Há muito, muito tempo em uma terra distante, vivia um jovem camponês em sua pobre choupana. Um dia, enquanto colhia algumas parcas verduras na terra cansada de sua fazenda, uma brilhante garça branca veio descendo e caiu no chão a seus pés. O homem percebeu uma flecha perfurando uma de suas asas. Com pena da garça, ele puxou a flecha e limpou o ferimento cuidando pacientemente da ave. Graças aos seus cuidados, o pássaro logo foi capaz de voar novamente. O jovem então soltou a garça de volta para o céu, dizendo: “Tenha cuidado a partir de agora com caçadores”. O belo pássaro circulou voando três vezes sobre a cabeça do jovem, soltou um grito, como em agradecimento, e depois voou para longe.
Alguns tempo depois, ele foi surpreendido pela visão de uma bela mulher a quem ele nunca tinha visto antes em pé na soleira da porta de sua casa, que pediu que lhe desse abrigo por uma noite. O camponês, por ser bom, não negaria esta caridade a qualquer pessoa, mas a beleza da mulher fez com que ele acreditasse que deixá-la dormir em sua pobre cabana era realmente uma honra. Atraídos um pelo outro, apaixonaram-se. “Eu serei sua esposa”, disse a mulher. O jovem ficou surpreso e com medo de sua situação precária, disse: “Eu sou muito pobre, e não poderei sustentá-la.” A bela mulher respondeu, apontando para um pequeno saco, “Não se preocupe, temos muito arroz”, e começou a preparar o jantar. O jovem ficou confuso, mas feliz, os dois começaram uma nova vida juntos. E o saco de arroz, misteriosamente, manteve-se sempre cheio.
A noiva era delicada, atenciosa e tinha tanta disposição para o trabalho quanto era bonita, e assim eles viviam muito felizes. Mas o camponês, que já tinha muita dificuldade em viver sozinho, ficou muito preocupado em não conseguir cobrir as despesas de sua nova vida de casado.
Percebendo sua preocupação, a esposa perguntou ao jovem se poderia construir-lhe um quarto de tecelagem, disse ao marido que produziria um tecido especial (tecer era um trabalho comum para as mulheres nessa época). Ele poderia vendê-lo para ganhar dinheiro, mas ela alertou que precisaria fazer seu trabalho em segredo, e que ninguém, nem mesmo ele, seu marido, poderia vê-la tecer.
O homem construiu outra pequena cabana nos fundos de sua casa, e quando ficou pronto, ela disse: “Você tem que prometer nunca espreitar-me.” Com isso, ela se trancou no quarto. Lá, ela trabalhou durante dias, e o jovem pacientemente esperou.
O marido só ouvia o som do tear batendo, e a curiosidade e a saudade que tinha de sua bela mulher fazia com que estes dias demorassem muito para passar. Finalmente, depois de três dias, o som do tear parou e sua esposa saiu segurando nas mãos o mais belo tecido que ele já tinha visto. Era um tecido de textura delicada, brilhante e com desenhos exóticos. A tecelã lhe deu o nome de “mil penas de Tsuru”. “Leve este pano para o mercado que será vendido por um preço alto”, disse a esposa. No dia seguinte, ele levou o rico fardo para a cidade. Os comerciantes ficaram surpreendidos com a beleza do tecido e lutaram entre si para consegui-lo. E, assim como ela disse, foi vendido por muitas moedas de ouro. O pobre homem não podia acreditar que tão de repente a sorte começasse a lhe sorrir. Feliz, ele voltou para casa.
A partir de então, a esposa passou a trabalhar no valioso tecido muitas outras vezes. O casal podia, com o fruto das vendas, viver em conforto. A mulher, porém, tornava-se dia após dia mais magra. Um dia, ela disse que não poderia tecer por um bom tempo. Ela estava muito cansada. Seus ossos lhe doíam e a fraqueza quase a impedia de ficar em pé. O camponês a amava muito e acreditava naquilo que ela dizia, porém, tinha experimentado a cobiça e, como havia contraído algumas dívidas na cidade, pediu para que ela tecesse somente por mais uma vez. A princípio ela não aceitou, mas perante a insistência do marido, cedeu e começou a tecer novamente.
Desta vez, ela não saiu no terceiro dia como era de costume. E o homem ficou preocupado. Mais três dias se passaram sem que ela aparecesse. E isso começou a deixar o marido desesperado. No sétimo dia, sem saber mais o que fazer, ele quebrou sua promessa, espiando o serviço de tecelagem que ela fazia dentro do quarto.
Para sua grande surpresa, não era sua mulher quem estava tecendo. Arqueada sobre o tear, encontrava-se uma garça, muito parecida com aquela que o camponês havia curado, arrancando suas próprias penas para tecer. O jovem homem sentiu-se arrasado, culpando-se pelo que poderia ter acontecido com sua amada esposa. Amaldiçoava-se por ter sido insaciável e praticamente tê-la obrigado a tecer mais uma vez.
O pássaro então notou o jovem a espreitar-lhe e disse: “Eu sou a garça que você salvou. Eu queria recompensá-lo, por isso tornei-me sua esposa, mas agora que você viu minha verdadeira forma eu não posso ficar aqui por mais tempo.” Então, com as mãos tremulas entregou-lhe o tecido acabado, e com a voz embargada ela disse: “Deixo-vos isto para que se lembre de mim.” Assim dizendo, ela se transformou em uma garça e voou, deixando o camponês com lágrimas nos olhos vê-la desaparecer no horizonte.
Fonte:
Alguns tempo depois, ele foi surpreendido pela visão de uma bela mulher a quem ele nunca tinha visto antes em pé na soleira da porta de sua casa, que pediu que lhe desse abrigo por uma noite. O camponês, por ser bom, não negaria esta caridade a qualquer pessoa, mas a beleza da mulher fez com que ele acreditasse que deixá-la dormir em sua pobre cabana era realmente uma honra. Atraídos um pelo outro, apaixonaram-se. “Eu serei sua esposa”, disse a mulher. O jovem ficou surpreso e com medo de sua situação precária, disse: “Eu sou muito pobre, e não poderei sustentá-la.” A bela mulher respondeu, apontando para um pequeno saco, “Não se preocupe, temos muito arroz”, e começou a preparar o jantar. O jovem ficou confuso, mas feliz, os dois começaram uma nova vida juntos. E o saco de arroz, misteriosamente, manteve-se sempre cheio.
A noiva era delicada, atenciosa e tinha tanta disposição para o trabalho quanto era bonita, e assim eles viviam muito felizes. Mas o camponês, que já tinha muita dificuldade em viver sozinho, ficou muito preocupado em não conseguir cobrir as despesas de sua nova vida de casado.
Percebendo sua preocupação, a esposa perguntou ao jovem se poderia construir-lhe um quarto de tecelagem, disse ao marido que produziria um tecido especial (tecer era um trabalho comum para as mulheres nessa época). Ele poderia vendê-lo para ganhar dinheiro, mas ela alertou que precisaria fazer seu trabalho em segredo, e que ninguém, nem mesmo ele, seu marido, poderia vê-la tecer.
O homem construiu outra pequena cabana nos fundos de sua casa, e quando ficou pronto, ela disse: “Você tem que prometer nunca espreitar-me.” Com isso, ela se trancou no quarto. Lá, ela trabalhou durante dias, e o jovem pacientemente esperou.
O marido só ouvia o som do tear batendo, e a curiosidade e a saudade que tinha de sua bela mulher fazia com que estes dias demorassem muito para passar. Finalmente, depois de três dias, o som do tear parou e sua esposa saiu segurando nas mãos o mais belo tecido que ele já tinha visto. Era um tecido de textura delicada, brilhante e com desenhos exóticos. A tecelã lhe deu o nome de “mil penas de Tsuru”. “Leve este pano para o mercado que será vendido por um preço alto”, disse a esposa. No dia seguinte, ele levou o rico fardo para a cidade. Os comerciantes ficaram surpreendidos com a beleza do tecido e lutaram entre si para consegui-lo. E, assim como ela disse, foi vendido por muitas moedas de ouro. O pobre homem não podia acreditar que tão de repente a sorte começasse a lhe sorrir. Feliz, ele voltou para casa.
A partir de então, a esposa passou a trabalhar no valioso tecido muitas outras vezes. O casal podia, com o fruto das vendas, viver em conforto. A mulher, porém, tornava-se dia após dia mais magra. Um dia, ela disse que não poderia tecer por um bom tempo. Ela estava muito cansada. Seus ossos lhe doíam e a fraqueza quase a impedia de ficar em pé. O camponês a amava muito e acreditava naquilo que ela dizia, porém, tinha experimentado a cobiça e, como havia contraído algumas dívidas na cidade, pediu para que ela tecesse somente por mais uma vez. A princípio ela não aceitou, mas perante a insistência do marido, cedeu e começou a tecer novamente.
Desta vez, ela não saiu no terceiro dia como era de costume. E o homem ficou preocupado. Mais três dias se passaram sem que ela aparecesse. E isso começou a deixar o marido desesperado. No sétimo dia, sem saber mais o que fazer, ele quebrou sua promessa, espiando o serviço de tecelagem que ela fazia dentro do quarto.
Para sua grande surpresa, não era sua mulher quem estava tecendo. Arqueada sobre o tear, encontrava-se uma garça, muito parecida com aquela que o camponês havia curado, arrancando suas próprias penas para tecer. O jovem homem sentiu-se arrasado, culpando-se pelo que poderia ter acontecido com sua amada esposa. Amaldiçoava-se por ter sido insaciável e praticamente tê-la obrigado a tecer mais uma vez.
O pássaro então notou o jovem a espreitar-lhe e disse: “Eu sou a garça que você salvou. Eu queria recompensá-lo, por isso tornei-me sua esposa, mas agora que você viu minha verdadeira forma eu não posso ficar aqui por mais tempo.” Então, com as mãos tremulas entregou-lhe o tecido acabado, e com a voz embargada ela disse: “Deixo-vos isto para que se lembre de mim.” Assim dizendo, ela se transformou em uma garça e voou, deixando o camponês com lágrimas nos olhos vê-la desaparecer no horizonte.
Fonte:
Livro: Myths and legends of ancient Japan in Caçadores de Lendas
Nenhum comentário:
Postar um comentário