JANTAR
A música estranha
o vinho pálido-branco
o aspargo
a couve-chinesa
(o menu para um a francesa).
Ah, como são tristes
os pratos
de porção única
quando há espaço
para dois
na mesa.
Esta poesia obteve o segundo lugar no Concurso de Poesias Helena Kolody 2009
--------------------------
PÁLPEBRAS
Quando as pálpebras dobram duplamente
é porque estou velha.
É porque estou anja, calejada, já eterna.
É porque sou passada do tempo
mesmo que o cônjuge me ache linda
ao vento.
Quando o espelho mostra que o meu piscar
faz duas dobras
eu vejo tudo o que sobra
tudo o que fica
e o que me conforta.
Vejo que o tempo não passou:
está passando
bem na minha porta.
Mas não tenho mais fôlego
para trocar de endereço.
Ele me acha, mesmo assim:
tem um pacto com os correios dos anos.
E então eu tento não piscar resoluta
para que as pálpebras não se dobrem
absolutas.
Mas elas o fazem bem no risco
entre a sombra
e a pele virgem:
uma dobra entre a fronteira da maquiagem
e da estiagem
do tempo sobre a minha pele.
Quando há dobras nas pálpebras
o meu eu se dobra
para o tempo
agora.
--------------------------------------
EM BRANCO
As minhas canetas sem carga
deixaram tudo em branco:
os bilhetes
as cartas
o papel da pipoca perdido no banco.
Só podiam ver o escrito
tocando os dedos.
(O afundar da ponta da caneta sem tinta
deixou escrito o que eu tinha a dizer:
todos os meus segredos.)
E a vida ficou em braile às avessas.
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A música estranha
o vinho pálido-branco
o aspargo
a couve-chinesa
(o menu para um a francesa).
Ah, como são tristes
os pratos
de porção única
quando há espaço
para dois
na mesa.
Esta poesia obteve o segundo lugar no Concurso de Poesias Helena Kolody 2009
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PÁLPEBRAS
Quando as pálpebras dobram duplamente
é porque estou velha.
É porque estou anja, calejada, já eterna.
É porque sou passada do tempo
mesmo que o cônjuge me ache linda
ao vento.
Quando o espelho mostra que o meu piscar
faz duas dobras
eu vejo tudo o que sobra
tudo o que fica
e o que me conforta.
Vejo que o tempo não passou:
está passando
bem na minha porta.
Mas não tenho mais fôlego
para trocar de endereço.
Ele me acha, mesmo assim:
tem um pacto com os correios dos anos.
E então eu tento não piscar resoluta
para que as pálpebras não se dobrem
absolutas.
Mas elas o fazem bem no risco
entre a sombra
e a pele virgem:
uma dobra entre a fronteira da maquiagem
e da estiagem
do tempo sobre a minha pele.
Quando há dobras nas pálpebras
o meu eu se dobra
para o tempo
agora.
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EM BRANCO
As minhas canetas sem carga
deixaram tudo em branco:
os bilhetes
as cartas
o papel da pipoca perdido no banco.
Só podiam ver o escrito
tocando os dedos.
(O afundar da ponta da caneta sem tinta
deixou escrito o que eu tinha a dizer:
todos os meus segredos.)
E a vida ficou em braile às avessas.
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Sobre a Autora
Claudia Schroeder é publicitária de formação e escritora de coração. Publicou um livro aos 14 anos e outro aos 17 na sua cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul. Contribuiu com revistas e foi colunista de um jornal da mesma cidade dos 16 aos 19 anos. Expôs seus quadros em 2004 e em 2005 expôs textos, poesias e pinturas na Exposicão P.O.A – Pacífico Oceano Atlântico, projeto de Claudia e do artista plástico chileno Jorge Moraga em Santiago do Chile e em 2006, na Galeria de Arte do DMAE em Porto Alegre. Foi uma das criadoras da primeira Galeria Virtual de Arte do Brasil, que não está mais no ar. Hoje é Gerente de Criação de uma agência de propaganda, mas continua escrevendo poemas, romances, pequenos textos e poesias infantis.
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Fontes:
Claudia Schroeder é publicitária de formação e escritora de coração. Publicou um livro aos 14 anos e outro aos 17 na sua cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul. Contribuiu com revistas e foi colunista de um jornal da mesma cidade dos 16 aos 19 anos. Expôs seus quadros em 2004 e em 2005 expôs textos, poesias e pinturas na Exposicão P.O.A – Pacífico Oceano Atlântico, projeto de Claudia e do artista plástico chileno Jorge Moraga em Santiago do Chile e em 2006, na Galeria de Arte do DMAE em Porto Alegre. Foi uma das criadoras da primeira Galeria Virtual de Arte do Brasil, que não está mais no ar. Hoje é Gerente de Criação de uma agência de propaganda, mas continua escrevendo poemas, romances, pequenos textos e poesias infantis.
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Fontes:
Secretaria de Cultura do Paraná.
http://pequenamorte.com/
Imagem = http://www.vale9conto.com.br
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