O cervo conseguiu escapar à fúria de seus perseguidores e meteu-se na selva. Acteão talvez tivesse tido pena dele. Chamara de volta seus terríveis cães. Descansassem um pouco. Havia tempo de sobra. O dia mal começava.
O caçador avistara uns corpos nus à beira do rio. E tratou de impor silêncio. Nada de gritos, nem latidos, nem gemidos.
Agachado atrás de moitas, pôs-se a espiar as banhistas. Todas muito belas, cheias de curvas, dengosas. Sim, Diana e suas ninfas, em total nudez.
Os cães farejavam o chão, imunes a qualquer volúpia. Que o caçador satisfizesse seus mais caros desejos.
Acteão só via os corpos nus em contorções sensuais. Seus olhos pareciam poucos e pequenos para tanta beleza. Nada existia além daquele pedaço de rio. Nem cervos, nem cães. E muito menos serpentes.
Havia, porém, uma serpente à sua volta. E escorregava pelo chão, maliciosa.
Um cão ladrou e correu para o réptil. Irritado, Acteão apanhou uma pedra e, de olho no rio, quis calar o animal. No entanto a rocha atingiu a cobra, que fugiu.
Diana e as ninfas apenas se banhavam, como se no mundo não existissem caçadores, cães e serpentes. E parlavam, riam e se faziam mais belas.
Havia, porém, outra serpente a dois passos de Acteão. E outro cão ladrou.
Furioso, o caçador de cervos atirou outra pedra contra o latido inoportuno. E, como da vez anterior, houve erro de pontaria.
No rio, as águas banhavam ainda as formosas fêmeas. E o lascivo Acteão gemia de prazer.
A terceira serpente apareceu. Terceiro latido, terceira pedrada.
A mesma cena repetiu-se pela quinta, sexta ou sétima vez. E os cães perderam a paciência. Aquele maldito Acteão ia terminar picado e morto. E adeus cervos.
Um dos cães propôs deixarem o caçador à mercê das cobras. Não, não podiam trair o amo. Apesar das pedradas que haviam recebido.
Outro sugeriu o mais difícil: falariam a Acteão da existência de serpentes naquele local. Falariam, em vez de latir.
Não, os deuses jamais dariam voz humana aos cães.
E se pedissem ajuda a Diana?
Acteão ouviu os sussurros caninos. Aqueles malditos cães só serviam para estragar prazeres.
E atirou-lhes mais pedras.
Nota: Naquele mesmo dia (ou noutro), Diana surpreendeu Acteão detrás das moitas e o transformou em cervo. Ato contínuo, os cães o devoraram.
O caçador avistara uns corpos nus à beira do rio. E tratou de impor silêncio. Nada de gritos, nem latidos, nem gemidos.
Agachado atrás de moitas, pôs-se a espiar as banhistas. Todas muito belas, cheias de curvas, dengosas. Sim, Diana e suas ninfas, em total nudez.
Os cães farejavam o chão, imunes a qualquer volúpia. Que o caçador satisfizesse seus mais caros desejos.
Acteão só via os corpos nus em contorções sensuais. Seus olhos pareciam poucos e pequenos para tanta beleza. Nada existia além daquele pedaço de rio. Nem cervos, nem cães. E muito menos serpentes.
Havia, porém, uma serpente à sua volta. E escorregava pelo chão, maliciosa.
Um cão ladrou e correu para o réptil. Irritado, Acteão apanhou uma pedra e, de olho no rio, quis calar o animal. No entanto a rocha atingiu a cobra, que fugiu.
Diana e as ninfas apenas se banhavam, como se no mundo não existissem caçadores, cães e serpentes. E parlavam, riam e se faziam mais belas.
Havia, porém, outra serpente a dois passos de Acteão. E outro cão ladrou.
Furioso, o caçador de cervos atirou outra pedra contra o latido inoportuno. E, como da vez anterior, houve erro de pontaria.
No rio, as águas banhavam ainda as formosas fêmeas. E o lascivo Acteão gemia de prazer.
A terceira serpente apareceu. Terceiro latido, terceira pedrada.
A mesma cena repetiu-se pela quinta, sexta ou sétima vez. E os cães perderam a paciência. Aquele maldito Acteão ia terminar picado e morto. E adeus cervos.
Um dos cães propôs deixarem o caçador à mercê das cobras. Não, não podiam trair o amo. Apesar das pedradas que haviam recebido.
Outro sugeriu o mais difícil: falariam a Acteão da existência de serpentes naquele local. Falariam, em vez de latir.
Não, os deuses jamais dariam voz humana aos cães.
E se pedissem ajuda a Diana?
Acteão ouviu os sussurros caninos. Aqueles malditos cães só serviam para estragar prazeres.
E atirou-lhes mais pedras.
Nota: Naquele mesmo dia (ou noutro), Diana surpreendeu Acteão detrás das moitas e o transformou em cervo. Ato contínuo, os cães o devoraram.
Fonte:
MACIEL, Nilto. As insolentes patas do cão. São Paulo: Scortecci, 1991.
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