quarta-feira, 7 de maio de 2025

Luís da Câmara Cascudo (O Papagaio Real)


Duas moças moravam juntas e eram irmãs, uma muito boa e outra maldizente e preguiçosa. Cada uma tinha seu quarto. 

A mais velha começou a notar um barulho de asa e depois fala de homem no quarto da irmã. Ficou desconfiada e foi olhar pelo buraco da fechadura. Viu uma bacia cheia d’água no meio do quarto. Quando deu meia-noite chegou na janela um papagaio enorme, muito bonito e voou para dentro, metendo-se na bacia, sacudindo-se todo, espalhando água para todos os lados. Cada gota d’água virava ouro, e o papagaio, quando saiu do banho, foi um príncipe mais formoso do mundo. Sentou-se ao lado da irmã e ficaram a conversar animados como noivos.

A irmã ficou roxa de inveja. No outro dia, de tarde, encheu o peitoril da janela de cacos de vidro, assim como a bacia. Nas horas da noite o papagaio chegou e, batendo no peitoril, cortou-se todo. Voou para a bacia e cortou-se ainda mais. Arrastando-se, o papagaio não virou príncipe, mas chegou até a janela e disse para a moça, que estava assombrada com o que sucedera:

– Ai, ingrata! Dobraste-me os encantos! Se me quiseres ver, só no reino de Acelóis.

E, batendo asas, desapareceu. A moça quase se acaba de chorar e de se lastimar. Brigou muito com a irmã e deixou a casa, procurando o noivo pelo mundo. Ia andando, empregando-se como criada nas casas só para perguntar onde ficava o reino de Acelóis. Ninguém sabia ensinar e a moça ia ficando desanimada.

Uma noite, depois de muito viajar, já cansada, ficou com medo dos animais ferozes e subiu em uma árvore, escondendo-se bem nas folhas. Estava amoquecada quando diversos bichos esquisitos chegaram para baixo do pé de pau e pegaram a conversar.

– De onde chegou você?

– Do reino da Lua!

– E você?

– Do reino do Sol!

– E você?

– Do reino dos Ventos!

A moça prestou atenção. No primeiro cantar dos galos sumiram-se todos, e ela desceu e continuou a marcha. Andou, andou, até que chegou em outra mata e, para não ser devorada, trepou numa árvore. Lá em cima, quando a noite ficou bem fechada, chegaram umas vozes no pé do pau.

– De onde veio?

– Do reino da Estrela!

– De onde veio?

– Do reino de Acelóis!

– Que novidades me traz?

– O príncipe está doente e ninguém sabe como tratar dele...

A moça botou reparo e na madrugada seguiu no mesmo rumo pois as vozes já tratavam do reino de Acelóis. Andou, andou, andou. Finalmente, quando anoiteceu, estava dentro de uma floresta. Subiu em um pau e ficou quieta, lá em cima. Mais tarde as vozes começaram na falaria:

– De onde vem você?

– Do reino de Acelóis!

– Como vai o príncipe?

– Vai mal, coitado, não tem remédio!

– Ora não tem! Tem! O remédio é ele beber três gotas de sangue do dedo mindinho de uma moça donzela que queria morrer por ele!

Quando amanheceu o dia, a moça colocou-se na estrada. Ia o sol se sumindo quando ela avistou o reinado de Acelóis. Entrou no reinado e pediu agasalho numa casa. Na hora da ceia perguntou o que havia e disseram que o assunto da terra era a doença do príncipe. 

A moça, no outro dia, mudou os trajes, foi ao palácio e pediu para falar com o rei.

– Rei Senhor! Atrevo-me a dizer que ponho o príncipe bonzinho se Rei Senhor me der, de tinta e papel, a metade do reinado e de tudo quanto lhe pertencer.

O rei deu, de tinta e papel, a metade de tudo quanto possuía. A moça foi para o quarto, meou um copo d’água, furou o dedo mindinho, botou três gotas de sangue dentro, misturou e mandou ele beber. Assim que o príncipe engoliu, foi abrindo os olhos, levantando-se da cama e abraçando a moça, numa alegria por demais.

O rei ficou muito satisfeito e quando o príncipe disse que aquela era a sua verdadeira noiva desde o tempo em que ele estava encantado em um papagaio real, o rei não quis dar consentimento porque a moça não era princesa. A moça então falou:

– Rei Senhor! Tenho por tinta e papel a metade de tudo quanto é do rei senhor neste reinado. O príncipe é do rei senhor e eu tenho por minha a metade dele. Se rei senhor não quiser que eu case com ele, inteiro, levarei para casa uma banda.

Ao ouvir falar em cortar o príncipe pelo meio, como a um porco, o rei chegou-se às boas e deu o consentimento. 

Foram três dias de festas e danças e até eu me meti no meio, trazendo uma latinha de doce, mas na ladeira do Encontrão, dei uma queda e ela, paf! – no chão!...
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  = = = = 
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal/RN, em 1898 falecendo na mesma cidade em 1986. Foi um historiador, sociólogo, musicólogo, antropólogo, etnógrafo, folclorista, poeta, cronista, professor, advogado, jornalista e escritor brasileiro. Passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo do folclore e da cultura brasileira. Foi professor da Faculdade de Direito de Natal, hoje Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cujo Instituto de Antropologia leva seu nome. Deixou obra volumosa e de grande relevância, em particular sobre história, folclore e cultura popular. Recebeu o Prêmio Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras, em 1956, pelo conjunto de sua obra.

Fontes:
Luís da Câmara Cascudo. Contos Tradicionais do Brasil. Publicado originalmente em 1946. Disponível em Domínio Público.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Asas da Poesia * 17 *


Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

Toda vez que me chamares, 
eu, desgarrado veleiro, 
singrarei todos os mares 
buscando teu paradeiro…
= = = = = =

Soneto de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Uma vez um anjo apaixonou-se
(Manuel Antonio Pina in "Todas as Palavras - Poesia Reunida (1974-2011)", p. 52)

Uma vez um lindo anjo apaixonou-se
Ao fim de tantas viagens siderais
Por essa estrela que brilhava mais
E tinha a luz mais forte, quente e doce.

A vida rotineira alvoroçou-se
Começou a sofrer como os mortais
E nas vivas palpitações carnais
A sua alma errou e enredou-se.

Mas no reino sem fim desses espaços
Não se permitem beijos nem abraços
Entre vidas, assim, tão diferentes.

Recusando esse amor sem união
À beira do vazio dão a mão
E no céu fazem dois traços cadentes...
= = = = = = = = =  

Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Ó lua que vais tão alta 
Redonda como um tamanco! 
Ó Maria traz a escada 
Que não chego lá co’o banco! 
= = = = = = = = = = 

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Monjolo

A madeira antiga
Dilui-se com a passagem
Do tempo, tempo
Que afaga teus contornos...
A madeira antiga
Resiste e ainda
Insiste, em sobreviver,
Mesmo com a ausência das águas,
Mantém vivo
O som distante
E repetitivo.
Do teu cadenciado toque...
= = = = = = 

Trova de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP

– Depressa!… A bolsa ou a vida.
– Mas, que sufoco, senhor!…
Diz a livreira polida.
– Não sabe o nome do autor?
= = = = = = = = =  

Poema de
ELISA ALDERANI
Ribeirão Preto/SP

Rei

Onde está meu rei?
Saiu do palácio…
Ele se foi.
Tudo ficou sem graça…
Mas não levou
Nem se quer uma taça.

Só os sonhos dele.
 
O trono ficou vazio
O resto ficou no mesmo lugar.
O tempo passou, esperei…
O rei não voltou,
Ninguém pegou seu lugar.

No trono agora,
Acredite se quiser,
Senta-se a poesia.

Ela sabe reinar.

Conduzir minha vida,
E, continuar a sonhar!
= = = = = = = = = 

Aldravia do
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

No
inefável
riso
chapliniano
lírica
tristeza
= = = = = = = = =  

Poema de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

Sonho

Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!

Sonho... Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.

Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.

Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço... O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, aparecer à porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa...
= = = = = = 

Trova de 
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN

Nos poemas que componho, 
de beleza quase extrema, 
eu ponho em verdade um sonho 
dentro de cada poema!
= = = = = = 

Poema de 
JOSÉ FARIA NUNES
Caçu/GO

Oração do educador

Inspirai-me
oh! Mestre dos Mestres
para que o mister a que me proponho
ilumine as mentes a mim confiadas
nessa jornada. Dai-me sabedoria
Oh mestre, para que mais que professor
seja eu educador, condutor de esperanças
para um novo amanhã. Tenha eu
complacência para com aqueles
que de mim mais necessitam. Como orientador
de vidas jamais a intolerância consiga
meu domínio e me force a trilhar
o cômodo caminho do descompromisso.
Esteja eu mais para Apóstolos que para Pilatos
com um assumir constante da Divina
Missão de educar, criar vidas, reinventar mundos.
Possa eu educar para a vida
longe da discriminação sem marginalizar ninguém,
pois todos da luz são herdeiros e merecedores.
Tenha eu sempre na alma a imagem,
a lembrança do Mestre-Amor, Mestre-Perdão
e jamais expulse meu aluno
que merece ser mais gente,
jamais um desviado na marginalidade da vida.
Jamais me deixe esquecer
de que a palavra orienta, mas o amor
e o exemplo constroem, edificam para a vida
para o mundo
e para Deus.
= = = = = = 

Trova de
IZO GOLDMAN
Porto Alegre/RS, 1932 – 2013, São Paulo/SP

Na velhice, as incertezas, 
para ocupar os espaços, 
vão empilhando tristezas 
e acumulando cansaços..
= = = = = = 

Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

Lunar

As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar...

E que importa se uns nossos artefatos
lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus bodoques:
a própria lua tem sua usina de luar...

E mesmo o cão que está ladrando agora
é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial com esta esferográfica.

Não tanto... Alguém me há de ler com um meio sorriso
cúmplice... Deixo pena e papel... E, num feitiço antigo,
à luz da lua inteiramente me luarizo...
= = = = = = 

Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/ RN

Desperto e fico tristonho,
é triste o meu despertar,
ver acabado o meu sonho
antes do sonho acabar!
= = = = = = 

Hino de
SÃO TOMÉ/ RN

I
Entre terras serranas azuis
Um ar Olímpico o sopro vital
De mares Glaucos que embalsamam e conduzem
Em sesmaria a data do Pica-pau.

II
És banhada pelo Potengi amado
Que suas vertentes, fazem brotar
As produções que afluíram
A agricultura familiar.

III
Nesta terra bendita e fecunda
Suas riquezas podemos ressaltar
Entre todas, o algodão, ouro branco
E os minerais não deixemos de lembrar.

IV
Tu és boa terra hospitaleira
Em acolhimento não te podem igualar
Por isso hoje teus filhos jubilosos
Com alegria te querem saudar.

Refrão
São Tomé, terra de gente de fé
Não vejo, contudo creio
Nós teus filhos entre brados e aclamações
Aqui vimos abrigar-nos no teu seio.
= = = = = = = = =  

Trova de
ADALBERTO DUTRA REZENDE
Cataguazes/MG, 1913 – 1999, Bandeirantes/PR

A missão será cumprida,
quer tu acertes ou falhes;
Deus traça as linhas da vida,
e o destino, seus detalhes…
= = = = = = = = =  

Soneto de 
ANIBAL BEÇA
Manaus/ AM (1946 – 2009)

Profissão de fé

Meu verso quero enxuto mas sonoro
levando na cantiga essa alegria
colhida no compasso que decoro
com pés de vento soltos na harmonia.

Na dança das palavras me enamoro
prossigo passional na melodia
amante da metáfora em meus poros
já vou vagando em vasta arritmia .

No voo aliterado sigo o rumo
dos mares mais remotos navegados
e em faias de catraias me consumo.

É meu rito subscrito e bem firmado
sem o temor do velho e seu resumo
num eterno retorno renovado.
= = = = = = = = =  = = = = 

Trova de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/ SP

Não lamento o meu outrora, 
nem choro uma dor vivida, 
lamento sim, a demora 
em por Deus em minha vida.
= = = = = = = = =

Poema de
AIRES DE ALMEIDA SANTOS
Bié/ Angola, 1922 – 1991, Benguela/ Angola

Meu amor da Rua Onze

Tantas juras nos trocamos,
Tantas promessas fizemos,
Tantos beijos roubamos,
Tantos abraços nos demos.

Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais mentir.

Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais fingir.

Era tão grande e tão belo
Nosso romance de amor
Que ainda sinto o calor
Das juras que nos trocamos.

Era tão bela, tão doce
Nossa maneira de amar
Que ainda pairam no ar
As promessas que fizemos.

Nossa maneira de amar
era tão doida, tão louca
Qu'inda me queimam a boca
Os beijos que nos roubamos.

Tanta loucura e doidice
Tinha o nosso amor desfeito
Que ainda sinto no peito
Os abraços que nos demos.

E agora
Tudo acabou.
Terminou
Nosso romance.

Quando te vejo passar
Com o teu andar
Senhoril,
Sinto nascer

E crescer
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
De escultura
Cor de bronze,
Meu amor da Rua Onze.
= = = = = = = = =  

Poetrix de
ANGELA TOGEIRO
Belo Horizonte/MG

Falsa borboleta

Ousei ser lagarta e pupa.
Rompi o casulo
numa sociedade de asas tolhidas.
= = = = = = = = =  

Soneto de
GREGÓRIO DE MATOS
Salvador/BA, 1623 – 1696, Recife/PE

Soneto a uma saudade

Em o horror desta muda soledade,
Onde voando os ares a porfia,
Apenas solta a luz a aurora fria,
Quando a prende da noite a escuridade.

As cruel apreensão de uma saudade!
De uma falsa esperança fantasia,
Que faz que de um momento passe a um dia,
E que de um dia passe à eternidade!

São da dor os espaços sem medida,
E a medida das horas tão pequena,
Que não sei como a dor é tão crescida.

Mas é troca cruel, que o fado ordena;
Porque a pena me cresça para a vida,
Quando a vida me falta para a pena.
= = = = = = = = =  

Haicai de
ANGÉLICA VILLELA SANTOS
Guaratinguetá/SP, 1935 – 2017, Taubaté/SP

Cachecóis e mantas 
Amontoados sobre a cama: 
Frente fria que chega.
= = = = = = = = =  

Poema de
EUGÉNIO DE ANDRADE
Fundão/Portugal, 1923 – 2005, Porto/Portugal

As palavras que te envio são interditas

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma  regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos noturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
= = = = = = = = =  

Limerique de
MARIANA U. BARDELLA
Americana/SP

Minha "peixinha"
é metidinha
um dia ela
foi parar na panela
virou comidinha.
= = = = = = = = =

Soneto de
LUCÍLIA A. T. DECARLI
Bandeirantes/PR

Amor oculto 

O amor na adolescência vem risonho,
sem oponência às flechas do cupido.
Sobre o ente amado, o olhar embevecido
se estende ao pensamento entregue ao sonho.

Exime-se, entretanto, de alarido
um sentimento oculto e assaz bisonho.
O dia,”lento,” torna-se enfadonho;
cálida, a noite tem bem mais sentido.

Introvertido, o impasse da existência…
No âmago eclodem chamas da eloquência,
somente extravasadas na poesia.

E tal poeta, frente a uma acuidade,
quando o sentir habita na saudade:
– do seu imenso amor, um só sabia!…
= = = = = = = = = 

José Feldman (A Odisseia do Supermercado em Dia de Promoção)


Ah, o dia de promoção no supermercado! Um evento que poderia facilmente ser classificado como um esporte radical. Se você ainda não experimentou, prepare-se: é uma verdadeira odisseia, onde os carrinhos se tornam naves espaciais e os corredores, campos de batalha.

Logo na entrada, você já sente a atmosfera eletrificada. A primeira missão é conseguir um carrinho. Não um carrinho qualquer, mas aquele que não faz barulho e tem as rodas que não se arrastam como se estivessem lutando contra a gravidade. Mas, ah, você logo descobre que todos estão na mesma busca. É uma verdadeira corrida, digna das mais emocionantes competições olímpicas. As pessoas se lançam em direção aos carrinhos como se fossem o último pedaço de pizza em uma festa. É um balé de estratégia e agilidade, com alguns até ensaiando dribles que fariam qualquer jogador de futebol se sentir envergonhado.

Uma vez com o carrinho em mãos — que, por algum milagre, não faz barulho — como não mencionar as estratégias de compra? Cada cliente tem seu próprio método. Há os que vêm com uma lista bem estruturada, em um verdadeiro planejamento estratégico. Eles seguem os corredores com a precisão de um cirurgião, evitando qualquer distração. Depois, existem os “Aventureiros do Carrinho”, que fazem questão de explorar cada canto do supermercado, como se estivessem em uma expedição. Eles pegam produtos aleatórios, como se estivessem em uma caça ao tesouro, e você se pergunta se, na verdade, eles vieram comprar ou apenas passear.

E não podemos esquecer das promoções que, em teoria, deveriam facilitar a vida, mas acabam gerando um caos. Você se depara com um “leve três, pague dois” em uma prateleira, e a mente começa a trabalhar: “Se eu levar três pacotes de macarrão, posso economizar... mas e se eu não comer macarrão esta semana?” A dúvida é cruel, e você se vê em um dilema existencial que poderia ser tema de um filme de suspense.

Finalmente você se depara com um obstáculo terrível: a fila do caixa. A fila! Ah, a fila é um personagem à parte, uma serpente interminável que parece ter vida própria. Enquanto você avança lentamente, começa a observar a fauna peculiar que ali habita. À sua direita, uma senhora com o carrinho transbordando de produtos, que parece ter feito um estoque para enfrentar um apocalipse zumbi. Ela discute fervorosamente com o marido sobre a necessidade de comprar cinco pacotes de arroz, enquanto ele a observa com um olhar que mistura incredulidade e resignação.

À sua esquerda, um jovem que, claramente, não está familiarizado com a arte de fazer compras. Ele tenta entender a diferença entre pasta de dente e creme hidratante, enquanto a caixa, com um olhar paciente, lhe explica. O que poderia ser um momento educativo torna-se uma comédia, com o jovem afirmando que tudo se resume em “branco e com tampa”. O público na fila ri discretamente, mas a tensão aumenta conforme o tempo avança.

Após uma eternidade, você finalmente chega ao caixa. E, ao olhar para o seu carrinho, dá-se conta de que, entre promoções e ofertas, você acumulou um verdadeiro tesouro. São três pacotes de biscoitos em promoção, duas garrafas de refrigerante e aquela caixa de cereal que, honestamente, você nem lembra por que colocou lá. Mas, quem pode resistir a uma boa promoção?

Ao passar os produtos no caixa, você observa a caixa de trás. Ela está tentando gerenciar um carrinho que parece ter saído de um episódio de “A Corrida Maluca”. O cliente está comprando tudo que vê pela frente — do molho de tomate a uma máquina de fazer pão. A caixa, já exausta, tenta manter a compostura enquanto os produtos vão sendo escaneados. Você fica imaginando se ela tem algum truque na manga para acelerar o processo ou se ela simplesmente se resignou a ser a heroína épica deste dia.

Finalmente, depois de todo o drama e da batalha épica pelos produtos, você chega ao estacionamento. Você enfrenta a última missão: empurrar o carrinho até o carro, enquanto tenta equilibrar as sacolas que parecem ter vida própria. Ao abrir o porta-malas, percebe que, de alguma forma, cada item que você comprou se tornou uma conquista. A sensação de vitória é palpável!

Ao final do dia, você percebe que o supermercado em dia de promoção é mais do que um lugar para fazer compras. É um campo de batalha, uma arena de estratégias e um palco de comédia humana. E, embora você tenha saído com um carrinho cheio, o mais valioso é a coleção de histórias que você leva consigo. E, quem sabe, na próxima promoção, você já estará mais preparado para enfrentar essa nova odisseia!

Fontes:
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: Plat.Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

Renato Frata (À Sombra da Estrela)


Sei que parece contrassenso botar esse título numa crônica sabendo que a estrela que se pendura nos céus é um astro iluminado e luminescente que não faz sombra, mas nos causa emoção a inspirar poesia. Todavia, é assim que se dá.

À sombra da Estrela, na concepção estrita, não se refere à de plasma que tem a própria gravidade, emite luz e calor e radiações diversas liberando quantidade enorme de energia ao universo, ao tempo que lhe dá vida. Não. Falo de uma Estrela especial que atiça a imaginação, digamos um anjo encarnado de quem me aproximei com paixão e fiquei, assim, tomado, porque suas medidas de amar são as minhas, e se encaixam nos meus caprichos, nas minhas dificuldades, nos meus revezes, e me põem á frente.

Digamos que seja meu empurrão!

É a Estrela que dorme comigo, que se aninha no meu colo e que oferece o seu macio e quente de companheira, para me aninhar. Essa Estrela de que falo pisa a mesma terra que eu, sua o meu suor, pena os meus pesares, ri o meu riso e chora meu choro. Essa, me espera ansiosa quando saio, e me agasalha quando sente que uma leve mudança de tempo se aproxima. É previdente e que me ensinou a não deixar toalha molhada sobre o colchão, chinelos pela sala, nem o guardanapo jogado a um canto depois de abrigar o pastel, e muito menos a cueca usada fora do cesto. Que me ensinou - vejam que despropósito - que não se deve enxugar os pés na cortina e nem escarrar na pia. A bem da verdade, ensinou-me a ser marido sem precisar emporcalhar a casa, sem transformar o lar num bar onde os homens de todas as idades e estado de sobriedade, urinam de porta aberta a cantar tangos envelhecidos nos mesmos tonéis dos vinhos dos quais beberam. A isso dou o nome de compostura. Com postura! Ou civilidade. Sabe aquela história de polimento da pedra bruta? Pois é... Ela começou com o malho e cinzel; hoje, só utiliza a flanela.

Falo da Estrela que, por mais de cinquenta anos junta comigo na mesma gaveta do meu o seu salário, para que juntos e misturados gastemos por igual e nas necessidades, sem régua de medir dificuldade ou perdularidade. 

Da Estrela que suportou por mais de trinta anos o amparo à sogra viúva e seus perrengues até seu último suspiro, depois de um banho da tarde com ela em seu colo a receber curativos, confidências e carinho. 

Dessa Estrela, às vezes autoritária e compassiva em outras, companheira íntegra e decente nos costumes, linda na maneira de ser, que sabe se vestir sem se empavonar, ela cujas mãos de professora ao tempo de magistério, fizeram das barras de giz, do gestual e da compostura, um alisar de caminhos a mais de muitos alunos. Hoje, aposentada, usa suas mãos buliçosas a burilarem panos e linhas nos trabalhos espetaculares de patchwork e bordados, quando não se enfia na cozinha como prendada expert a coser saborosos pratos; dotada de ideias próprias (muitas contrárias às minhas, mas legítimas); de personalidade ímpar e sóbria que se impõe sobre o que pensa e fala; altiva nas palavras e gestos e que nos deu duas filhas que, por sua vez, trouxeram dois genros e Tom neto a engrandecer o esplendor da família.

Ela é digna de brios e de benquereres.

Falo da Estrela Helena Maria, a quem dedico há mais de cinquenta anos a história de nossas vidas construídas a quatro mãos, que às vezes se transformam em oito, em quatorze, coisas que a necessidade obriga.

Pois nesse seu aniversário de setenta e seis, o presente que ofereço é essa inspiração que me leva a botar no papel a contraprova dos meus sentimentos, reconhecimento e gratidão; afinal, quem se deu ao luxo de ter consigo uma estrela, só lhe pode agradecer a claridade!

Vê-se, assim, que o atributo de inspirar paixão e poesia não é somente da estrela do céu. A minha da terra, comprova isso.

Obrigado por me abrigar em sua sombra.
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  = = = 
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
Renato Benvindo Frata nasceu em Bauru/SP, radicou-se em Paranavaí/PR. Formado em Ciências Contábeis e Direito. Professor da rede pública, aposentado do magistério. Atua ainda, na área de Direito. Fundador da Academia de Letras e Artes de Paranavaí, em 2007, tendo sido seu primeiro presidente. Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Seus trabalhos literários são editados pelo Diário do Noroeste, de Paranavaí e pelos blogs:  Taturana e Cafécomkibe, além de compartilhá-los pela rede social. Possui diversos livros publicados, a maioria direcionada ao público infantil.

Fontes:
Renato Benvindo Frata. Crepúsculos outonais: contos e crônicas.  Editora EGPACK Embalagens, 2024. Enviado pelo autor.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

Aparecido Raimundo de Souza (O desejo maduro pelo quase impossível)


VAMOS VOLTAR UM BOCADINHO no tempo. Regressar naqueles idos, hoje distanciados, em que as histórias infantis começavam com um gostoso “Era uma vez”. Bons tempos! Hoje, infelizmente, percebo estarrecido, boquiaberto, aparvalhado, perplexo e estupefato, que as crianças as quais conheço, ou convivo no dia a dia, nem sabem o que significa esse “Era uma vez”.  Menos ainda, ouviram falar, ainda que por ouvir dizer, de Monteiro Lobato, Ziraldo, Thais Linhares, Silvia Orthof, Maria Lajolo, Ana Maria Machado, Hans Christian Andersen, José Mauro de Vasconcelos, Maurício de Sousa, e tantos mais. 

As nossas crianças, melhor dito, os nossos meninos e meninas de hoje, só sabem mencionar os filmes dos celulares, neles incluídos programas, desenhos que só servem para desvirtuar a cabeça desses jovens que nem idade têm para possuírem um aparelho de última geração. Em um futuro próximo vamos ter (aliás, a bem da verdade já existem aos borbotões) um bando enorme de crianças de mentes fúteis, desvirtuadas, abobalhadas, da nossa realidade. Crianças que amanhã ou depois servirão apenas para robôs comandados, em face de uma enxurrada enorme de besteirol disponível em todas as redes sociais, sem falar nos programas de televisão que viraram um inferno, não o de Dante, mas o do próprio Capeta e seus apaniguados.  

Aos 72 janeiros bem vividos, graças a Deus, continuo adepto do tradicional “Era uma vez”.  Na magia encantadora dessas três palavrinhas atrativas e mágicas, se me permitem, vou contar a história de uma galinha jovem, que, apesar de sua perna defeituosa, tinha uma autoestima que botava no chinelo todas as demais do enorme galinheiro. Preparados? Então vamos lá. 

“Era uma vez uma galinha muito simpática. Seu nome, Jojoca Pintadinha. Por ser alegre e extrovertida, se recusava terminantemente a ser definida por sua "leve diferença anatômica". Aliás, dizia com orgulho: ‘Se até o tango é dançado com uma pernada, por qual motivo, eu não posso ser feliz e realizada da mesma forma que uma dançarina dessa gostosa milonga argentina?’

“Jojoca Pintadinha por conta desse pequeno probleminha, tinha um andar desengonçado. Ao invés de parecer desajeitada, se fazia vista como puro carisma. O galo Benedito Gozador, por exemplo, (apesar de sem vergonha e sórdido) se tornara seu maior fã e sempre dizia de boca cheia: “com essa marcha única, a danadinha conquistou o galinheiro inteiro". Mas Jojoca Pintadinha tinha um segredo: ela usava a sua perna anormal como desculpa esfarrapada para fugir dos deveres pesados. Quando carecia ciscar o solo duro atrás de minhocas, lá ia a donaire aos pulos curtos, suspirando e exclamando frases como "Ai, meu cambito mutilado, não aguenta mais um passo.” Saía, em seguida à francesa, pela tangente, anunciando a todas as demais moradoras da avicultura, o incômodo que a atormentava: ‘— Quem sabe amanhã eu não acorde melhor?’ 

“Assim, sempre do mesmo modo, enquanto as outras trabalhavam, ela se encostava à sombra de um enorme abacateiro para filosofar sobre a vida — ou simplesmente tirar um cochilo. Certo dia, a “perninha doente" quase colocou a sua vida em apuros. Dona Ximbica, uma raposa que vez em quando dava os ares da graça apareceu sem avisar e se achegou dos galinheiros. Todas as inquilinas correram, cada uma para um canto diferente, no mais completo estado de pânico. Jojoca Pintadinha, com a sua confiança inabalável e aquele andar peculiar, fez algo inesperado: começou a coxear de forma dramática na direção da raposa, fingindo ser uma presa fácil. O truque deu certo: a raposa, confusa e desconfiada, achou melhor não arriscar. Deu meia volta e foi embora.

“Desde então, Jojoca Pintadinha virou uma espécie de lenda viva, não só no galinheiro dela, como nos demais ao redor. Não por sua coragem, mas também porque provou que, mesmo com uma perna mutilada, seria capaz de ensaiar uma pernada (entre aspas) e desfecha-la no calcanhar do destino e sair sacudindo a poeira dando a volta por cima. Com essa proeza inimaginável, o galo Benedito Gozador pirou de vez o cabeção e se fez completamente encantado pela Jojoca Pintadinha. Ele achava o andar dela, como uma demonstração de charme único e coragem inigualável. Benedito Gozador dizia que aquela se constituíra numa espetacular galinha "fora do padrão", no melhor dos sentidos. Até inventou um apelido carinhoso para ela: “A Princesa Deteriorada do Galinheiro". O cognome pegou.

“Como todo bom romântico, Benedito Gozador não fugia à regra. Tinha fama de atrapalhado. Vivia tentando impressionar a Jojoca Pintadinha cantando músicas de Amado Batista, mas, como se fazia ruim de gogó, sua voz desafinava feio além de, em contrapartida, afervorar excitando um bando de outros galos para pequenos duelos — não com espadas, claro, mas com quem expurgava o solo mais rápido. Jojoca Pintadinha, é evidente, notava as investidas, contudo, adorava de paixão fazê-lo suar e tremer na base. Sempre que Benedito Gozador chegava perto, ela soltava um comentário espirituoso, como: ‘Ora, Benê, será que meu charme galináceo não é muita areia para o seu bico meio que miúdo?’

“Em seguida, dava uma de suas famosas mancadas dramáticas, deixando Benedito boquiaberto e ainda mais apaixonado e cativo. No fundo, a Jojoca Pintadinha até se divertia com as tentativas do pobre galo, mas sabia que ele, antes de qualquer coisa mais séria, precisaria provar por “a”, mais “b”, que se fazia tão brabo, confiante e invencível, quanto ela, antes de assenhorear o seu coração — ou, nesse caso, a sua perna manquejada. Belo dia, depois de ter tirado uma boa soneca, resolveu partir para a luta. Procurou o galo e propôs à criatura, uma maneira dele testar para ela que se fazia macho, confiante, e gostava do seu corpinho de formas pecaminosas de verdade. Sempre cheia de ideias brilhantes e um toque de determinação, decidiu que o Benedito precisaria passar por um ‘Desafio do tipo Manco Real’. 

“Ela queria garantir que o simpático garanhão estivesse realmente à altura do seu charme e autoconfiança. Depois de muito matutar, foi até onde o galo estava com outros companheiros, o chamou num canto e alvitrou o seguinte atiçamento:  Benedito teria que passar um dia inteiro andando como ela, mancando. Não somente isso. Havia mais: carecia, no mesmo pacote, se virar nos trinta trabalhos enfrentando os afazeres do galinheiro sem reclamar, além de aprender um novo repertório de um outro artista que cantasse algo igual ou melhor que Amado Batista e escolhesse, pelo menos uma música que fosse tão envolvente e que se entrosasse juntamente a sua marcha de mancadas descompassadas. 

“Segundo ela, esse seria o teste definitivo para ver se Benedito não estava apenas apaixonado pela aparência, mas também pelo espírito indomável da apetitosa de porte altivo, e, acima de qualquer suspeita. Benedito, claro, aceitou o desafio com entusiasmo (e talvez um pouco de medo).  Dias depois, passou a mancar por toda a extensão do galinheiro de forma tão exagerada que as outras galinhas não conseguiam segurar o riso. Quando chegou a hora da música escolhida, ele soltou a voz numa canção romântica de Shania Twain (From This Moment on), atonando uma voz maviosa, entrelaçada a um canto tão criativo e ao mesmo tempo tão desconjuntado, que até os pintinhos e as demais galinhas (e pasmem!), até os outros galos inquilinos próximos começaram a dançar. 

“Jojoca Pintadinha, observava tudo e, ao final da apresentação não resistiu: soltou uma de suas risadas cômicas e declarou Benedito Gozador, o vencedor do obstáculo imposto. Do mesmo modo, admitiu que com aquele esforço, o sujeito não só provou a sua confiança, mas também o seu afeto genuíno por ela. Desde então, os dois viraram o casal mais incomum e divertido do galinheiro, sempre prontos para arrancar boas gargalhadas com suas mancadas sincronizadas e duetos únicos em sintonia meridiana com melodias românticas do repertório de Shania Twain. Duas semanas depois, em meio a uma grande festa Jojoca Pintadinha e Benedito Gozador se casaram e foram felizes para sempre.”
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  = = = = 
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
Aparecido Raimundo de Souza, natural de Andirá/PR, 1953. Em Osasco, foi responsável, de 1973 a 1981, pela coluna Social no jornal “Municípios em Marcha” (hoje “Diário de Osasco”). Neste jornal, além de sua coluna social, escrevia também crônicas, embora seu foco fosse viver e trazer à público as efervescências apenas em prol da sociedade local. Aos vinte anos, ingressou na Faculdade de Direito de Itu, formando-se bacharel em direito. Após este curso, matriculou-se na Faculdade da Fundação Cásper Líbero, diplomando-se em jornalismo. Colaborou como cronista, para diversos jornais do Rio de Janeiro e Minas Gerais, como A Gazeta do Rio de Janeiro, A Tribuna de Vitória e Jornal A Gazeta, entre outras.  Hoje, é free lancer da Revista ”QUEM” (da Rede Globo de Televisão), onde se dedica a publicar diariamente fofocas.  Escreve crônicas sobre os mais diversos temas as quintas-feiras para o jornal “O Dia, no Rio de Janeiro.” Acadêmico da Confraria Brasileira de Letras. Reside atualmente em Vila Velha/ES.

Fontes:
Texto enviado pelo autor. 
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing 

domingo, 4 de maio de 2025

E-book “Labirintos da Vida”, de José Feldman (download gratuito)

 

Quero compartilhar meu e-book intitulado "Labirintos da Vida". Com 177 páginas repletas de contos e crônicas, a obra explora temas profundos como o abandono de idosos e de pets, a solidão, a compaixão e o amor incondicional.

As narrativas buscam refletir sobre a luta por dignidade em meio às adversidades da vida, trazendo à tona histórias que tocam o coração. Acredito que você encontrará momentos de reflexão e conexão em cada página.

Ficaria muito feliz se você pudesse dar uma olhada e compartilhar suas impressões.

Enviei cerca de 150 e-mails com o e-book, se não recebeu baixe-o no link
 

abraços fraternos,
José Feldman