segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Olivaldo Júnior (Poemas Escolhidos) IV


Meu amor me disse...

Meu amor me disse
que eu seguisse a pé
pela rua, em fúria,
que um amor dá pé!...

Meu amor me disse
que eu subisse ao céu
pela lua, em fúria,
que a lua é de mel!...

Meu amor me disse 
que eu servisse à fé
quase nu, em fúria!...
E ele?! "Deu no pé"!
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A solidão é de ferro

Para Teresinska Pereira
Ottawa Hills, Ohio, EUA

Nem de mel, nem de papel,
nem do verso que descerro;
tão sozinha, em seu cordel,
a solidão é de ferro.

Não do tal das ferrarias,
nem do tal que passa a roupa,
mas das velhas ferrovias,
onde um trem parece estopa.

Assim, só, de madrugada,
tendo o ferro da paixão
nestes ossos, quase nada,

passo a ferro o coração,
velho trem, nessa toada
de ser ferro, ou solidão.
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Passarinho aflito

Engolindo alpiste,
na maior clausura,
gradeada e triste,
terna voz perdura...

Alma eterna, insiste
em poupar ternura
e, ao poupar, resiste
co' a maior bravura.

Passarinho aflito,
bica os livros, para
e já volta ao 'rito'...

A si mesmo encara,
sem soltar seu grito,
que o penar apara.
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Minha amiga, a Solidão

Num cantinho lá de casa,
onde mora uma ilusão,
certa amiga arrasta a asa
por um pobre coração...

Por um pobre coração
que foi rubro, em viva brasa,
certa amiga faz serão
e, depois, meu sono "arrasa"...

Minha amiga, a Solidão,
vende os ecos a granel,
mil sussurros sem razão!...

Diz que é feita só de mel,
mas eu sei que a Solidão,
minha amiga é de papel.

Fonte: O Poeta

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