sábado, 20 de junho de 2009

Antonio Brás Constante (Poesias)

Pintura de Iman Maleki (O Estudante)
O QUE É SER POETA...

É descrever o ritmo na batida do coração,
Utilizar asas imaginárias para poder sair do chão,
Soprar brisas no deserto,
Desenhar nuvens no ar,

Trilhar caminhos incertos,
Criar um brilho no olhar,
Pintar arco-íris com rimas,
Brincar com letras no papel,
É mesmo acordado poder voar pelo céu,

É bordar as estrelas no firmamento,
Salgando lágrimas,
Adoçando beijos,
Transformando o cinza em alegria,
Ser poeta é misturar sabores,
É temperar frases com um gostinho de poesia.
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CARTAS MOLHADAS, SEGREDOS PERDIDOS.

Quantas cartas espalhadas sobre uma cama molhada.
Do forro gotejam goteiras. Furtivas lágrimas da intensa tempestade.

Escritas borradas embaralham palavras envelopadas.
Confidencias gravadas que mancham colchas ensopadas,
desenhando marcas em tecidos de tergal.

A gota, a cama, a água imóvel no ventre do móvel.
A letra, o papel, a cumplicidade em forma de cartas,
abandonadas em um quarto de motel.

Finda a chuva, seca a cama, sobram as cartas ali deitadas.
Sumiram seus símbolos.
Perderam-se seus segredos.
Cessaram suas palavras.
Pedaços de papel inútil, vítimas de uma chuvarada.
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