Meu amor me disse...
Meu amor me disse
que eu seguisse a pé
pela rua, em fúria,
que um amor dá pé!...
Meu amor me disse
que eu subisse ao céu
pela lua, em fúria,
que a lua é de mel!...
Meu amor me disse
que eu servisse à fé
quase nu, em fúria!...
E ele?! "Deu no pé"!
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A solidão é de ferro
Para Teresinska Pereira
Ottawa Hills, Ohio, EUA
Nem de mel, nem de papel,
nem do verso que descerro;
tão sozinha, em seu cordel,
a solidão é de ferro.
Não do tal das ferrarias,
nem do tal que passa a roupa,
mas das velhas ferrovias,
onde um trem parece estopa.
Assim, só, de madrugada,
tendo o ferro da paixão
nestes ossos, quase nada,
passo a ferro o coração,
velho trem, nessa toada
de ser ferro, ou solidão.
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Passarinho aflito
Engolindo alpiste,
na maior clausura,
gradeada e triste,
terna voz perdura...
Alma eterna, insiste
em poupar ternura
e, ao poupar, resiste
co' a maior bravura.
Passarinho aflito,
bica os livros, para
e já volta ao 'rito'...
A si mesmo encara,
sem soltar seu grito,
que o penar apara.
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Minha amiga, a Solidão
Num cantinho lá de casa,
onde mora uma ilusão,
certa amiga arrasta a asa
por um pobre coração...
Por um pobre coração
que foi rubro, em viva brasa,
certa amiga faz serão
e, depois, meu sono "arrasa"...
Minha amiga, a Solidão,
vende os ecos a granel,
mil sussurros sem razão!...
Diz que é feita só de mel,
mas eu sei que a Solidão,
minha amiga é de papel.
Fonte: O Poeta
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