quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Vereda da Poesia = 140 =


Poema de
DANIEL MAURÍCIO
Curitiba/PR

Um dia
o meu
silêncio
vai
te faltar
tanto
que com
espanto
tardiamente
me 
entenderás.
= = = = = = 



Trova Premiada em Irati/PR, 2023
THALMA TAVARES 
São Simão / SP

Não te eximas da labuta
que conduz à perfeição...
O talento é pedra bruta
que exige lapidação!
= = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Flores de nanquim

A ternura de tuas mãos
Dispersa meus véus -
Em suaves movimentos
O pincel desliza,
Acariciando minha pele,
Faz-me sorrir
E, risca, docemente,
Com a fluidez do nanquim
Flores de cerejeira
Em meu corpo e alma -
A essência de teu olhar
Aquece minha nudez
Sou toda tua -
Atemporal tela...
= = = = = = 

Trova Popular

Não me tentes com fortuna
para contigo casar:
eu prefiro mais que tenha
coração para me dar...
= = = = = = 

Soneto de
FERNANDO ANTONIO BELINO
Sete Lagoas/MG

As grandes águas

As Cataratas, ditas simplesmente,
Foz do Iguaçu, recanto de beleza!
Aqui, teve capricho a natureza,
Moldando este espetáculo imponente!

Fica agitado o coração da gente,
Ao divisar o encanto e a sutileza
Da fauna e flora, unidas à grandeza,
Destas águas, em queda permanente.

Rica dádiva entregue à Humanidade,
Que exige imenso amor, boa vontade.
No zelo de tão belo monumento.

As Cataratas do Iguaçu serão
Eternizadas, feito um deus-trovão
Na voz dos Céus, a ressoar ao vento!

(3° lugar no Concurso Literário-2023, pela Academia Literária do Oeste do Paraná)
= = = = = = 

Trova de
RENATO BATISTA NUNES
Vassouras/RJ (1883 – 1965) Rio de Janeiro/RJ

As dores e os desencantos
têm dois destinos diversos:
- ou se dissolvem nos prantos,
- ou se desfazem nos versos.
= = = = = = 



Trova de
FRANCISCO JOSÉ PESSOA
Fortaleza/CE, 1949 - 2020

Trova de agradecimento para o Feldman, 
pela divulgação dos versos no blog

Meu irmão adocicado* 
quero me fazer presente, 
pra agradecer o pingado 
de versos que cai na gente.

*Obs: Adocicado porque ambos temos diabetes.
= = = = = = 

Soneto de
AUTA DE SOUZA
Macaíba/RN (1876 – 1901) Natal/RN

O Beija-Flor
 
Acostumei-me a vê-lo todo o dia
De manhãzinha, alegre e prazenteiro,
Beijando as brancas flores de um canteiro
No meu jardim - a pátria da ambrosia.
 
Pequeno e lindo, só me parecia
Que era da noite o sonho derradeiro...
Vinha trazer às rosas o primeiro
Beijo do Sol, nessa manhã tão fria!
 
Um dia, foi-se e não voltou... Mas, quando
A suspirar, me ponho contemplando,
Sombria e triste, o meu jardim risonho...
 
Digo, a pensar no tempo já passado;
Talvez, ó coração amargurado,
Aquele beija-flor fosse o teu sonho!
= = = = = = 

Poetrix de
PATRÍCIA ESSINGER
Guaíba/RS

tato

o toque beija:
dedos,
insinuação de lábios.
= = = = = = 

Poema de
ARSENY TARKOVSKY
Kirovohrad/Ucrânia (1907 – 1989)

Pela noite

Pela noite concedias-me o favor,
Abriam-se as portas do altar
E a nossa nudez iluminava o escuro
À medida que genufletia. E ao acordar
Eu diria “abençoada sejas!”
Sabendo como pretensiosa era a bênção:
Dormias, os lilases tombavam da mesa
Para tocar-te as pálpebras num universo de azul,
E tu recebias esse sinal sobre as pálpebras
Imóveis, e imóvel estava a tua mão quente. 
= = = = = = 

Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/ SP

"Zerou" no vestibular !!!
Com vergonha, ela tremeu,
disse ao pai, pra disfarçar:
- Sabe a última ? ... Sou eu !
= = = = = = 

Poema de 
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935

Não Sei Quantas Almas Tenho 

Não sei quantas almas tenho. 
Cada momento mudei. 
Continuamente me estranho. 
Nunca me vi nem acabei. 
De tanto ser, só tenho alma. 
Quem tem alma não tem calma. 
Quem vê é só o que vê, 
Quem sente não é quem é, 

Atento ao que sou e vejo, 
Torno-me eles e não eu. 
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu. 
Sou minha própria paisagem; 
Assisto à minha passagem, 
Diverso, móbil e só, 
Não sei sentir-me onde estou. 

Por isso, alheio, vou lendo 
Como páginas, meu ser. 
O que só que não prevendo, 
O que passou a esquecer. 
Noto à margem do que li 
O que julguei que senti. 
Releio e digo: "Fui eu ?" 
Deus sabe, porque o escreveu.
= = = = = = 

Trova da
Princesa dos Trovadores
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Não se queixa de ser pobre,
quem, no seu modesto lar,
trabalha e feliz descobre
que é livre para sonhar!
= = = = = = 

Hino de 
Alagoinha do Piauí/PI

A alvorada do teu amanhecer
Naquele promissor nove de abril
Prenunciava, nosso renascer
Debaixo desse céu cor de anil.

Terra querida, és nossa vida
Terra de sonhos de valores mil
Alagoinha do Piauí, do Piauí, Brasil.

O vento liberdade perfumando
Espalhando a fragrância da bonança
Os elos da corrente se quebrando
O povo a cantar hinos de esperança.

No folclore a beleza e tradição
Novenários, foguetes e bandeiras
Culto misto de fé e diversão
São Gonçalo, reisado e brincadeiras.

Preservando a cultura desta gente
A arte vem ostentada na bandeira
Ficará o legado eternamente
Aos filhos dessa terra hospitaleira.

Teus filhos são gigantes, são guerreiros
A tirar da mãe terra o seu sustento
Terra boa do feijão dos cajueiros
Que não nega aos teus filhos o alimento.

O seu lema é crescer junto ao seu povo
Seu povo forte, simples, altaneiro
Na luta firme por um mundo novo
Um mundo igualitário e sobranceiro.
= = = = = = 

Trova Premiada no Japão
DARLY O. BARROS
São Francisco do Sul/SC, 1941 - 2021, São Paulo/SP

“Há um mundo além do horizonte!”
e, do que almeja, seguro,
o migrante cruza a ponte
entre o presente e o futuro...
= = = = = = 

Fábula em Versos
adaptada das Fábulas de Monteiro Lobato 
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR

Fábula do Lobo e da Ovelha 

No campo, o lobo faminto vagava, 
A ovelha, inocente, pastava e sonhava. 
“Querida ovelha, venha aqui dançar, 
Uma festa linda vou te dar!” 

Mas a ovelha desconfiou da intenção, 
E com astúcia, escapou da armadilha em questão. 
Aprendeu que nem tudo é bondade, 
E a desconfiança é uma proteção à verdade. 

Nenhum comentário: