terça-feira, 22 de dezembro de 2009

I Encontro Nacional de Poesias de São Fidélis (Poesias Vencedoras)



1º LUGAR

Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros (Rio de Janeiro)
AO MAIS ANTIGO CIDADÃO DE SÃO FIDÉLIS

Sem que o relevo desta terra te proíba,
Com sedutora imponência…e mansidão…
Tu atravessas nossa história, Paraíba,
Abençoando muito mais que um coração.

Tua corrente é poesia em movimento
E por cruzares nossa Cidade Poema,
Quem te navega com o olhar, vê num momento,
Que és o verso…São Fidélis é o tema.

Numa das ruas que te abraçam, da matriz
Duzentos anos te miram…o campanário
Geme estridências solidárias e te diz
Que o teu matiz é sempre um novo itinerário.

Se retornasses há alguns tempos passados,
As tuas margens…de tão líricos caminhos,
Enlaçariam teus Puris e Coroados
E reveriam teus sublimes capuchinhos.

Quando anoitece, a cidade se emoldura…
E na ternura dos olhares solidários,
A luz da Lua se mistura…com brandura,
À escultura dos seus prédios centenários.

Das luminárias do presente fidelense…
Às lamparinas dos casebres ribeirinhos,
A poesia se dilui…sublimemente
Na agitação dos teus eternos torvelinhos.

E quando o sol, pela manhã, te ilumina,
Cada retina comovida que te chora
Reflete em tua solidão mais…mais cristalina…
A repentina emoção de quem te adora.

Os flamboiants fazem a corte quando passas,
Porque eles sabem que sempre reverencias
Cada poeta que passeia pelas praças
De São Fidélis, respirando fantasia.

Na solidão das tuas águas mais douradas,
Quando teu ímpeto…perene…nos completa,
Teu coração, em pulsações cadenciadas
Fala de amor com a ternura de um poeta.

Nós te louvamos, porque és o nosso irmão,
E quem visita nossa lírica cidade,
Sempre te vê, atravessando um coração
E desaguando em nossa sensibilidade.

2º LUGAR

José Antonio Jacob (Muriaé/MG)
POEMA DE SÃO FIDÉLIS "CIDADE POEMA”

Oração Inicial

São Fidélis de Sigmaringa…

Rogai por nós fidelenses,
pelos índios brasilienses,
Coroados e Puris…
Dai-nos Paz e Liberdade
para o bem desta cidade
protegei nossa Matriz!

O desbravamento

Rumo ao sítio da Gamboa,
há de ser em terra boa!
Quis o destino feliz
que dois frades capuchinhos,
encontrando bons caminhos
fundassem nobre Matriz.

Trabalho ao sabor do vento,
sem vestígio de cimento,
só pedra, tijolo e areia,
tudo em oleo de baleia
e outros meios de improviso:
-sangue, suor e sorriso…

A proteção da Cruz

Ainda estudando um modelo
os frades tiveram zelo
e devoção a Jesus,
e aos "Anjos do Artesanato"
deram à Igreja o formato
de uma esperançosa cruz.

Nosso enredo diz assim:
-A mata virou jardim
e o jardim floriu cidade,
porque onde há paz e harmonia
também tem felicidade
e junto delas poesia!

Nas margens do Paraíba
a História subiu em riba
e desfraldou nosso emblema:

-Somos um povo feliz,
temos a "Cidade Poema",
A praça verde e a Matriz!

3º LUGAR

Benedito José Almeida Falcão (Baurú/SP)
SÃO FIDÉLIS (…o Tempo e o Vento…)

No princípio destas terras,
bem antes do povoado,
viviam Puris, Coroados
entre seus rios e serras.

…e entre eles, o tempo...

...e vêm pelas águas os freis,
O Imperador, pelas serras,
nas bagagens, fé e leis,
vem progresso, em via férrea…

Vem, da Matriz, som de sino;
dos poetas, vêm os versos,
na toada dos destinos,
nossos sonhos mais dispersos…

…e entre o tempo, o vento…

Ah, história de nossa gente,
unidas pelas estruturas
das pontes e das culturas
que unem passado e presente.

…e entre eles, o tempo…
...e entre o tempo, o vento…

No recriar desta cena,
hoje, São Fidélis é
uma Cidade Poema
de esperança, força e fé…

…aldeia, povoado, vila…
…e entre tudo o tempo…
…e entre o tempo, o vento…
… entre eles, nossas vidas…

MENÇÃO HONROSA

Ronaldo de Souza Barcelos (São Fidélis/RJ)
HISTÓRIA DO MEU LUGAR

No princípio era o rio.
Manso, denso, caudaloso, deslizando cuidadoso
entre as serras, para o mar.
Molhando o chão de mansinho
Era mesmo a natureza contemplando a própria beleza
que em versos não sei contar.

Rio acima de canoa
num lugar chamado Gamboa
aportaram-se os capuchinhos
que sem medo do perigo
dos índios tornaram-se amigos.

Em capela de pau e palha rezaram a primeira missa
Igreja de pedra e cal
para formar a Aldeia.

Os índios já estavam aqui, coroados e puris
os negros vieram depois
juntando-se aos freis pioneiros
puseram-se a construir
Um templo tão majestoso que encantou o Imperador.

Pedaço de chão singular
Foi Curato, Freguesia, Foi desenho de Debret.
E de tanta poesia em Vila se transformou.

Ganhou Câmara e Barão
Imprensa, bandeira e brasão.
Ganhou ponte e solar.
Ruas de traços perfeitos
Cidade Poema é um feito do poeta em devaneio,
São Fidélis - também santo da Ordem dos Franciscanos
que está a rogar por nós
há mais de 200 anos.

Hoje o rio, a ponte, a Matriz,
traduzem um lugar feliz
Cidade de São Fidélis
minha terra natal
bom lugar para viver
Cidade dos meus amores
Assim como seus fundadores
Hei de amar-te até morrer.

Antonio Augusto de Assis (Maringá/PR)
ERA UMA VEZ...

Era uma vez um lugar
que se chamava Gamboa.
Tinha um rio que passava
juntando as águas da serra para levá-las ao mar.
E os índios - os coroados, os garulhos e puris.

Um dia a canoa trouxe, trazendo as bênçãos de Deus,
dois fradinhos de capucho, um Ângelo, outro Victório,
e a cruz ali se fincou.

Fez-se a capela primeira, de pau-a-pique e sapé.
Depois, belíssima, a igreja
dedicada a São Fidélis, o mártir de Sigmaringa,
padroeiro e protetor.

Em volta se fez a aldeia, da aldeia se fez a vila,
e a vila se fez cidade, que de tão florida e bela
de Poema se chamou.

São Fidélis, Cidade Poema
Do morro do Sapateiro,
das lendas e das laranjas que vêm da Bela Joana,
do leite vindo da Ipuca, de Colônia e Cambiasca,
da cachacinha gostosa moída no Grumarim,
do açúcar branquinho da Usina Pureza,
das barraquinhas na praça em volta da maxambombas.

São Fidélis do Bar América e do Bar Orion,
e do Jaime Coelho na porta do Cine Império.
Do banacaxi, do requeijão, do pão tatu
e das rosquinhas amanteigadas.
São Fidélis das serestas e dos grandes bailes,
dos banhos de rio e da bola de meia.
E das festas da lagosta do Aloísio Abreu.

São Fidélis das bandas tocando dobrado
que hoje escuto redobrados na retreta da saudade.

Diamantino Ferreira (Campos dos Goytacazes)
MINHA TERRA, MINHA SÃO FIDÉLIS

São tantas as coisas belas
desta Cidade Natal!
Uma pena - tantas delas
vivi tão pouco...afinal!

As imagens, de passagem,
rolavam - mas nunca as via!
Eram parte da paisagem
Num mundo que prosseguia!

Tantos anos, e eu daqui
cuidei da vida lá fora;
fiquei moço, envelheci...
Mas estou voltando agora!

Que minha terra me aceite,
pois nunca a deixei de amar!
Fidelense, como azeite...
estive sempre a boiar!

Se voltei, velho e alquebrado,
pela família lutando,
-de volta ao rincão amado,
minha terra! Estou voltando!!!

Por tanto amigo perdido
de que até perdi a conta!
E por tantos esquecido...
Haja bem...que sem afronta!

Aqui, "Cidade Poema",
"São Fidélis" - aportei;
vi meu filme num cinema
que jamais esquecerei.

Havia só uma ponte!
-Ao chegar, já vejo duas!
Que o progresso mais desponte...
Saudades de minhas ruas!

Edmar Japiassú Maia (Rio de Janeiro)
MURAL DIVINO

Recanto de imponentes casarios
que dão requinte à sua nobre história,
São Fidélis enfrenta os desafios
de incólume manter sua memória...

Na austeridade que se faz presente
num presente que é espelho do passado,
Cidade Poema, orgulhas tanta gente
a quem acolhe, sempre, de bom grado...

Para cantar-se não se impõe prefácio,
porque, no rol de tuas tradições,
irmanas a soberba de um palácio
e o amor de fidelenses corações...

Imponentes palmeiras...hamamélis...
assemelham-se a austeras sentinelas,
que emprestam ao perfil de São Fidélis
a paisagem mais bela, entre as mais belas.

As bicicletas trafegam ao largo,
o culto de poesias e amizades,
tornam suave o dia-a-dia amargo,
na doçura das tuas "brevidades"...

Em claras noites o estrelado manto
vem enfeitar o luar que te ilumina...
Por isso, São Fidélis, tens o encanto
de um divino mural...que Deus assina!

Sebastião José Moreira de Queiroz (Vitória/ES)
PRENDA DE SÃO FIDÉLIS

Quando ao longe um assovio
Faz no corpo um arrepio
Eu me lembro das histórias
Que contava meu avô...

...E lá ia o trem de ferro
Saindo da estação.
E na sua janela um branco terno
Balançando uma das mãos

Sua alma ia serena
Lá pro interior do Rio
Lá pra "Cidade Poema"
Conquistar o seu quinhão.

Passava cana, passava boi, cabana.
Passava milho, arroz e banana.
Passava melro, goiaba, tomate algodão.

Só não lhe passava o desejo
Que lhe pedia o coração
Em fervente oração.

"São Fidélis me atenda
Ouça a minha petição
Quero para mim uma prenda
Na festa de São João"

Ir à Matriz, rodar a praça
Passear de mão-na-mão
Namorando a minha moça
No ardor de uma paixão.

E da janela a vida lhe acontecia
Do trem de ferro que o conduzia
E o coração que lhe sentia
Reluzir tal qual rojão.

Passava canavial, passava boiada, casebre
Passava milharal, pasto e herdade.
Céu de antenas coroado, cidade

E lá se foi o trem de ferro...
...E da "Cidade Poema"
Ele roubou a sua prenda
Que São Fidélis lhe defenda
Para nunca mais ele andar só.
E assim a prenda fez-se minha avó.

Rosana Dalle Leme Celidônio (Pindamonhangaba/SP)
JARDIM DE DEUS

Todos me chama de Deus,
O céu é minha morada,
Mas na Terra houve quem quis copiar.
Pois conheço uma cidade que não deixa a desejar...

Se há paraíso terreno, deve ter Nome de Santo.
E lá por aquelas bandas, também bandas deve haver,
Pois sem música não tem graça
E na Praça do Poeta... tem quem queira festejar.

Com cheiro de poesia passeando pelo ar,
Todas as noites adormecem,
Os filhos de "São Fidélis";
Ninados por ricos versos se fazendo rimar.

Berço de grandes nome, merecedores de aplauso,
Fazem jus! Filhos de terra sagrada;
Onde os anjos - Se eu deixasse!
Faria dali sua morada.

Paraíso que se preze tem rio que corta a paisagem,
Desfilando Bela Joana...E o desfiladeiro ao seu redor,
Tal qual Peito de Moça com Pai bravo a lhe guardar.
Tem o Parque do Desengano,
Mas também os Franciscanos (esses não por engano)
Instalaram-se por lá.

E as pessoas de passagem não podem passar sem olhar
O orgulho do seu povo:
- Eis a "Cidade Poema",
Que abriga gente feliz!
Eu falo de "São Fidélis",
Nascida aos pés da Matriz, já bicentenária agora,
Um sinal da cruz eu fiz...

Se sou Eu o Criador,
Deve ser minha culpa,
Por hoje estar com inveja, dos moradores dali,
Só Eu posso fazer isso: Aponto o lugar e digo:
-Faço deste o meu jardim!

"Cidade Poema" é seu tema:
Intelectualidade o seu lema.
Orgulho de seu estado;
Recanto desse país,
Estando em "São Fidélis"
Graças a Deus sou feliz!
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