sábado, 5 de outubro de 2024

Vereda da Poesia = 125 =


Semi-Soneto de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR

Saudade (1)
 
Na sombra do passado, a saudade, 
vagueia como um sonho que não vem, 
percorre em cada canto, a verdade 
de amores que se foram, um desdém. 

Nos olhos, a memória faz-se mar, 
um vasto horizonte que não cede, 
e em cada onda, um suspiro a pesar, 
na areia da lembrança que se mede. 

Mas há beleza na dor que se sente, 
um doce amargo que nos traz calor, 
na saudade, o amor é presente, 

transforma a dor em eterna flor. 
E mesmo na tristeza, é envolvente, 
pois sempre se recorda um grande amor.
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Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Ele trouxe ao seu rebanho
muito amor e muita luz.
Barqueiro de um barco estranho,
talhado em forma de cruz!
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Poema de
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

De - sen - velhecer

Desenvelheço toda vez que me retoco
E a maquiagem que me dou, não me desmente,
Ela é o presente de um passado que eu evoco,
Quando meu foco é viver mais intensamente.

Rejuvenesço quando pinto meus cabelos
Mas alguns pelos denunciam minha idade,
Minha saudade nunca cede aos meus apelos...
Sem atropelos, chega com suavidade.

É impressionante essa leveza cristalina
Que as retinas não contêm, quando algum pranto
Faz meu encanto mais feliz dobrar a esquina,
Mas me deixar algumas notas de acalanto.

Que bom cantar... toda canção tem o poder
De me fazer amar o tempo em que a poesia
Sempre se alia à energia de viver
E compreender o meu amor com alegria.

Minto e desminto minha dor mais escondida
E enquanto há vida num canto da solidão,
A pulsação do meu amor sempre revida,
Quando, atrevida, a dor convida-me à razão.

Desenvelheço ao zombar do meu espelho,
Quando um joelho me impede de levantar...
O meu olhar vê, nos meus olhos, o fedelho
Que eu sempre fui, vendo um espelho se quebrar.

Sorrir me leva ao que me enleva e me abençoa,
Minha alma voa, pois é preciso sonhar
E para amar é só criar um sonho à toa,
Pois é tão boa a sensação de não chorar.

Rejuvenesço, eu mereço este momento
De ver o vento expondo as pétalas no ar,
Pois toda vez que o vento cria outro rebento,
Eu polinizo um novo tempo em meu olhar.
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Trova  Premiada em Irati/PR, 2023
MARIA EUNICE SILVA DE LACERDA 
Toledo / PR

Para todos no garimpo, 
eu gritei: Pepita de ouro! 
Deixei o achado, bem limpo. 
Era cascalho, o tesouro.
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Soneto de 
JOSÉ MARIA GOULART DE ANDRADE 
Maceió/AL, 1881 – 1936, Rio de Janeiro/RJ

Soneto

Nave de catedral esta alma: — Nela
Outrora silenciosa, ressuscito
Por ti, a adoração de estranho mito...
E o hinário soa, o incenso se enovela!

Enche-a toda de clarões aquela
Macia luz que nos teus olhos fito,
Quando me vês, em teu altar, contrito,
Queimando o coração que se desvela...

Novo surto de vida ora me invade,
E esta alma, quase fria, quase morta,
Vibra de novo em comoção fecunda!

Tão penetrado estou nesta verdade,
Como o silêncio quando um grito o corta,
E a escuridade quando a luz a inunda!
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Trova Popular

Triste sou, triste me vejo     
sem a tua companhia;       
tão triste, que nem me lembro
se alegre fui algum dia.  
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Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha / ES

Prelúdio 5

O céu, a terra, o mar,
tornaram-se-me
tão incomuns;
tão pequeninos;
tão sem destinos,
como se tivessem perdido a cor.

Foi depois que vi
e senti,
a luz dos meus olhos
grudada nos olhos
do teu amor!...
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Trova de
NÁDIA ELISA SANCHES HUGUENIN
Nova Friburgo/RJ (1946 – 2008)

Em busca da liberdade
propus fugir dos teus braços,
e, por castigo, a saudade
aprisionou-me em seus laços.
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Poema de
CRIS ANVAGO
Lisboa/ Portugal

O teu encanto

Tudo em ti é beleza
mesmo nas horas de tristeza
és um ser simples e natural
Fazes tudo com paixão
Tens uma força visceral
que me arranca o coração
Já não és só poema és canção!

Deslumbras quem te conhece e,
sem saberes, até parece que és tu
que todos queres conhecer

Tens ímã no sorriso
e a luz nos teus olhos
são botões de rosa
que espalhas aos molhos
pelos que por ti passam
nem tens noção do bem que fazes
e, quando te elogiam
ficas sem saber qual a razão

Quando falas, as tuas palavras
são gotas de água fresca
que caem em cascata
refrescam a mente mais sombria

Tu nunca és noite és sempre dia

Sempre motivas quem se cruza contigo
És conselho sem saber e abrigo
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Trova de
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935

Cantigas de portugueses
São como barcos no mar —
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar.
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Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Areias

Areias do meu tempo de criança
é mais do que saudade... é só doçura...,
é algo que me alegra com lembrança
que não se apaga mais, nem desfigura!

Os casarões por toda a vizinhança,
recordavam os tempos de fartura...
Seu povo, apesar da vida mansa,
sonhava com evolução futura...

E foi assim, que após setenta anos
de a ter deixado, com meus desenganos,
fui revê-la e... qual minha surpresa!

Enquanto fiquei velho e já alquebrado...
Areias remoçou por todo lado
e está quase vibrante. E uma beleza!
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Trova do 
Príncipe dos Trovadores
LUIZ OTÁVIO
Rio de Janeiro/RJ (1916 -1977) Santos/SP

Estrela do céu que eu fito,
se ela agora te fitar,
fala do amor infinito
que eu lhe mando neste olhar ...
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Poema de
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA

Nado Interior

No espelho do poema
eu me reflito
metáfora de mim:
anjo & demônio

Diante do poema
eu me desnudo:
retrato em preto & branco
do que sou

No ventre do poema
eu me traduzo
diluído em palavra:
imagem & som

No escuro do poema
eu me procuro
e encontro sempre alguém
que jamais fui

Nos braços do poema
eu desfaleço
e acordo renovado:
seiva & flor.
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Trova Funerária Cigana

Como as aves que vagueiam
no seio da noite escura,
assim serão meus suspiros
sobre a tua sepultura.
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Soneto de 
EZEQUIAS DA ROCHA
Major Izidoro/ AL

O elogio de nós três 

Eu sou tu. Tu és eu. Nós dois, portanto,
somos, seremos uma só pessoa,
de forma que, quando algo te magoa
meu coração magoa-se outro tanto.

Se está cheia de um céu tua alma boa,
que ri se rio, ou chora com o meu pranto,
a vida é para mim um doce encanto,'
- um paraíso o peito me povoa.

E todas essas coisas que sentimos,
nosso Fernando, em quem nos confundimos,
sente-as , mais do que nós, logo depois;

é que o nosso bom filho, sem defeito,
perfeito como tu, como eu, perfeito,
é a soma certa, exata, de nós dois.
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Trova Hispânica de
CARMEN PATIÑO FERNÁNDEZ
La Coruña/ Espanha

Si mas que a nadie te quiero,
desgráname tu sonrisa,
sabes que de amor me muero.
Tráeme de tu mar la brisa...
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Poema de 
SONINHA PORTO
(Sônia Maria Ferraresi)
Cruz Alta/RS

Redesenhos

Deitada na fina malha
que aquece o corpo
redesenho a noite e você
marcados por carícias revoltas
envoltos no fogo do desejo

são apenas suaves lembranças
que me invadem e padeço
porque a elas falta o ardor
falta olhos para perceber.
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Trova de
ANALICE FEITOZA DE LIMA
Bom Conselho/PE, 1938 – 2012, São Paulo/SP

Por ser da lista, o primeiro,
jamais entendi por que,
conquistei o mundo inteiro,
mas não conquistei você...
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Soneto de
FRANCISCO NEVES DE MACEDO
Natal/RN, 1948 – 2012

…E o amor se fez soneto

Sono esquecido, a acolho, nos meus braços,
ouço o teu respirar, lindo, ofegante,
nos seus carinhos, mil beijos e amassos,
instante lindo, não mais que um instante!

Tomo-te, assim, vasculho teus espaços,
orgasmos loucos, sonhos fascinantes!
Por tudo que fizemos, os cansaços,
se fazem adrenalina nos amantes.

Respiração… A voz que enleva a gente,
agora se faz terna, mas, ardente.
Voz que em louco prazer se faz dueto.

Onde estiver, é certo estar presente,
cada suspiro, que trará na mente,
este momento, que se fez soneto!
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Trova de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR

Da formiga ao boi colosso,
dando um chega no bacana:
– Por sorte sua, seu moço,
eu sou vegetariana!
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Soneto de
DARLY O. BARROS
São Francisco do Sul/SC, 1941 - 2021, São Paulo/SP

Estrela cadente

O palco é o céu que a vista descortina
em seu passeio, quando, de repente,
depara-se com bela bailarina,
a deslizar, esguia, reluzente…

A lua, por um palmo de cortina,
também a espia e então, infelizmente,
desaparece a etérea peregrina
que já não baila mais, à minha frente…

Para onde foi? Que fim levou a estrela?
indago de mim mesmo, sem revê-la,
frustrado e, além de tudo, arrependido

por não lhe ter de todo deslumbrado
com ela e a perfeição do seu bailado
feito, naquele instante, o meu pedido…
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Trova da
Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Sofre e perdoa sem grito,
o mal que de alguém se emana,
que há outro Alguém no Infinito,
maior que a maldade humana!
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Hino de 
Ibititá/BA

Salve Ibititá, terra querida
Do tupi é teu nome derivado
Amada, abençoada toda vida
Suspenso num rochedo empolgado

Avante, Ibititá, para o progresso
Que o seu sucesso medra o teu vigor
Que o grande arquiteto do Universo
A ilumine, oh Nosso Senhor

Brava gente de sangue forte
Benquista terra, amado torrão
Tu és linda do sul ao norte
Extensa plaga, belo rincão

Salve, Ibititá, salve bandeira
Içada num mastro em apogeu
Tremulando alegre e altaneira
Acenando para o filho teu

Rochedo é o teu nome primitivo
Nenhum cativo aqui jamais passou
Liberdade e amor é o lenitivo
De um povo que na paz te consagrou

Unidos, festejemos sua história
Coesos, marchemos fielmente
Com um grito clamando em sua glória
Viva sempre, sempre alegremente.
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Trova Humorística de 
SÉRGIO FERREIRA DA SILVA
São Paulo/SP

Uma receita eu preparo,
e um gato me desanima
chega perto… apura o faro…
e joga areia por cima.
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Poema de 
ALCI SANTOS VIVAS AMADO
Mimoso do Sul/ES

Será que sou trovador?

Será que sou trovador?
Se papel e lápis na mão
eu na hora da inspiração
não anotar, fica no peito uma dor.

E se anotar... dias depois
O delinear encontrar…
Fico em dúvida ao repor:
Será eu, dessa trova o autor?
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Trova premiada em Irati/PR – 2023
ALBANO BRACHT
Toledo / PR

Num conceito soberano,
toda pedra tem valor.
É, porém, o ser humano,
a joia do Criador.
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Fábula em Versos de
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry/França, 1621 – 1695, Paris/França

A andorinha e a filomela*

Progne, a andorinha singela,
Foi ter, deixando a cidade,
A um bosque onde habitava a Filomela.
«Irmã, diz Progne, estimo vê-la bem.
Há mil anos talvez, oh! que saudade!

Desde a Trácia, que não a vê ninguém.
Pensa acaso em ficar
Neste ermo triste? — Ah! onde o encontrar
Mais grato? — Pois o encanto
Do teu divino canto
Vais consagrá-lo aos brutos animais
Ou aos rudes campónios? Ermos tais
Não são para talentos como o teu.
Volta para a cidade,
Onde luzem tuas graças imortais.
Além de que, desse feroz Tereu,
Que num ermo violou tua beldade,
Não vem este ermo a afronta recordar-te?

— Oh! não! — a Filomela respondeu.
Não! é a lembrança dessa injúria acerba
O que me impede, irmã, de acompanhar-te...
A presença dos homens a exacerba!»
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* Filomela = nome poético do rouxinol.

Recordando Velhas Canções (A saudade mata a gente)

(Toada, 1948) 

Compositores: João de Barro e Antônio Almeida 

Fiz meu rancho na beira de um rio
Meu amor foi comigo morar
E na rede nas noites de frio
O meu bem me abraçava pra me agasalhar

Mas agora meu Deus, vou-me embora
Vou-me embora e não sei se vou voltar
A saudade nas noites de frio
meu peito vazio virá se aninhar

A saudade mata a gente, morena
A saudade é dor pungente, morena
A saudade mata a gente, morena
A saudade é dor pungente, morena

A Dor da Saudade em 'A Saudade Mata a Gente'
A música 'A Saudade Mata a Gente', de João de Barro, é uma canção que explora profundamente o sentimento de saudade e a dor que ele provoca. A letra começa descrevendo um cenário idílico, onde o eu lírico constrói um rancho à beira do rio e vive momentos de felicidade e aconchego com seu amor. A imagem da rede nas noites frias, onde o casal se abraça para se aquecer, evoca uma sensação de intimidade e conforto, criando um contraste com o que está por vir.

No entanto, a narrativa toma um rumo melancólico quando o eu lírico anuncia que precisa partir, sem saber se um dia voltará. A incerteza do retorno e a iminente separação introduzem o tema central da música: a saudade. A saudade é descrita como uma dor pungente, uma dor que se aninha no peito vazio nas noites frias. Essa personificação da saudade como algo que se aninha no peito enfatiza a intensidade e a persistência desse sentimento, que não se dissipa facilmente.

A repetição do refrão, 'A saudade é dor pungente, morena / A saudade mata a gente, morena', reforça a ideia de que a saudade é uma dor quase insuportável, capaz de consumir a pessoa por dentro. A palavra 'morena' adiciona um toque de pessoalidade e carinho, sugerindo que a canção é uma mensagem direta para alguém específico. João de Barro, conhecido por suas composições que frequentemente abordam temas de amor e perda, utiliza uma linguagem simples e direta para transmitir uma emoção universal, tornando a música acessível e tocante para qualquer ouvinte.

"A Saudade Mata a Gente" é mais uma canção sobre o velho tema do amor singelo, ambientado na vida campestre ( "Fiz meu rancho na beira do rio / meu amor foi comigo morar..."), gênero que tem como paradigma "Casinha pequenina".

Mas, além de ser uma bela composição, esta toada teve como um dos motivos de seu êxito uma excelente interpretação de seu lançador, o cantor Dick Farney.

Então no auge da popularidade, Dick explora muito bem as notas graves do estribilho, em contraste com a outra parte que, aliás, recorre a um trecho da ópera "Aída", de Verdi - o bailado da 2'' cena do 2° ato ( "Festa da sagração de Radamés"). Existindo havia quase dez anos, a parceria João de Barro / Antônio Almeida só alcançaria o sucesso em 1948, com "A Saudade Mata a Gente" e a marchinha "A Mulata É a Tal".
Fontes:
– Letras de Músicas Brasileiras
– Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. A Canção no Tempo. Vol. 1. Editora 34, 1997.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

José Feldman (Grinalda de Versos) * 2 *

 

Roberto Tchepelentyky (Trovas em Preto & Branco)


1
Amor, estranha magia,
do coração e da mente.
Com toda sua alquimia,
nos faz um adolescente.
2
À noite, em frente à TV,
a vovó e o manto dela...
Ela dorme e nada vê,
o manto assiste à novela…
3
"Bate" a inspiração na gente...
Verso nenhum se aquieta,
quando Deus, onipotente,
nos permite ser poeta!
4
Deixa o que passou "de lado",
a vida é um ensinamento...
Pois lamentar o passado
é correr atrás do vento!…
5
E o velhinho gritou: “Opa!...”
Depois de tanta procura...
no prato de sua sopa,
encontrou a dentadura.
6
O amargor da despedida
de alguém que amamos demais,
é ter o sabor na vida
do “gosto de nunca mais”!…
7
O destino escreve a escolha
do amor de nós dois assim:
Páginas da mesma folha...
Tu... de costas para mim!…
8
O teatro é fantasia,
mas, às vezes, como tal,
ninguém o diferencia
da nossa vida real…
9
Partiste... E a nossa amizade
no infinito se enternece...
Tu me mandas a saudade,
eu te mando a minha prece!…
10
Pra aquela visita chata,
o que me deixa mais louco,
é ouvir a frase insensata:
"Já vai? Fica mais um pouco"!…
11
Teu “jogo de amor” peralta,
por ciúme, nos devora:
- tu cobraste a minha falta,
batendo o “pênalti” fora! …
12
Vive a "página da vida"
nem que seja a "solavanco"!...
Pior é quem na "partida",
carimba a página: "Em branco"!

Trovas de Roberto Tchepelentyky em Preto & Branco
por José Feldman

As trovas uma a uma: temas, análise, relação com poetas brasileiros e estrangeiros e suas características. 

As trovas de Roberto Tchepelentyky são uma bela expressão da poesia popular, capturando emoções e situações cotidianas com humor e reflexões profundas.

Trova 1. 
Tema: O amor como uma força transformadora.
A magia do amor é apresentada como um fenômeno que afeta tanto o coração quanto a mente. A metáfora da "alquimia" sugere que o amor tem o poder de criar algo novo e maravilhoso, comparando os sentimentos ao estado de adolescência, onde tudo é intenso e vibrante. Destaca a magia do amor e sua capacidade de nos fazer sentir jovens e cheios de vida.

Vinicius de Moraes: é conhecido por sua poesia lírica sobre o amor, frequentemente explorando sua beleza e complexidade. Seus versos transmitem a intensidade e a magia do amor, assim como a transformação que ele provoca nas pessoas.

Adélia Prado: também aborda o amor de maneira profunda, ligando-o à espiritualidade e à experiência humana, com uma linguagem simples, mas repleta de emoção.

Pablo Neruda (Chile, 1904-1973): reconhecido por sua poesia apaixonada e intensa, frequentemente explorando o amor em suas diversas facetas. Ex: Soneto XVII. Neruda foi influenciado pelo modernismo latino-americano, especialmente na busca por novas formas de expressão poética. A técnica surrealista de imagens vívidas e sonhos se reflete em sua poesia, especialmente em seus poemas amorosos e políticos.

Elizabeth Barrett Browning (Reino Unido, 1806-1861): é famosa por sua obra lírica sobre o amor, especialmente em seu soneto que expressa a profundidade do sentimento amoroso. Ex: Sonhos de Amor (Soneto 43). A emotividade e a valorização da individualidade caracterizam sua obra, típica do movimento romântico. Também incorpora referências a mitologia e literatura clássica em seus sonetos.

Trova 2. 
Tema: A vida familiar e a rotina.
A cena retratada é comum e íntima, mostrando a avó, símbolo de sabedoria e tradição, em um momento de descontração. O contraste entre a avó adormecida e o "manto" que "assiste" à novela sugere uma crítica sutil ao tempo que passa, onde até os objetos têm vida própria nas narrativas da televisão.

Carlos Drummond de Andrade: frequentemente retrata o cotidiano e a vida familiar em suas obras, utilizando uma linguagem coloquial para capturar a essência da experiência humana.

Cecília Meireles: explora temas familiares e a passagem do tempo, refletindo sobre a vida em suas nuances. Sua poesia combina lirismo e simplicidade.

Walt Whitman (EUA, 1819-1892): geralmente retrata a vida cotidiana e a experiência humana em sua poesia, celebrando a simplicidade e a beleza do comum. Ex: Leaves of Grass. Foi profundamente influenciado pelo transcendentalismo, enfatizando a conexão entre o indivíduo, a natureza e o divino. Seu amor pela democracia e pela diversidade da experiência americana permeia sua poesia.

Langston Hughes (EUA, 1902-1967): explorou a vida da comunidade afro-americana, abordando temas cotidianos e familiares com uma voz autêntica. Ex: The Weary Blues. Hughes foi uma figura central no Harlem Renaissance, refletindo as experiências da comunidade afro-americana em sua obra. O ritmo e a musicalidade do jazz e do blues influenciaram seu estilo poético, criando um som único.

Trova 3. 
Tema: O ato de criar e a inspiração.
Aqui, a inspiração é personificada como uma força que "bate" na pessoa, quase como uma intervenção divina. A referência a Deus sugere que a criatividade é um presente e uma responsabilidade, enfatizando a relação entre o divino e o humano na arte.

Fernando Pessoa: é famoso por suas reflexões sobre a criação poética e a inspiração, muitas vezes abordando a busca por significado e a relação entre o poeta e o divino.

Mário Quintana: trata da inspiração de maneira leve e divertida, muitas vezes refletindo sobre a simplicidade e a beleza do ato de criar.

Rainer Maria Rilke (Áustria, 1875-1926): é conhecido por suas reflexões sobre a arte e a inspiração, frequentemente ligando a criação poética à espiritualidade. Ex: Poema: Cartas a um Jovem Poeta. Rilke foi influenciado pelo romantismo e pelo simbolismo, explorando a espiritualidade e a busca por significado. As reflexões filosóficas sobre a condição humana e a solidão estão presentes em sua obra.

Robert Frost (EUA, 1874-1963): aborda a vida rural e a criação poética, explorando a inspiração que vem da natureza e da experiência. Ex: The Road Not Taken. Frost foi influenciado pela paisagem rural dos Estados Unidos, que permeia sua poesia. Seu estilo realista e acessível reflete a vida cotidiana e os dilemas humanos.

Trova 4. 
Tema: Aceitação e aprendizado.
Esta trova fala sobre a importância de viver no presente e aprender com o passado, em vez de se prender a ele. A metáfora de "correr atrás do vento" ilustra a futilidade de lamentar o que não pode ser mudado, incentivando uma visão mais otimista da vida.

Cecília Meireles: além de abordar a vida familiar, Cecília frequentemente fala sobre o tempo e a aceitação, enfatizando a importância de viver no presente. 

Clarice Lispector: embora prosaísta, Lispector explora a psicologia e a aceitação do passado em seus textos, refletindo sobre a experiência humana e o aprendizado.

William Wordsworth (Reino Unido, 1770-1850): fala sobre a importância do presente e da natureza como fonte de inspiração e aprendizado. Ex: I Wandered Lonely as a Cloud. É um dos principais poetas românticos, enfatizando a natureza, a emoção e a experiência pessoal. A busca pelo sublime na natureza e nas emoções humanas é um tema central em sua obra.

T.S. Eliot (Reino Unido, 1888-1965): explora temas de tempo e memória, refletindo sobre a experiência humana e a aceitação do passado. Ex. de poema: The Love Song of J. Alfred Prufrock. Eliot é uma figura central do modernismo, refletindo o desespero e a fragmentação da sociedade moderna. Suas obras são influenciadas por suas leituras de filosofia, religião e literatura clássica.

Trova 5. 
Tema: Surpresas da vida cotidiana.
O tom humorístico destaca a simplicidade da vida e como situações inesperadas podem trazer alegria. A imagem da dentadura na sopa é uma representação da fragilidade da vida e da memória, mas, ao mesmo tempo, da leveza que o humor pode proporcionar.

Manuel Bandeira: combina humor e melancolia, frequentemente utilizando elementos do cotidiano para explorar a fragilidade da vida e o riso como forma de enfrentar a realidade.

Gregório de Matos: Conhecido como o "Boca do Inferno", ele usava o humor e a sátira para abordar a vida e suas ironias, refletindo sobre a condição humana de forma cômica.

Ogden Nash (EUA, 1902-1971): sua poesia humorística e satírica, frequentemente retrata cenas cotidianas com leveza e ironia. Ex: The Cow.

Shel Silverstein (EUA, 1930-1999): usa humor e simplicidade em sua poesia, abordando temas da vida cotidiana de forma divertida. Ex: Where the Sidewalk Ends.

Trova 6. 
Tema: A dor da separação.
Esta trova capta a tristeza e a nostalgia de uma despedida. O "gosto de nunca mais" evoca uma sensação de perda permanente, refletindo a profundidade das emoções ligadas ao amor e à saudade.

Adélia Prado: Adélia explora a saudade e a perda em sua poesia, capturando a dor das despedidas e a profundidade dos sentimentos humanos.

Alfredo Bosi: aborda a experiência da perda e da memória em sua obra, trazendo uma reflexão sobre o que nos deixa saudade.

John Keats (Reino Unido, 1795-1821): explora a beleza e a tristeza das emoções humanas, frequentemente abordando a dor da perda e da despedida. Ex. de poema: Ode to a Nightingale. Keats é um representante do romantismo, explorando a beleza, a emoção e a mortalidade. Referências à mitologia e à literatura clássica são comuns em seus poemas.

Emily Dickinson (EUA, 1830-1886): Dickinson lida com temas de morte, saudade e o efêmero, criando imagens poderosas e intimistas. Poema: Because I could not stop for Death. Dickinson combina elementos do romantismo com o transcendentalismo, refletindo sobre a natureza, a espiritualidade e a individualidade. Seu estilo único foi influenciado pelo seu isolamento e pela introspecção.

Trova 7. 
Tema: Amor e separação.
A metáfora das "páginas da mesma folha" sugere que, embora dois amantes estejam juntos, suas vidas podem se desenrolar em direções diferentes. A ideia de estar "de costas para mim" expressa a dor da desconexão, mesmo quando o amor ainda

Carlos Drummond de Andrade: também explora o destino e as relações amorosas em sua obra, refletindo sobre a condição humana e a separação.

Elias José: suas poesias frequentemente lidam com a temática do amor e do destino, abordando a conexão entre os amantes e as vicissitudes da vida.

Johann Wolfgang von Goethe (Alemanha, 1749-1832): Goethe explora o destino e as relações amorosas em sua obra, refletindo sobre a interconexão entre os amantes. Ex: Fausto. 

Mikhail Lermontov (Rússia, 1814-1841): trata do amor e da separação, frequentemente refletindo sobre o destino e a inevitabilidade das escolhas. Poema: The Demon.

Trova 8. 
A linha entre realidade e ficção.
Esta trova provoca uma reflexão sobre a vida cotidiana como um teatro, onde os papéis que desempenhamos podem ser indistinguíveis da realidade. A ideia de que, por vezes, não se consegue diferenciar entre as duas esferas sugere a complexidade da experiência humana.

Augusto dos Anjos: apesar de mais sombrio, reflete sobre a vida e a morte, questionando a realidade e a fantasia em suas poesias.

Fernando Pessoa: também trata da dualidade entre a realidade e a fantasia em sua obra, especialmente através de seus heterônimos.

Tennessee Williams (EUA, 1911-1983): embora tenha sido dramaturgo, explorou a linha entre realidade e fantasia em suas peças, refletindo sobre a vida humana. Obra: A Streetcar Named Desire.

Eugène Ionesco (Romênia, 1909-1994): é conhecido pelo teatro do absurdo, que discute a fantasia e a realidade de maneira provocativa. Obra: The Bald Soprano.

Trova 9. 
Tema: Amizade e saudade.
A conexão entre amigos é expressa através de um tom de melancolia. A troca de saudade e prece indica que, mesmo na ausência, há um desejo de proteção e carinho, mostrando a profundidade das relações interpessoais.

Casimiro de Abreu: aborda a amizade e a saudade em seus versos, refletindo sobre a conexão emocional e a dor da separação.

Cecília Meireles: novamente, Cecília é relevante por suas meditações sobre amizade, saudade e a profundidade das relações humanas.

Khalil Gibran (Líbano, 1883-1931): aborda temas de amor, amizade e saudade em sua obra, refletindo sobre a conexão emocional entre as pessoas. Poema: O profeta.

Rainer Maria Rilke (Áustria, 1875-1926): também trata de amizade e saudade, utilizando uma linguagem profunda e lírica. Poema: Cartas a um jovem poeta.

Trova 10. 
Tema: Relações sociais e desconforto.
O humor nesta trova aborda a frustração que muitos sentem durante visitas indesejadas. A frase "Já vai? Fica mais um pouco!" é uma ironia, refletindo a falta de percepção do outro sobre o desconforto da situação.

Carlos Drummond de Andrade: usa humor e ironia para abordar situações cotidianas e sociais, muitas vezes retratando a vida urbana e suas peculiaridades.

Mário Quintana: também utiliza o humor em sua poesia, explorando a vida e as relações sociais de maneira leve e bem-humorada.

W. H. Auden (Reino Unido, 1907-1973): usa o humor e a ironia para explorar as relações sociais, frequentemente comentando sobre a vida moderna. Poema: Funeral Blues

Dorothy Parker (EUA, 1893-1967): conhecida por seu humor ácido e críticas sociais, abordando situações de desconforto com sagacidade. Poema: Resume. Parker foi influenciada por movimentos de vanguarda e pelo modernismo, refletindo uma visão crítica da sociedade. Seu estilo mordaz e humorístico foi moldado por suas observações sociais e experiências pessoais.

Trova 11. 
Tema: Ciúmes e desentendimentos.
A metáfora do "jogo" é uma maneira inteligente de descrever a dinâmica do amor, onde os ciúmes podem causar conflitos. O "pênalti" perdido simboliza oportunidades desperdiçadas e a dor que resulta de mal-entendidos.

Vinicius de Moraes: explora as complexidades do amor e do ciúme, usando metáforas e imagens para retratar as dinâmicas amorosas.

Adélia Prado: também aborda a complexidade das relações amorosas com uma linguagem clara e poética, refletindo sobre emoções intensas.

W. B. Yeats (Irlanda, 1865-1939): explora a complexidade das relações amorosas e os conflitos que surgem delas, usando metáforas ricas. Poema: When You Are Old.

Sylvia Plath (EUA, 1932-1963): aborda a dinâmica das relações amorosas com intensidade e emoção, explorando ciúmes e conflitos. Poema: Lady Lazarus. Plath explora questões de identidade feminina e a luta contra as expectativas sociais. A influência da psicanálise e suas experiências pessoais permeiam sua obra, refletindo angústia e complexidade emocional.

Trova 12. 
Tema: Plenitude e realização.
Aqui, a ideia de viver plenamente é central. A metáfora da "página em branco" representa a falta de experiências significativas. A ênfase na "solavanco" sugere que, mesmo as dificuldades, são parte importante da jornada.

Mário Quintana: fala sobre a vida de forma leve e filosófica, incentivando a vivência plena e a apreciação do cotidiano.

Fernando Pessoa: reflete sobre a vida e suas experiências, instigando o leitor a refletir sobre a plenitude e o significado de cada momento.

Walt Whitman (EUA, 1819-1892): encoraja a vivência plena da vida e a apreciação da experiência humana em sua obra. Poema: Song of Myself

Mary Oliver (EUA, 1935-2019): celebra a vida e a natureza, incentivando a apreciação do presente e a vivência autêntica. Poema: The Summer Day. Oliver é fortemente influenciada pela natureza, explorando a conexão entre o ser humano e o mundo natural. Seu estilo é marcado pela simplicidade, com uma linguagem clara que transmite profundidade.

CONCLUSÃO
As trovas de Roberto Tchepelentyky representam uma intersecção rica entre a tradição poética e as inquietações contemporâneas, revelando a relevância contínua da poesia na compreensão da experiência humana. Em um mundo marcado pela velocidade das interações e pela superficialidade das relações, suas trovas ressoam com a profundidade emocional e a sabedoria que muitas vezes se perdem na correria do cotidiano.

As trovas são, em essência, uma celebração da vida em suas nuances. Elas abordam temas universais como amor, saudade, amizade, perda e as ironias do dia a dia. Cada verso serve como um espelho que reflete não apenas as alegrias e tristezas da vida, mas também as complexidades das relações humanas. Em um tempo em que a comunicação se dá predominantemente por meio de mensagens instantâneas e redes sociais, suas palavras poéticas nos lembram da importância da reflexão e da conexão emocional genuína.

Influenciado por uma rica tradição poética brasileira e pela cultura popular, Tchepelentyky incorpora uma linguagem acessível que dialoga com o leitor. Ele utiliza metáforas e trocadilhos que, embora simples à primeira vista, carregam uma profundidade significativa. Através de suas trovas, ele nos convida a reconsiderar nossas vivências, a valorizar os momentos simples e a aprender com os desafios da vida.

As temáticas que ele aborda são essenciais para o entendimento das dinâmicas sociais contemporâneas. A saudade, por exemplo, é uma emoção profundamente enraizada na cultura latina, e o trovador explora com sensibilidade, permitindo que os leitores se conectem com suas próprias experiências de perda e lembrança. O humor presente em suas trovas também desempenha um papel crucial, proporcionando alívio e uma nova perspectiva sobre as situações cotidianas que, muitas vezes, podem parecer pesadas.

Em um mundo onde a superficialidade frequentemente prevalece, as trovas de Tchepelentyky nos convidam a uma reflexão mais profunda sobre nossas relações e experiências. Elas nos lembram que, apesar das dificuldades e das ironias da vida, há beleza na simplicidade e na autenticidade. Através de sua poesia, Tchepelentyky reafirma a importância da arte como um meio de expressão e conexão, salientando que as emoções humanas são universais e atemporais.

Assim, suas trovas não são apenas um tributo à tradição poética, mas também um chamado à consciência e à apreciação das nuances da vida. Em um mundo contemporâneo que frequentemente busca a instantaneidade, suas trovas nos ensinam a valorizar o que é profundo, significativo e humano.

Fonte: José Feldman. 50 Trovadores e suas Trovas em preto e branco. vol.1. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul. 2024.

Francisca Júlia (Vaidade)

Estavam reunidas cinco meninas no campo, a conversar, abrigadas à sombra de uma velha árvore, onde as cigarras cantavam.

Todo o resto da campina estava inundado de sol. Fazia um calor estival.

Como eram meninas ricas, e a vaidade é para a maior parte delas a preocupação constante, falavam a respeito da beleza de cada uma.

Dizia a primeira:

— Eu sou a mais bela de vós todas, porque tenho os cabelos claros e quando o sol os ilumina dá-lhes um reflexo dourado. 

E para mostrá-los, ficou em pé de encontro ao sol, cujos raios formaram uma auréola de ouro em torno à sua cabeça.

A segunda disse:

— Não sou menos bela que tu; tenho a cútis fina e rosada como a polpa de um pêssego.

— Eu tenho as mãos encantadoras.

E assim cada qual enumerava seus encantos, fazendo-os sobressair do melhor modo possível, em vez de ocultá-los ou disfarçá-los como manda a boa educação e a modéstia.

Minhas meninas, nunca vos blasoneis de vossos encantos físicos e do vosso aspecto externo, por mais notáveis que vos pareçam, porque a beleza com que a natureza vos dotou desaparece facilmente com as moléstias que se adquirem, com os inúmeros acidentes da vida e com a idade.

Deveis ser modestas, educar o vosso espírito nas boas leituras, nos exemplos bons, nos atos nobres, que sereis mais belas ainda e a simpatia, que decorre da elevação do espírito, dará um imperecível realce aos vossos encantos.

Fonte: Francisca Júlia. Livro da infância. 1899. Disponível em Domínio Público