sábado, 30 de dezembro de 2017

Joann Sfar (O Gato do Rabino)

Passada na Argélia dos anos 1920, O Gato do Rabino é uma animação franco-austríaca dirigida por Joann Sfar e Antoine Delesvaux, baseada em três volumes da série de Sfar que levam o mesmo nome do filme.

Tudo começa com a história do gato do rabino, que após engolir o papagaio da família, aprende a falar e manifesta seu desejo de se aprofundar na religião judaica. Apaixonado por Zlabya, a bela filha do rabino, o felino de língua afiada insiste e briga com a sinagoga por seu bar-mitzva (cerimônia de passagem à vida adulta, que os garotos judeus têm aos 13 anos). Mas suas intenções são verdadeiramente amorosas.

Além disso, o felino está apaixonado por Zlabya, filha de seu dono, mas desde que adquiriu a fala não tem permissão para passar seus dias junto dela, como fazia antes de se tornar um gato falante. É que o rabino teme que o animal, agora que se põe a verbalizar, possa conduzir sua filha a caminhos nada virtuosos.

Como nunca houve outro gato a ter um Bar-Mitzvah, o rabino decide consultar um outro rabino para saber o que fazer, mas este se opõe à ideia. Então se inicia uma ardilosa e bem-humorada discussão na qual o gato argumenta que, como animal falante, deve ser regido pelas mesmas leis divinas que os homens.

O desafio do bichano, dono de um humor mordaz, será convencer seu mestre e o rabino de seu mestre de que as leis de Deus para os homens devem ser as mesmas para um animal falante.

Esperto e irônico, o gato vai pouco a pouco, contestando com argumentos filosóficos muitas das tradições judaicas até a irritação de seu amo chegar ao limite, o que não abala a amizade dos dois personagens, muito ligados um ao outro.

O francês de origem judaica Joann Sfar coloca falas poéticas e astutas na boca do gato, que de maneira um tanto filosófica discute o judaísmo e contesta muitos de seus preceitos.

Texto inteligente e com humor irônico, e sem jamais menosprezar a cultura judaica (aliás, é bem o contrário), o gato e seu dono, o rabino, têm seus laços lindamente fortalecidos a partir dessas conversas e questionamentos.

Com a troca de ideias e esclarecimentos, e uma observação mais apurada, o gato acaba por perceber o erro de julgar alguém antecipadamente, e começa a entender o exercício da tolerância.

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