segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Vereda da Poesia = 117 =


Trova de
VICTOR BATISTA
Barreiro/Portugal

Um pescador de talento
é quem espera e confia,
tirar do mar o sustento
no nascer de cada dia
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Poema de
VIVI VIANA
Natal/RN

Paixão
 
Penso em ti…
Sonhos e medos atormentam meu ser
sofro a condenação por te querer
choro, gosto, quero, não quero…
E assim vive minha pobre alma
tentando desvendar
o livro do teu ser.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

A saudade não me poupa,
desenhando, fio a fio,
o perfil da tua roupa
no guarda-roupa vazio...
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Soneto de
DOROTHY JANSSON MORETTI
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Cadeira de Balanço

“Tanto luar assim…?! Só pode ser engano”
Miguel Russowsky (1923 – 2009)

Ao suave balanço da cadeira,
ao clarão do luar, em meu recanto,
o sonho, de investida sorrateira,
me envolve com seu místico acalanto.

Se a lua é mentirosa ou verdadeira,
não importa; eu me entrego ao seu encanto.
(A vida é tortuosa e passageira,
mas eu aceito em paz meu tanto-ou-quanto).

Rebrilha a lua, a cadeira balança,
e eu, galopando ao dorso da lembrança,
revivo a minha saga, ano por ano.

E enfim, de volta à cena que me inspira,
tudo parece uma grande mentira…
Até o luar, também…. parece engano!
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Trova de
PAULO ROBERTO WALBACH PRESTES
Curitiba/PR, 1945 – 2021

O refúgio que eu habito
para mim é tão sagrado:
é minha alma, eu acredito,
o meu lar ensolarado.
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Poema de
AUGUSTO MACÊDO
Santana do Matos/RN

Saudade é uma Ficção…

Chegaram a conclusão
que o cientista não mente,
está provado realmente:
Saudade é uma ficção.
Já existe outra versão
disse um grande pensador
que a saudade é uma dor
que a gente sente doer,
é oculta e ninguém “ver”
não tem perfume, nem cor!
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Trova Popular

Não me tentes com fortuna
para contigo casar:
eu prefiro mais que tenha
coração para me dar...
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Dobradinha poética (trova e soneto) de
LUCÍLIA ALZIRA TRINDADE DECARLI
Bandeirantes/PR

Destino Traçado

O tempo, que foi traçando
os caminhos teus e meus
viu o amor ressuscitando:
– predestinação de Deus!…

Enamorados, lado a lado, um dia,
nós dois felizes, pelo amor ligados…
Passou-se o tempo e veio a nostalgia
quando a distância pôs-nos separados.

Mas no destino escrito, todavia,
pudemos ler depois, quase assustados,
que uma saudade nunca se esvazia
sem que os anseios sejam debelados.

E, assim, tal qual ovelha que, ferida,
tem no pastor a mão compadecida,
ou passarinho procurando a flor…

Qual negra noite em busca do luar,
águas fluviais, unidas pelo mar:
somos nós dois… vencidos pelo amor!
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Trova de
DÁGUIMA VERÔNICA
Santa Juliana/MG

Tomou nocivo caminho
a convivência no lar;
outrora, amor e carinho...
Hoje o foco é o celular!
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Poema de
HÉLIO PELLEGRINO
Belo Horizonte/MG (1924 – 1988)

“Menino de Marfim”

A doença devastou teu corpo
roeu tua carne
sacudiu teus ossos

A doença fustigou tua figura
secou teus músculos
expurgou tua forma

Ficaste a cada dia menor
como um pássaro na grande chuva
como um pobre animal tosado

Até que a morte
– acabamento e fim -
de ti extraiu tua essência:
um pequenino –   apaziguado –
menino de marfim.
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP

"Depois do jantar, o mate",
diz, ao filho, o anfitrião.
Foge, ao perigo, o mascate.
Foi... sem tomar chimarrão!…
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Soneto de 
CELITO MEDEIROS
Curitiba/PR

Um Soneto para Machado de Assis
(O primeiro e o último verso são frases de Machado de Assis)

Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura
Onde está a sua origem e fonte de vida?
Não vejo solução nesta minha amargura
Nenhum remédio para curar esta ferida

Tenho lutado para obter minhas vitórias
Sair do lamaçal que prende os humanos
Entender a filosofia perpetuando glórias
Com a liberdade do saber destes fulanos

É como o caranguejo fora do mangue
Não acreditar viver além desta malha
Onde é formada a verdadeira falange

Manter minha honra não é uma falha
Sair do jogo, esvaindo-se em sangue
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
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Trova de
MARIA LÚCIA DALOCE
Bandeirantes/PR

Em meus rascunhos guardados,
não há mistérios… Porque
nos versos que são lavrados
o tema é sempre… você!
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Poema de
DORIVAL C. FERNANDES
Pontal do Paraná/PR

Quero

Quero que o seu dia seja
suave como a brisa matutina…
Todas as vezes, sempre calma e contínua.

Que o Sol tenha o calor
dos corpos que se desejam e amam…
Todas as vezes, sempre com muito amor.

Quero que a brisa afague você
num abraço envolvente “caliente”…
Todas as vezes, sempre com o meu querer.

Quero porque quero, um momento nosso
cheio de ternura, paixão e candura…
E por todo sempre porque é amor.
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Trova Funerária Cigana

Ao levantar tua campa,
tua imagem esperei.
Foi ilusão do desejo,
só teus ossos encontrei.
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Soneto de 
ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
Ouro Preto/MG, 1870 – 1921, Mariana/MG

Soneto do silêncio

Fantástico silêncio! Nele existe
um clarão momentâneo: e tudo dorme.
Ai! que a noite irreal, cega e disforme,
ainda o faz mais pungente e amargo e triste!

Fantástico silêncio moribundo
aos meus olhos aceso como velas
que iluminassem becos e vielas
pelas cidades pálidas do mundo...

Lá o vejo pender, fruto caído,
lá o vejo soprar contra muralhas
e recobrir — silêncio envelhecido —

o que a noite ocultou, e está perdido...
Lá o vejo oscilar nas cordoalhas
de algum veleiro desaparecido.
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Trova de
FERNANDO VASCONCELOS
Diamantina/MG  [1937 -2010] Ponta Grossa/PR

Registrando alguma ausência,
contabilidade ingrata,
nosso amor pediu falência,
desistiu da concordata!
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Poema de 
APOLLO TABORDA FRANÇA
Curitiba/PR, 1926 – 2017

Um “Flash” Sertanejo

Pelos confins do sertão,
vive lá Zé Seresteiro...
Sempre com viola na mão:
- Perto um riacho e um pinheiro.
Seu rancho feito de palha,
o chão de terra batida...
Nele Zé bem se agasalha:
- No roçado a sua lida.

Beldades da Redondeza
faziam coro com Zé...
Ambiente de singeleza:
no terreiro um garnisé.
E do grupo a mais catita
que do Zé tinha atenção...
A lindeza da Zurita:
- lábios da cor do tição.

Faces lisas, cor-de-rosa,
os olhos verdes dos campos...
Zurita, a mais formosa:
- Lua cheia, pirilampos.
Se passarem muitas tardes,
Zé casou com a Zurita...
Petizada, seus alardes:
- Choupana toda de fita.

Zurita e Zé Seresteiro
levam a vida dourada...
Horta, feijão no celeiro:
- Cada noite nova toada.
Pelos ermos, pela mata,
o chilrear dos passarinhos...
Um sussurro se desata:
- Nas veredas, nos caminhos.

Tem coruja na vivência,
pica-pau e saracura...
João-de-barro, eficiência:
Quero-quero, com fartura.
Essa a vida sertaneja,
nos rincões do Paraná...
Tamanha beleza enseja:
- Se há outra, qual será?

Zurita e Zé Seresteiro,
um casal bem ajustado...
Juntinhos o dia inteiro:
- Ó que amor tão sublimado!
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Trova de
OLYMPIO DA CRUZ S. COUTINHO
Belo Horizonte/MG

Nas noites claras de lua,
no desenho da calçada, 
vejo a silhueta tua
à minha sombra abraçada.
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Soneto do
Príncipe dos Poetas Piracicabanos 
LINO VITTI
Piracicaba/SP, 1920 – 2016

A Meu Pai

Lado a lado, meu pai, nas andanças da vida,
mãos dadas com carinho e com grandioso amor,
umas vezes a estrada é uma senda florida,
muitas outras, porém tem espinhos e dor.

Em você, caro pai, encontrei nesta lida
mil sonhos a cumprir, de luz um resplendor,
A todos conduziu, com nossa mãe querida,
a um porto bem seguro, a um porto salvador.

Que a idade não lhe seja um peso doloroso,
antes uma alegria, anseio realizado,
uma vitória em meio a este mar proceloso.

Eu lhe desejo, pai, tão extremoso e amado
que o proteja o bom Deus que é grande e poderoso,
que o conserve, feliz, por muito ao nosso lado.
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Trova da Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Guarda sempre esta mensagem
da própria vida que diz:
- É feliz, quem tem coragem
de acreditar que é feliz!
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Hino de 
Nova Friburgo/RJ

Friburguenses, cantemos o dia
Que surgindo glorioso hoje vem,
Nesta plaga onde o amor e a poesia
São como as flores nativas também
Escutando os rumores da brisa,
Refletindo esse céu todo azul,
O Bengalas sereno desliza
Sob o olhar do Cruzeiro do Sul.

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.

Do suspiro na fonte saudosa,
Há três almas que gemem de dor,
Repetindo esta prece maviosa
Da saudade, do ciúme e do amor
Estas serras de enorme estatura,
Alcançando das nuvens o véu,
São degraus colocados na altura,
São escadas que vão para o céu.

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.

Coroemos de versos e flores
A Princesa dos Órgãos, gentil,
Embalada em seus sonhos de amores
Das aragens ao canto sutil.
Em teu seio de paz e bonança,
Sono eterno queremos dormir,
Doce anelo de nossa esperança,
Esperança de nosso porvir!

Estribilho

Salve, brenhas do Morro Queimado,
Que os suiços ousaram varar,
Pois que um século agora é passado,
Vale a pena esse tempo lembrar.
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Trova Humorística de 
RENATA PACCOLA
São Paulo/SP

A garota calculista
procura o pastor metódico
e pede um desconto à vista
no “dízimo periódico”!
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Soneto de 
EMILIANO PERNETA 
Pinhais/PR, 1866 — 1921, Curitiba/PR

Soneto do sangue

Nada pode igualar o meu destino agora
Que o furor me feriu com um tirso de marfim,
Vede, não me contenho, o abutre me devora,
Com as suas mãos que são de nácar e jasmim...

Meu sangue flui, meu sangue ri, meu sangue chora,
E se derrama como o vinho dum festim.
Não há frauta que toque mais desoladora.
Ninguém o vê correr, mas ele não tem fim.

Possuísse, ao menos, eu, o dom de transformá-la
Numa folha, no aloés, no vento frio, do mar,
Ela que inda é mais fria e branca do que a opala...

Mas nada, nem sequer ao menos, eu, torcido
O tronco nu, o gesto doido, o pé no ar,
Hei de ver Salomé dançar como São Guido!
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Trova de 
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

És tão frágil, ilusão!
Moldada em vãs esperanças
e sonhos em profusão…
E ao fim, te esvais em lembranças…
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Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

O velho e os três mancebos

Plantava certo velho de oitenta anos.
«Plantar!» — diziam certos mancebinhos
Vizinhos e bairristas.
«Plantar!... Edificar tinha seu passe.
Por certo caducais. Ora, vos peço
Pelos numes do Olimpo,
Que fruto ideais colher desse trabalho?
Menos que envelheçais como Matusalém.
Que vai cargar a vida
Com o empenho dum porvir que há de escapar-vos?
Doravante cuidai nas vossas culpas;
Deixai esperanças longas,
Vasto assunto que a nós convém somente.
— Tão pouco a vós: que quanto estabelecemos,
Vem tarde, e pouco dura.
Zomba igualmente a mão das fuscas Parcas
Dos meus, dos vossos dias. Na curteza
Vão iguais nossos termos.
E qual de nós, da abóbada estelífera,
Verá último a luz? Há um momento
Que nos dê por seguro
Um segundo de vida? Os meus bisnetos
Dever-me-ão esta sombra. E bem? Ao sábio.
Tolhereis vós desvelos,
Que aos outros deem prazer? Fruto é, que eu logro
Já desde hoje e amanhã, e ainda outros dias
Talvez que ainda o goze,
E que inda, sobre as vossas campas, possa
Algumas vezes vir saudar a aurora.
Razão o velho tinha:
Que um dos três moços se afogou no porto,
Partindo para a América: o segundo,
Armando aos grandes postos,
Servindo o Estado, em marciais empregos,
Golpe imprevisto lhe cortou o estame
Dos dias seus; e o último,
Caiu do tronco em que enxertava um garfo.

Chorando, o velho lhes gravou nas campas
O que eu aqui vos conto.

Dicas de Escrita (Como escrever uma história de mistério) – Parte 2

texto por Lucy V. Hay
DESENVOLVENDO SUA PERSONAGEM PRINCIPAL E ESBOÇANDO A HISTÓRIA 

1. Crie o detetive
Sua personagem principal também pode ser um cidadão comum ou o espectador inocente de um crime que se envolve na solução do mistério. Faça um brainstorm de detalhes específicos do seu protagonista, incluindo:

O tamanho e o formato do corpo, a cor do cabelo e dos olhos e quaisquer outras características físicas. 

Por exemplo, você poderá ter uma personagem principal feminina baixinha e com cabelo escuro, óculos e olhos verdes, ou pode querer um detetive mais típico: alto, com o cabelo penteado para trás e a barba por fazer.

Roupas: o vestuário da sua personagem não vai só criar uma imagem mais detalhada para o leitor, mas também pode indicar em que período de tempo sua história se passa. 

Por exemplo, se a personagem principal usa uma armadura pesada e um elmo com um timbre, o leitor perceberá que a narrativa se passa na época medieval. Caso o protagonista use uma blusa com capuz, calça jeans e uma mochila, seus leitores saberão que a história provavelmente se passa na era contemporânea.

O que torna a personagem principal única: é importante criar um protagonista que se destaque para o leitor e que pareça ser cativante o suficiente para sustentar várias páginas em uma história ou romance.

Pense sobre o que a personagem gosta ou não gosta. Talvez sua detetive feminina seja tímida e desajeitada em festas, e tenha uma paixão secreta por répteis. Ou talvez o investigador seja um completo tolo e não se considere esperto ou forte. Concentre-se em detalhes que ajudarão a criar uma personagem principal única e não tenha medo de usar aspectos da sua vida pessoal ou das suas próprias preferências e gostos.

2. Determine o ambiente
Coloque a história em um cenário que você conheça bem, como sua cidade natal ou sua escola, ou faça uma pesquisa sobre um local com o qual não esteja familiarizado, como a Califórnia dos anos 1970 ou a Inglaterra dos anos 1940. 

Se for usar um  espaço que não conhece em primeira mão, concentre-se em contextos específicos, como uma casa de subúrbio na Califórnia dos anos 1970 ou uma pensão na Inglaterra dos anos 1940.

Caso você decida situar a sua história em um período de tempo ou localização com os quais não esteja familiarizado, faça uma pesquisa sobre eles em sua biblioteca local, fontes online ou entrevistas com especialistas em um determinado período de tempo ou espaço. Seja específico em suas pesquisas e durante suas entrevistas para garantir que você obtenha todos os detalhes.

3. Crie o enigma
Nem todos os mistérios precisam ter um assassinato ou crime grave, mas quanto maior o crime, geralmente maiores os riscos na história. Os riscos altos são importantes porque envolvem o leitor e dão a ele uma razão para continuar a ler. As possíveis origens do mistério poderiam ser:

Um item é roubado da sua personagem principal ou de alguém próximo a ela.

Uma pessoa próxima ao protagonista desaparece.

A personagem principal recebe bilhetes ameaçadores ou perturbadores.

O protagonista testemunha um crime.

A personagem principal é convidada para ajudar a resolver um crime.

O protagonista se depara com um mistério.

Você também pode combinar vários destes cenários para criar um mistério com mais camadas. Por exemplo, um item pode ser roubado da sua personagem principal, uma pessoa próxima a ela pode desaparecer, e a personagem pode testemunhar um crime e depois ser convidada para ajudar a resolvê-lo.

4. Decida como vai complicar o enigma ou o mistério
Crie tensão na história tornando difícil para o protagonista resolver o quebra-cabeça. 

Você pode usar obstáculos como outras pessoas ou suspeitos, pistas falsas e enganosas ou outros crimes.

Crie uma lista de possíveis suspeitos que a personagem principal pode encontrar ao longo da história. Você pode usar vários para colocar o detetive ou o leitor na direção errada, criando suspense e surpresa.

Escreva uma lista de pistas. As manobras de diversão são pistas falsas ou enganosas. Sua história será mais forte se você incluir várias manobras desse tipo na história. Por exemplo, a personagem principal poderá encontrar uma pista que aponta para um suspeito, porém mais tarde descobrir que ela na verdade está ligada a outro. Ou o detetive poderá encontrar uma pista sem perceber que ela é crucial para desvendar todo o mistério.

5. Use ganchos para manter a história interessante
O gancho é um momento, geralmente no final de uma cena, em que o protagonista fica em uma situação que o prende ou o coloca em perigo. Ele é importante em um mistério porque mantém o leitor envolvido e impulsiona a história para frente. Possíveis ganchos poderiam ser:

A personagem principal está investigando uma pista sozinha e encontra o assassino.

O protagonista começa a duvidar de suas habilidades e abaixa a guarda, permitindo que o assassino mate novamente.

Ninguém acredita na personagem principal. Ela tenta solucionar o crime sozinha e acaba sendo sequestrada.

O protagonista é ferido e preso em um lugar perigoso.

A personagem principal perderá uma pista importante se não puder sair de um determinado local ou situação.

6. Crie uma resolução ou final
Encerre a história com a solução para o enigma. No final da maior parte dos mistérios, a personagem principal tem uma mudança positiva na perspectiva dela. As possíveis resoluções incluem: 

O protagonista salva alguém próximo a ele ou uma pessoa inocente envolvida no mistério.

A personagem principal se salva e muda por causa de sua coragem ou inteligência.

O protagonista expõe um mau caráter ou uma organização criminosa.

A personagem principal expõe o assassino ou a pessoa responsável pelo crime.

7. Faça um rascunho da história
Agora que você já considerou todos os aspectos, crie um contorno claro da trama. É importante mapear como exatamente o mistério vai se desdobrar antes de sentar para escrever a narrativa, pois assim será possível garantir que não haja pontas soltas. Seu esboço deverá seguir a ordem em que os eventos ou pontos do enredo acontecerão. Ele deve incluir:

A apresentação da personagem principal e do cenário.

O incidente ou crime desencadeador da ação.

A chamada para a ação: o protagonista se empenha na solução do crime.

Testes e tribulações: a personagem principal encontra pistas e potenciais suspeitos e tenta se manter viva enquanto busca a verdade. As pessoas próximas podem ser sequestradas como ameaça.

A provação: o protagonista acredita que encontrou uma pista ou suspeito chave e que resolveu o crime. Esta é uma falsa resolução e uma boa maneira de surpreender o leitor quando ficar provado que a personagem principal entendeu errado.

O grande revés: tudo parece perdido para o protagonista. Ele encontrou o suspeito ou a pista errados, outra pessoa foi morta ou ferida e todos os seus aliados já o abandonaram. Um grande revés vai aumentar a tensão  na história e manter o leitor interessado.

A revelação: a personagem principal reúne todas as partes interessadas, expõe as evidências, explica as pistas falsas e revela quem é o assassino ou culpado
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continua…

Fonte: Wikihow
https://pt.wikihow.com/Escrever-uma-História-de-Mistério

Recordando Velhas Canções (Desafinado)


(bossa nova, 1959) 

Compositor: Tom Jobim e Newton Mendonça

Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, que isto é muito natural
O que você não sabe, nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração

Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Ele é o maior que você pode encontrar

Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados
Também bate um coração

Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, que isto é muito natural
O que você não sabe, nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração

Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Ele é o maior que você pode encontrar

Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados
Também bate um coração

A Harmonia do Amor Além da Música em 'Desafinado'
A canção 'Desafinado', é um clássico da Bossa Nova que aborda a temática da imperfeição e da sensibilidade humana através da metáfora da desafinação musical. A letra, escrita por Newton Mendonça com música de Tom Jobim, utiliza a crítica de desafinar como um ponto de partida para discutir a aceitação das imperfeições humanas e a profundidade dos sentimentos.

O eu lírico da canção se dirige a um amor que o critica por desafinar, expressando a dor que essa crítica lhe causa. A desafinação aqui pode ser vista como uma metáfora para as imperfeições que todos possuem, e a dor mencionada é a dor da rejeição e do não reconhecimento. A música sugere que, assim como na Bossa Nova, onde a desafinação pode ser vista como uma característica natural e até desejável, as imperfeições humanas também devem ser aceitas e compreendidas.

Além disso, a canção destaca a importância do amor e dos sentimentos, que são tão ou mais importantes do que a perfeição técnica. O refrão 'no peito dos desafinados também bate um coração' reforça a ideia de que, independentemente das habilidades ou da perfeição, todos têm emoções e merecem amor e compreensão. A música é um apelo à empatia e ao reconhecimento da humanidade compartilhada, independentemente das falhas de cada um.

Soando como a coisa mais estranha que aparecera até então na música brasileira, a primeira gravação de “Desafinado” (Odeon), lançada em fevereiro de 59, já mostrava tudo o que a bossa nova oferecia de inovador e revolucionário: o canto intimista, a letra sintética, despojada, o emprego de acordes alterados e, sobretudo, um extraordinário jogo rítmico entre o violão, a bateria e a voz do cantor.

Responsável por este jogo rítmico, seu interprete, João Gilberto, assumia assim de imediato um papel destacado no trio — completado pelo compositor Tom Jobim e o poeta Vinícius de Moraes que, criando a bossa nova, alteraria de forma irreversível o curso de nossa música popular. Apenas com Tom e Vinicius teríamos certamente uma música moderna, sofisticada, renovadora, mas que não seria o que se chamou bossa nova.

A melodia de “Desafinado” é bastante “torta” (“era mais ainda na concepção original. O João é que alterou alguma coisa na hora de gravar”, informa Tom Jobim) em razão principalmente de uma engenhosa alteração no quinto e sexto graus da escala na frase inicial (“Se você disser que eu desafino, amor”) que recai sobre as sílabas “de” (de “de-sa-fino”), “a” e “mor” (de “a-mor”).

Ao sustenizar a dominante e bemolizar a super-dominante, foram produzidos intervalos melódicos inusitados para os padrões da música brasileira da época, a ponto de dificultar a interpretação de alguns cantores menos dotados. Localizando essa alteração sobre a palavra “desafino”, os autores criaram a impressão de que o cantor semitonava, ou seja desafinava, o que levou muita gente a achar João Gilberto um cantor desafinado. Ao mesmo tempo, a batida deslocada do violão e o contratempo da percussão confundiram os músicos, provocando estupefação geral.

Tanta novidade apresentada numa única composição a levaria inevitavelmente ao sucesso, que se estenderia ao exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, o single de “Desafinado”, com Stan Getz e Charlie Byrd, gravado em 1962, ultrapassou a marca de um milhão de cópias e recebeu o prêmio Grammy de melhor performance de jazz. O fonograma foi extraído do álbum Jazz samba, que permaneceu setenta semanas no hit-parade americano e também ultrapassou a marca de um milhão de cópias. Esta gravação é considerada o marco inicial da bossa nova nos Estados Unidos.

Fontes: 
– Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. A Canção no Tempo. Vol. 2. Editora 34, 1997.

domingo, 22 de setembro de 2024

Daniel Maurício (Poética) 77

 

Gerson César Souza (Trovas em Preto & Branco)


1
A justiça, rica em falhas,
corrompida por esquemas,
enche de glória e medalhas
mãos que merecem algemas!
2
Ator, arisco ao cabresto,
rebelde, se for preciso,
a vida escreve o meu texto
e eu teimo e sempre improviso!
3
Dizem que eu sonho em excesso...
Mas insisto em voos altos!
E as pedras nas quais tropeço
impulsionam novos saltos!!!
4
Espera é aquele momento
em que a saudade dispara
e o relógio fica lento,
fica lento e quase para...
5
Foi com pregos de desgosto
que a saudade, do seu jeito,
pôs retratos do teu rosto
nas paredes do meu peito...
6
Não julgue alguém pela imagem,
pois muitos fazem de tudo
para esconder na “embalagem”
a falta de conteúdo.
7
Nas horas de despedida
sem querer a gente chora
e uma lágrima perdida
quer seguir quem vai embora...
8
Nas mãos de Deus tudo entrego
fazendo um pedido assim:
que estes sonhos que carrego
não morram antes de mim!
9
O perdão, embora escasso,
é a cola mais indicada
para unir cada pedaço
de uma promessa quebrada.
10
Quando a esperança se cansa
o amigo é quem, prontamente,
empresta a sua esperança
para amparar a da gente.
11
Siga os mais velhos e creia
na experiência que eles têm:
quem reflete a luz alheia
ganha luz própria também!
12
Vejo a fé sem fundamento
dos que, olhando o céu em vão,
buscam Deus no firmamento
mas não O enxergam no irmão...

AS TROVAS DE GERSON CÉSAR SOUZA EM PRETO & BRANCO
por José Feldman

As trovas de Gerson César Souza não apenas revelam a complexidade das emoções humanas, mas também se conectam a um rico legado poético, tanto no Brasil quanto no exterior. Essa intertextualidade enriquece a compreensão de suas trovas e destaca a universalidade dos temas abordados.

AS TROVAS UMA A UMA, SUAS TEMÁTICAS E RELAÇÃO COM POEMAS DE UM UNIVERSO DE POETAS

Trova 1. 
Temática: Justiça e Corrupção
A crítica à hipocrisia da justiça expõe a fragilidade das instituições que deveriam proteger a sociedade. Reflete um descontentamento profundo com a impunidade e a moralidade distorcida. Essa busca por justiça ressoa com realidades contemporâneas, onde a corrupção é um tema recorrente.

Bertolt Brecht (embora alemão, sua obra ressoou no Brasil): critica a moralidade da sociedade, similar à crítica da trova à justiça falha.

T.S. Eliot (EUA/Inglaterra): em "A Terra Desolada", a desilusão com a sociedade e suas instituições é um tema central, ecoando a frustração da trova com a justiça.

Pablo Neruda (Chile): "O Canto da Liberdade" também aborda a injustiça, revelando como os poderosos muitas vezes se esquivam das consequências de seus atos.

Trova 2. 
Temática: Autenticidade e Rebeldia
A busca pela autenticidade expressa uma resistência às normas sociais. Gerson enfatiza a importância de viver de maneira verdadeira, mesmo diante de pressões externas. Essa rebeldia é uma afirmação da individualidade e da liberdade pessoal, fundamentais na construção da identidade.

Cecília Meireles: "A Vida é Sonho" explora a ideia de viver a vida de forma autêntica, semelhante à rebeldia e improvisação de Gerson.

Adélia Prado: "Oração de um Amor", fala sobre a sinceridade e a necessidade de ser verdadeiro consigo mesmo.

Walt Whitman (EUA): "Leaves of Grass" celebra a individualidade e a expressão pessoal, ressoando com a teimosia do trovador em seguir seu próprio caminho.

Trova 3. 
Temática: Sonhos e Obstáculos
A perseverança diante das adversidades é central nesta trova. Fala sobre como os desafios moldam nossos sonhos e fortalecem nosso caráter. A ideia de que obstáculos podem ser trampolins para o sucesso reflete uma visão otimista da vida.

Vinicius de Moraes: "Soneto de Separação" fala sobre a superação da dor, espelhando a ideia de que as dificuldades podem impulsionar novos saltos.

Emily Dickinson (EUA): em muitos de seus poemas, a luta entre esperança e desilusão é comum, refletindo a jornada de Gerson.

Langston Hughes (EUA): "I Dream a World" fala sobre a luta por um mundo melhor, onde os obstáculos são parte do caminho para a realização dos sonhos.

Trova 4. 
Temática: Saudade e Tempo
A relação entre saudade e a percepção do tempo revela uma melancolia intrínseca. O trovador captura a essência da nostalgia, mostrando como as memórias podem tanto confortar quanto trazer dor. O tempo, nesse contexto, é um protagonista que transforma a experiência emocional.

Adélia Prado: "Poema à Mãe" fala sobre o tempo e a saudade de maneira íntima, semelhante à reflexão temporal na trova.

Vinicius de Moraes: "Soneto de Separação" expressa a dor da saudade e como ela distorce o tempo.

Marcel Proust (França): "Em Busca do Tempo Perdido" enfatiza a memória e o tempo, capturando a essência da saudade que Souza expressa.

T.S. Eliot (EUA/Inglaterra): novamente, em "A Terra Desolada", aborda a passagem do tempo e a saudade de um passado perdido, criando um sentimento de melancolia.

Trova 5. 
Temática: Memórias e Desgosto
A fixação em memórias dolorosas aborda a luta interna entre o passado e o presente. A trova nos convida a refletir sobre como as lembranças moldam nossas emoções e decisões, enfatizando que o passado pode ser um fardo, mas também uma fonte de aprendizado.

Carlos Drummond de Andrade: "No Meio do Caminho" trata da dor e das marcas que permanecem, refletindo a fixação de Gerson em memórias.

Sylvia Plath (EUA): em seus poemas, a relação com a dor e a memória é central, ecoando a intensidade da saudade do trovador.

Trova 6. 
Temática: Aparências e Conteúdo
A crítica à superficialidade das aparências desafia as convenções sociais. Destaca a importância de olhar além do que se vê, questionando a autenticidade das interações e das relações humanas. Essa reflexão é um convite à profundidade e à sinceridade.

Fernando Pessoa: "O Livro do Desassossego" reflete sobre a dualidade entre aparência e essência, semelhante à crítica contida na trova.

Robert Frost (EUA): "The Road Not Taken" explora a escolha e as aparências enganadoras da vida, ressoando com a mensagem de Gerson.

Trova 7. 
Temática: Despedida e Emoção
A dor da despedida é uma experiência universal que Gerson aborda com sensibilidade, explorando a fragilidade das relações e a inevitabilidade da perda, enfatizando que cada despedida traz consigo um leque de emoções que precisam ser reconhecidas e processadas.

Mário Quintana: "Despedida" fala sobre a tristeza da separação, ecoando a lágrima perdida de Gerson.

Pablo Neruda (Chile): em "Soneto XVII" a intensidade emocional diante da perda é um tema recorrente, refletindo a fragilidade da despedida.

John Keats (Inglaterra): "La Belle Dame sans Merci" retrata a dor da perda e a tristeza que acompanha uma despedida.

Trova 8. 
Temática: Sonhos e Destino
A súplica para que os sonhos não se percam reflete uma esperança profunda. O trovador nos lembra da fragilidade dos sonhos e da importância de lutar por eles, mesmo em face das dificuldades, sugerindo que o destino é algo que podemos moldar com nossas ações.

Manuel Bandeira: "Vou-me embora pra Pasárgada" fala sobre a busca de um lugar ideal, semelhante à esperança de Gerson pelos seus sonhos.

Alphonsus de Guimaraens: "A Fala do Sonho" fala da fragilidade dos sonhos e da necessidade de preservá-los.

Langston Hughes (EUA): "I Dream a World" expressa a esperança e o desejo por um futuro melhor, alinhando-se à súplica na trova.

Trova 9. 
Temática: Perdão e Relações
O perdão como um elemento de reparação destaca a complexidade das relações humanas. Sugere que o ato de perdoar é essencial para a cura e o entendimento mútuo, mostrando que a empatia e a compreensão são fundamentais na construção de vínculos saudáveis.

Guilherme de Almeida: "Perdão" aborda a importância do perdão nas relações humanas.

Khalil Gibran (Líbano): "O Profeta", fala sobre amor e perdão, ressoando com a ideia de Gerson sobre unir promessas quebradas.

Trova 10. 
Temática: Amizade e Esperança
A importância do amigo em momentos difíceis é uma celebração da solidariedade. Enfatiza que a amizade é um pilar de esperança, essencial para enfrentar os desafios da vida. Essa conexão entre indivíduos é vital para a resiliência emocional.

Chico Buarque em suas letras, a amizade é um tema recorrente, refletindo a solidariedade que o trovador valoriza.

Cecília Meireles: "Amizade", destaca a importância da amizade como um pilar de esperança e apoio.

Emily Dickinson (EUA): em seus poemas, frequentemente menciona a solidez da amizade como um alicerce em tempos de tristeza.

William Wordsworth (Inglaterra): "I Wandered Lonely as a Cloud" estabelece que uma conexão com a natureza e os amigos traz esperança, semelhante à troca de esperanças em Gerson.

Trova 11. 
Temática: Sabedoria e Experiência
A valorização da experiência dos mais velhos reflete um respeito pela história e pelas lições aprendidas. A trova sugere que a sabedoria é um legado que deve ser transmitido, enfatizando a importância da escuta e da reflexão sobre nossas vivências.

William Wordsworth (Inglaterra): "The Prelude" valoriza a sabedoria adquirida com a experiência e a reflexão sobre a vida.

Rainer Maria Rilke (Áustria): "Cartas a um Jovem Poeta", fala sobre a empatia e a sabedoria que podemos aprender com os mais velhos.

Trova 12. 
Temática: Fé e Empatia
A crítica à fé que não se traduz em ações concretas destaca a necessidade de ação em prol do próximo, e uma reflexão sobre a autenticidade da nossa fé e a importância de agir com empatia, sugerindo que a verdadeira espiritualidade se manifesta em atitudes.

Hilda Hilst: "A Obscena Senhora D" questiona a espiritualidade e a prática, ecoando a crítica do trovador.

Claudio Manuel da Costa: "Oração a Deus" aborda a relação entre fé e ação, enfatizando a importância da empatia.

Maya Angelou (EUA): "Still I Rise" mostra como a fé e a determinação se manifestam em ações de resistência e solidariedade.

Albert Camus (Argélia/França): no "O Mito de Sísifo" a busca por sentido e a crítica à fé abstrata são temas que estão alinhados com a mensagem de Gerson.

A SAUDADE E O TEMPO NAS TROVAS DE GERSON CÉSAR SOUZA

A saudade, em muitas das trovas de Gerson, é apresentada como um sentimento que está intrinsecamente ligado ao passado. Ela não é apenas uma lembrança nostálgica, mas uma vivência que distorce a percepção do tempo. O presente é muitas vezes ofuscado pela intensidade das memórias, criando um espaço onde o passado se torna mais presente do que o próprio agora.

Ele sugere que as memórias moldam a forma como vivemos o tempo. A saudade pode fazer com que momentos felizes do passado pareçam mais significativos, levando a uma idealização do que foi. Essa reinterpretação pode causar uma dor aguda, pois a comparação entre o que foi e o que é gera um sentimento de perda.

As trovas também abordam a saudade em relação aos ciclos da vida. À medida que as pessoas passam por diferentes fases, a saudade se torna uma constante. Eventos como despedidas e mudanças de vida intensificam esse sentimento, evidenciando como o tempo traz transformações que podem ser tanto dolorosas quanto enriquecedoras.

A melancolia é um tema forte na relação entre saudade e tempo. A saudade muitas vezes carrega um tom de tristeza, uma consciência da transitoriedade da vida. O tempo, ao avançar, leva consigo momentos que não podem ser recuperados, e isso gera um lamento por aquilo que já se foi.

A saudade também desempenha um papel na formação da identidade. As experiências passadas moldam quem somos, e a saudade é um lembrete constante de nossas vivências. O poeta sugere que, ao refletir sobre o tempo e a saudade, somos convidados a entender nossa trajetória e reconhecer como ela influencia nosso presente.

A relação entre saudade e tempo na obra de Gerson César Souza provoca uma reflexão profunda sobre como vivemos nossas experiências e como elas nos afetam emocionalmente. A saudade, ao se entrelaçar com o tempo, transforma-se em um elemento central na busca por significado e compreensão da própria existência.

CONCLUSÃO

As trovas de Gerson César Souza oferecem um rico panorama das emoções humanas, abordando temas universais como justiça, saudade, autenticidade, perdão e amizade. Cada uma dessas temáticas não apenas ressoa com a experiência individual, mas também estabelece diálogos profundos com a obra de poetas brasileiros e estrangeiros, ampliando a compreensão da condição humana.

A crítica à corrupção e à hipocrisia da justiça, por exemplo, reflete a insatisfação contemporânea com instituições falhas, um sentimento que ecoa nas obras de poetas como Bertolt Brecht e Pablo Neruda. Este contexto social é crucial, pois revela a necessidade de uma literatura engajada que questione e desafie as estruturas de poder, algo que continua a ser relevante em um mundo marcado por desigualdades.

A busca pela autenticidade e a resistência às normas sociais, presente nas trovas, dialoga com a obra de poetas como Walt Whitman e Cecília Meireles. Essa luta pela individualidade é vital em uma época em que as pressões sociais e culturais muitas vezes levam à conformidade. Essa busca por identidade e expressão pessoal se torna ainda mais importante para as futuras gerações, que habitam um mundo digital em constante transformação.

A relação entre saudade e tempo, um tema central nas trovas de Gerson, revela a complexidade das emoções humanas frente à transitoriedade da vida. Poetas como Vinicius de Moraes e T.S. Eliot também exploram essa melancolia, demonstrando que a reflexão sobre o passado é fundamental para a construção da identidade no presente. Compreender essa relação é essencial para lidar com as perdas e a nostalgia que permeiam a experiência humana.

Além disso, a ênfase no perdão e na amizade ressalta a importância das relações interpessoais, fundamentais para a saúde emocional e a construção de comunidades solidárias. A ideia de que o perdão é uma forma de reparação é um ensinamento crucial, especialmente em tempos de polarização e conflito. Em um mundo onde as divisões são cada vez mais evidentes, essa mensagem ressoa fortemente.

Por fim, a valorização da sabedoria e da experiência dos mais velhos, presente nas trovas, sugere uma continuidade entre gerações que é vital para a construção de sociedades mais justas e empáticas. A capacidade de aprender com o passado e respeitar aqueles que vieram antes de nós é um legado que deve ser cuidadosamente preservado e transmitido.

Em suma, as trovas de Gerson César Souza não apenas capturam a essência da experiência humana, mas também servem como um convite à reflexão crítica sobre a sociedade contemporânea e as relações que a definem. Ao dialogar com grandes poetas do passado e do presente, ele reafirma a relevância da poesia como um meio de explorar, entender e transformar a realidade. Para as futuras gerações, suas palavras oferecem um caminho de introspecção e esperança, ressaltando a importância de sonhar, amar e lutar por um mundo mais justo e verdadeiro.

Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. IA Open. vol.1. Maringá/PR: Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.