domingo, 21 de junho de 2009

Dicionário do Folclore (Letra O)



OBÁ. Orixá nagô da macumba carioca. Obá é a mulher de Agodô.

OBATALÁ. É o maior dos orixás iorubanos. Veja ORIXÁ.

OBRA-DE-SANTA-INGRÁCIA. Diz-se quando um trabalho nunca acaba, nunca chega ao fim.

O-CÃO-CHUPANDO-MANGA. Na linguagem que o povo usa, no seu dia-a-dia, a expressão o-cão-chupando-manga é usada quando a pessoa é boa, é bamba em determinado assunto (em informática, José é o-cão-chupando-manga), valente, determinado, inteligente.

OJÁ. É um fetiche (objeto animado - com movimentos, ou inanimado - sem movimentos próprios, feito pelo homem ou produzido pela natureza, ao qual se atribui poder sobrenatural e se presta culto, se venera) do candomblé, que consta de uma faixa ornada de conchas do mar e contas.

OLHADO. Veja MAU-OLHADO.

OLHAR-DE-CABRA-MORTA ou DE-PEIXE-MORTO. Diz-se das pessoas que têm o olhar inexpressivo, perdido no espaço, no mundo do sonho, fora da realidade.

OLHAR-PARA-TRÁS. O ato de olhar-para-trás é uma das tradições religiosas mantidas no populário brasileiro. Quem olha para trás, viajando só, principalmente à noite, fica assombrado e com medo. Dizem os caçadores que a onça mata a pessoa que, ao caminhar na mata, olha para trás. Os noivos, quando vão saindo da igreja, acompanhados dos padrinhos e convidados não devem olhar para trás. A Bíblia diz que a mulher de Ló, porque olhou para trás, foi transformada em uma estátua de sal. Quando se atira o primeiro dente de leite no telhado, não se deve olhar para trás. Quando uma moça passa por um rapaz e olha para trás, para ele, diz-se que está quebrando-o-catolé.

OLHO-DE-SECA-PIMENTA. Diz-se de quem tem o poder de botar mau-olhado nas pessoas, nos animais, nas coisas. As pessoas adoecem, os animais morrem, as plantas murcham.

OLHO-GRANDE. Olho que irradia malefício, ruindade, infelicidade, tudo de ruim que possa acontecer a uma pessoa. Há pessoas que têm esse poder que faz com que os casamentos se desfaçam, os negócios não dêem certo, etc. Quem tem olho-grande tem mau-olhado.

OLHOS. Que os olhos sejam as janelas da alma, ninguém tenha a menor dúvida porque é olhando bem os olhos de uma pessoa que podemos saber se ela é boa ou má, romântica ou sensual, pura ou pecaminosa, sincera ou falsa. É que os olhos sempre deixam transparecer o mundo de sentimentos, defeitos e qualidades que moram dentro de cada um de nós. Quando estamos preocupados ou angustiados, falando uma verdade ou dizendo uma mentira, quando somos dominados por uma emoção qualquer, os nossos olhos são capazes de revelar tudo quanto sentimos com uma exatidão que a ciência ainda não conseguiu explicar. Até mesmo a própria cor dos olhos pode qualificar as pessoas. Dizem que os ciumentos têm olhos azuis. As pessoas sinceras, leais, costumam ter olhos castanhos. Têm olhos verdes as pessoas capazes de enganar, assegura a sabedoria popular através de um antigo e muito conhecido fado português. Os olhos pretos são misteriosos, difíceis; guardam muito, escondem a alma de seus donos. E o que dizer, então, da força que certas pessoas têm nos olhos, força capaz de fenecer as flores, adoecer a saúde, entristecer a alegria e até mesmo de matar pessoas, animais e plantas? São pessoas que têm mau-olhado e, através de seus olhos de seca-pimenta, olhos maus, invejosos, podem até mesmo fazer o mal, espalhando tristeza, gerando preocupações de toda natureza. Os olhos também participam da linguagem popular. Tanto é assim que botar no olho da rua é mandar alguém embora, expulsar. Ir de olhos fechados, é conhecer bem o caminho sem precisar de guia. Com um olho no padre e outro na missa é prestar atenção a tudo, sem perder nenhum detalhe do que está sendo observado. Ter olhos de cabra morta diz-se das pessoas de olhar lânguido, triste, sem expressão. Ter sangue no olho é qualidade de quem é valente, esperto, de quem não tem medo de nada. Com o olho no caminho fica quem está esperando alguém com certa ansiedade. Ter os olhos maiores do que a barriga é a qualificação do guloso, cuja vontade de comer é maior do que o tamanho da fome. Ter o olho grande exprime o desejo incontrolável de certas pessoas. Estar de olho, é estar atenciosamente observando algo. Dever os olhos da cara é a situação de quem está devendo muito, devendo até os cabelos da cabeça. Num abrir e fechar de olhos, o que é feito com a maior rapidez possível. Botar areia nos olhos, é ato de quem usa de subterfúgio para esconder a verdade. Custar os olhos da cara, diz-se de tudo que está muito caro, caro demais. Ter olhos de peixe morto é qualidade de quem tem o olhar parado, perdido na distância, como se não tivesse vida. Olhos pidões são olhos de quem suplica, de quem pede sem usar palavras, sem falar. Olhos de pitomba são os olhos pulados, salientes. Ter ou Estar de olho vivo, significa perspicácia de seu dono. Pinicar o olho, é piscar o olho, dar um sinal, namorar à antiga. Quando se faz alguma coisa em pouco espaço de tempo, o que se fez foi feito enquanto o Diabo esfregou um olho. Arriscar um olho, é aventurar pra ver se algo dá certo. Abrir os olhos, além de ser uma advertência é também nascer para a vida, para o mundo. Fechar os olhos é morrer para o mundo e nascer para a Eternidade.

OMALÁ. O conjunto de alimentos votivos destinados ao orixá. Cada orixá tem seu omalá. O omalá de Ibeji é composto de caruru, acaçá, acarajé, abará e farofa de azeite-de-dendê.

O-MAR-NÃO-ESTÁ-PARA-PEIXE. Expressão usada para se dizer que nada está bom, que as coisas não andam boas, que não é o momento oportuno para as coisas serem feitas.

ONÇA. 1. Nome que o povo dá às várias espécies do mamífero carnívoro do gênero felino, entre as quais a onça pintada, a suçuarana, a preta. 2. A onça participa bastante da linguagem popular: a) No tempo da onça - tempo muito antigo; b) Espécie de jogo em tabuleiro como o de damas, representando as pedras a onça e um certo número de cachorros, ganhando a partida quem conseguir encurralar a onça na furna formada por um triângulo com a base para cima; c) Andar-na-onça, diz-se de quem está sem dinheiro, liso; d) Comer-a-onça é comer devagar, aos pouquinhos; e) Amigo-da-onça é o amigo falso, importuno, inconveniente.

ONDE-O-DIABO-PERDEU-A-BOTA. Lugar ermo, distante, desconhecido. Igual à expressão nos-cafundós-de-judas, onde-o-vento-faz-a-curva.

ONDE-O-VENTO-FAZ-A-CURVA. O mesmo que ONDE-O-DIABO-PERDEU-A-BOTA.

ONOFRE, Santo. É um santo muito popular no Brasil. O povo acredita que Santo Onofre guarda a despensa, o guarda-comida e todo e qualquer lugar que tenha alimento. É, assim, o padroeiro da fartura.

OS-PÉS-DA-BESTA. Diz-se da pessoa danada, inteligente, o-cão-chupando-manga, que faz tudo bem feito.

O-QUE-É-BOM-PRA-TOSSE. Revidar; dar um corretivo; tomar uma medida em represália a uma afronta sofrida, é mostrar o-que-é-bom-pra-tosse.

ORAÇÃO. Orar é conversar com Deus e os santos, pedindo-lhes saúde, emprego, chuva, etc. A oração-forte (amuleto ou talismã), guardada num saquinho, lida ou rezada todas as noites antes de dormir, tem o poder de proteger a pessoa que a conduz contra as doenças, os maus negócios, tudo de ruim que possa acontecer na vida de uma pessoa.

ORELHA. Era costume dos guerreiros antigos cortar as orelhas dos inimigos abatidos em combate e presenteá-las ao seu chefe, ao seu rei, como prova de coragem e de habilidade na arte de guerrear. No alto Sertão brasileiro, costumava-se cortar as orelhas dos ladrões, costume que esteve em uso até a primeira década do século XX. Ainda hoje muitos pais puxam as orelhas de seus filhos, como castigo, quando fazem coisas erradas. Puxar as orelhas de alguém era fazer com que as pessoas se lembrassem das coisas, de vez que as orelhas eram consagradas à deusa Memória, da mitologia greco-romana. E quando na pessoa a orelha direita arder é porque estão falando de bem do dono da orelha; mas, se a orelha que estiver ardendo for a esquerda, é porque estão falando de mal. Estar a pessoa de orelha em pé, diz-se da pessoa que está atenta, vigilante, desconfiada. Torcer-a-orelha-e-não-sair-sangue diz-se da pessoa arrependida do que fez.

ÓRIO. No rito jeje-nagô é o sacrifício de animais para que se possa conseguir a benevolência divina.

ORIXÁ. Simbolizando as forças naturais, os orixás são divindades da religião iorubana. Os orixás moram nas costas africanas e, atraídos pelos cântico e ritmo dos tambores em sua honra, eles se encarnam e se apossam de seus médiuns, cavalos, intérpretes, tomando o aspecto que tiveram na terra.

OVELHA-NEGRA. Dá-se o nome de ovelha-negra ao filho de uma família diferente dos demais, e que é mau-caráter, enganador, jogador, sem palavra, mentiroso e que possui todas as más qualidades que uma pessoa possa ter.

OVO. As crendices e superstições tendo o ovo como motivo estão ligadas à fecundidade. Para se botar uma galinha para chocar seus ovos é preferível fazê-lo com a Lua em quarto crescente. Para que os ovos não gorem é bom fazer uma cruz com tinta de escrever em cada um e depois colocá-los no ninho, dizendo: - "Nas horas de Deus,/ Por São Salvador,/ Nasçam todos fêmeas/ E um só galador ". Depois de nascerem os pintos é bom queimar as cascas dos ovos. É bom colocar as cascas dos ovos na extremidade das varas das cercas, para combater o mau-olhado. Quando muita gente enche um teatro, um campo de futebol, o povo diz: "Está cheio que só um ovo!" Entre os bons bebedores, corre a seguinte expressão: - "Todo mundo bebe. Menos o sino, que tem a boca para baixo e o ovo, que já está cheio".

OVOS-DE-PÁSCOA. Nas grandes cidades do Sul, a partir de 1920, começaram a aparecer, vindos de Paris, os ovos-de-páscoa. Eles foram popularizando-se como um hábito de gente rica. Os ovos-de-páscoa tiveram a seguinte origem: No século XIII, os estudantes da Universidade de Paris iam cantar laudes na porta da catedral e, depois, coletavam presentes de ovos que eram distribuídos aos amigos, vizinhos e parentes, depois de tingidos de azul e vermelho. Durante a Páscoa as crianças ficam com a incumbência de procurar ovos-de-páscoa feitos de chocolate, escondidos nos mais diferentes lugares da casa. É um costume recente.

OXALÁ. Entidade andrógina, Oxalá é o maior dos orixás e de maior tradição religiosa na Bahia. Oxalá, de caráter bissexual, simboliza as energias produtivas da natureza.

OXENTE. Interjeição designativa de admiração, de desdém, de desprezo: - "Oxente, não está vendo que o que você quer é uma coisa impossível?" Deve ser corruptela (forma popular) de ó gente!

OXÓSSI. É o orixá da caça e dos caçadores, e tem, na quinta-feira, o seu dia. O fetiche que representa Oxóssi, no peji, é um arco com uma flecha, uma frigideira de barro e uma pedra. Suas insígnias são: rabo de boi, polvarinho e o capanga de Oxóssi, reunião das coisas usadas por um caçador, como espingarda, bucha, vareta, bornal, etc. As filhas de Oxóssi têm as vestimentas de cor verde e amarelo, usam pulseiras de bronze e colares de contas verde-branco nos candomblés bantos e azul-claro nos nagôs. Os animais votivos são o galo e o carneiro. Seu alimento é o achochô, feito de milho.

OXUM. Oxum é o orixá das fontes, dos rios, deusa do rio Oxum, na África, égide das águas doces, enquanto que Iemanjá é das águas salgadas e Ananburucu, Nanburucu ou Nanâ é orixá da chuva. Oxum é filha de Iemanjá, casada com seu irmão Xangô. Seu fetiche é uma pedra marinha ou um seixo polido. Sua insígnia é um leque de latão (o abadê), tendo uma estrela branca no centro ou uma sereia. O Omalá de Oxum é a tainha, a cobra, a galinha e o feijão.
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O Dicionário completo pode ser obtido em http://sites.google.com/site/pavilhaoliterario/dicionario-de-folclore
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Fontes:
LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Ed. Fundação Joaquim Nabuco
Imagem = http://www.terracapixaba.com.br/

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