LUIZ POETA
Rio de Janeiro/RJ
Caricaturarte
Perdoa, amigo, mas... enquanto eu me voltava
para os encantos que movem a poesia,
não reparei o teu olhar que captava
alguns detalhes da minha fisionomia:
Nariz adunco, riso sério... um violão,
olhos puxados, uma boina italiana,
camisa simples, velha barba... um bigodão...
Como Camões, fui muito além da Taprobana.
Fiquei, confesso, tão feliz, pus na moldura
A tua arte espontânea, amiga e pura,
Para que todos possam ver que a amizade
Pode mostrar, numa bela caricatura,
O quanto a vida que às vezes é tão dura,
Faz da ternura, a luz da fraternidade.
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Trova de
RENATO FRATA
Paranavaí/PR
Corra em busca do carinho
bem de mansinho, eu lhe rogo
venha bem devagarzinho
que esta vida passa logo.
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Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES
Fugaz
Em meu sonho
vi você passeando
pelos caminhos
do meu coração.
Nossos olhos,
num repente,
se cruzaram
em louca contemplação.
Pensei comigo:
“Ela vai voltar”
e todo “meu eu” se engalanou...
por um instante apenas... que triste decepção!
Havia, ao lado, um outro recipiente
Igualmente com flores enfeitando
Pequenas almas em animada festa
Numa alegria pra lá de incandescente.
O meu desespero... chorou...
Derramou lágrimas da mais pura felicidade
Esse momento, confesso, eu amei.
Mas, para meu espanto, em seguida, acordei!
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Trova Premiada de
ALBA CHRISTINA CAMPOS NETTO
São Paulo/SP
Nossa história inacabada
acabou sem começar…
é uma página virada
que eu tento em vão resgatar.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR
Amor único
Amor do passado,
Do presente
Que dobra as falas do tempo
Em um origami,
Inebria-me,
Semeando em mim teu néctar
Em gotas de vento
E, com tuas cores despenteia
Meu cabelos...
Um amor único
Que enquanto
Acaricia minhas mãos
Beija-me com a doçura
Do teu sorriso...
Um amor único
Imensurável
Intenso e misterioso
Permanece
Na quietude
E, na troca de carinhos -
Centelha que inunda
A fonte dos desejos
Do amor que se fez,
Intensamente,
Belo e inesquecível...
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Fábula em Versos
adaptada dos Contos e Lendas da África
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
A Fada do Rio
No vale encantado, onde o rio dançava,
vivia uma fada, cuja luz brilhava.
Ela cuidava das águas, com amor e carinho,
protetora dos peixes, do sapo e do passarinho.
Mas um dia, a poluição ameaçou,
e a fada, aflita, um plano traçou:
Reuniu as crianças, com corações valentes,
“Vamos limpar o rio, seremos persistentes!”
Com mãos unidas, e sorrisos brilhantes,
transformaram o rio, em águas vibrantes.
A fada sorriu, seu coração agradeceu,
o rio reviveu, e a magia renasceu.
Juntos, podemos curar a natureza ferida,
o amor e a ação trazem vida à vida.
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Trova Popular
Quem tiver filhos pequenos
por força há de cantar:
quantas vezes as mães cantam
com vontade de chorar.
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Soneto de
JERSON BRITO
Porto Velho/RO
Versos dolentes
Voragem tenebrosa que me abraça
Suplico a ti meu breve livramento
Dos tragos espinhosos dessa taça
Já farto quero o fim do sofrimento
Navalha do amargor que me traspassa
E vive a propagar abatimento
A lâmina que inflige tal desgraça
Retires deste peito... Eis meu lamento
Em frias madrugadas, vago aos prantos
Momentos a lembrar, tantos e tantos
Estampa-se em minh'alma uma ferida
Cingido pel'angústia sem remédio
Sou vítima indefesa desse assédio
Amor, como a saudade é dolorida...
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Trova de
YEDDA RAMOS PATRÍCIO
São Paulo/SP
A força da sedução
vem de forma tão intensa
que ela atinge o coração
sem mesmo pedir licença!...
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Poema de
SAMUEL DA COSTA
Itajaí/SC
Escada para o céu
Escrevo um poema com toda a urgência
Escrevo com poesia
Sem regra e sem lógica
Preciso escrever o poema perfeito!!!
Re-produzir a vida sem regra
Re-escrever a vida
Sem crase...
Sem vírgula...
E sem ponto final
Escrever o poema perfeito
Com poética!
Milimetricamente errado
Em uma mimese
Que não imita nada
Re-produzir o vazio dentro de mim
Nas belas-letras
Sem grito
Sem sustos
E sem ponto final
Quero ver a minha poesia
Virar a página
Ganhar as ruas
Dobrar a esquina
E subir os céus
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Trova de
MILTON SOUZA
Porto Alegre/RS, 1945 – 2018, Cachoeirinha/RS
Luz que ilumina a partida,
luz que brilha nos caminhos:
os alicerces da vida
são lar e escola, juntinhos...
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Felicidade
“Ser rico é ser feliz...” Frase enganosa!
Pois por aí se matam opulentos,
enquanto, pobres, nós vemos aos centos
querendo vida, mesmo que impiedosa!
Felicidade é coisa caprichosa,
que vem e vai bem ao sabor dos ventos...
Jamais sossega, além de alguns momentos
em que visita... E vai-se pressurosa...
Para instigá-la dizem que a pessoa,
como fazem as flores na atração,
tem que se ornar de cores bem febris...
Se um beija-flor, em louco voa-voa,
Buscando néctar, beija um coração...
Nesse instante fará alguém feliz!
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Trova do
Príncipe dos Trovadores
LUIZ OTÁVIO
Rio de Janeiro/RJ, 1916 – 1977, Santos/SP
A terra oferece à gente
o exemplo da gratidão:
trata-a bem... dá-lhe a semente...
que os frutos logo virão...
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Soneto de
FLORBELA ESPANCA
Vila Viçosa, 1894 – 1930, Matosinhos
Inconstância
Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…
E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há de partir também… nem eu sei quando!
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Trova Funerária Cigana
Num ermo triste, isolado,
eu choro minha orfandade.
Pois assim deve fazer
quem tem su'alma em saudade.
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Spina de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP
Calmaria
Plantio de sonhos
saúdam em cores
seus ares gentis,
até as estrelas sorriem sutis.
Em arranha-céus paira o eco
seco, pêndulo de uma matiz.
As brandas nuvens são elos
poéticos de novas eras viris.
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Trova Humorística de
DIRCE DAVENIA GUAYATO
Londrina/PR
Diz um fantasma ao colega:
Hoje, a moda é dadivosa
lençol branco, como é brega,
chique mesmo é ... cor de rosa!
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Soneto de
JANSKE NIEMANN SCHLENCKER
Curitiba/PR
A alguém que partiu
Verso após verso eu me desfiz em pranto,
noite após noite sem poder dormir
e compreendi que te adorando tanto,
talvez não possa nunca mais sorrir ...
Destino atroz: matou aquele encanto
que eu procurava para me iludir.
Foi-se a ilusão; agora vejo o quanto
me é doloroso ver que vais partir!
É luz que morre em plena mocidade,
fazendo entrar as trevas da velhice ...
Meu louco amor, perdeste a eternidade!
Adeus! Não vás ... Eu morrerei por certo!
Nem quero a vida, já que vais embora
deixando a sombra da saudade perto ...
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Trova de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR
Casamento é uma loucura
para o marido hoje em dia:
ela impõe a ditadura
e ele nem pia, nem chia...
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Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/SP
Elogio ao amor
Neste caminho eu sigo contemplando
a Natureza exuberante e bela,
passarinhos nos ramos saltitando
entoando canções em aquarela.
Aonde quer que eu vá, eu vou cantando
a pureza do amor, pintado em tela,
que Deus o produziu, por certo amando,
para mostrar ao mundo, em passarela.
O amor? Triste de quem não tem amor,
nem sentiu nesta vida alguma dor,
nem teve uma saudade a recordar?
Pois o amor é um sublime sentimento
que ferve, vibra e invade o pensamento,
e nos leva ao delírio para amar!
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Poetrix de
AILA MAGALHÃES
Belém/PR
solitário amor
toco-me
e, em transe,
te executo
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Soneto de
JOSÉ XAVIER BORGES JUNIOR
São Paulo/SP
A magia do anoitecer
Caía a noite na floresta imensa,
Enquanto o lago desaparecia
Na escuridão da mata triste e densa
Dizendo adeus ao dia que partia...
Entristecido pela indiferença
Desta floresta, que durante o dia
Ele enfeitava com sua presença,
Fitava a luz que desaparecia...
Tornou-se negro, opaco e triste o lago
sem um luzeiro a espelhar-lhe a face
ou uma brisa a lhe fazer afago...
Então Jacy surgiu em esplendor,
e com Yara, no mais puro enlace,
Iluminou o lago com amor...
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Trova Humorística de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/ SP
Seu dono, pra castigá-lo,
— perdeu, na rinha, outra vez —
com um dos filhos do galo
fez um franguinho xadrez!
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Poema de
FERNANDO PESSOA
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935
Uma maior solidão
Uma maior solidão
Lentamente se aproxima
Do meu triste coração.
Enevoa-se-me o ser
Como um olhar a cegar,
A cegar, a escurecer.
Jazo-me sem nexo, ou fim...
Tanto nada quis de nada,
Que hoje nada o quer de mim
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Trova Humorística de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
Maracutaia na vila!
A pulga é presa em flagrante,
por vender, justo na fila,
seu lugar para o elefante!
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Hino de
Arapiraca/AL
Sob um céu de safira estrelado,
Num agreste deste imenso Brasil,
Fora um rincão pequenino fadado
A ser majestoso, soberbo e viril.
CORO
Arapiraca, Estrela radiosa,
Que fulgura sob o céu do Brasil,
Cidade sorriso, cidade formosa,
Cheia de esplendores e de encantos mil.
Arapiraca fora a inspiração
De um sertanejo cheio de fé,
Rendamos, pois, de coração
O nosso "Hosana" a Manoel André.
A cultura do fumo, a sua riqueza,
O "ouro negro", que os seus campos veste
Lhe adquirira um título de nobreza,
"cidade Galã, Princesa do Agreste".
Terra adorada, Gloriosa terra,
Crisol da Pátria, abençoada por Deus
Receba, pois, o afeto que se encerra
Nos meigos corações dos filhos teus.
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Trova de
ARLINDO TADEU HAGEN
Juiz de Fora/MG
Só quem nunca foi criança
consegue, sem embaraço,
tirar de vez da lembrança
a figura de um palhaço.
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Soneto de
FRANCISCA JÚLIA
(Francisca Júlia da Silva Munster)
Eldorado/SP (antiga Xiririca) 1874 – 1920, São Paulo/SP
Noturno
Pesa o silêncio sobre a terra. Por extenso
Caminho, passo a passo, o cortejo funéreo
Se arrasta em direção ao negro cemitério...
À frente, um vulto agita a caçoula do incenso.
E o cortejo caminha. Os cantos do saltério
Ouvem-se. O morto vai numa rede suspenso;
Uma mulher enxuga as lágrimas ao lenço;
Chora no ar o rumor de misticismo aéreo.
Uma ave canta; o vento acorda. A ampla mortalha
Da noite se ilumina ao resplendor da lua...
Uma estrige soluça; a folhagem farfalha.
E enquanto paira no ar esse rumor das calmas
Noites, acima dele, em silêncio, flutua
O lausperene mudo e súplice das almas.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
No lar que me fez honrado
ante os conceitos de espaço,
o respeito era sagrado
mesmo que o pão fosse escasso.
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