A lenda dos caminhos
No sertão muitas estradas
Foram e são mal medidas,
Umas de léguas mirradas,
Outras de léguas compridas.
Para explicar-me este fato
Na volta de uma fazenda
Um homem simples do mato
Contou-me um dia esta lenda.
A medição dos caminhos
Por estes matos rasgados
Foi sempre entregue aos carinhos
De pares enamorados.
Iria o casal andando,
andando sem trégua
para abraçar-se só quando
tivesse andando uma légua.
Havia casais velhinhos,
Havia-os jovens em flor,
Sofrem, por isso, os caminhos,
Das diferenças do amor.
Casais de velhos, suspensos,
Em recordar o passado,
Deixavam trechos imensos
Sem o sinal combinado.
Os jovens, não iam avante,
vendo que a légua aprazada
estava muito distante,
marcavam outras na estrada.
Isto explica medidas
de estradas tão desiguais:
às vezes léguas compridas,
às vezes curtas demais..
---------------------
Soneto (*)
Beth, não tenho luneta
como você imagina
que corajosa se meta
pela morada divina.
Vejo a lua, borboleta,
no céu-jardim, ou campina,
vejo mais longe um planeta,
uma estrela pequenina...
Mas ver a Nossa Senhora,
ver o céu onde Deus mora,
ou ver os anjos de Deus...
Ver isso, Beth, somente
um coração inocente
e olhos puros com os seus.
(*) Para Maria Elisabeth Becaccini, de Curvelo.
---------------------------
Diamantina em Serenata
Quando a noite alinda lua
Torna as pedras cor de prata
Diamantina sai à rua
Transformada em serenata
Seresteiros indomados
Dedilhando violões
Levam música aos ouvidos
E saudade aos corações.
A seresta apaixonada
Corre as ruas do Macau
Capistrana Cavalhada
São Francisco, Burgalhau
Essas ruas serpeantes
É tão fácil entendê-las
Descem doidas por diamantes
Sobem ávidas de estrelas.
O Itambé mesmo de longe
Ouve os sons quase em surdina
Ergue as mãos azuis de monge
E abençoe Diamantina
Se de um sonho nada resta
Só saudade, só, mais nada,
Como é linda uma seresta,
Numa noite enluarada.
----
No sertão muitas estradas
Foram e são mal medidas,
Umas de léguas mirradas,
Outras de léguas compridas.
Para explicar-me este fato
Na volta de uma fazenda
Um homem simples do mato
Contou-me um dia esta lenda.
A medição dos caminhos
Por estes matos rasgados
Foi sempre entregue aos carinhos
De pares enamorados.
Iria o casal andando,
andando sem trégua
para abraçar-se só quando
tivesse andando uma légua.
Havia casais velhinhos,
Havia-os jovens em flor,
Sofrem, por isso, os caminhos,
Das diferenças do amor.
Casais de velhos, suspensos,
Em recordar o passado,
Deixavam trechos imensos
Sem o sinal combinado.
Os jovens, não iam avante,
vendo que a légua aprazada
estava muito distante,
marcavam outras na estrada.
Isto explica medidas
de estradas tão desiguais:
às vezes léguas compridas,
às vezes curtas demais..
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Soneto (*)
Beth, não tenho luneta
como você imagina
que corajosa se meta
pela morada divina.
Vejo a lua, borboleta,
no céu-jardim, ou campina,
vejo mais longe um planeta,
uma estrela pequenina...
Mas ver a Nossa Senhora,
ver o céu onde Deus mora,
ou ver os anjos de Deus...
Ver isso, Beth, somente
um coração inocente
e olhos puros com os seus.
(*) Para Maria Elisabeth Becaccini, de Curvelo.
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Diamantina em Serenata
Quando a noite alinda lua
Torna as pedras cor de prata
Diamantina sai à rua
Transformada em serenata
Seresteiros indomados
Dedilhando violões
Levam música aos ouvidos
E saudade aos corações.
A seresta apaixonada
Corre as ruas do Macau
Capistrana Cavalhada
São Francisco, Burgalhau
Essas ruas serpeantes
É tão fácil entendê-las
Descem doidas por diamantes
Sobem ávidas de estrelas.
O Itambé mesmo de longe
Ouve os sons quase em surdina
Ergue as mãos azuis de monge
E abençoe Diamantina
Se de um sonho nada resta
Só saudade, só, mais nada,
Como é linda uma seresta,
Numa noite enluarada.
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