(Toada, 1948)
Compositores: João de Barro e Antônio Almeida
Fiz meu rancho na beira de um rio
Meu amor foi comigo morar
E na rede nas noites de frio
O meu bem me abraçava pra me agasalhar
Mas agora meu Deus, vou-me embora
Vou-me embora e não sei se vou voltar
A saudade nas noites de frio
meu peito vazio virá se aninhar
A saudade mata a gente, morena
A saudade é dor pungente, morena
A saudade mata a gente, morena
A saudade é dor pungente, morena
A Dor da Saudade em 'A Saudade Mata a Gente'
A música 'A Saudade Mata a Gente', de João de Barro, é uma canção que explora profundamente o sentimento de saudade e a dor que ele provoca. A letra começa descrevendo um cenário idílico, onde o eu lírico constrói um rancho à beira do rio e vive momentos de felicidade e aconchego com seu amor. A imagem da rede nas noites frias, onde o casal se abraça para se aquecer, evoca uma sensação de intimidade e conforto, criando um contraste com o que está por vir.
No entanto, a narrativa toma um rumo melancólico quando o eu lírico anuncia que precisa partir, sem saber se um dia voltará. A incerteza do retorno e a iminente separação introduzem o tema central da música: a saudade. A saudade é descrita como uma dor pungente, uma dor que se aninha no peito vazio nas noites frias. Essa personificação da saudade como algo que se aninha no peito enfatiza a intensidade e a persistência desse sentimento, que não se dissipa facilmente.
A repetição do refrão, 'A saudade é dor pungente, morena / A saudade mata a gente, morena', reforça a ideia de que a saudade é uma dor quase insuportável, capaz de consumir a pessoa por dentro. A palavra 'morena' adiciona um toque de pessoalidade e carinho, sugerindo que a canção é uma mensagem direta para alguém específico. João de Barro, conhecido por suas composições que frequentemente abordam temas de amor e perda, utiliza uma linguagem simples e direta para transmitir uma emoção universal, tornando a música acessível e tocante para qualquer ouvinte.
"A Saudade Mata a Gente" é mais uma canção sobre o velho tema do amor singelo, ambientado na vida campestre ( "Fiz meu rancho na beira do rio / meu amor foi comigo morar..."), gênero que tem como paradigma "Casinha pequenina".
Mas, além de ser uma bela composição, esta toada teve como um dos motivos de seu êxito uma excelente interpretação de seu lançador, o cantor Dick Farney.
Então no auge da popularidade, Dick explora muito bem as notas graves do estribilho, em contraste com a outra parte que, aliás, recorre a um trecho da ópera "Aída", de Verdi - o bailado da 2'' cena do 2° ato ( "Festa da sagração de Radamés"). Existindo havia quase dez anos, a parceria João de Barro / Antônio Almeida só alcançaria o sucesso em 1948, com "A Saudade Mata a Gente" e a marchinha "A Mulata É a Tal".
Fontes:
– Letras de Músicas Brasileiras
– Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello. A Canção no Tempo. Vol. 1. Editora 34, 1997.
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