quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Nilton Manoel (Baú de Trovas)

A noite calada e escura
que silencia meu pranto,
revela toda a amargura
na falta de teu encanto.

Com esse salário de fome...
sem ver a cor do dinheiro,
pobre, nem papel consome...
Fazer o que no banheiro.

Com meu freezer sem nadinha,
vou amargando o rosário;
Quem come pão com farinha
sabe o que vale o salário.

Conduzindo arma sem porte,
foi detido o valentão,
que, da praia, por esporte,
vinha abraçando um canhão.

Deriva, momento incerto,
em que a vida segue a esmo,
mas quem vai de peito
vence a tudo,até a si  mesmo .

Do jeito que a coisa vai
em tudo se põe durex...
pobre, sem panela sai
pra comer de marmitex.

Dos meus sonhos eu bendigo
as passadas frustrações;
Hoje é mais puro o meu trigo
sendo humilde nas ações.

Em férias, certo doutor,
ganha auréola de moleque,
quando perde sua cor,
no exagero de um pileque.

Fez-se pai o jornalista
e, uma ideia lhe desfralda:
- Batiza a filha, o egoísta,
com o nome de... Jornalda!

Homem maduro tem força;
firme, enfrenta ondas e ventos...
por mais que os anos lhe torça,
jamais perde os bons momentos.

Indo por outros caminhos
neste mundo, às vezes rude,
vou fugindo dos espinhos
pois, das mulheres, não pude!

Leia a sorte, meu senhor!
-Que sorte tenho cigana?
mãos de pobre professor
vive sem linhas e  grana.

Muda o  mundo...tudo muda!
mas no campo do saber
há quem todo o tempo estuda,
mas é “verde” de morrer.

Na caminhada, maduro,
ponho fogo na fornalha;
quero deixar no futuro,
as lições de quem trabalha.

Não existe culpa imensa
para quem crê no perdão,
tendo o Deus de sua crença
tranqüilo em seu coração

Na rua, toda nuazinha,
escondendo a cara santa,
no carnaval da Lurdinha,
até morto se  levanta

Nesse comércio bizarro
de promoção de viés.
Ainda venderão carro
dando de brinde mais dez.

No espaço da folha branca
o universo do escritor,
torna a vida bem mais franca
se traça versos de amor.

O meu palácio encantado,
onde o ano todo é natal,
é um quadradinho alugado,
chamado "caixa postal"!

O mundo - pleno em magia,
nossa bola de cristal,
mesmo amargo, traz poesia,
aos momentos mais sem sal.

Por entre as pedras da fonte,
cantante em sai alegria,
o bardo vê no horizonte
sua fonte de poesia.

Promoção de negro humor
em grandes filas, à vista;
qualquer “lixo” tem valor,
na glória do varejista...

Quem como eu faz poesia,
sabe que a glória é completa:
- Ninguém aposenta o dia
de trabalho de um poeta.

Quem tem coração de paz
vive de culpa liberto,
porque faz do  bem que faz
um céu de Sol mais aberto.

Quem tem vida vive atento
pelos caminhos que enfrenta;
brinda as farpas do momento
com chocolate e pimenta.

Ribeirão Preto é café
-terra amiga e sempre nova-
quinze décadas de fé
que todos cantam em trova.

Sem ter bolas de cristal,
quem sabe onde pisa faz
de sua estrada um rosal
se é do Bem e pela paz.

Sem ter calçado e camisa
pra não cair na prisão,
salário de pobre é a brisa
mal dá pra comprar o calção.

Talento é ter arte e graça
brincando com a vida séria;
pobre curte até a desgraça
com o salário da miséria.

Viver pobre é contramão
mundo triste de aguentar;
A sorte que traz o pão
enfrenta os jogos de azar.

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