domingo, 8 de julho de 2012

T. Grenwood (Um Mundo Brilhante)


Por Ana Lucia Santana para o Infoescola

Este livro nos revela o quanto a nossa vida pode, de repente, se transformar em uma falsa jornada, da qual deixamos de ser o protagonista. Facilmente nos convertemos em fragmentos levados ao sabor do vento e sem vontade própria, completamente distantes da felicidade almejada.

É o que ocorre com Ben Bailey, que leciona história em uma faculdade durante a manhã e atua como garçom em um bar no período noturno. Apesar de ganhar pouco por este trabalho, encontra nele um meio de alcançar a necessária catarse, como em uma terapia. Assim ele pode esquecer os problemas domésticos, a transformação de Sara, sua noiva, de uma jovem segura e positiva em uma mulher impertinente e dominadora.  Esse contexto o leva a uma profunda solidão e a um relembrar constante dos traumas de sua meninice.

Um dia ele sai de sua residência, pronto para enfrentar a neve que inicia seu despertar em Flagstaff, apanha o jornal matutino e se depara com uma cena trágica e inesquecível, um rapaz agoniza repleto de lesões, aparentemente vítima de uma violenta agressão. Sua vida não será mais a mesma.

Incapaz de tirar da sua mente o evento perturbador, Ben se dirige ao hospital e aí encontra Shadi, a irmã do jovem. Através da garota ele descobre a procedência dos dois; eles são descendentes de navajos e alimentam costumes diferentes. Ao que tudo indica o nativo foi alvo de um atentado racial, e não de um incidente comum, versão das autoridades policiais.

Indignado, o protagonista se dispõe a assessorar Shadi na busca dos criminosos, e esse gesto o inicia em uma caminhada de conhecimento interior, por meio do qual ele tenta compreender o sentido de sua vida e se realmente existe um futuro pré-determinado, fatalista.

Desta forma o jovem encontra a si mesmo, constrói sua identidade e tem a mais clara visão de seus sonhos e aspirações. Esta jornada o leva a perceber que até este momento vivia uma farsa, tanto no campo afetivo quanto no profissional, e por esta razão era definitivamente infeliz.

Esta busca inevitável cria um dilema em sua vida; ele deve priorizar o bem-estar e a satisfação pessoal ou as obrigações e encargos do dia-a-dia? O destino arquitetado há um longo tempo ou renovadas opções que lhe proporcionariam a libertação de um universo de enganos e falsidades?

T. Greenwood publicou seis livros, entre eles Two Rivers e The Hungry Season. Com sua obra conquistou diversas premiações e recursos para se devotar integralmente a sua jornada literária, abrangendo a Verba Nacional para a Literatura e as Artes e uma doação do Conselho Artístico de Maryland. A escritora reside em San Diego, na Califórnia, ao lado do marido das duas filhas; aí a autora leciona redação criativa, dedica-se a um curso de fotografia e à literatura.

Fonte Principal:
http://www.infoescola.com/livros/um-mundo-brilhante/
Fontes Consultadas:
http://www.meninadabahia.com.br/2012/06/um-mundo-brilhante-t-greenwood.html
http://www.booklanding.com.br/2012/05/resenha-um-mundo-brilhante-t-greenwood.html
http://www.editoranovoconceito.com.br/autores/detalhe/321,T.-Greenwood

Revista Encontro Literário (Obras Selecionadas (por categoria))


Categoria Juvenil:

 A caçada, de Julia Cedro de Oliveira
 Balinha de maçã, de Clarissa Damasceno Melo
 O rei das ruas, de Igor Gonçalves de Oliveira

Categoria Adulta:

 Abandono, de Gilson Morais
 Conto tirado de um poema de Bandeira, de Waldyr Imbroisi
 Mundinho branco de talco de vó, de Luci Ponte

 Pedimos, mais uma vez, desculpas pelo atraso na divulgação do resultado do edital, mas o volume de trabalhos recebidos foi bastante alto, superando nossas expectativas. No total foram 134 textos, vindos de várias partes do Brasil: MG, DF, SP, BA, RJ, PR, SC, MS, RS, CE, ES, PE, PB, SE, PI, GO, PA, RO, RN e AC. Tivemos também participações internacionais, enviadas por brasileiros que vivem na Alemanha, no Japão e na Suíça, além de textos enviados de Portugal.

 Agradecemos a todos os participantes e aos leitores da Revista. Esperamos que vocês possam continuar participando dos nossos editais, além de acompanhar as postagens que são feitas mensalmente por nossos editores. Aproveitamos para lembrar que o próximo edital, 04/2012, será dedicado à poesia e estará aberto a partir do próximo mês de agosto.

 Informamos aos autores dos textos selecionados que o envio dos certificados de Menção Honrosa e dos livros indicados no edital como premiação de cada categoria será feito até o dia 30/09/2012.

Fontes:
http://revistaencontroliterario.blogspot.com.br/2012/06/resultado-do-concurso-literario-do.html

http://concursos-literarios.blogspot.com 

sábado, 7 de julho de 2012

Olga Agulhon (Sou o Que Sou)

clique sobre a imagem para melhor visualização
Fonte:
AGULHON, Olga. O Tempo. Maringá: Midiograf, 2003.

O Que é Acróstico


Acróstico é um gênero de composição geralmente poética, que consiste em formar uma palavra vertical com as letras iniciais ou finais de cada verso gerando um nome próprio ou uma sequência significativa.

Os acrósticos já existiam na antiguidade com escritores gregos e latinos e na Idade Média com os monges. Foi um gênero muito utilizado no período barroco, durante os séculos XVI e XVII, e ainda hoje é muito utilizado por pessoas de várias faixas etárias, classes sociais e culturas diferentes.

A palavra ACRÓSTICO originou-se da palavra grega Ákros (extremo) e stikhon (linha ou verso), onde o prefixo indica extremidade, apontando a principal característica desse tipo de composição poética: as letras de uma das extremidades de cada verso vão formando uma palavra vertical. Mas as letras podem também aparecer no meio do verso.

Vejamos o acróstico utilizado pela poetisa paranaense Santher:

Minha Razão de Viver

 Felicidade maior que se 
 Instalou em minha vida… 
 Luz que ilumina e me mostra o 
 Horizonte a seguir… Abrigo 
 Onde repouso meus 
 Sonhos, sem nunca pensar em desistir 

Segundo a Enciclopédia Britânica, o acróstico é utilizado desde a antiguidade, inclusive nos livros bíblicos dos Provérbios e dos Salmos. 

Em português o acróstico apareceu no Cancioneiro geral (século XVI) e chegou a ser feito por Camões, no soneto CCIX, cujo primeiro verso é “Vencido está de amor meu pensamento”. 

Há muitas variantes: o acróstico alfabético, em que se vai enfileirando o alfabeto verticalmente; o mesóstico, em que as letras da palavra-chave aparecem no meio da composição, no final de cada primeiro hemistíquio ou início do segundo; e outras modalidades ainda mais complicadas. 

Fizeram-se acrósticos em prosa, com as letras do começo de cada parágrafo, e se chegou a verdadeira mania de acrósticos nos tempos do barroco.

Um trabalho de autor nacional sobre acrósticos, é o de Dorival Pedro Lavirod. De sua autoria é a fábula intitulada “O Sapo e a Borboleta”, cujos versos são os seguintes:

Sabia que sou mais bonita?
A borboleta disse ainda ao sapo:
Pobre batráquio asqueroso,
O que você é me causa nojo!

E o sapo, com toda calma do mundo,

Assim respondeu à borboleta:

Bonita é minha natureza anfíbia,
O que, também, me protege mais,
Rios e solo me dão guarida,
Brejos e até mesmo matagais!
O que você faz para se defender?
Livre, viajo sobre todos os animais!
E, num segundo, o sapo projetou
Tamanha língua no espaço,
Acabando, assim, com o embaraço!

Os acrósticos podem ser simples, com frases, nomes ou palavras que não tenha ligação entre si, ou ainda poemas completos. Podem ser encarados como atividade lúdica, tornando-se um jogo muito interessante. Assim, uma das funções pode ser ressaltar as qualidades ou defeitos de alguém.

Pode-se dar evidência às letras em cada verso para evidenciar a quem são dedicados, ou ainda deixá-las sem evidência alguma, para torná-las secretas. Depende da intenção com que se fez o acróstico. Os acrósticos são ainda encontrados na Bília, principalmente nos Salmos, e em alguns poemas com o objetivo de revelar sua autoria.

Podemos dizer que o acróstico parece englobar três funções: 1) uma procura de virtuosidade própria dos poetas palacianos; 2) um caráter lúdico que designa todo um jogo de espírito sutil; 3) um certo gosto pelo secreto.

Exemplo:

Portugal, séc. XV, “meu pensamento”:

Vencido está de amor meu pensamento,
O mais que pode ser vencida a vida,
Sujeita a vos servire instituída,
Oferecendo tudo a vosso intento.
Contente deste bem, louva o momento
Ou hora em que se viu tão bem perdida;
Mil vezes desejando a tal ferida,
Otra vez renovar seu perdimento.
Com esta pretensão está segura
A causa que me guia nesta empresa.
Tão sobrenatural, honrosa e alta,
Jurando não seguir outra ventura,
Votando só para vós rara firmeza,
Ou ser no vosso amor achado em falta.

Neste caso a frase é Vosso como cativo, mui alta senhora, e constitui um duplo acróstico, composição difícil, na qual a leitura de duas séries de letras separadas forma uma frase significativa. Mas se relermos o repertório das curiosidades poéticas deparamos com o pentacróstico que repete cinco vezes a mesma palavra, em cinco partes verticais dos versos (v. Tratatus de Executoribus de Silvestre de Morais, Tome II, Lisboa, 1730, p. 11).

O acróstico dissimula a palavra, que ele dá, escondendo-a; e requer do leitor uma certa esperteza para descobrir a sua subtileza. Relaciona-se com a adivinha e liga-se logicamente com ela pois existem enigmas em verso cujo nome figura em acróstico. Um autor pode assinar com um tipo de assinatura  cifrada o seu próprio nome em acróstico.

Definição Dicionarizada:
acróstico
(grego akrostikhís, -ídos)
s. m.
1. Versif. Composição poética em que cada verso principia por uma das letras da palavra que lhe serve de tema.

2. Tipo de texto em que as primeiras letras de cada linha ou parágrafo formam verticalmente uma ou mais palavras.

adj.
3. Relativo a essa composição ou a esse tipo de texto (ex.: poesia acróstica). = acrostiqueno

Fonte Principal: 
http://www.infoescola.com/literatura/acrostico/
Fontes Secundárias:
 http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br
 http://muraldosescritores.ning.com
 http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/A/acrostico.htm

Doze em Ritmo de Sextilhas (Parte 8)


169 – Assis
Nota dez pra afinidade,
mas anda lento o debate.
O bom é se a bola chega
e de pronto se rebate;
do contrário o jogo emperra
e inviabiliza o arremate.

170 – Delcy
Em verdade, há um empate
entre cada sextilheiro;
a demora, às vezes, surge
por culpa do companheiro:
o nosso computador,
que faz greve o tempo inteiro!

171 - Elisabeth
 Por falar em companheiro,
está chegando a Eleição...
minha gente tome tento,
porque é preciso atenção
de não se apegar nos erros
no dia da votação!

 172 - Prof. Garcia
Vivo o meu sonho e ilusão
amando e querendo bem,
porque sonho de poeta
da terra, vai muito além,
escreve tudo que pensa
sem dever nada a ninguém!

173 - Gislaine
Sonhar, eu sonho também...
Eu vivo a grande ilusão
que só têm  os sonhadores!
Eu sinto, em meu coração,
a chama do amor nascido
sempre cheio de emoção!

 174 - Hélio Pedro
  Bate forte um coração
 quando um sonho é bem sonhado,
 o caminho é mais florido
fica o céu mais estrelado,
 e a lua aumenta o seu brilho
 se o sonho é realizado.

175 - Milton
Os sonhos colecionados
deixaram rastros risonhos,
colho os mais iluminados,
tento esquecer os tristonhos,
mas sou o rei dos viciados:
vivo perseguindo sonhos!!!

176 - Ouverney
Não há dias enfadonhos
quando se curte esse "vício";
saltamos vales, montanhas,
escalamos precipício;
de sonho, cada fatia,
da eternidade é um indício!

177 - Tadeu
 Se a poesia for um vício
ou um tipo de neurose,
hei de viver minha vida,
me servindo, dose a dose,
até que eu possa algum dia,
morrer, feliz, de overdose! 

178 – Thalma 
Por Deus, não fale em OSE!...
Palavra que finda assim,
me lembra o que dói demais
por dentro e fora de mim...
A escoliose que me ataca
estraga mais que cupim.

179 - Vanda 
A dor parece sem fim,
nesta senda dos mortais;
espinhos cercam a flor,
cresce a praga nos rosais;
mas "overdose" de amor...
que esta não falte, jamais! 

 180 - Zé Lucas
As dores já são demais
pelos caminhos da vida...
O amor, em pequenas doses,
na humanidade aguerrida;
mas o ódio, em muitas pessoas,
extrapolou a medida!

181 - Assis
 Oi, minha gente querida,
que bom voltar ao debate,
lembrando Gonçalves Dias,
que diz que "a vida é combate",
mas sonhando ver o amor
triunfar no grande arremate.

182 - Delcy
 É  bom voltar ao debate
pra ver cada  sextilheiro
falar  do  amor e da vida
e  do  solo  brasileiro...
e de tantas coisas belas,
das quais se torna empreiteiro!

183 - Elisabeth
É no solo brasileiro
que a nossa trova se esmera
e vai alegrando o mundo,
pois tudo o que a gente espera,
do fundo do coração, 
é uma eterna Primavera!

184 - Prof. Garcia 
Que doce a vida não era 
neste mundo de esplendor: 
se em cada estação da vida 
eclodisse um trovador, 
em todo canto nascia 
um verso em forma de flor! 
   
185 – Gislaine
A amizade traz calor,
e o amor traz alegria,
mesmo quando está distante.
Até mesmo a nostalgia
nos traz lembranças queridas
do mundo da fantasia!

186 - Hélio Pedro
 Quando o mundo Deus fazia,
 para cumprir sua meta,
 viu que faltava a poesia
 e que a obra  estava incompleta;
  depois da luz fez a terra
  e nela pôs o poeta.

187 - Milton
A magia predileta
de quem semeia poesia
é ser um pouco profeta
em cada verso que cria
e sentir que Deus completa
a força desta magia.

188 - Ouverney
Seja noite, seja dia,
sol intenso ou lua cheia,
quem é plantador de sonhos
traz a magia na veia,
e nunca escolhe a estação
nem o campo onde semeia.

189 - Tadeu
 Sextilheiros, me chateia
uma espécie de mania
que domina este debate:
nosso tema não varia.
Parece que só fazemos
poesia sobre poesia!

190 – Thalma
Senti dor e, na empatia,
eu também me pus a orar
pelos mineiros chilenos
que a morte quis soterrar. 
Mas o amor de Deus e o nosso
Fez a morte recuar. 

191 – Vanda 
Ao Senhor vamos louvar
pelo Chile, abençoado!
E peçamos, com fervor:
 - Seja também resgatado
 o irmão, do abismo das drogas,
 males, crimes e pecado!

192 - Zé Lucas
Fiquei impressionado
com as técnicas aplicadas
pra o resgate dos mineiros,
em horas tão delicadas,
salvando trinta e três vidas
que já estavam "sepultadas"! 

=============
continua…
================
Parte 1 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/06/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-1.html 
Parte 2 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-2.html 
Parte 3 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-3.html
Parte 4 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-4.html
Parte 5 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilha-parte-5.html
Parte 6 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-6.html
Parte 7 = http://singrandohorizontes.blogspot.com/2012/07/doze-em-ritmo-de-sextilhas-parte-7.html

Fonte: 
Doze em Ritmo de Sextilhas: Debate pela Internet. 20.02.2010 a 22.12.2010., 2012.

Mariana Portela (A Casa da Poesia)


“É triste explicar um poema. É inútil também. Um poema não se explica. É como um soco. E, se for perfeito, te alimenta para toda a vida. Um soco certamente te acorda e, se for em cheio, faz cair tua máscara, essa frívola, repugnante, empolada máscara que tentamos manter para atrair ou assustar. Se pelo menos um amante da poesia foi atingido e levantou de cara limpa depois de ler minhas esbraseadas evidências líricas, escreva, apenas isso: fui atingido. E aí sim vou beber, porque há de ser festa aquilo que na Terra me pareceu exílio: o ofício de Poeta.”
Hilda Hilst em Cascos & Carícias & Outras Crônicas

 Mais um gole de vinho, só mais um, e irei. Um único retoque na palavra difícil de pronunciar. Mais um cigarro, são apenas cinco minutos, no máximo, se eu estivesse calma. Por que me dilaceras assim, poesia maldita, no átomo iminente que divide o papel à minha própria voz?

 Este silêncio, inoportuno, que transita em meus lábios, glaciais. Ah, como o olhar dos outros parece destoar de nossa cândida comunhão! Serei capaz de dizer algo depois de presenciar este estrondoso espetáculo de erros?

 Palavras fazem, pois, cócegas dentro de mim. Invadem a corrente sanguínea até as maçãs da face. Irrompem os medos, taciturnos, exaustos da batalha. A língua percorre os versos, inauditos até então, como se eu fosse uma mera escrava, um instrumento juvenil pelo qual o lirismo pudesse habitar, sem fazer cerimônias.

 As mãos deduram o enervamento dos poros. Trêmulas. Infantes. Não se dão conta de que por detrás dos palcos existem palmas silenciosas, cobertas de coragem ontológica.

 São apenas dois, três, cinco minutos. É tempo bastante para se alcançar a nueza absoluta, não o mero subterfúgio da carne.

 Toda fragilidade é um modo de tocar o mundo, evitando dissolver-se pelos ares ― isso eu aprendi tarde demais. A entrega ao Cosmos nos faz saber quais são nossos verdadeiros contornos. Estamos todos vivenciando nossa intimidade em risco.

 Ainda bem.

 Seria a poética a nudez primeira das linguagens humanas?

 E o planeta um grande manicômio, à espera de médicos que transladem maneiras de apaziguar os incômodos existenciais, intraduzíveis?

 Saraus foram preparados para salvar-nos da lucidez.

Ah, se eu fosse capaz de remontá-los todos, em varais suspensos da memória. Quanta alegria me remetem essas centelhas galácticas de plenitude.

 Reencontrar o devaneio morto.

 Reacender as estranhezas.

 Doar-se ao inusitado.

 Compartilhar o amadorismo, tão mais próximo ao viver.

 Sem ensaios.

 Tudo alimenta e nada faz muito sentido. Uma reunião de pessoas absurdas, obtusas, vaidosas ou plácidas.

 Margens de encostas, avenidas possíveis, andares dispersos. Atalhos inviáveis. E tudo brilhando, vívido, sem realeza alguma. Todos reis, em plena subserviência àquilo que é nítido.

 E a noite se aquieta para ouvir, estupefata, os versos hibernados de um sonhador incompreendido. E a noite se aquieta para projetar os lamentos da menina que sorri, ao confessar o amor que perdeu. E a noite se aquieta para dominar a timidez hesitante do arrogante de plateias.

 As madrugadas apagam os clichês que temes em te pautar, amada poesia.

 Nestes serões, concebidos para ti, nada resta senão a doçura dos gestos, desanuviar das âncoras.

 Plana por estas tardes, germinando o cerne das paixões.

 Enclausura os pavores que sombreiam a reciprocidade.

 Deixa o seio farto de canções inéditas.

 Abençoa minha íris para atender ao insólito.

 Dê a todos os expatriados de quimeras céus excessivamente azuis, como em Lisboa.

 A arte é uma casa que resiste às tempestades da vida ordinária.

 E por isso, imploro a ti: põe raízes nos meus sonhos, para que eu possa vê-los florescer.

Fonte:

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 600)


Uma Trova do Ademar



Uma Trova Nacional  

Conhaque no aperitivo,
conhaque na sobremesa...
- É assim que o velhinho, ativo,
mantém a velinha acesa!
–A. A. de Assis/PR– 

Uma Trova Potiguar  

Certas coisas eu renego, 
como esta, aqui, de que trato: 
dizer-se que o amor é cego. 
Pode ser. Mas tem um tato! 
–J. Revoredo Neto/RN– 

Uma Trova Premiada  

À pergunta: - Qual andar?
Responde o pinguço, a esmo:
- Onde quiser me levar;
já errei de prédio mesmo! 
–Therezinha Brisolla/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Vende-se loira estupenda... 
bonita, nova, um amor! 
Quanto ao motivo da venda... 
explica-se ao comprador. 
–Nelson da Luz/PR– 

U m a    P o e s i a  

Já vi bebum vomitando, 
tira-gosto “véi” azedo, 
já vi vomitar, sem medo, 
a mulher prenha enjoando. 
Já vi cachorro “lançando” 
um gabiru que comeu. 
Vi diabético amigo meu, 
vomitando rapadura... 
Mas nunca vi sepultura 
vomitando quem morreu! 
–Francisco Macedo/RN– 

Soneto do Dia  

FOI DELE A SORTE. 
–Dorothy Jansson Moretti/SP– 

Genoveva, uma negra solteirona, 
quase banguela e bem desengonçada, 
apesar de feiosa e cinquentona... 
de repente a notícia: Está casada! 

E o noivo?! Um ruivascão bem apanhado, 
uns vinte anos mais moço, com certeza... 
Fato esquisito e tão disparatado 
causa na vila uma enorme estranheza. 

Diz à negra um compadre malicioso: 
“Poxa, Nha Véva, que eu já tô curioso; 
mecê achou um rapagão tão alinhado...” 

E ela, vaidosa, arreganhando um dente: 
“Pois é... tinha um montão de pretendente, 
mas a sorte foi dele... tá premiado!”

2° Concurso de Microcontos de Humor de Piracicaba (Classificação Final)


1º Lugar 
Maria Clarice Sampaio Villac
Off-line 

Vaidoso, vivia nas redes sociais. 
Um dia, ao se buscar no Google, teve uma crise de identidade... Sem backups, acabou se deletando. 

2º Lugar 
Rita de Cássia Rocha Teixeira 
Fome 

Chegou cansado e faminto. Tinha olhos apenas para a geladeira, que reservava idolatrada torta. Surpresa! Gritaram farelos debochados. 

3º Lugar 
Rui Trancoso de Abreu 
Máquina do Tempo

Queria voltar ao passado. Construiu a máquina; ligou e vapt. Viu-se no escuro epegajoso. Ouviu bem próximo: Cesariana? 
-------------------
Promovido pela Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural) por meio do CEDHU Piracicaba (Centro Nacional de Humor Gráfico de Piracicaba) e da Biblioteca Pública Municipal Ricardo Ferraz de Arruda Pinto, o concurso recebeu 240 inscrições de diversos estados brasileiros e três de Portugal.

 Do Brasil, microcontos foram enviados de Santa Catarina, Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rondônia, Sergipe, Acre, Amapá e Pará. 

 Criatividade e humor foram os critérios usados pela Comissão de Seleção e Premiação formada por Carla Ceres, Josiane Maria de Souza, Jaime Leitão, Willian Hussar e Ivana Negri para escolher os 100 melhores microcontos a serem publicados em uma coletânea e, dessa centena, os três premiados.

Além da premiação, os vencedores terão seus trabalhos divulgados no site do Salão Internacional Humor (salaodehumor.piracicaba.sp.gov.br), nos blogs do programa de rádio Educativa nas Letras (educativanasletras.blogspot.com.br) e da Biblioteca Municipal (biblioteca.piracicaba.sp.gov.br) e no twitter (twitter.com/microcontospira).

 A cerimônia de premiação acontecerá no anfiteatro da Biblioteca Municipal no dia 25 de agosto, às 16h, horas antes da abertura oficial do 39º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, no Engenho Central.

SERVIÇO 
Cerimônia de premiação do 2° Concurso Literário de Microcontos de Humor, 
sábado, 25 de agosto, às 16h, 
na Biblioteca Municipal (rua Saldanha Marinho, 333, Centro, Piracicaba). Entrada gratuita. 
Informações: (19) 3403-2615 
contato@salaodehumor.piracicaba.sp.gov.br 
ou www.salaodehumor.piracicaba.sp.gov.br. 

Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com 

1º Edital de Literatura Joaquim Amoras Castro, Castanhal/PA (Obras premiadas)


“Diários de Bordo em Terras Paraoaras” (Contos, Flávio de Brito); 

"O Peixinho Dourado”(Literatura Infantil, Antonio Adalberto Torres);

"Salomão pela Janela" (Literatura Infanto-juvenil, Anselmo Gomes);

“Nu Olho da RUa” (Poesia, de Josiclei de Souza);

"O Guindaste Amarelo” (Romance, Roberto Monteiro de Carvalho)

Fonte:
http://concursos-literarios.blogspot.com 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ógui Lourenço Mauri (Caderno de Poesias)

AH!... O CARNAVAL DE OUTRORA!

Tenho saudade do antigo Carnaval...
Quem dera poder viver tudo de novo
Sem o engodo da intervenção oficial,
Tudo sob a espontaneidade do povo!

Como era gostoso ver a multidão
Botando pra fora os males do ano inteiro,
Alheia aos esquemas da televisão,
Farta alegria, sem pensar em dinheiro.

"Passarela do Samba" não existia...
Não era importante sambar pra turistas.
Que pena!... Tudo está mudado hoje em dia, 
Carnaval virou um desfile de artistas!...

Qual a graça de cantar o samba-enredo
Lendo os versos distribuídos na hora?
O "folião" é tratado qual brinquedo...
Ah!... Que saudade das marchinhas de outrora!

Queria tanto brincar com minha amada 
Sem me ajustar a essa tal metamorfose...
Abraçados, na avenida iluminada;
De todos, pois, a "Praça da Apoteose".

AMOR AO SOM DA CACHOEIRA

Numa suíte ao lado das cataratas...
Do janelão, linda vista panorâmica.
Céu estrelado, lua cheia entre as matas,
Cama convidativa, artes de cerâmica.

Só mesmo o local inovou na rotina...
"Dia dos Namorados" em nada altera.
Nós o temos com a proteção divina,
Ocorre todos os dias, sem espera.

Foi Eros quem fez cruzar nossos destinos,
Milagre de um amor mantido a poesias.
Vivemos a trocar versos repentinos,
Somos namorados de todos os dias.

Junto às cataratas, porém, foi incrível...
Nossas vestes aos poucos abandonadas,
Mútuos desejos ultrapassando o nível
E explosões de prazer enfim alcançadas.

Após o amor, muitos beijos e carícias,
Revelações de sonhos de vida a dois.
Envolvimento total nessas delícias,
Sono reconfortante vindo depois.

INESQUECÍVEL

Um momento a dois que não me sai da mente!
De um amor eterno, o ponto de partida.
De duas almas, recomeço de vida.
De dois sonhos, desembarque no presente.

Inesquecível... te ver à minha espera!
Explica-me de que estrela tu vieste,
De quem herdaste esta magia inconteste,
Eis que na arte de amar ninguém te supera.

Inesquecível... tocar tua nudez!
Aos ouvidos, sussurros de rouxinóis.
Momentos a dois, dividindo os lençóis,
As delícias do amor na primeira vez.

Inesquecível... quando à hora melhor,
Senti os traços de tua anatomia.
Fui às nuvens, face à nossa sinergia,
De dois corpos bem molhados de suor.

Olvidar-me disso tudo é impossível,
Um encontro sublime que só Deus viu.
Foi assim que nossa paixão explodiu...
Foi uma noite de amor... Inesquecível!

SIMPLES MIRAGEM

Agora sei que os traços em minha face
Marcam aonde meus sorrisos chegavam.
Atestam os estragos de um desenlace
De dois sonhadores que tanto se amavam.

Provocado por seus versos atraentes,
Via-me no céu quando estava com ela.
Seus gestos tão dela eram tão diferentes,
Talvez só por isso deixaram sequela.

Que pena! Somente agora me dei conta
De que meu estro foi além do plausível.
Quem ama é cego e não raro se defronta
Com as amarras de um amor impossível.

Julgava-me feliz pro resto da vida,
Com as delícias de nossa convivência.
Tal expectativa se fez esvaída,
Dando lugar à mais rude consequência.

Por que o tão concreto virou abstrato?
Por que a felicidade só de passagem?
Que drama mais triste no último ato!...
O sonho não passou de simples miragem!

A MÚSICA DE MINHA VIDA

Eros, o deus do amor, plasmou minha vida
Quando, ao acaso, eu escutava contigo
Linda música que lembra uma bebida...
Fez de mim teu homem, no lugar de amigo!

Como enleva aquela noite relembrar!
Reviver a música de minha vida...
Voltar àquela amizade singular,
Então repleta de paixão recolhida.

A tal música nos pôs em sintonia!...
E os corações batendo à mesma frequência.
Paixão intensa a partir daquele dia
E palavras de amor com mais eloquência.

Foi tudo tão natural e de relance.
Brindamos com champanhe, a nosso critério.
A simples amizade virou romance
E o nada se transformou em caso sério.

Sei que foi algo que só Eros decreta,
Dádiva que rompeu minha solidão;
Chegou-me, assim, a alma gêmea completa,
Que se alojou de vez em meu coração.

SOLITÁRIOS PASSOS

Para mim, és agasalho das Alturas,
Que me chegou à metade do caminho.
Contigo, sei que não estarei sozinho,
Face à cumplicidade nas horas duras.

Com teus olhos, reergueste minha autoestima,
A mando dEle, na raia tu entraste.
De minha vida, foste tu o guindaste
Que, por Deus, fez eu dar a volta por cima.

Estar só, hoje não passa de lembrança.
Meus solitários passos foram de vez.
No mar bravio, em que o tempo se refez.
Depois da tempestade, veio a bonança.

Foste o bálsamo para minha ferida,
Que surgira de meus passos solitários.
Tu trouxeste os ingredientes necessários
Ao nosso amor, em retomada de vida.

Sinto mais um anjo do que uma mulher,
Em teu aconchego, que igual nunca vi.
Dos solitários passos antes de ti,
Não tenho saudade, um tiquinho sequer…

GESTOS E PALAVRAS

Gesto é um termo de duas definições:
Dá, a primeira, ideia de movimento,
Enquanto a segunda tem por fundamento
O brilho e enlevo de certas ações.

Temos na palavra a exteriorização
Do que nosso íntimo deixa vazar.
A palavra é instrumento singular,
Algo refratário ou de aproximação.

Teus gestos e palavras lembram poesias
Exclusivas das aptidões femininas.
Parecem versos de rimas repentinas,
Que atiçam meus desejos e fantasias.

Sabes usar esses dons com maestria,
És mulher inteligente e resoluta.
Em todas as batalhas, ganhas a luta;
No amor e nas lides de todos os dias.

Sou vidrado em tua poesia e lucidez...
No visco de teus traquejos, me prendi;
Teus gestos humanos, eu sempre aplaudi
E às tuas palavras, entreguei-me de vez.

DOCE SAUDADE

Quando leio teus versos tão sensuais,
Com pitadas de uma fêmea provocante,
Sou tomado do impulso de querer mais,
Ganas de eu estar contigo a todo instante.

Uma doce saudade me vem à mente,
Recordações fazem meu sangue ferver.
Frustrado, vejo que não estás presente
E que tudo que eu quero não pode ser.

Vem-me à lembrança nossa alcova de amor,
De quando nos encontramos, afinal.
Paixões incontidas no seu esplendor,
Enlevos a dois, numa entrega total.

Doce saudade de teu lindo sorriso,
De teus cabelos sedosos, cor de mel;
Detalhes que afetam meu frágil juízo,
Que não suporta esta distância cruel.

Hoje, sou dependente de tua poesia.
Ela é a fonte desta doce saudade.
Sentimento que se aflora a cada dia,
Num sonho só, preso na felicidade.


Fonte:

Ógui Lourenço Mauri (1942)


Nasceu em Irapuã (SP), pacata cidade nas proximidades de São José do Rio Preto (SP) a 10  de agosto de 1942. Vive atualmente em Catanduva (SP), para onde transferiu residência, ainda adolescente, para dar prosseguimento aos estudos. 

Mais tarde, deixou a cidade por alguns anos para se realizar profissionalmente. Retornou em 1992; não sabe dizer, porém, se definitivamente. É formado em Contabilidade e Administração de Empresas, fez carreira no Banco do Brasil S.A., onde ingressou, em 1964, por concurso público, e ali se aposentou como Gerente Geral de Agência. 

Como bancário, exerceu paralelamente, durante vários anos e em horário noturno, a atividade de Professor de Contabilidade, Estatística e Língua Portuguesa. 

Talvez pelo fato de dar aulas de Português, sempre se interessou pela leitura de bons livros, revelando, inclusive, certa aptidão para a crítica literária. 

Com o advento da Internet e graças ao incentivo de poetas como Marilena Trujillo (brasileira) e Alberto Peyrano (argentino), passei a escrever poemas.

Não pensa em editar livros. Tem firmes propósitos, porém, de aproveitar suas atividades na Internet -- escrevendo poesias e intercambiando idéias -- para promover a amizade sadia entre os povos e, ainda, ampliar a bagagem cultural; tanto a sua como a de seus amigos. 

Tem sido jurado permanente em "A Grande Chance", site de concursos literários de âmbito internacional.

Tem um livro virtual ("e-book") publicado: "Janela da Vida".

Fontes:
http://www.nadirdonofrio.com/biografia_oguimauri/biografia_oguimauri.htm
http://www.ligia.tomarchio.nom.br/ligia_amigos_ogui.htm