sábado, 11 de outubro de 2025

Asas da Poesia * 110 *


Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR

Saudade
é um
pedacinho
da gente
que ficou
pra trás.
= = = = = = 

Poema de
LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ

Sudoeste

Olhando o mar, vi gaivotas, albatrozes,
garças, fragatas, pelicanos e golfinhos,
orcas, jubartes, tubarões... e vi peixinhos,
porém não vi, no horizonte, o teu veleiro.
... ventos uivantes, traiçoeiros e velozes
são os algozes do meu sonho aventureiro
e o meu olhar, fitando ondas tão ferozes,
sentiu a dor do meu amor chegar primeiro.

Se não te vi, meu doce amor, onde estarias?
...alçando velas ao sabor de alguma brisa?
... o sudoeste implacável não avisa
e é preciso conhecer sua emoção
pois, como o mar, amar nem sempre é calmaria,
porém o vento escolhe a própria direção
e quem não sabe conviver com a ventania
sequer conhece os vendavais de uma paixão.

Preso no cais, com meu olhar oceanando
abstrações nos horizontes passionais,
busquei sonhar, sentindo as brisas matinais
na minha na pele, qual tua boca tão macia
... brisa do mar... num sonho bom, acariciando
as emoções, quando o carinho faz poesia,
na areia clara que o mar vai apagando...
mas o desejo mais feliz sempre copia.

Fechei meus olhos e soltei meus devaneios
num céu azul... livre... no ar da esperança...
e quanto mais, no meu sonhar, me fiz criança,
mais eu voava e... quando... enfim... senti o mar,
tu me tocavas com a ternura dos teus seios
e eu percebi o quanto doce era te amar
num sudoeste que acordou os meus anseios,
e ainda trouxe a maciez... do teu olhar.
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Na curvatura dos teus cílios

Em tuas cristalinas e macias asas
O pôr do sol cintila -
Escrevo as inicias do teu nome
Em uma  nuvem, àquela... lembra?
Com formato de coração
E, busco
Nas linhas dos teus lábios
O beijo com gosto
Das manhãs... do anoitecer
Das aguadas,
Tingidas com chá de romã,
Deslizando no Canson,
E na curvatura dos teus cílios
Faço uma pausa,
Emociono-me com tua lágrima
E, sinto o pulsar do teu coração
Nas asas de cristal,
Em tons de azul
Tinta, ainda molhada -
Inebria-se o vento,
A umedecer meus olhos...
= = = = = = 

Quadra Popular

Ó alegria do mundo
por onde é que tens andado?
Tenho corrido mil terras,
e não te tenho encontrado...
= = = = = = 

Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO

Tesouro brasileiro

As águas riscam mágico roteiro,
transformam-se na espuma alabastrina
e adornam com babados a cortina
que veste o colossal despenhadeiro.

No rasgo da floresta é rotineiro
o encanto derramado na retina
de quem conhece a graça que domina
a imagem do tesouro brasileiro.

Os cílios verdes dançam reverentes
ao firmamento preso na enxurrada
urdida pelas sôfregas correntes.

É justa toda láurea dedicada
às Cataratas do Iguaçu, presentes
da natureza, sempre desvelada.

(5° lugar no Concurso Literário-2023, pela Academia Literária do Oeste do Paraná)
= = = = = = 

Poema de
ELISA ALDERANI
Ribeirão Preto/SP

Pausa da natureza

Aprendi a seguir o exemplo da natureza...
Parar, observar todos os detalhes que a visão ainda me permite ver...
sentada no chão, sobre folhas mortas, caídas, já ressequidas
vejo a beleza do rio passar;
ele não para, é igual ao tempo que passa.
Ninguém pode parar suas águas que fluem,
agora lentas, ou rápidas, dependendo das estações...
Seguem seu percurso indiferente até chegar ao fim do vale,
quando abraçarão o mar...
A tarde passada olhando essa imagem calmamente,
até as árvores verdes fazem reverência ao rio,
as outras, com folhagem outonal, também estão na pausa,
logo o vento irá despi-las para o inverno passar...
Depois, para elas, virá a primavera mais uma vez.
Assim é a lei da natureza,
olho para o azul do céu,
nuvens brancas passando,
mudam a sintonia do meu pensamento.
Também reverencio minha pausa,
com gratidão ao tempo!
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Crepúsculo e aurora

Crepúsculo e aurora são dois marcos
suaves que norteiam meu viver;
seu lusco-fusco que nos lembram zarcos,
para o meu caso é fonte de prazer...

Mas esse par, de fato, são dois barcos:
um que me leva em pelo amanhecer...
e outro que, vendo os meus recursos parcos,
no ocaso, traz-me até meu bem-querer.

O sair e voltar, há longos anos
sempre esteve persente nos meus planos
de eterno amor por minha linda fada...

Saio bem cedo para trabalhar,
e à tardinha regresso ao doce lar,
para os beijos febris de minha amada.
= = = = = = 

Soneto de
FLORBELA ESPANCA 
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos

Tarde no Mar

A tarde é de ouro rútilo: esbraseia
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue ao seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia.
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas, 
São as asas do sol, agonizantes...
= = = = = = 

Trova Funerária Cigana

Se queres saber se eu choro,
me empresta a tua mortalha,
com ela enxuga o meu pranto,
e o nosso filho agasalha.
= = = = = = 

Poemeto de 
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP

Um olhar pode eternizar um momento
mas uma noite não dura para sempre.
Um sorriso às vezes é aconchego, ou
pode ser um retrospecto, um lamento.
Mas na noite... O sonho torna-se cura.
= = = = = = 

Poema de 
FABIANE BRAGA LIMA
Rio Claro/SP

A mais bela poesia

Páginas… minha escrita sem nexo, hoje gritam
Há uma certa repetição de palavras
Poemas incoerentes, sem lucidez...
Palavras aglomeradas, infindas e rimadas.
Leio um livro, talvez tenha inspiração
Mas a saudade me faz companhia
Sempre presente, me faz melancólica
Aonde se esconde...!? Não a vejo!
Leal e afável. De repente me deixou...
Palavras belas, tua essência incógnita
Formoso, não sei! Vasto de encanto...
Tento te decifrar, mas não consigo, não lhe ouço
Preciso recomeçar, viver. Largo tua mão!
Cativou-me, seremos a mais bela de todas as poesias...
= = = = = = 

Soneto de
GILSON FAUSTINO MAIA
Petrópolis/RJ

Meu Conselho

Eu não gostei, amigo, do seu vício.
É fumaça demais na atmosfera.
Deixe o tempo correr, é primavera,
não lance o seu futuro em precipício.

Não use, em sua vida, um artifício
para matar o tempo enquanto espera
o fechar da cortina e da quimera
que envolve o nosso mundo, desde o início.

Viva a paz, viva o amor, a natureza!
Seja o seu corpo rocha, fortaleza,
dê, então, ao seu vício longas férias.

Com saúde não faça brincadeira.
Para que entupir, dessa maneira,
o caminho do sangue nas artérias?
= = = = = = 

Poetrix de
RICARDO MANIERI
Porto Alegre/RS

do tempo

Contemplo o tempo
do alto de meus dias
e sinto alguma vertigem…
= = = = = = 

Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ES

Desilusão

Qualquer dia, qualquer hora,
ponho minha viola no saco,
pego um par de chinelos e sapatos,
arrumo a mochila e vou embora.

Não quero ficar pra assistir o final,
esforçar pro filme não acabar mal,
se não posso mudar o roteiro
tenho direito de querer estar fora.

Minha bagagem é mesmo pequena.
sou coadjuvante em qualquer cena,
e no fim, do longa, sempre alguém chora.

Nunca fui muito bom de comédia,
virou drama e eu perdi as rédeas.
Substitua-me que eu quero ir embora.
= = = = = = 

Poema de 
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935

Tudo quanto penso 

Tudo quanto penso, 
Tudo quanto sou
É um deserto imenso 
Onde nem eu estou. 

Extensão parada 
Sem nada a estar ali, 
Areia peneirada 
Vou dar-lhe a ferroada 
Da vida que vivi.
= = = = = = 

Hino de 
Piracuruca/PI

Água que vem da terra fria
E no nosso peito deságua
Feliz daquele que um dia
Bebe dessa água

Terra da lenda e da magia
Das Sete Cidades encantadas
Onde as pedras são vivas esculturas
Que se movem pelas madrugadas

E Olho D’Água do Padre
Rua da Goela e majestosa Igreja
De Nossa Senhora Do Carmo
Que eu adoro onde quer que eu esteja

Por todo lugar onde passo
Hospitaleira ela me aninha
Do Casarão do Padre Sá Palácio
Ao regaço da Prainha

Fogo que é fé e chama e luz
E traduz a força do lugar
Piracuruca dos Tocarijus
Quero este teu ar

Teu ar de grandeza e liberdade
Que os Dantas heróis precursores
Legaram a toda cidade.
= = = = = = 

Sonetilho de 
OLIVALDO JUNIOR
Mogi-Guaçu/SP

No barzinho do Olivaldo

No barzinho do Olivaldo,
bebedor, só de poesia, 
que poesia que dá caldo 
para a nossa freguesia. 

No barzinho do Olivaldo, 
todo mundo tem valia, 
devedor, o eterno saldo 
que se paga dia a dia. 

Quem faz falta nesse bar 
é "cliente" para enchê-lo, 
gente amiga a papear. 

Um "Toquinho" pra tocar, 
e o Olivaldo, num "apelo", 
pode o bar inaugurar.
= = = = = = 

Poema de
MARIA LUÍZA WALENDOWSKY
Brusque/SC

Minha amiga Dona Hilna

Tão pequena,
tão forte;
uma mulher além do seu tempo 
que mudou seu destino,
determinada,
alegre,
com infinita sabedoria.

Como um bonsai sendo podado,
mudando de forma,
cada vez mais intelectual;
seus galhos eram seus braços;
sempre com uma palavra gentil e
confortante.

Um coração bondoso além da medida!

Ela frequentemente enxugava minhas lágrimas
com atenção, carinho e uma xícara de café.

Ela me incentivava a estudar,
a compartilhar a correção dos meus trabalhos escolares.

E como ela vibrava com minhas conquistas!

Ela participou da construção da minha casa;
tantas dicas para minha segurança,
tantas lembranças...
e quando a casa ficou pronta,
floresceu de alegria.

Como as folhas do bonsai
balançando ao vento,
ela me envolveu com amor.

Ela era minha confidente,
a mãe do meu coração.

Ela era uma alma generosa;
Com uma palavra de incentivo,
ela sempre recebia a todos
com um sorriso
e um pedaço do seu coração.
 
Hoje, a Sra. Hilna tem um novo endereço...

Ela está com o filho e meu pai;
Acho que ela está contando a ele todas as minhas conquistas,
meu amor pelo meu neto, meu livro, tantos sucessos...

Tenho certeza de que ambos estão falando
sobre a pessoa que me tornei,
porque sempre estive cercada de
pessoas corajosas, com caráter impecável, apoio 
e o quanto Deus é bom para mim.

O bonsai nutre a terra com fé e esperança!

Fecho os olhos e vejo aquele bonsai iluminando
um jardim multicolorido inteiro,
e não consigo deixar de sentir as lágrimas
como gotas d'água.

Oh, bonsai brilhante,
renascido em meu coração.

Eu te amo muito, Sra. Hilna!
Obrigada por tudo.
(tradução do espanhol por José Feldman)
= = = = = = = = =  

Fábula em Versos
adaptada das Fábulas de Monteiro Lobato 
JOSÉ FELDMAN
Floresta/PR

Fábula do Pato e da Garça 

Um pato nadava, feliz na lagoa, 
Enquanto a garça, elegante, voava à toa. 
“Venha comigo, vamos dançar!” 
Disse o pato, com jeito de encantar. 

Mas a garça, com graça, apenas sorriu, 
“Cada um tem seu jeito, sigo o meu.” Ela arguiu.
No final, aprenderam a respeitar, 
Que a beleza está em cada um, ao brilhar.
= = = = = = = = = 

Rabindranath Tagore (Era uma vez um rei)


"Era uma vez um rei."

Quando éramos crianças, não havia necessidade de saber quem era o rei do conto de fadas. Não importava se ele se chamava Shiladitya ou Shaliban, se morava em Kashi ou Kanauj. O que fazia o coração de um menino de sete anos bater forte de alegria era esta verdade soberana; esta realidade de todas as realidades: "Era uma vez um rei."

Mas os leitores desta era moderna são muito mais exatos e exigentes. Quando ouvem tal abertura para uma história, tornam-se ao mesmo tempo críticos e desconfiados. Aplicam o holofote da ciência à sua névoa lendária e perguntam: "Qual rei?"

Os contadores de histórias, por sua vez, tornaram-se mais precisos. Eles não se contentam mais com o velho e indefinido "Havia um rei", mas assumem, em vez disso, uma expressão de profundo conhecimento e começam: "Era uma vez um rei chamado Ajatasatru".

A curiosidade do leitor moderno, no entanto, não é tão facilmente satisfeita. Ele pisca para o autor através de seus óculos científicos e pergunta novamente: "Qual Ajatasatru?”

"Todo estudante sabe", prossegue o autor, "que houve três Ajatasatrus. O primeiro nasceu no século XX a.C. e morreu com a tenra idade de dois anos e oito meses. Lamento profundamente que seja impossível encontrar, em qualquer fonte confiável, um relato detalhado de seu reinado. O segundo Ajatasatru é mais conhecido pelos historiadores. Se você consultar a nova Enciclopédia de História..."

A essa altura, as suspeitas do leitor moderno se dissipam. Ele sente que pode confiar em seu autor com segurança. Ele diz a si mesmo: "Agora teremos uma história que é tanto enriquecedora quanto instrutiva."

Ah! Como todos nós amamos ser iludidos! Temos um medo secreto de sermos considerados ignorantes. E acabamos sendo ignorantes, afinal, só que o fizemos de uma maneira longa e indireta.

Há um provérbio inglês: "Não me faça perguntas e eu não lhe contarei mentiras." O menino de sete anos que está ouvindo um conto de fadas entende isso perfeitamente bem; Ele retém suas perguntas enquanto a história é contada. Assim, a pura e bela falsidade de tudo isso permanece nua e inocente como um bebê; transparente como a própria verdade; límpida como uma fonte borbulhante. Mas a mentira pesada e erudita dos nossos modernos precisa manter seu verdadeiro caráter velado e drapeado. E se em algum lugar for descoberto o menor vislumbre de engano, o leitor se afasta com um desgosto pudico, e o autor é desacreditado.

Quando éramos jovens, entendíamos todas as coisas doces; e podíamos detectar as doçuras de um conto de fadas por meio de uma ciência infalível própria. Nunca nos importamos com coisas inúteis como o conhecimento. Só nos importamos com a verdade. E nossos pequenos corações ingênuos sabiam muito bem onde ficava o Palácio de Cristal da Verdade e como alcançá-lo. Mas hoje espera-se que escrevamos páginas de fatos, enquanto a verdade é simplesmente esta:

"Havia um rei."

Lembro-me vividamente daquela noite em Calcutá, quando o conto de fadas começou. A chuva e a tempestade eram incessantes. A cidade inteira estava inundada. A água batia até os joelhos em nossa rua. Eu tinha uma esperança tênue, quase certa, de que meu tutor seria impedido de vir naquela noite. Sentei-me no banquinho no canto mais distante da varanda, olhando para a rua, com o coração batendo cada vez mais rápido. A cada minuto eu mantinha meus olhos na chuva, e quando ela começou a diminuir, eu rezava com todas as minhas forças; "Por favor, Deus, mande mais chuva até as sete e meia passarem." Pois eu estava quase pronto para acreditar que não havia outra necessidade de chuva a não ser para proteger um menino indefeso, certa noite, em um canto de Calcutá, das garras mortais de seu tutor.

Se não em resposta à minha prece, pelo menos de acordo com alguma lei mais grosseira da natureza física, a chuva não cessou.

Mas, infelizmente! Meu professor também não.

Exatamente no minuto, na curva da rua, vi seu guarda-chuva se aproximando. A grande bolha de esperança explodiu em meu peito e meu coração desabou. Verdadeiramente, se houver um castigo adequado ao crime após a morte, então meu tutor renascerá como eu, e eu nascerei como meu tutor.

Assim que vi seu guarda-chuva, corri o mais rápido que pude para o quarto da minha mãe. Minha mãe e minha avó estavam sentadas frente a frente, jogando cartas à luz de um abajur. Corri para o quarto, joguei-me na cama ao lado da minha mãe e disse:

"Mãe querida, o tutor chegou e estou com uma dor de cabeça terrível; não posso ficar sem aula hoje?"

Espero que nenhuma criança em idade precoce possa ler esta história e confio sinceramente que ela não será usada em livros didáticos ou cartilhas escolares. Pois o que fiz foi terrivelmente ruim e não recebi nenhum castigo. Pelo contrário, minha maldade foi coroada de sucesso.

Minha mãe me disse: "Está bem", e, virando-se para o criado, acrescentou: "Diga ao tutor que ele pode voltar para casa."

Era perfeitamente claro que ela não considerava minha doença muito grave, pois continuava com sua brincadeira como antes, sem dar mais importância. E eu também, enterrando a cabeça no travesseiro, ri à vontade. Nós nos entendíamos perfeitamente, minha mãe e eu.

Mas todos devem saber como é difícil para um menino de sete anos manter a ilusão de estar doente por muito tempo. Depois de cerca de um minuto, chamei a avó e disse: "Vovó, me conte uma história."

Tive que pedir isso muitas vezes. Vovó e mamãe continuaram jogando cartas e não deram atenção. Por fim, mamãe me disse: "Criança, não se incomode. Espere até terminarmos o nosso jogo." Mas eu insisti: "Vovó, me conte uma história." Disse à mamãe que ela poderia terminar o jogo amanhã, mas que deveria deixar a vovó me contar uma história ali mesmo.

Por fim, mamãe jogou as cartas no chão e disse: "É melhor você fazer o que ele quer. Eu não consigo lidar com ele." Talvez ela tivesse pensado que não teria um tutor chato no dia seguinte, enquanto eu seria obrigado a voltar para aquelas aulas idiotas.

Assim que mamãe cedeu, corri para cima da vovó. Segurei a mão dela e, dançando de alegria, arrastei-a para dentro da minha cortina mosquiteira, para a cama. Agarrei o travesseiro com as duas mãos, empolgado, e pulei de alegria. Quando me acalmei um pouco, disse: "Agora, vovó, vamos à história!”

A vovó continuou: "E o rei tinha uma rainha." Isso já era bom para começar. Tinha apenas uma.

É comum que reis em contos de fadas sejam extravagantes com rainhas. E sempre que ouvimos que há duas rainhas, nossos corações começam a afundar. Uma delas certamente ficará infeliz. Mas na história da vovó, esse perigo já havia passado. Ele tinha apenas uma rainha.

Em seguida, ouvimos que o rei não tinha nenhum filho homem. Aos sete anos, eu não achava que havia necessidade de me preocupar se um homem não tivesse tido um filho homem. Ele poderia apenas estar atrapalhando. Nem ficamos muito animados quando ouvimos que o rei foi para a floresta praticar austeridades a fim de ter um filho homem. Só havia uma coisa que me faria ir para a floresta: fugir do meu tutor!

Mas o rei deixou para trás com sua rainha uma menininha, que cresceu e se tornou uma linda princesa.

Doze anos se passaram, e o rei continua praticando austeridades, sem nunca pensar em sua bela filha. A princesa atingiu a plenitude da juventude. A idade do casamento passou, mas o rei não retorna. E a rainha se definha de tristeza e grita: "Minha filha dourada está destinada a morrer solteira? Ai de mim! Que destino é o meu!"

Então a rainha enviou homens ao rei para implorar-lhe fervorosamente que voltasse por uma única noite e fizesse uma refeição no palácio. E o rei consentiu.

A rainha cozinhou com suas próprias mãos, e com o maior cuidado, sessenta e quatro pratos, fez um assento para ele de sândalo e dispôs a comida em pratos de ouro e taças de prata. A princesa ficou atrás com o leque de cauda de pavão na mão. O rei, após doze anos de ausência, entrou na casa, e a princesa agitou o leque, iluminando todo o ambiente com sua beleza. O rei olhou para o rosto da filha e esqueceu-se de comer.

Por fim, perguntou à rainha: "Por favor, quem é esta moça cuja beleza brilha como a imagem dourada da deusa? De quem ela é filha?"

A rainha bateu na testa e exclamou: "Ah, quão terrível é o meu destino! A senhora não conhece a sua própria filha?”

O rei ficou atônito. Disse finalmente: "Minha filhinha cresceu e se tornou uma mulher."

"O que mais?", disse a rainha com um suspiro. "Você não sabe que já se passaram doze anos?"

"Mas por que você não a deu em casamento?", perguntou o rei.

"Você estava fora", disse a rainha. "E como eu poderia encontrar um marido adequado para ela?"

O rei ficou veementemente entusiasmado. "O primeiro homem que eu vir amanhã", disse ele, "quando eu sair do palácio, se casará com ela."

A princesa continuou agitando seu leque de penas de pavão, e o rei terminou sua refeição.

Na manhã seguinte, ao sair do palácio, o rei viu o filho de um brâmane catando gravetos na floresta, do lado de fora dos portões do palácio. Sua idade era de cerca de sete ou oito anos.

O rei disse: "Casarei minha filha com ele."

Quem pode interferir nas ordens de um rei? Imediatamente o rapaz foi chamado, e as guirlandas de casamento foram trocadas entre ele e a princesa.

Nesse momento, aproximei-me da minha sábia avó e perguntei-lhe ansiosamente: "E então?”

No fundo do meu coração, havia um desejo fervoroso de substituir aquele afortunado lenhador de sete anos. A noite ressoava com o tamborilar da chuva. A lamparina de barro ao lado da minha cama ardia fracamente. A voz da minha avó zumbia enquanto ela contava a história. E todas essas coisas serviram para criar em um canto do meu coração crédulo a crença de que eu estivera catando gravetos na aurora de algum tempo indefinido no reino de algum rei desconhecido, e em um instante guirlandas foram trocadas entre mim e a princesa, bela como a Deusa da Graça. Ela tinha uma faixa de ouro no cabelo e brincos de ouro nas orelhas. Ela tinha um colar e pulseiras de ouro, uma corrente de ouro em volta da cintura e um par de tornozeleiras de ouro tilintavam acima de seus pés.

Se minha avó fosse uma autora, quantas explicações ela teria para dar a esta pequena história! Primeiro, todos perguntariam por que o rei permaneceu doze anos na floresta? Segundo, por que a filha do rei permaneceu solteira durante todo esse tempo? Isso seria considerado absurdo.

Mesmo que ela tivesse conseguido chegar tão longe sem uma briga, ainda assim haveria um grande alvoroço sobre o casamento em si. Primeiro, nunca aconteceu. Segundo, como poderia haver um casamento entre uma princesa da Casta Guerreira e um rapaz da Casta Sacerdotal Brâmane? Seus leitores teriam imaginado imediatamente que a escritora estava pregando contra nossos costumes sociais de forma dissimulada. E escreveriam cartas para os jornais.

Portanto, rezo de todo o coração para que minha avó possa nascer avó novamente e não, por algum destino amaldiçoado, nascer como seu neto infeliz.

Então, com uma pulsação de alegria e deleite, perguntei à vovó: "E então?"

A vovó continuou: “Então a princesa levou seu pequeno marido embora em grande sofrimento, construiu um grande palácio com sete alas e começou a cuidar de seu marido com muito carinho.”

Pulei para cima e para baixo na minha cama, agarrei-me ao travesseiro com mais força do que nunca e disse: "E então?”

A avó continuou: “O menino foi para a escola e aprendeu muitas lições com seus professores, e à medida que crescia, seus colegas começaram a perguntar: "Quem é aquela bela dama que mora com você no palácio das sete asas?". O filho do brâmane estava ansioso para saber quem ela era. Ele só conseguia se lembrar de como um dia, quando estava catando gravetos, houve uma grande confusão. Mas tudo isso havia acontecido há tanto tempo que ele não tinha uma lembrança clara.

“Quatro ou cinco anos se passaram assim. Seus colegas sempre lhe perguntavam: "Quem é aquela bela dama do palácio das sete asas?". E o filho do brâmane voltava da escola e dizia tristemente à princesa: "Meus colegas sempre me perguntam quem é aquela bela dama do palácio das sete asas, e eu não consigo responder. Diga-me, diga-me, quem você é!".

“A princesa disse: "Deixe para lá. Eu lhe direi outro dia." E todos os dias o filho do brâmane perguntava: "Quem é você?", e a princesa respondia: "Deixe para lá por hoje. Eu lhe direi outro dia." Assim se passaram mais quatro ou cinco anos.

“Por fim, o filho do brâmane ficou muito impaciente e disse: "Se você não me disser hoje quem você é, ó bela dama, eu deixarei este palácio com as sete asas." Então a princesa disse: "Certamente lhe direi amanhã.”

“No dia seguinte, o filho do brâmane, assim que chegou da escola, disse: "Agora, diga-me quem você é." A princesa respondeu: "Esta noite, eu lhe direi depois do jantar, quando você estiver na cama."

“O filho do brâmane disse: "Muito bem"; e começou a contar as horas, esperando a noite. E a princesa, de lado, espalhou flores brancas sobre a cama dourada, acendeu uma lamparina dourada com óleo perfumado, adornou os cabelos, vestiu-se com um belo manto azul e começou a contar as horas, esperando a noite.

“Naquela noite, quando seu marido, o filho do brâmane, terminou a refeição, excitado demais para comer, e foi para a cama dourada no quarto coberto de flores, disse a si mesmo: "Esta noite, certamente saberei quem é esta bela dama no palácio com as sete asas."

“A princesa pegou para si a comida que sobrou do marido e entrou lentamente no quarto. Naquela noite, ela teve que responder à pergunta: quem era a bela dama que morava no palácio das sete asas? E, ao se aproximar da cama para contar a ele, descobriu que uma serpente havia saído das flores e mordido o filho do brâmane. Seu marido estava deitado no canteiro de flores, com o rosto pálido de morte.”

Meu coração parou de bater de repente e perguntei com a voz embargada: "E então?"

Vovó disse: "Então..."

Mas de que adianta continuar com a história? Isso só levaria ao que era cada vez mais impossível. O menino de sete anos não sabia que, se houvesse algum "E então?" após a morte, nenhuma avó de avó poderia nos contar tudo sobre isso.

Mas a fé da criança nunca admite a derrota e se agarraria ao próprio manto da morte para fazê-lo voltar. Seria ultrajante para ele pensar que tal história de uma noite sem professor pudesse parar tão repentinamente. Portanto, a avó teve que resgatar sua história da câmara sempre fechada do grande Fim, mas ela o faz de forma tão simples: simplesmente fazendo o cadáver flutuar em um caule de bananeira no rio e tendo alguns encantamentos lidos por um mágico. Mas naquela noite chuvosa e à luz fraca de uma lâmpada, a morte perde todo o seu horror na mente do menino, e parece nada mais do que o sono profundo de uma única noite. 

Quando a história termina, as pálpebras cansadas estão pesadas de sono. É assim que fazemos o corpinho da criança flutuar nas costas do sono sobre as águas calmas do tempo, e então, pela manhã, lemos alguns versos de encantamento para devolvê-lo ao mundo da vida e da luz.
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Rabindranath Tagore (1861-1941)
Nascido em 6 de maio de 1861, em Calcutá, Rabindranath Tagore tornou-se um dos escritores mais prolíficos do mundo: poeta, artista, dramaturgo, músico, romancista e ensaísta. Ele se sentia completamente à vontade tanto em bengali quanto em inglês, em parte porque estudou no University College, em Londres, em 1879-80. Ele já havia se tornado o poeta nacional de Bengala na época de seu Jubileu de Ouro em Calcutá, em 28 de janeiro de 1912, mas sua fama internacional só veio em novembro de 1913, quando ganhou o Prêmio Nobel de Literatura por Gitanjali, uma coletânea de poesias publicada inicialmente em bengali em 1910 e posteriormente traduzida pelo poeta e publicada em inglês em 1912, com uma introdução de W. B. Yeats. Ele traduziu pessoalmente tantos volumes de seus próprios poemas bengalis que pode ser considerado um poeta anglo-indiano. Tagore residiu em Shantiniketan e Ashram e fundou uma escola no antigo local, que se tornou a Universidade Visva-Bharati em 1918. Mrinalini Devi Raichaudhuri e ele se casaram, em um casamento arranjado, em 9 de dezembro de 1883, e tiveram cinco filhos: três filhas, Madhurilata, Renuka e Mira, e dois filhos, Rathindranath e Samindranath. Tagore obteve títulos honorários das universidades de Calcutá (1913), Dacca (1936), Osmania (1938) e Oxford (1940). Ele faleceu em 7 de agosto de 1941, em Calcutá, e foi cremado.

Fontes:
Rabindranath Tagore. The hungry stones and other stories. New York: The Macmillan Co., 1916. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

José Feldman (Fábulas) O Pinguim Destemido

Na Antártica, havia um jovem pinguim chamado Leandro que sonhava em voar. Enquanto seus amigos se contentavam em deslizar sobre o gelo e mergulhar nas águas geladas, ele olhava para os pássaros que voavam acima dele. Sempre se perguntava como seria sentir o vento em suas penas.

Um dia, enquanto explorava uma nova parte da costa, ele encontrou um velho pinguim chamado Gonçalo. Gonçalo era conhecido por suas histórias de aventuras. 

"Você já pensou em como seria voar, meu jovem?", perguntou Gonçalo, notando o olhar sonhador de Leandro.

"Sim, mas sou apenas um pinguim. Nunca poderei voar", respondeu, desanimado.

"Voar pode não ser a única maneira de sentir liberdade. Às vezes, a aventura está em explorar o que está ao seu redor", disse Gonçalo. 

Inspirado, Leandro decidiu que, em vez de lamentar sua condição, ele iria se aventurar em explorar a costa.

Nos dias seguintes, começou a escalar as rochas mais altas e a mergulhar nas águas profundas. Conheceu outros animais marinhos, aprendeu a pescar e até se tornou um ótimo nadador. 

Um dia, durante uma de suas expedições, se deparou com um grupo de aves migratórias que estavam descansando.

"Você gostaria de voar conosco?", perguntou uma das aves. 

Leandro hesitou, mas a ideia o fascinava. Ele subiu em uma montanha alta e, com um impulso, se lançou, deslizando pela encosta abaixo. Embora não tivesse asas, ele aprendeu a deslizar como o vento.

Ele percebeu que, mesmo sem voar como os pássaros, estava experimentando uma liberdade única. 

Ao voltar para sua colônia, compartilhou suas histórias de aventuras, mostrando que o verdadeiro espírito de aventura está em se abrir para novas experiências, independentemente de como elas se apresentem.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A. A. de Assis (Tirou tirógrafo)

Acho até que a história aconteceu de fato; só não me lembro de quem me contou. Fala de uma senhora que entrou num escritório pedindo permissão para conversar com o chefe. Queria um emprego para a filha dela. De pronto deu as credenciais: “Ela é moça despachada e já tirou tirógrafo”.  

Ah, sim... Mas que coisa era afinal “tirar tirógrafo”? Traduzo: era “tirar” o diploma de datilógrafo, ou seja, fazer o curso de datilografia. O chefe sorriu. A boa senhora mostrou o diploma. Conseguiu o emprego. 

Só as pessoas com mais de 60 anos devem estar entendendo esta conversa – a geração para a qual a máquina de escrever (precursora do computador) era ferramenta fundamental e a capacidade de operá-la era condição sine qua non para o sucesso na maioria das profissões. 

Tratava-se de um engenhozinho equipado com teclas, as quais movimentavam tipos que, por sua vez, imprimiam letras e números no papel. 

Até o começo dos anos 1980 a máquina de escrever era um acessório indispensável. A partir daí ela começou a ser suplantada pelo computador. Hoje somente em museus ou em estantes de colecionadores a gente ainda encontra alguma Remington, Olivetti, Smith Corona, Olympia, Hermes.

Em Maringá, até os anos 1960-70, havia diversas escolas de datilografia, todas elas frequentadas por um número grande de alunos, visto que o diploma de datilógrafo, além de elevar o status do portador, era essencial em todos os concursos. As festas de formatura eram  solenes, com os formandos em traje de gala, cerimonial no capricho, paraninfo, patrono, discursos, madrinha, padrinho, baile com orquestra e o demais que o momento impunha.  

O datilógrafo era um profissional bastante valorizado, especialmente nas repartições públicas, nos bancos e nos escritórios. O bom datilógrafo usava todos os dedos e escrevia sem olhar para o teclado. Avaliava-se a competência de cada um pelo número de toques corretos por minuto.

A profissão acabou, mas a habilidade continuou válida. Quem “tirou tirógrafo” já entrou avançado na era do computador.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá-PR – 09-10-2025)
Fontes:
Facebook do autor.
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Silmar Bohrer (Croniquinha) 144

 
Eram tempos de efervescência quando a vila que surgiu à beira do rio passou a município, agora com a condição de cidade. A abundância dos pinhais trouxe muitos forasteiros que instalaram dezenas de serrarias na região. A Maria-fumaça - único meio de transporte naqueles fundos - subia e descia o vale transportando a madeira produzida na região.  

Como sempre acontece, toda essa ebulição atraiu também muita mão-de-obra, assim como o comércio teve um crescimento espantoso. Surgiram novas lojas comerciais, armazéns, bodegas, atacado e varejo fornecendo a cidade e o interior, além das adjacências do agora município. 

E a Maria-fumaça saia carregada e voltava carregada. Ia embora a madeira e vinham os produtos que o comércio vendia para a população. Tempos áureos. Abundância. Crescimento.

E crescimento gera crescimento. A região tornou-se um grande centro madeireiro, riquezas entram e saem levadas pelo trem. São os comerciantes, são os fornecedores para o comércio, levas de trabalhadores que viram na região um verdadeiro Eldorado.

Por este tempo desembarcou na estação um senhor disposto a instalar um hotel na cidade  -existiam poucos e pequenos. Comprou terreno no centro e construiu a sua hospedagem. Rapidamente a clientela cresceu. A atenção, o bom atendimento, a cordialidade, desde logo cativaram muitos clientes que vinham, alguns mensalmente, e se hospedavam. 

Naturalmente alguns hóspedes se tornaram amigos do dono do hotel, pessoa espirituosa, com senso de humor, sempre fazendo brincadeiras. 

Certo dia o hoteleiro recebeu um telegrama de um hóspede, também irreverente gozador, que viajava muito pelo interior do país.

Dizia a missiva: 
- Manoel, encontrei um hotel pior do que o seu!! 

O hoteleiro, com o costumeiro humor brincalhão, enviou telegrama de volta respondendo: 

- Duvido!
Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
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José Feldman (Mini-contos sobre a natureza) 1 – 5

1. A Árvore Solitária
Em uma vasta planície, uma única árvore se erguia, suas folhas dançando ao vento. Ela era testemunha de muitas estações, desde a florada da primavera até a queda das folhas no outono. Um dia, uma criança se sentou à sua sombra e desenhou um mundo onde as árvores falavam... A árvore, em silêncio, sorriu.

2. O Rio Sussurrante
O rio serpenteava pela floresta, murmurando segredos para quem quisesse ouvir. As pedras e peixes eram seus fiéis ouvintes. Um velho pescador se sentou à beira e, ao lançar sua linha, sentiu que o rio o conectava a tudo que existia, como se ele próprio fosse parte daquela correnteza.

3. O Perfume das Flores
Lara caminhava por um campo coberto de flores silvestres. O aroma doce a envolvia, fazendo-a sentir-se em paz. Ao se agachar para cheirar uma margarida, lembrou-se de sua infância, quando dançava entre as flores… A natureza sempre teve o poder de trazer de volta memórias esquecidas.

4. O Sol Poente
Carlito subiu a colina para assistir ao pôr do sol. À medida que o céu se tingia de laranja e roxo, ele se lembrou de como a vida é feita de ciclos. O sol se despedia, mas sempre voltava… Aquela visão o acalmou, lembrando-o de que novos começos sempre são possíveis.

5. O Canto do Sabiá
Toda manhã, o sabiá cantava na árvore em frente à casa de Lúcia. Seu canto melodioso trazia alegria ao despertar. Certa manhã, Lúcia decidiu abrir a janela e cantar junto. A música ecoou pela vizinhança, unindo os moradores em um concerto improvisado.
Fontes:
José Feldman. Pérgola de textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
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