sexta-feira, 23 de maio de 2025

Asas da Poesia * 25 *

 

Trova de
LUÍZA NELMA FILLUS
Irati/PR

Singela festa de outrora,
olhos puros de criança,
vem-me lágrimas agora,
com essa doce lembrança.
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Poema de
MACHADO DE ASSIS 
Rio de Janeiro/RJ, 1839 – 1908

Spinoza

Gosto de ver-te, grave e solitário,
Sob o fumo de esquálida candeia,
Nas mãos a ferramenta de operário,
E na cabeça a coruscante ideia.

E enquanto o pensamento delineia
Uma filosofia, o pão diário
A tua mão a labutar granjeia
E achas na independência o teu salário.

Soem cá fora agitações e lutas,
Sibile o bafo aspérrimo do inverno,
Tu trabalhas, tu pensas, e executas

Sóbrio, tranquilo, desvelado e terno,
A lei comum, e morres, e transmutas
O suado labor no prêmio eterno.
= = = = = = = = =  

Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Há um encanto na melancolia

E a chuva continua...
Do vidro do carro
Observo a
A paisagem líquida
Que em tons de verde e cinza
Passa depressa...
Há um encanto na melancolia,
Dividindo o cristal da taça
Fazendo-me companhia
Nesta tua ausência,
E, na lembrança dos teus beijos
Com gosto e aroma do chá de morangos
Despedindo-se aos poucos,
Há um encanto na melancolia
Que dilacera a alma,
Repleta de uma saudade,
Das tuas poesias,
E mensagens de amor
Que, ainda navegam  em imagens
De sonhos...
Há um encanto na melancolia
Qual uma tela com pontilhismo,
Pincelando em  meu coração
Um amor tão intenso e impossível,
Repleto de inquietos e alegres
Pontinhos de cores,
Ah, a melancolia encanta-se
Com esse lento passar das horas,
Em que a imobilidade dos sinos de vento
E a ponta quebrada do lápis
Adiam um ponto final
= = = = = = 

Poetrix de
FÁBIO ROCHA
Rio de Janeiro/RJ

presas na boca

as pessoas fingem certezas.
certamente
estão presas
= = = = = = 

Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Eu pintava trezentos arco-íris
(Mário Quintana, in “Rua dos Cataventos”)

Pintaria trezentos arco-íris
No céu de chumbo desse teu futuro
Para que ele não fosse tão escuro
E alegre com a sorte, tu te rires.

É tempo de a tristeza despedires
De veres o que está além do muro
E que o teu sol rebrilhe, grande e puro
Para que à luz te vejas e te admires.

A chuva misturada com o pranto
Vai, da alma, lavar o desencanto
Que em dias já passados tu tiveste.

Enfrenta cada dia sem temer
Que a vida só te paga com prazer
Aquilo que primeiro tu lhe deste.
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Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI 
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

Na taça de cada dia, 
a transbordar de amargura, 
cai um pingo de alegria, 
e o fel se torna doçura. 
= = = = = = 

Soneto de
OLAVO BILAC
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918

A voz do amor

Nessa pupila rútila e molhada,
Refúgio arcano e sacro da Ternura,
A ampla noite do gozo e da loucura
Se desenrola, quente e embalsamada.

E quando a ansiosa vista desvairada
Embebo às vezes nessa noite escura,
Dela rompe uma voz, que, entrecortada
De soluços e cânticos, murmura...

É a voz do Amor, que, em teu olhar falando,
Num concerto de súplicas e gritos
Conta a história de todos os amores;

E vêm por ela, rindo e blasfemando,
Almas serenas, corações aflitos,
Tempestades de lágrimas e flores...
= = = = = = 

Trova de 
ADEMAR MACEDO
Santana do Matos/ RN, 1951 – 2013, Natal/ RN

Com minha alma amargurada, 
envolto em meu sofrimento, 
passo inteira a madrugada 
jogando versos ao vento…
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Poema de
JAQUELINE MACHADO
Cachoeira do Sul/RS

A beleza de ser

A beleza de ser,
está na magia de saber sentir...
É no mundo real das coisas não vistas,
mas sentidas, que as belezas ou riquezas são manifestadas.
Amor, caridade, riso, arte, prece,
são manifestações capazes de enaltecer
o encanto desta raça chamada “gente”.
Ou seja, beleza é algo que nasce de dentro para fora.
E não de fora para dentro.
Embora isso também possa acontecer.
Autenticidade é algo raro. E caro.
Tão caro que não tem preço.
Não se importe com o que os outros falam
sobre atitudes sentimentais.
Sinta amor...
Seja belo sendo sentimento.
E não razão.
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Haicai de
GUILHERME DE ALMEIDA
Campinas/SP 1890 – 1969 São Paulo/SP

Mocidade

Do beiral da casa
(telhas novas, vermelhas!)
vai-se embora uma asa.
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

Este quarto... 
(para Guilhermino César)

Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...

que me importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho é o céu! imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.

Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousado em mim.

A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim...
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Hino de 
ANTONINA/ PR

Salve terra formosa e querida 
Que se estende na costa a sorrir 
Terra calma onde achamos à vida 
Sob a qual esperamos dormir 

Salve terra de brisas ciciantes, 
Doce gleba que nos viu nascer
Não te esqueças teus filhos distantes, 
Esquecer-te é mais fácil morrer.

Estribilho

Antonina, Antonina, 
Deitada a beira do mar 
Sob a tutela divina 
Da Senhora do Pilar 

Antonina, cidade das flores, 
De suave e finíssimo olor
Tens o brilho de mil esplendores 
Para nós que te damos amor 

Salve gleba, fecunda cidade 
Mais augusta por certo acharás 
Deus te encha de felicidade 
Para a glória do meu Paraná 

Antonina, Antonina,
Deitada a beira do mar 
Sob a tutela divina 
Da Senhora do Pilar
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Soneto de
BENEDITA AZEVEDO
Magé/ RJ

Festas vespertinas

Nas vespertinas festas, nos domingos,
Quando eu queria muito o teu amor,
Dancei gostoso rock, joguei bingos,
Te esperando namoro me propor.

Dançávamos bolero, ou mesmo tango,
E ao som daquele rock fui dançando...
Para o salão sozinha, e então eu mango
Do teu jeito sem graça rebolando.

Até que um dia escuto teu lamento,
Porque não poderias nem me ver
Assim, me divertindo em tal evento.

Eu era adolescente e bem feliz,
Nas vespertinas festas pude ter
A tua companhia enquanto quis.
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Trova de
CLÁUDIO DE CÁPUA
São Paulo/ SP, 1945 – 2021, Santos/ SP

Sou poeta e trovador, 
a inspiração me transporta 
às nuvens e, com amor, 
nas nuvens minha alma aporta.
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Uma Lengalenga de Portugal
BICHO DA CONTA
 
Estas lengalengas dirigidas a insetos, eram ensinadas ás crianças para elas dizerem quando encontravam um deles nos campos. Era uma maneira de as ensinar a ter respeito pela natureza.
 
Debaixo da pedra
 Mora um bichinho
 De corpo cinzento
Muito redondinho
 
Tem medo do sol
Tem medo de andar
Bichinho de conta
Não sabe contar
 
Muito redondinho
Rebola, no chão
Rebola, na erva
E na minha mão
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Quadra Popular de
Serro/ MG

O vento bateu na porta
eu pensei que era a Sinhana,
tive pena de mim mesmo!
Até o vento me engana.
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Soneto de
AFONSO FELIX DE SOUSA
Jaraguá/GO, 1925– 2002, Rio de Janeiro/RJ

Sonetos Elementares XV

E Deus chamou à luz dia; e às trevas
chamou noite: o primeiro dia, feito
de elementos de mortos dias, dia
de madrugadas feito – assim nascera.

Embora com o corpo a debater-se
na sombra anterior, perdi-me ao canto
das aves primitivas, e boiei
entre espumas e o espírito de Deus.

Flores mortas brotaram e eram belas.
A terra toda se transfigurara
nessas ilhas de que só nós sabemos.

Cego sem céu e mar que de repente
recupera as paisagens, segui leve
como um louco cantando entre anjos.
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Poema de
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Boêmio

Boêmio – em turbilhão intenso a vida esbanjas,
escravo de emoções em noites deturpadas.
Teu sol, luz de abajur, a arder envolto em franjas,
tem o álgido livor das frias madrugadas.

Volúvel, novo amor te aguarda em cada esquina,
e insatisfeito vai teu coração repleto
dessa ânsia de viver, que arrasta, que fascina,
alheio à paz de um lar, à placidez de um teto!

Boêmio, a mocidade é curta… logo passa!
A seara, quando má, provém de mau plantio!
Apressa-se o amanhã… o nada te ameaça
e a solidão abraça o coração vazio!
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Trova do
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR

De barro se faz o homem, 
e de luz principalmente. 
O barro, os anos consomem; 
a luz eterniza a gente!
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Décima do
NEMÉSIO PRATA
Fortaleza/CE

Solidariedade!

Oh! Deus meu, que estás no céu,
diga-me, qual o destino
desta menina (ou menino!),
que vive jogada ao léu
sem solado e sem chapéu?
Que Tu me dês, de verdade,
um pingo de caridade
pra que eu leve à esta criança
uma nesga de esperança.
Isto é: Solidariedade!
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Trova de
OLÍVIA ALVAREZ MIGUEZ BARROSO
Parede/Portugal

Quando a esperança se alia
ao conceito de beleza,
há folhas de poesia
a pairar na natureza.
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Soneto do
ADELMAR TAVARES
Recife/PE, 1888 – 1963, Rio de Janeiro/RJ

Francisco, meu pai

Como que o vejo... O chapelão caído
Sobre a cabeça branca de algodão...
Buscando o campo, — o dia mal nascido,
Voltando à casa, o dia em escuridão.

Lavrador, fez da terra o ideal querido.
"Meu filho, a terra é que nos dá o pão",
Dizia-me. E cavava comovido,
A várzea aberta para a plantação...

Mas um dia, eu, pequeno, vi, cavando,
Sete palmos de campo, soluçando,
Uns homens rudes... Tempo que já vai!

"Francisco, adeus"! Diziam repetindo.
Meu pai desceu de branco... Ia dormindo
Fechou-se a terra... E não vi mais meu pai!
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Trova Premiada em Natal/RN, 2009 
RODOLPHO ABBUD 
Nova Friburgo/RJ, 1926 – 2013

A violência e outras formas 
de opressão, mesmo discretas, 
não conseguem ditar normas 
aos corações dos poetas! 
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Gabinete de
OTACÍLIO BATISTA
(Otacílio Guedes Patriota)
São José do Egito/PE, 1923 – 2003, João Pessoa/PB

O povo deseja ouvir
     Um Gabinete bonito;
     Poeta, só acredito
     Se você não me mentir.
     Trate de se prevenir
     Para poder cantar bem
     Eu comprei um cartão
     Para viajar no trem:
     Sem cartão ninguém vai,
     Sem cartão ninguém vem!
     Vai e vem, vem e vai,
     Vem e vai, vai e vem.
     Quem não tem o que eu tenho,
     Morre danado e não tem!
     Quem estiver com inveja,
     Se esforce e faça também ...
     Cavalo bom é ginete;
     Quem não canta Gabinete,
     Não é cantor pra ninguém!
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Trova do
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

Que trovador desastrado!
… foi direto pro doutor:
Fiz trova de pé quebrado!
Bota um gesso, por favor!
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Soneto de
SÍLVIA ARAÚJO MOTTA
Belo Horizonte/MG

Sol com chuva

No adágio popular ouvi dizer
que quando há sol com chuva...alguém sorriu!
Na despedida vi “viúva” a crer:
-“Marido vivo” em paz, feliz, fugiu...

Mulher tão forte, em tudo, quis vencer!
Enxugou o pranto, teve fé, agiu!
Criou seus filhos, graças viu chover!
Pingos lavaram “alma pura à mil...”

Com seu poder de sol viveu, brilhou...
Sempre enfrentou problemas, mas sorria!
Buscou o saber, destino então traçou.

Chove amizade... só por seu valor!
Ao ritmo dança, canta e faz poesia!
Molhada agora, beija o novo amor.
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Haicai de
ANALICE FEITOZA DE LIMA 
Bom Conselho/PE, 1938 – 2012, São Paulo/SP

Uma água barrenta,
pássaros sobre o barranco.
Um rio minguante.
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Poema de
ALICE GOMES
Tabuaço/Portugal, 1910 – 1983, Lisboa/Portugal

Na idade dos porquês 

Professor diz-me porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?

Professor diz-me porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda, gira, rodopia
e cai morto no chão...

Tenho nove anos, professor
e há tanto  mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!

Tu falas, falas, professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.

É a luta, professor
a luta em vez de amor.

Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.

Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes, professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.

Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...

E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.
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Trova de
LUCÍLIA A. T. DECARLI
Bandeirantes/PR

Aquela alegre canção,
que, outrora, era de nós dois,
traz, hoje, triste emoção
na solidão de um depois…
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Poema do
J. G. DE ARAÚJO JORGE
(Jorge Guilherme de Araújo Jorge)
Tarauacá/AC 1914 – 1987 Rio de Janeiro/RJ

Poema às palavras 

 Tem uns homens por aí
com medo das palavras.

Tem uns poetas por aí
segregacionistas.

Tem preconceitos contra
as palavras:
esta não serve - é mestiça,
esta também não - é muito comum,
é do povo, não é importante,
e aquela também - não tem educação
fala muito alto, é palavrão.

Tem poeta por aí cochichando
como gente muito fina
de salão,
falando entre dentes
perpetrando futilidades
e maldades, como comadres.

Tem uns homens por ai
tratando as palavras pela cor
de sua pele:
não cruzam com as palavras, negras
amarelas, mulatas,
só fazem poemas brancos, poemas
puros, poemas arianos, poemas de raça.

Que se danem! Faço filhos
com todas as palavras
basta que elas se entreguem, e me amem
e saiam com o meu verso, à rua
para cantar.
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Quadra Popular
AUTOR ANÔNIMO

Coração entristecido,
por que tanto te magoas?
Se estás cercado de penas,
o que fazes que não voas?
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Laé de Souza (Padrinho de casamento)


Estranhei ao atender à porta. A moça, conhecia de vista, mas o rapaz era o Antero, filho do seu Guilhermindo. Cochichei para a mulher: “Decerto que hoje tem velório. O Mindo morreu e o filho veio avisar.” Mas como cumprimentou e não deu nenhuma notícia, descartei. Educadamente convidei-os para entrar, embora não fosse muito com a cara do garoto que sempre foi meio esnobe e quando nos cruzamos na rua faz que não me conhece.

Entraram e ficaram por uns trinta minutos assistindo também ao Silvio Santos sem dizer uma palavra. Naquele mutismo eu matutava, que diabos fizera aquele casal vir até aqui. Pigarreava e suava, enquanto observava que a barriga da moça parecia estar um pouco espremida por um cinto.

Finalmente, depois de tomarem um café, o rapaz desembuchou. Viera fazer um convite para que fôssemos padrinhos de casamento. Escolhera em consideração à amizade antiga com seu pai. Eu recordava vagamente e maldizia ter conhecido o Mindo nos tempos de garoto. Mas não tinha aquela amizade toda que o rapaz apregoava. Minha mulher teve um acesso de tosse, que foi curada com um copo d’água. Eu fixei os olhos na barriga da moça, ela encabulada enrubesceu, o que me convenceu que estava mesmo crescidinha. O rapaz, já dando como aceito o convite, tirou um papel do bolso e disse: “Seu Zunga, para não ter repetição de presentes, o padrinho já pode escolher aqui na lista o que quer dar.” 

Olhei de soslaio e li nas primeiras linhas freezer, conjunto de fogão com micro-ondas, TV com vídeo, telefone celular, sendo interrompido na leitura pela moça que lhe tirou das mãos o papel: “Já disse para pedir os móveis da sala”, falou brava ao rapaz. “É melhor o celular”, respondeu ele com a voz alterada. 

Minha mulher, que não tem papas na língua, esbravejou: “Quer dizer que uma televisão nova, você não compra, mas celular para afilhado, numa boa!” 

Sem qualquer cerimônia arrastou a moça para a cozinha e lhe mostrou a geladeira com a porta emperrada, o fogão com algumas partes oxidadas, que eu relutava em trocar. A garota esperneava. Tentava soltar-se das mãos que a arrastavam pelos cantos. 

Na inquietação, segurei a moça, arranquei meu chinelo e dei-lhe nas nádegas levemente, em respeito à sua gravidez, falando: “Afilhada minha tem de aprender a respeitar os padrinhos. E como castigo, não vai ganhar presente nenhum.” 

Saíram quietinhos.

No dia do casamento, para mostrar que sou de coragem, me apresentei no altar e não estava nem aí com a cara virada dos noivos e o rabo de olho do Mindo. E muito menos com os comentários maldosos dos convidados.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
Laé de Souza é cronista, poeta, articulista, dramaturgo, palestrante, produtor cultural e autor de vários projetos de incentivo à leitura. Bacharel em Direito e Administração de Empresas, Laé de Souza, 55 anos, unifica sua vivência em direito, literatura e teatro (como ator, diretor e dramaturgo) para desenvolver seus textos utilizando uma narrativa envolvente, bem-humorada e crítica. Nos campos da poesia e crônica iniciou sua carreira em 1971, tendo escrito para "O Labor"(Jequié, BA), "A Cidade" (Olímpia, SP), "O Tatuapé" (São Paulo, SP), "Nossa Terra" (Itapetininga, SP); como colaborador no "Diário de Sorocaba", O "Avaré" (Avaré, SP) e o "Periscópio" (Itu, SP). Obras de sua autoria: Acontece, Acredite se Quiser!, Coisas de Homem & Coisas de Mulher, Espiando o Mundo pela Fechadura, Nos Bastidores do Cotidiano (impressão regular e em braille) e o infantil Quinho e o seu cãozinho - Um cãozinho especial. Projetos: "Encontro com o Escritor", "Ler É Bom, Experimente!", "Lendo na Escola", "Minha Escola Lê", "Viajando na Leitura", "Leitura no Parque", "Dose de Leitura", "Caravana da Leitura”, “Livro na Cesta”, "Minha Cidade Lê", "Dia do Livro" e "Leitura não tem idade". Ministrou palestras em mais de 300 escolas de todo o Brasil, cujo foco é o incentivo à leitura. "A importância da Leitura no Desenvolvimento do Ser Humano", dirigida a estudantes e "Como formar leitores", voltada para professores são alguns dos temas abordados nessas palestras. Com estilo cômico e mantendo a leveza em temas fortes, escreveu as peças "Noite de Variedades" (1972), "Casa dos Conflitos" (1974/75) e "Minha Linda Ró" (1976). Iniciou no teatro aos 17 anos, participou de festivais de teatro amador e filiou-se à Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Criou o jornal "O Casca" e grupos de teatro no Colégio Tuiuti e na Universidade Camilo Castelo Branco.

Fonte:
Laé de Souza. Nos bastidores do cotidiano. SP: Ecoarte, 2018.
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Humberto de Campos ("Gigolô")


Na pequena mesa redonda, em que havia lugar para três, D. Georgina comentava com a liberdade das suas maneiras, o capítulo de uma revista parisiense sobre um termo de criação recente, que tem, já, uma aplicação universal.

- Eu não sei, nem compreendo, afinal, a prevenção contra esse vocábulo.

- Que vocábulo, minha senhora? - inquiri, intrigado.

- Que vocábulo? O "gigolô", masculino de "gigolete", que toda a gente emprega, hoje, nos salões, nas festas, nos passeios, nos cinemas, sem o menor constrangimento. Uma das minhas amigas, Mme. Perez, tem uma cadelazinha a que deu o nome de "Gigolete", e chama-a por essa forma, em qualquer parte, sem o menor escândalo dos que a ouvem. As moças, hoje, andam à "gigolete", vestem-se à "gigolete", fantasiam-se de "gigolete" no Carnaval, e dizem-no sem rebuços, sem temores, sem que se engasguem com a aspereza da expressão. Não se pode, entretanto, falar em "gigolô", nem mesmo entre íntimos, sem que haja uma estranheza, um arrepio em todas as almas, principalmente nas que se dizem limpas de pecado. Por que essa diferença, essa disparidade, essa prevenção?

Eu olhei o Dr. Moraes, esposo da ilustre senhora, e, como o visse impassível, dirigi-me à mulher:

- E que é "gigolô", D. Georgina?

- O senhor, então, não sabe, conselheiro? Não sabe, mesmo?

E como lesse a ignorância estampada na minha fisionomia, explicou, virando-se para mim:

- "Gigolô" é o indivíduo adorado por uma mulher que tem outro homem que a ama, e que ela sustenta, à custa do último. Geralmente moço, o "gigolô" é tratado pela mulher que o adora com todos os requintes da paixão. Para ele são os seus melhores beijos, os seus melhores mimos, os seus maiores cuidados. O marido, ou o amante, ordinariamente idoso, fornece-lhe tudo, cercando-a de conforto, de luxo, de abundância, à custa, às vezes, dos maiores sacrifícios. Ela passa, entretanto, tudo isso ao "gigolô", que é, enfim, o único a lucrar com os amores e com o trabalho do outro.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 

Humberto de Campos Veras nasceu em Miritiba/MA (hoje Humberto de Campos) em 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1934. Jornalista, político e escritor brasileiro. Aos dezessete anos muda-se para o Pará, onde começa a exercer atividade jornalística na Folha do Norte e n'A Província do Pará. Em 1910, publica seu primeiro livro de versos, intitulado "Poeira" (1.ª série), que lhe dá razoável reconhecimento. Dois anos depois, muda-se para o Rio de Janeiro, onde prossegue sua carreira jornalística e passa a ganhar destaque no meio literário da Capital Federal, angariando a amizade de escritores como Coelho Neto, Emílio de Menezes e Olavo Bilac. Trabalhou no jornal "O Imparcial", ao lado de Rui Barbosa, José Veríssimo, Vicente de Carvalho e João Ribeiro. Torna-se cada vez mais conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em diversos jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais brasileiras, inclusive sob o pseudônimo "Conselheiro XX". Em 1919 ingressa na Academia Brasileira de Letras. Em 1933, com a saúde já debilitada, Humberto de Campos publicou suas Memórias (1886-1900), na qual descreve suas lembranças dos tempos da infância e juventude. Após vários anos de enfermidade, que lhe provocou a perda quase total da visão e graves problemas no sistema urinário, Humberto de Campos faleceu no Rio de Janeiro, em 1934, aos 48 anos, por uma síncope ocorrida durante uma cirurgia. Além do Conselheiro XX, Campos usou os pseudônimos de Almirante Justino Ribas, Luís Phoca, João Caetano, Giovani Morelli, Batu-Allah, Micromegas e Hélios. Algumas publicações são Da seara de Booz, crônicas (1918); Tonel de Diógenes, contos (1920); A serpente de bronze, contos (1921); A bacia de Pilatos, contos (1924); Pombos de Maomé, contos (1925); Antologia dos humoristas galantes (1926); O Brasil anedótico, anedotas (1927); O monstro e outros contos (1932); Poesias completas (1933); À sombra das tamareiras, contos (1934) etc.

Fontes:
Humberto de Campos. A Serpente de Bronze. Publicado originalmente em 1925. Disponível em Domínio Público.  
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Arthur Thomaz (Pescando Fantasia)


Em algum rio do centro-oeste brasileiro. Enfim a tão esperada pescaria com o grupo de amigos e a certeza de 10 mágicos dias.

No deck de uma pousada à beira do rio que omitirei o nome para evitar que consortes com espírito investigativo possam rastrear a inocente aventura dos maridos, embarcaram em um Boat-hotel e seguiram na busca dos peixes que o “pacote” da operadora de turismo prometera. Descontraídos, apreciavam as lindas paisagens, cada um tomando sua bebida. Conforme aumentava o consumo dos aperitivos, também elevava o teor das mentiras sobre pescarias anteriores e conquistas amorosas.

Algumas horas depois, o comandante do barco informou que haveria a primeira parada.

Alvoroçados, prepararam o material de pesca, quando avistaram, na margem direita, uma construção que lembrava um castelo.

Entreolharam-se surpresos quando ouviram a voz do capitão informando que deveriam descer e adentrar ao local.

O suntuoso cabaré da Eny estava preparado para receber os desavisados pescadores. Pista de dança, palco aparelhado com som de alta qualidade, um bar com Girls- Tender servindo drinks finíssimos.

Solícitas, as garçonetes seminuas e em grande número nunca deixavam os copos esvaziarem.

No lado de fora, uma churrasqueira manejada por um mestre na arte da carne e uma linda piscina com um quiosque, rodeado de bancos, e outra bar-girl especialista em bebidas exóticas.

Em determinado horário, o DJ começa a tocar uma música suave e surgem mulheres trajando vestidos longos, com discreta maquiagem, generosos decotes, que começaram a desfilar no palco, descendo em seguida, passeando entre as mesas e oferecendo companhia aos homens do grupo.

Logo formam-se os pares e todos dirigem-se à parte de trás do castelo, onde há magníficas suítes totalmente equipadas para estimular a imaginação.

De manhã ouvem o apito da embarcação chamando o grupo para reiniciar a viagem. Muito a contragosto, todos sobem ao convés e trocam poucas palavras. Ao chegar ao primeiro local onde cardumes esperam para ser fisgados, poucos tiveram ânimo para jogar as iscas.

O capitão já conhecendo essa reação, inicia um churrasco precedido de caipirinhas elaboradas com uma cachaça que ele reservava para levantar o astral dos hóspedes.

Aos poucos, todos retornaram às atividades de pesca.

Os mais desinibidos foram ao comandante aventar a hipótese de abreviar o tempo de pescaria e retornar ao Castelo da Eny. Chegaram a um acordo e tomaram o caminho de volta ignorando os peixes. Ao chegar ao Castelo, tiveram mais uma noite sem igual, onde o DJ colocou músicas típicas da ocasião, como Boate Azul, Eu vou tirar você deste lugar e sucessos de Nelson Ned, Waldick Soriano e Reginaldo Rossi. Todos cantaram com muita emoção. Novamente, formaram-se os pares e foram às suítes.

De manhã, soou o apito da embarcação e após as despedidas reuniram-se no convés. Repararam a falta de dois deles e foram checar o acontecido. Encontraram os dois agarrados aos pés da cama, quase em histeria, gritando que jamais iriam embora dali.

Eny, com muitos anos de experiência no ramo, foi chamada e pediu para ficar a sós com a dupla.

Assim, com ar professoral, disse que ninguém pode eternamente viver em uma só fantasia, que voltassem para casa e construíssem novos sonhos.

No caminho de casa estabeleceram um tácito acordo em que jamais falariam sobre aquelas duas noites.

Passado um ano, os dois recalcitrantes compraram novo pacote de viagem para o mesmo destino.

Embarcaram e, quando foram se aproximando do local do Castelo, mal podiam conter a ansiedade.

Não contiveram a ansiedade e ao ver que o comandante não diminuía a velocidade para atracar, gritaram desesperadamente, o que fez com que ele encostasse na margem do rio no local indicado pelos dois histéricos passageiros.

Ao não enxergar o Castelo, embrenham-se na mata para tentar achá-lo. Nada encontrando, voltaram desolados ao barco, sem entender o que poderia ter acontecido. Pescaram furiosamente como se os cardumes fossem responsáveis pela frustração.

Eny, no alto de sua experiência e sabedoria, tinha razão: somente insanos vivem dentro de uma fantasia.
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Arthur Thomaz é natural de Campinas/SP. Segundo Tenente da Reserva do Exército Brasileiro e médico anestesista, aposentado. Trovador e escritor, úblicou os livros: “Rimando Ilusões”, “Leves Contos ao Léu – Volume I, “Leves Contos ao Léu Mirabolantes – Volume II”, “Leves Contos ao Léu – Imponderáveis”, “Leves Aventuras ao Léu: O Mistério da Princesa dos Rios”, “Leves Contos ao Léu – Insondáveis”, “Rimando Sonhos” e “Leves Romances ao Léu: Pedro Centauro”.

Fontes:
Arthur Thomaz. Leves contos ao léu: mirabolantes. Volume 2. Santos/SP: Bueno Editora, 2021. Enviado pelo autor 
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quarta-feira, 21 de maio de 2025

José Feldman (Guirlanda de Versos) * 32 *

 

Leon Eliachar (Vida nova)


Há vinte e cinco anos que Alcebíades vinha sempre na mesma batida. Chegava em casa, dizia pra mulher:

— Estou exausto.

Ela servia o jantar, tentava com toda habilidade:

— Vamos ao cinema, meu bem? Ele respondia com voz melancólica:

— Deixa pra manhã, meu amor. Hoje eu trouxe serviço pra fazer em casa.

Era a rotina infalível. Trabalhava o dia todo, chegava morto de cansado, trancava-se no escritório e trabalhava até de madrugada. Há vinte anos que Matilde não punha o pé num cinema, a última fita que viu foi com Shirley Temple, no tempo que ainda era menina. Quando se falava em cinema, Matilde dava os maiores vexames, relembrando Jean Harlow, Mae West, Carole Lombard, Greta Garbo, Alice Faye, Myrna Loy.

— Você está mais por fora que rótulo de garrafa — dizia um primo seu que trabalhava na tevê.

Matilde era paciente e cultivava a sua paciência com amor e carinho. Passava as noites sem dormir, bolando uma fórmula de afastar Alcebíades do trabalho. Pelo menos do trabalho em casa. Ele era compreensivo, tinha a maior boa vontade com a mulher, mas o tempo era curto demais, nunca dava pra terminar o crescente acúmulo de serviço. Despejava a pasta em cima da mesa, folheava aquela papelada toda, mergulhava no mundo dos cálculos, somava, multiplicava, dividia, subtraía, escrevia cartas, deixava tudo arrumadinho, de manhã cedo levava tudo pronto, pra voltar logo mais à noite com nova carga.

— Estou exausto. Trouxe serviço pra fazer em casa.

Matilde teve uma ideia, há cinco meses vinha martelando na cabeça de Alcebíades:

— Você precisa treinar um pouco de boxe.

— Na minha idade?

— Cinquenta anos é a metade de uma vida. Você passou a metade metido entre papéis. Agora precisa se dedicar um pouco ao esporte.

A doçura com que Matilde falava, a ingenuidade com que argumentava, impediam que Alcebíades a chamasse de criança. Mas era justamente isso que ela era: uma criança de quase quarenta anos.

— Você não percebe, meu bem, que não tenho mais resistência para essas coisas?

— Faça um esforço, meu amor. Será para o bem de nós dois.

Alcebíades acabou se convencendo. Meteu na cuca que passou a vida inteira sem dar muita atenção a Matilde, não custava lhe satisfazer esse desejo. Entrou para uma academia de boxe, começou o seu treininho:

— Me acorda cedo, amanhã.

— Por quê?

— É uma surpresa.

Passou dois meses treinando, pulando corda, dando murros em saco, correndo a pé, tomando ducha.

— Vamos ao cinema hoje, meu bem?

— Hoje não posso, preciso levantar cedo amanhã.

— Mas que mistério é esse, Alcebíades?

— Já lhe disse que é uma surpresa. Você vai gostar.

Uma noite, Alcebíades chegou em casa com outra disposição. Veio acompanhado de um senhor alto e forte, apresentou-o à mulher. Pediu um jantar com muita salada e vitamina. De sobremesa, só frutas. Depois foram para o living, tomaram cafezinho, conversaram algum tempo, o assunto não saiu de Jack Dempsey, Joe Louis e Cassius Clay. Finalmente, veio a surpresa:

— Querida, agora sou boxeador profissional. Matilde sorriu, vitoriosa:

— Ah, quer dizer que este senhor é o seu empresário?

— Não, querida, este é o meu treinador.

— Que ótimo, então vamos todos ao cinema?

— Hoje não posso, querida.

Meteram-se dentro do quarto e começaram a se esmurrar. Alcebíades não havia perdido o hábito de trazer serviço pra casa.
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Leon Eliachar nasceu no Cairo/Egito, em 1922 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1987. Jornalista de humor e escritor brasileiro. Veio para o Brasil muito pequeno e viveu quase toda a sua vida no Rio de Janeiro. Jornalista desde os 19 anos de idade, Trabalhou em diversos jornais e revistas, entre elas, “Manchete”, “Cruzeiro”, “Fatos & Fotos”, “Cigarra”, “Revista da TV”, “Fon-Fon”, “Pif-Paf”, “Diário de Notícia” e “Ùltima Hora”, onde mantinha uma página com o título de “Penúltima Hora”. Justificava o nome da página com a legenda "um jornal feito na véspera". Foi colaborador dos roteiros de dois filmes carnavalescos, e autor de programas de rádio e secretário da revista Manchete. Também foi colunista da revista O Cruzeiro. Em 1956 foi laureado com o primeiro prêmio na IX Exposição Internacional de Humorismo realizada na Europa, em Bordighera, na Itália. Segundo notícias da época, ele foi assassinado a mando de um rico fazendeiro paranaense com cuja esposa o autor vinha mantendo um romance. Leon morreu com um tiro no rosto, em seu apartamento. Escreveu O Homem ao Quadrado (1960); O Homem ao Cubo (1963); A Mulher em Flagrante (1965); O Homem ao Zero (1967); 10 em Humor (1968, em conjunto com Millôr Fernandes, Stanislaw Ponte Preta, Fortuna, Ziraldo, Jaguar, Claudius, Zélio, Henfil e Vagn) e O Homem ao Meio (1979)

Fontes:
Leon Eliachar. A mulher em flagrante. Publicado originalmente em 1965.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

José Feldman ("Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos" – download gratuito)


Quero compartilhar meu novo e-book intitulado "Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos". Com páginas repletas de contos e crônicas, a obra explora o humor em diversas situações do cotidiano, muitas delas vivenciadas por mim.
 
Após o e-book anterior, em que algumas páginas foram de intensa tristeza, este meu novo é em contrapartida, o qual fará você chorar… de tanto rir.

A maioria destes contos foram publicadas neste blog.
 
Ficaria muito feliz se você pudesse dar uma olhada, compartilhar suas impressões e divulgar entre seus contatos.

Você pode baixar no link abaixo
 
abraços fraternos,
José Feldman