“Domingos do Nascimento tinha um grande amor pela sua terra natal de que ele cantou belezas em versos simples, mas de muita espontaneidade como: "Meu Lar” - uma canção sem metro, entre o monossílabo e o decassílabo, livres na sua harmonia. Versos em que há muita alma, uma explosão de sentimentos que se não uniformizam, rebentando o coração do poeta como à trova singela entre dolências enternecedoras de uma viola na “porfia”. De Domingos diremos que era poeta da prosa, como foram Peletan e Michelet.
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MEU LAR!
Eu sou da terra dos lírios bravos
Que pendem a haste por sobre o mar.
Por entre lírios vermelham cravos...
Branco e vermelho... fico a cismar!
Fico a cismar nos lírios e nos cravos
Que pendem a haste por sobre o mar.
Minha casita branca de neve,
Com telhas rubras, era um primor.
Minha casita que encantos teve...
Hoje tapera, sem riso ou flor!
Fico a cismar na graça que já teve...
Com telhas rubras, era um primor!
Olha as moçoilas subindo os montes,
Chapéu de palha, saiote curto!
Belas morenas descendo as fontes,
Bilhas à coifa, pezinho a furto...
Fico a cismar nas moças lá dos montes,
Chapéu de palha, saiote curto.
E a minha dama era alva de neve,
De lábios rubros, botão de flor.
A minha dama que olhos já teve,
Escrava agora de outro senhor!
Fico a cismar nos olhos que já teve,
De lábios rubros, botão de flor.
Eu sou da terra dos brancos lírios,
Dos lindos mares, bravos, chorosos...
No céu escuro crepitam círios,
E os ventos gemem, tristes, saudosos!
Fico a cismar que velam tantos círios
Os lindos mares, bravos, chorosos...
A dor eterna seja contigo,
Coração fiel, mar tormentoso!
Meu companheiro, meu velho amigo!
Quando te sinto soberbo e iroso,
Fico a cismar em ti, que estás comigo.
Coração fiel, mar tormentoso!
Eu sou da terra dos liriais...
...Branca de neve... seios de amora...
— Que lindo rastro nos areais!
A noite foge, resplende a aurora...
Fico a cismar por sobre os areais:
— Branca de neve... seios de amora...
0 mar soluça beijando a praia...
— Não mais te beijo, botão de flor,
A onda ruge, a onda desmaia...
Gemo... Saudades de tanto amor!
Fico a cismar se aquela flor desmaia...
...Não mais te beijo, botão de flor!
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Que pendem a haste por sobre o mar.
Por entre lírios vermelham cravos...
Branco e vermelho... fico a cismar!
Fico a cismar nos lírios e nos cravos
Que pendem a haste por sobre o mar.
Minha casita branca de neve,
Com telhas rubras, era um primor.
Minha casita que encantos teve...
Hoje tapera, sem riso ou flor!
Fico a cismar na graça que já teve...
Com telhas rubras, era um primor!
Olha as moçoilas subindo os montes,
Chapéu de palha, saiote curto!
Belas morenas descendo as fontes,
Bilhas à coifa, pezinho a furto...
Fico a cismar nas moças lá dos montes,
Chapéu de palha, saiote curto.
E a minha dama era alva de neve,
De lábios rubros, botão de flor.
A minha dama que olhos já teve,
Escrava agora de outro senhor!
Fico a cismar nos olhos que já teve,
De lábios rubros, botão de flor.
Eu sou da terra dos brancos lírios,
Dos lindos mares, bravos, chorosos...
No céu escuro crepitam círios,
E os ventos gemem, tristes, saudosos!
Fico a cismar que velam tantos círios
Os lindos mares, bravos, chorosos...
A dor eterna seja contigo,
Coração fiel, mar tormentoso!
Meu companheiro, meu velho amigo!
Quando te sinto soberbo e iroso,
Fico a cismar em ti, que estás comigo.
Coração fiel, mar tormentoso!
Eu sou da terra dos liriais...
...Branca de neve... seios de amora...
— Que lindo rastro nos areais!
A noite foge, resplende a aurora...
Fico a cismar por sobre os areais:
— Branca de neve... seios de amora...
0 mar soluça beijando a praia...
— Não mais te beijo, botão de flor,
A onda ruge, a onda desmaia...
Gemo... Saudades de tanto amor!
Fico a cismar se aquela flor desmaia...
...Não mais te beijo, botão de flor!
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Murici divisa nesta canção influência pastoril portuguesa, embora "temperada por fresca e delicada cor local".
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