domingo, 20 de dezembro de 2009

Delasnieve Daspet (Album de Poesias Poetas del Mundo)


MELANCOLIA...

Sentada à janela,
Livro nas mãos,
Folha a folha virava.
Em voz alta, lia.

Páginas e páginas à minha frente,
Sem prestar qualquer atenção,
As palavras surgiam como sombras!
Não entendia nada...

Buscava nem ouvir o som,
Perdendo-me na saudade...
A lembrança embarga minha voz,

Lágrimas amargas de fel
Acentuam a melancolia
De mais um dia.
=================

BONECOS DE PANO

Eis-me, de novo, matutando sobre a vida...
Vejo tanta banalidade:
Se desdobram para ver qual o pior,
O governo, políticos, povo, sociedade.

De repente é como se nada valesse a pena.
Questiono se a própria vida
Vale algo?
São tantos os desmandos que
Acho que nada vale absolutamente nada!

O homem estendido no chão, ensangüentado,
a árvore cortada pela raiz,
dobrados em si,
como bonecos de pano,
me dá a exata noção da nossa precariedade!

Uma bala perdida;
Um carro desgovernado;
Adolescentes bêbados;
Governo sem rota, sem prumo;
Ladrões saindo pela ladrão...
Corram.... a policia vem chegando!

Fatos assim
Nos mostram no dia a dia
A nossa não serventia.

E como bonecos de pano,
somos jogados, ceifados,
quando alguém supõe que já não servimos.

A nossa revelia nascemos.
Não temos escolha.
Num momento supremos somos gerados,
crescemos e morremos como árvores
que tombam cortadas, jogadas, queimadas.

Eis-nos no limbo, ao léu.
No céu aberto em exíguo espaço
Reclamando nossos momentos tão curtos,
Que acabam em espasmos,
No surdo barulho da morte...

Descartados sem o menor cuidado,
Sem piedade,
Sem ninguém,
Amassado, amorfo...
Morto - já não vota nem escolhe,
Pobre humano!
================================

PARA UM VIOLÃO

Jaz na parede, encostado,
aquele que foi testemunha
Dos meus loucos amores juvenis,
dos meus dissabores, de minhas desilusões,
dos meus sonhos mortos,
do nó na garganta que sufoca,
do cotovelo que se transforma
em dor no peito e mata.


Jaz, abandonado,
seis cordas que dedilhei,
no abraço colado ao corpo,
de manhã, a tarde,a noite,
nas madrugadas solitas,
da vida que escolhi,
quantas lágrimas soluçamos
em tuas notas.


Jaz, meu companheiro,
solitário e acabrunhado,
num canto jogado,
meus dedos já não tão ágeis,
já não te fazem vibrar como antes.

Fizemos tantas serestas,
polcas, guaranás, chamamés, fados,
em tuas cordas pungentes
todos os sonhos que perdi.

Meu violão,
meu amante,
companheiro,
vamos voltar à boêmia
com novas melodias,
cruzar com a lua altaneira,
versejando c'as estrelas,
beber do orvalho da madrugada
na perfumada brisa das campinas,
novos sonhos, novas saudades,
agora que o tempo já vai ficando
tão longo.... e tão tarde...

E eu, - me findo em canção
sem melodia, nas enluaradas
noites deste sertão.
============================

DIVAGANDO À BEIRA MAR...

Quero falar de uma exceção variável.
Exceção que agrega infinitos valores
esquecidos ao longo da vida...

Corremos atrás de uma aclamada felicidade
traçada por padrões estabelecidos
quase sempre sem sucesso pois
criamos um ideal fechado por modelo.

Antes de mais nada é preciso separar
a essência e a aparência das coisas da
sensação localizada no observar.

Afinal - o que é a vida a não ser
um suceder constante do tempo
que nos contempla com o
refugio da eternidade?

Já nascemos com prazo certo,
só a morte pára o tempo,
que parece imponderável no azul
do céu e do mar.

Tenho caminhado célere ao
encontro do meu infinito.
A cada dia chego mais perto.
A modernidade se encarrega
de fazer o nosso encontro mais cedo!
=======================

ONDAS NO TEMPO

Como uma pedra
Que se joga no rio
Venho formando ondas no tempo.

Nada importa.
Onde eu vá
Sempre estarei sozinha.

Já não pertenço a lugar algum.
Tudo que me resta são sonhos.
Agora é tarde para mudar,
- Está tudo feito! -
A chuva continua caindo.

Chuva fina e constante.
Olho a chuva,
Não suporto mais vê-la cair...

Findou o inverno
E a primavera com seus brotos e flores
Já surge nas árvores,
Na curva dos dias de sol.

Repouso minha poesia e meu canto
Numa quimera!
Caminho ao teu encontro,
Beijarei tua boca cheia de palavras,
E a saudade líquida fluirá rolando face afora.

Fontes:
– Colaboração da poetisa
– http://www.delasnievedaspet.com.br/
- Fotomontagem = José Feldman

Nenhum comentário: