caio na leveza do traço
e invado a página; desço
os degraus e abaixo
reencontro o todo.
VISTAS
A estrada
automóveis
caminhões
morro recortado
no barulho da obra a nova
casa desconstruída no que contém
da paisagem
(Revisito os passos do homem
na caminhada: não habitualidade).
DÚVIDAS
Dúvida anteposta em verdades.
O rumor do elevado momento
na concretização do nada: mal feito
malfeitor.
Benefício e dúvida. A ordem artificializa
mundos inconstantes. Verdades ignoradas
em discursos. A mentira instila a dúvida
no descompasso.
PASSOS
Falo de passos cadenciados
na dança. Dos pares.
Digo do peso
das botas
desfilando
forças.
Evito a leveza em sapatilhas
de pés deformados na graça
entranhada em dores e saltos.
Conservo a imagem
singela da mulher
se fazendo eterna:
o descompasso
como tema.
Na força
o desprezo
pelo arco em aliança
tenho no poder
a força que utilizo
em proveito
aproveito o esplendor
e me destaco perante
inimigos baratos e frágeis
no desprezo
a força do arco
sem aliança
a vista turva o alcance
do poder transferido em pedaços.
ABARCAR
Abarco o todo
em naufrágios
menores de riachos
veios d'água
inundam imagens
(submersas)
- falamos sobre camisas, calças e roupas
de baixo: que sustentam camisas
e calças -
a revista imagem
sobre a pedra polida
em acolhidos abraços.
NADA
O início
da temporada
encerra
a expectativa
de que o ciclo
se renove
na permanência
da temporada
que conhecemos
nova.
A novidade nos desconforta
em haveres desconhecidos
até
termos certeza
de que o início
continua o nada.
TEMPOS
Sufoco a vontade
afogada em prantos
disfarço a hora
partida
apátrida reconheço no espaço
a companheira: não me instalo.
afogo minha vontade
disfarçada no silêncio
sufocado da espera.
RECUAR
Recuo: a canção amadora
ressoa em vão
onde o som definido
na canção?
Canção da terra amarrada
em giros: a queda do anjo
sobre o prédio iluminado
receio não encontrar a terra prometida
ao profeta. Na insolação do corpo
revejo arestas ásperas
e do prédio menor
despenco lembranças.
AMANHÃS
Chamado não me apresento
ausente me faço distante
no amanhã repetido
inconsciente o preso se dirige
ao murmúrio inaudível:
escolho a pílula com que deito
e sonho silêncios
irrefletidos
dos amanhãs
nauseabundos
das canções: ofuscadas
clareiras dormentes
nos adormecimentos.
NATURAL
Na natureza decomposta
a dor exposta
em espécies
abatidas
cortadas
decepadas
depenadas
destocadas na força dos tratores
matrizes dos progressos: o homem
traz na aproximação a visão incolor do lucro
e a subsistência dos excluídos se defronta
com a terra ressecada após as passagens
a recomposição do solo exala
a acidez perpetrada
nos tempos desnecessários
das farturas: o homem
esquece o inconsentido passado
em projetos futuros inexequíveis
onde se debatem mortes
e avanços ao fim do mundo.
EFÊMEROS
A preocupação
decorre da memória
esmaecida no passar das horas
em que somos repostos
repetidos
recuperados
e apagados
nas lembranças
os que ficam para depois
devem se preocupar
com os deuses
retirantes iniciais
da efemeridade.
FOGO
Repetição do fogo: labareda e chama
ao encontro da terra.
Sobre a grama ressecada crepita:
decrépito senhor do fogo.
Queima o horizonte poente
e se desdobra em cores: repete o fogo
e derrete a terra. Calcina o corpo.
ESPERAR
o prédio inacabado, a estrada bloqueada,
o tempo encoberto: a espera reduz
a vida
ao mistério.
Ansiar o momento aventurado
e se realizar no átimo
da conquista.
Rever o terreno descoberto, o caminho
desbravado, o espaço brilhante das manhãs
de inverno. A luminosidade destaca
a contrariedade com que faz da espera
o toque de saudade.
CHAMAS
Candelabros acesos
janela aberta à noite: estranhos sentimentos
cruzando espaços. Na terra úmida a estrada
se desfaz em passos. A chama trêmula
se oferece ao vento. O ar se rarefaz
consumido pelo fogo. Fechada a janela
oferece a paisagem interior.
AVISTAR
Avisto a terra
a mata
a tênue rede de fumaça
longe o barulho
multiplica a vida
(estou dentro do corpo,
tenso no desencontro. Estou
presente em mim mesmo).
QUEDAR
Assumo a responsabilidade
pela queda: os degraus
dobrados
aos pés
tropeçando.
O vento colocando o corpo
em descompasso
(dias concretados
em altares)
caio na leveza do traço
e invado a página; desço
os degraus e abaixo
reencontro o todo.
VISTAS
A estrada
automóveis
caminhões
morro recortado
no barulho da obra a nova
casa desconstruída no que contém
da paisagem
(Revisito os passos do homem
na caminhada: não habitualidade).
DÚVIDAS
Dúvida anteposta em verdades.
O rumor do elevado momento
na concretização do nada: mal feito
malfeitor.
Benefício e dúvida. A ordem artificializa
mundos inconstantes. Verdades ignoradas
em discursos. A mentira instila a dúvida
no descompasso.
PASSOS
Falo de passos cadenciados
na dança. Dos pares.
Digo do peso
das botas
desfilando
forças.
Evito a leveza em sapatilhas
de pés deformados na graça
entranhada em dores e saltos.
Conservo a imagem
singela da mulher
se fazendo eterna:
o descompasso
como tema.
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