Cada amor que desfolhei
desfolhou-me a solidão;
para o espelho, já mudei;
só não muda o coração...
- Cada lágrima que eu guardo
nesse peito, o meu Saara,
vira a chama em que me ardo
quando o amor é joia rara...
Com a cal do esquecimento,
recobrimos nosso amor;
mas, o tempo, com o vento,
fez romper da pedra flor...
Da poeira do meu quarto,
de mil livros nunca lidos,
nasce a trova que reparto
com amores não vividos...
Das estrelas que acendi
numa noite enluarada,
a do amor jamais perdi
ao achar a madrugada.
Entre as letras da canção
que eu cantava por amor,
desfolhou-se um coração
que 'batia' em seu louvor...
- Esse amor de quem amou,
tal e qual o cravo branco,
nasce donde alguém chorou
e se firma num barranco.
Este amor que eu alimento
co'as sementes da ilusão
bica em fúria o sentimento
que me escava o coração...
Fina estrela em teu olhar
vira a láctea de uma via
que persigo ao caminhar
com você, amor, poesia...
Grande amor, pequeno embora,
foste grande ao vão poeta
que se encontra à luz da aurora
mas jamais em linha reta...
Grande fado, mar ao lado!...
Mas a lágrima de oliva
rola aos lábios do coitado,
a rogar, silente: - Viva!
Mal o dia em nós raiou,
meu amor se pôs a arfar;
foi meu beijo que tirou
de quem amo todo o ar...
Meu amor jamais foi meu,
disso eu tenho consciência;
no balcão, sobrou Romeu,
numa eterna adolescência...
- Na sanfona que suspira
pelo amor no carrossel,
fica o choro que conspira
pra essa lua ser de mel...
Na varanda de minh'alma,
sob as dálias e o jasmim,
este cravo é branca palma
de uma rosa sem jardim...
No florir dos dissabores,
num bilhete desprezado,
fica o cheiro dos amores
que ficaram no passado...
Ó, guitarra portuguesa,
voz irmã de um trovador,
faz do amor a natureza
de quem busca lua e flor!
Todo o amor que tu me tinhas,
e lhe tinha amor demais...
Mas, na vida, as "cirandinhas",
volta e meia, são jamais.
Um perdão que nunca vem
vem matar quem o quisera,
mas massacra quem o tem
sem o dar a quem o espera...
Fonte: O Autor
desfolhou-me a solidão;
para o espelho, já mudei;
só não muda o coração...
- Cada lágrima que eu guardo
nesse peito, o meu Saara,
vira a chama em que me ardo
quando o amor é joia rara...
Com a cal do esquecimento,
recobrimos nosso amor;
mas, o tempo, com o vento,
fez romper da pedra flor...
Da poeira do meu quarto,
de mil livros nunca lidos,
nasce a trova que reparto
com amores não vividos...
Das estrelas que acendi
numa noite enluarada,
a do amor jamais perdi
ao achar a madrugada.
Entre as letras da canção
que eu cantava por amor,
desfolhou-se um coração
que 'batia' em seu louvor...
- Esse amor de quem amou,
tal e qual o cravo branco,
nasce donde alguém chorou
e se firma num barranco.
Este amor que eu alimento
co'as sementes da ilusão
bica em fúria o sentimento
que me escava o coração...
Fina estrela em teu olhar
vira a láctea de uma via
que persigo ao caminhar
com você, amor, poesia...
Grande amor, pequeno embora,
foste grande ao vão poeta
que se encontra à luz da aurora
mas jamais em linha reta...
Grande fado, mar ao lado!...
Mas a lágrima de oliva
rola aos lábios do coitado,
a rogar, silente: - Viva!
Mal o dia em nós raiou,
meu amor se pôs a arfar;
foi meu beijo que tirou
de quem amo todo o ar...
Meu amor jamais foi meu,
disso eu tenho consciência;
no balcão, sobrou Romeu,
numa eterna adolescência...
- Na sanfona que suspira
pelo amor no carrossel,
fica o choro que conspira
pra essa lua ser de mel...
Na varanda de minh'alma,
sob as dálias e o jasmim,
este cravo é branca palma
de uma rosa sem jardim...
No florir dos dissabores,
num bilhete desprezado,
fica o cheiro dos amores
que ficaram no passado...
Ó, guitarra portuguesa,
voz irmã de um trovador,
faz do amor a natureza
de quem busca lua e flor!
Todo o amor que tu me tinhas,
e lhe tinha amor demais...
Mas, na vida, as "cirandinhas",
volta e meia, são jamais.
Um perdão que nunca vem
vem matar quem o quisera,
mas massacra quem o tem
sem o dar a quem o espera...
Fonte: O Autor
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