segunda-feira, 28 de julho de 2025

Asas da Poesia * 59 *


Poema de 
LAIRTON TROVÃO DE ANDRADE
Pinhalão/PR

Lágrima oculta
"Levanta-te, minha amada, formosa minha."
(Ct 2.13)

Gota de pranto d'alma escondida,
Que sutilmente caiu da flor;
Foi o pulsar da emoção dorida,
Que ternamente me trouxe amor.

Foi essa lágrima, então, pendida,
Que dos teus olhos eu vi brotar,
Lágrima única, enternecida,
Que, compungido, me fez sonhar.

Lágrima afável e misteriosa,
Secretamente mui delicada,
Deixou esbelta - manhã graciosa,
A linda face sempre corada.

Sereno rosto, alma lacrimante,
Quão silenciosa é a oculta dor!
Teu seio puro - pombinha errante,
Só busca o sonho de um puro amor.

Lágrima doce em face formosa,
Ó lábios virgens de viva cor,
Encosta aqui teu rostinho rosa
E que eu, de graça, te dê amor.
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Trova de
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Não temas portas fechadas,
nem mesmo fracassos temas,
há sempre forças guardadas
para as conquistas supremas.
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Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ES

Desalento

Quem vai nunca vai sozinho,
leva um pedaço da gente;
quem fica não fica inteiro;
pois, a alma fica doente.

Quem fica sente saudades,
o soluço sufoca o peito.
Quem chora apascenta a alma;
quem sorri, o faz com respeito.

Qual livro na prateleira
e conto que vai pra memória,
a saudade rasga o peito,
qual página que finda a história.

A lágrima, que lava os olhos,
não leva a dor de quem chora.
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Aldravia de
MARÍLIA SIQUEIRA LACERDA
Ipatinga/MG

minh’alma
constrói
madrugadas
poéticas:
solitárias
palavras
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Poema de
SILVIAH CARVALHO
Manaus/AM

Como se fosse a última vez!

Já era dia
Desejei tanto que fosse noite,
...E aquela noite parecia dia!
Aqueles dias infindáveis de tão grande harmonia.

Eu te amei de uma forma tamanha, estranha,
Que toda noite era dia, e o dia se aproximava,
E eu nem percebia! Queria velar teu sono,
Tocar seu rosto enquanto dormia.

Dizer-te baixinho eu amo você!
Fica mais um dia, mas se te acordasse,
Eu não me perdoaria, estava tão lindo!
Seus olhos fechados, sua boca entreaberta.

Pedia-me um beijo, eu não resistia...
Amei-te, como quem ama pela última vez.
Senti seu coração bater, Como se fossem as últimas batidas,
Senti seu calor como se fosse sentir frio o resto da vida.

E já era noite, a lua desejava ver-te, 
Encantá-lo com sua beleza, talvez.
Roubá-lo de mim outra vez.

Mas um tão grande egoísmo em mim se fez,
Fechei a janela, queria tê-lo só para mim dessa vez.
E desejar que fosse dia, mesmo sendo noite.

...Como se fosse a última noite, a última vez!
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Trova de
ELEN DE NOVAIS FELIX 
Rio de Janeiro/RJ

Mesmo numa noite triste
quando meu mar se encapela,
minha canoa resiste:
é que Deus vai dentro dela.
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Poema de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Tudo o que sou é menos do que eu quero
(José Carlos Ary dos Santos in "Cem Sonetos Portugueses", p. 146)

Tudo o que sou é menos do que eu quero
Para matar a sede em que me afogo
E acabrunhado aos pés da vida eu rogo
O fim da pequenez que não tolero.

Amarrado a um corpo que é severo
Nas margens do impossível em que eu vogo
Perplexo, pobre e puro eu me interrogo
Do modo como ser mais do que um zero.

Tem razões para estar insatisfeito
O coração que trago no meu peito
Vestindo a sua estranha condição:

Com asas de voar para se erguer
O destino o condena a padecer
E a morder esse pó que há pelo chão.
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Trova de
ARTHUR THOMAZ
Campinas/SP

No momento da partida,
o beijo cala um adeus
e uma lágrima incontida
vem molhar os lábios teus.
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Soneto de
AFONSO FREDERICO SCHMIDT
Cubatão/ SP, 1890-1964, São Paulo/SP

A beleza

Neste crisol do coração, Beleza
Que iluminas a nossa noite escura,
És a Bondade — que se fez Grandeza
E a Dor sofrida — que se fez Doçura.

És a muda expressão da Natureza;
Beijo no amor, sorriso na candura,
Prece na morte, pranto na tristeza
E, para os poetas, mística tortura.

Ninfeia azul no pântano estagnado,
Flores brotando na aridez das lousas,
Ou mistério no páramo estrelado,

Em tudo o que nos cerca, tu repousas,
Porque a Beleza é Deus manifestado,
A nos sorrir pela expressão das cousas*.
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* cousa = a grafia correta é “coisa”. A forma ‘cousa’ era utilizada em português, mas caiu em desuso a partir da evolução da língua portuguesa moderna. Contudo, não é errado a sua utilização, tanto que a palavra ainda faz parte dos dicionários. 
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Haicai de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR

Hai…tchim!!!

Filas nos postinhos.
Em meio a espirros e tosses,
velhinhos papeiam.
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Poema de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP

Compondo versos

Eu quisera compor uns lindos versos
que falassem do amor e da paixão,
destes sonhos antigos e dispersos
que ocuparam meu pobre coração.

Teus olhos cor de mar (quase perversos),
pousaram sobre mim, que perdição,
e meus sonhos agora estão imersos
neste mar de beleza e solidão.

Por que partiste assim, sem dizer nada,
deixando apenas tua gargalhada
que em saudade se fez e em mim convive?

Peço para que voltes, doce amada,
porque sem luz não há mais alvorada,
sem teu amor meu coração não vive!
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Trova de
JERSON LIMA DE BRITO
Porto Velho/RO

Sentindo o golpe certeiro
da paixão que me extasia
louvo teu sorriso, arqueiro
de notável pontaria.
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Soneto de
MIGUEL RUSSOWSKY
Santa Maria/RS (1923 – 2009) Joaçaba/SC

Noite sem aurora

A noite de um adeus não tem aurora
mas tem silêncios longos por recheio;
tem farpas arranhando, bem no meio...;
tem desesperos mil vagando fora...

A noite de um adeus, eu sei que chora
ao ver a sepultura de um anseio.
Não a censuro e até a manuseio
com estes versos que componho agora.

A noite de um adeus ensina a gente
ter dias sem relógio...e alguém já disse
que nunca cicatriza totalmente.

A noite de um adeus...só bem depois
expõe a solidão, numa velhice,
em que murchamos tristes nós, os dois.
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Aldravia de
MARIA BEATRIZ DEL PELOSO RAMOS
Rio de Janeiro/RJ

Mar
arado
pelos
olhos
colho
saudade
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Cantiga Infantil de Roda
A VELHA A FIAR

Estava a velha no seu lugar, 
veio a mosca lhe incomodar.
A mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava a mosca no seu lugar, 
veio a aranha lhe fazer mal.
A aranha na mosca, 
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava a aranha no seu lugar, 
veio o rato lhe fazer mal.
O rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o rato no seu lugar, 
veio o gato lhe fazer mal.
O gato no rato, 
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o gato no seu lugar, 
veio o cachorro lhe fazer mal.
O cachorro no gato, 
o gato no rato,
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o cachorro no seu lugar, 
veio o pau lhe fazer mal.
O pau no cachorro, 
o cachorro no gato, 
o gato no rato,
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o pau no seu lugar, 
veio o fogo lhe fazer mal.
O fogo no pau, 
o pau no cachorro, 
o cachorro no gato,
o gato no rato, 
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o fogo no seu lugar, 
veio a água lhe fazer mal.
A água no fogo, 
o fogo no pau, 
o pau no cachorro,
o cachorro no gato, 
o gato no rato, 
o rato na aranha,
a aranha na mosca, 
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava a água no seu lugar, 
veio o boi lhe fazer mal.
O boi na água, 
a água no fogo, 
o fogo no pau,
o pau no cachorro, 
o cachorro no gato, 
o gato no rato,
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o boi no seu lugar, 
veio o homem lhe fazer mal.
O homem no boi, 
o boi na água, 
a água no fogo,
o fogo no pau, 
o pau no cachorro, 
o cachorro no gato,
o gato no rato, 
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava o homem no seu lugar, 
veio a mulher lhe incomodar.
A mulher no homem, 
o homem no boi, 
o boi na água,
a água no fogo, 
o fogo no pau, 
o pau no cachorro,
o cachorro no gato, 
o gato no rato, 
o rato na aranha,
a aranha na mosca, 
a mosca na velha 
e a velha a fiar.

Estava a mulher no seu lugar, 
veio a morte lhe levar.
A morte na mulher, 
a mulher no homem, 
o homem no boi,
o boi na água, 
a água no fogo, 
o fogo no pau,
o pau no cachorro, 
o cachorro no gato, 
o gato no rato,
o rato na aranha, 
a aranha na mosca,
a mosca na velha 
e a velha a fiar.
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Quadra Popular
AUTOR ANÔNIMO

Vi hoje uma árvore velha
toda coberta de flores
e me lembrei da minh’alma
carregadinha de dores.
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Poema de
VANICE ZIMERMAN
Curitiba/PR

Mandalas de folhas

Em uma das mãos seguro
Uma folha  do Plátano
Lembranças do Outono...
Na fragilidade da folha,
Ainda sinto o toque das tuas mãos,
E, de um tempo em que fazíamos
Mandalas de folhas...
E depois ficávamos juntinhos,
Observando a brisa
Acariciar as folhas,
E as cores do pôr do sol.
Não resisto e...
As lágrimas escapam.
= = = = = =

Trova de
MARIA HELENA URURAHY
Angra dos Reis/RJ

O sabor do beijo ousado,
naquele adeus na estação,
deixou comigo, guardado,
o amargo da ingratidão…
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Soneto de
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
São Paulo/SP

Lar… doce lar…

Volto à casa, que “era minha”,
risco a calçada e, feliz,
vou pular amarelinha
mas, o pranto apaga o giz!

Hoje, saudosa, eu volto ao lar antigo
e escancarando a porta semiaberta,
procuro em vão… vasculho o doce abrigo…
Nem pai… nem mãe… a casa está deserta!

E volto ao lar, que dividi contigo…
– Vaivém dos filhos, pela porta aberta…
– Visita alegre de um ou de outro amigo…
E, hoje, é a saudade que o meu peito aperta.

Mas, por deixar pegadas nos caminhos,
não fiquei só!… Cercada de carinhos,
eu sou feliz!… Se volta o sonho louco

do teu amor, acalmo o coração
pois, ao sentir que chega a solidão,
no amor dos filhos eu te encontro um pouco.
= = = = = = = = =  

Poetrix de
RENATO FRATA
Paranavaí/PR

Manhã

Gemido de amor que se cala,
cão vadio que se deita:
– madrugada que se esvai…
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Poema de
FRANCISCO JOSÉ PESSOA
Fortaleza/CE, 1949 - 2020

No falado paraíso 
Onde nasceu a manhã 
Onde a primeira maçã 
Tirou do homem o juízo 
Extraído o dente ciso 
Com o velho boticão 
Da boca do velho Adão 
Fato que não se malogra 
Mas Adão foi sorteado 
E por Deus presenteado 
Pois nunca teve uma sogra!
= = = = = = = = =  

Trova de
NILTON MANOEL ANDRADE TEIXEIRA
Ribeirão Preto/SP, 1945 – 2024

Cavalgando sem rodeios
por galáxias estreladas,
o poeta em seus anseios
tece trovas requintadas.
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Andréia Donadon Leal (A Bibliotecária)

Os livros estavam devidamente enfileirados nas estantes. Poucos centímetros de distância um do outro. Nenhum torto, fora de foco. As orelhas desamassadas, passadas com chapa de ferro morno. O cuidado era devidamente dado para cada um, sem discriminação. O cheiro da sala, papel. O lugar pouco iluminado, embora o requeresse. Na mesa, ao fundo, uma figura vergada e escondida na pilha de livros para carimbar. Idade avançada. Cabelos cor de prata. Rugas rasgavam ponta a ponta o rosto descorado. Uma vida inteira de cultura, diversão, viagens, um pouco de tudo mostrado pelas palavras imprensas nas páginas dos livros.

Clarice estava pouco a aposentar. A preocupação acometia seus últimos dias com a ideia. Quem iria cuidar deles? Os sonhos lhe roubavam o sono; os olhos mais fundos. Os livros, sua vida, arremessados no lixão da cidade. Livros velhos? Antigos e restaurados; relíquias. Nas manhãs a cabeça queria explodir e quase Clarice perdera a hora de trabalhar. A biblioteca da escola não funcionava sem ela. Não abriam. Ninguém sabia mexer com carinho nos livros. Não encontravam a essência da pesquisa. Também só ela dera conta até hoje de livro por livro. As capas que fazia para os que estragavam tiravam exclamações de incredulidade. Ficavam perplexos. Era muito especial. Qualquer pesquisa Clarice dava conta. Ia sempre além, explicava com precisão todos os detalhes. Sabia um pouco de tudo. Com a sacola pesada de livros restaurados entrava diariamente na biblioteca cruzando a mão direita no rosto, rezava pai-nosso e ave-maria. Uma vida dedicada somente ao trabalho e nada mais.

Clarice morava três quarteirões da escola. Casa modesta, herdada. A outra única coisa que fizera foi cuidar de sua mãe – morta havia uma década. Cuidado devido de filha exemplar, solteirona e única. Dividia parte de suas horas ora com a mãe, ora com os livros. Dona Gertrudes morrera numa manhã cinzenta de sexta-feira treze. Clarice tinha pavor destes dias, mesmo sabendo que era lenda. O sossego, a paz e o sorriso meigo que sempre faziam parte do seu perfil ficavam tensos. Mas ninguém percebia. A bibliotecária, pessoa muito estimada, querida por todos. Falavam que nem pecado tinha. Nunca arrumara um namoro. Era santa. Diziam que quando a boa dona donzela morresse iria direto para o céu. Em quase trinta anos, Clarice nunca dera uma má resposta, uma palavra feia, nenhum olhar meio torto. Mas o sonho mexia com sua rotina. Seria aviso de morte repentina? Os dias estavam findando para ela? Livros no lixão da cidade! No livro de sonhos consistia informação de algo novo na vida.

Para Clarice, novo seria o fim. Deus dar cabo na vida atribulada e solitária. Ponto final. Tudo investido em quatro paredes infestadas de livros. Histórias, informações, um mundo, o segredo da vida impressos nas páginas. A sensação, a mesma de ter vivido com emoção detalhes, aventuras, desventuras… As paixões atingiam um mundo desconhecido para ela. Não abria estas páginas. As mãos iam vez ou outra em contramão com a cabeça. Rezava vários padre-nossos e pedia logo perdão. Mesmo com os livros não recomendados, tinha obrigação de conservá-los. Não discriminava nenhum. Apenas deixava-os de lado. Um outro gosto que não combinava com uma vida afastada dos desejos e maldades da carne. Mundo desconhecido. Um fim de expediente como outro qualquer. Um dia cinzento. Frio. Clarice limpou o último livro. Fechara com cuidado as janelas pesadas de madeira. Antes de sair, mais uma olhada. Uma olhada demorada, apaixonada, precisa. Os livros estavam cada um no seu lugar. Limpos, conservados. Devidamente enfileirados. Alguns estavam sobre a mesa. Estragados, mal conservados. Daria um jeito.

Clarice dirigiu-se à mesa. Pensou em juntá-los e levá-los para casa. Antes de dormir teria tempo para arrumar uns três. Pela primeira vez o cansaço venceu. Estava ficando mesmo velha. Tinha que aposentar. Uma dor de cabeça, corpo ruim. Com a idade, a gripe costumava visitá-la mais vezes no ano. E este frio piorava tudo. Em casa tomaria um chá quente. O resfriado iria embora.

Ainda com os olhos sobre a mesa de livros, Clarice pensava. Não viu quando um rapaz chegou e ficou olhando para ela. Alheia ao tempo e tudo. Voltou quando escutou um pigarro. Pela primeira vez, corou. Será que o rapaz pensaria que estava esclerosada? Falava sozinha? De vez em quando fazia isto. Costume de vida solitária. Ela, só na sua companhia. Mas, daí? Nunca importava. Não ligava. Ajeitou a postura, prontificou-se. O rapaz, viajante. Hoje iria demorar. O mal estar ficaria para depois. Certamente ele mostraria catálogos e mais catálogos de livros. Compra de livros.

Esquecera por completo.

O rapaz da editora sentou. Com os olhos puxados e enigmáticos abriu os catálogos. Mãos grandes e unhas bem aparadas. As mãos do rapaz. Clarice imaginou como seria o toque delas. Chegou a esbarrar sua mão. Desconfiou estar com febre. O danado do resfriado desestruturou tudo. O rapaz falava. Voz macia. Dentes brancos. Lábios bem desenhados. Clarice não escutava. Olhava para o rosto dele. Enfeitiçada. Como seria beijar aqueles lábios? O viajante perguntou algo, não respondeu. Não o ouvira. As mãos dele falavam. Tudo que queria era sentir o toque macio das mãos no rosto pálido. Aquelas mãos esquentariam a pele até torná-la corada, sadia. Uma vontade quase incontrolável.

Clarice pensou aterrorizada ter pedido ao viajante para acariciar-lhe o rosto. Um toque apenas, por favor. Fechou os olhos. Sentiu o calor das mãos do rapaz. Aquecida. Estava mesmo carente. Esqueceu de oferecer um chá para o viajante. A bibliotecária educada, contida, estava ficando lerda. Velha. O rapaz novamente perguntou. Voz grave, hálito cheiroso. Cheiro de menta. Um sorriso separou seus lábios. Clarice despertou dos pensamentos. Pediu desculpas. A explicação, pouco convincente, o cansaço, a gripe prestes a sair do corpo. O viajante sorriu. Os olhos também sorriram. Separou catálogos. Entregou um a um. Roçou as mãos. Olhou profundamente para ela. Chegou próximo. Mais alto que parecia. Mais bonito. Muito próximo. Clarice chegou a pensar que o viajante iria beijá-la. Fechou os olhos imaginando a cena. Nunca sentira um roçar de lábios e o gosto de uma boca que não fosse a sua.

Delicadamente as mãos do viajante passaram pelo rosto dela. Uma fração de segundos. Uma vida inteira, só. Um dia, um desejo. Toque como imaginara: suave, quente, delicado, gostoso… Uma última olhada apaixonada nos livros e com a chave passou a tranca na porta da biblioteca.
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Obs: Este conto foi escrito em um parágrafo. Contudo, para não tornar a leitura cansativa em uma tela do computador, tomei a liberdade de parti-lo em alguns parágrafos. O texto permanece o mesmo, sem ser alterada a sequência.
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Andreia Donadon-Leal nasceu em 1973, na cidade de Itabira/MG. Radicou-se em Mariana/MG. Graduada em Letras, Especialista em Artes Plásticas, Arteterapeuta, Mestre em Literatura e Doutora em Educação (tese: Metodologia de ensino da Arteterapia Aldravista para idosos).. Adaptou algumas peças clássicas para aliar o teatro, a fala e a socialização de alunos.. Criou o projeto social: Natal sem Fome em Santa Bárbara, com apresentações semestrais de peças teatrais adaptadas, com campanhas de arrecadação de alimentos. Criadora da primeira forma de poesia brasileira, ALDRAVIA.. Responsável pela implementação do Laboratório de Linguagens Afetivas- LALIA, nas unidades prisionais e APACS do Estado de Minas Gerais. Proprietária da Casa de Arte Aldravista, espaço de artes, literatura e cultura, onde recebe alunos, professores, escritores, artistas e jornalistas.. Ministrou oficinas e palestras na Espanha, para alunos e educadores.. Venceu o concurso de Artes Plásticas contemporâneas na Espanha, França e Itália. Sua obra "TERRA EM LAMAS" foi selecionada para fazer parte do Patrimônio Artístico do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Membro da Casa de Cultura - Academia Marianense de Letras. Dirigiu e supervisionou o livro de Restauro da Câmara Municipal e Casa de Cadeia de Mariana. Coordenou e idealizou a edição do box: Abra a História da gaveta do Patrimônio Imaterial de Mariana. Destacou a cidade de Mariana-MG em programas da globo: Fantástico, Terra de Minas, Jornal Nacional, Internacional, Jornal Hoje e Globo News. Organizou livros que colocam em destaque figuras femininas da cidade Mulheres cronistas e Contistas de Mariana-MG. Idealizou a Academia Marianense de Bordados (a primeira academia de Bordados do país). Membro benemérito da Academia Feminina Mineira de Letras, Embaixadora Universal da Paz do Círculo Universal da Paz - Genebra-Suíça, autora de 34 livros de poesia, ensaios, contos, crônicas e infantojuvenil.

Fontes:
Jornal Aldrava Cultural. http://www.jornalaldrava.com.br/ Acesso em 31.10.2009
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

Regina Lyra (Leitura ao Acaso)

Interessante como as leituras que fazemos e a nossa vivência, interpretam a vida de forma relativa. O conhecimento maximiza a compreensão, mas para que compreender o que não tem explicação? Assim a vida moderna, procura sempre a atenção racional e eloquente, as interpretações sintáticas, morfológicas, interpretativas do inútil. Explicações várias, compreensão nenhuma!

O ser humano tão cheio de relatividades e incompreensões, não pode ser taxado por um método qualquer de análise quantitativa ou mesmo qualitativa. O homem é mais profundo do que qualquer tentativa freudiana e de seus seguidores. Terapias, compreensão do ser? O homem é único, e diferente entre si. Nesta tentativa de entender o existencial é que colocamos algumas interrogações, sem a pretensão do conhecimento formal, mas da vivência, da experiência, da observação. Do conhecimento poético, da sabedoria, das leituras, dos contatos, sobretudo do amor!

Sentir-se criança… Talvez até imatura como a própria criança o é. Mas o que pensar? Fazer? Tudo é uma questão de silêncios e palavras? As palavras falam dos silêncios e os silêncios significam o que as palavras não dizem! Nesta tentativa existencial de compreender o que os silêncios significam, prefiro compreender o que as palavras dizem, nas linhas e entrelinhas, dos textos. Considero hoje, que são os silêncios das palavras, que estão nas entrelinhas do texto.

Mas, é bem melhor ler as palavras escritas e dirigidas com emoção a alguém especial. Aguardando o momento de sussurrá-las ao ouvido, e de senti-las sussurradas, embriagando o corpo e nutrindo a alma, com o sentimento do bem querer…

Talvez a compreensão do silêncio, do passar ao largo, sem cumprimento, tenha deixado uma mágoa no peito. O som não responde, a música não toca, o que houve? Nada funciona?

Compreender o incompreensível ser? Onde penetrar a alma do bem querer? Tudo é previsível, menos o olhar que não falou… As mãos que não se tocaram, o beijo que calou!

Palavras… Apenas palavras… Silêncios do nada!

Fontes:
http://www.reginalyra.net/indexsala.htm. Acesso em 17.11. 2008.
Pintura Leitura de Uma Carta = Alfredo Keil (1850-1907) = http://pintoresportugueses.blogs.sapo.pt

Nicanor Filadelfo Pereira (Morte de uma árvore)

  A árvore da serra
(Augusto dos Anjos)

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma! …

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

Ao aproximar-se o dia da árvore (21 de setembro), tive a especial oportunidade de deparar-me com este soneto do grande poeta Augusto dos Anjos, que viveu entre o final do século XIX e início do século passado. Este feliz encontro levou-me a uma certa elucubração, conduzindo-me a reflexões e saudosismos que, de certo modo, alegram e, simultaneamente, entristecem o meu espírito.

Era, ainda, menino, quando nos mudamos para um sítio que meu pai havia, recentemente, adquirido. No terreiro, defronte a casa, bem próximo, lá estava, para gáudio dos meus olhos, um portentoso, soberano, mas, solitário eucalipto. Lembro-me que já se manifestava em mim o espírito ecologista. Amava vê-lo na sua exuberância, deliciava-me com o perfume de suas milhares de pequeninas flores brancas, distraía-me, ao brincar, com os pequenos “piões” de suas sementes, permanentemente lançadas ao chão. Esta gigantesca árvore fazia parte de minha alma!

Certo dia, não muito depois de nossa mudança, meu pai reuniu os empregados do sítio e determinou a derrubada do “meu amigo”. É certo que justificou, alegando que o “meu amigo” oferecia inquestionável perigo à nossa casa, especialmente à nossa vida.— Confesso — chorei. E, agora, quando leio os versos de Augusto, dizendo ao pai: — “Não mate a árvore, pai, para que eu viva”/ Esta árvore, pai, possui a minha alma.”— observo um extraordinário sincretismo na maneira de como pudemos olhar e sentir, cada qual em sua época, as benesses e a empatia que nos proporciona tão maravilhoso vegetal.

É claro que, Augusto, poeta simbolista, tinha, lá, seus propósitos, dando, aos críticos literários, azo a interpretações diversas. Na última estrofe de seu poema, diz ele: —“O moço triste se abraçou com o tronco / E nunca mais se levantou da terra!” — Graças a Deus, não foi este o
meu caso, aqui, estou a escrever esta crônica!

Há alguns anos, morando já em Sorocaba, nas minhas viagens matutinas pelo Cometa (ônibus rodoviário), com destino ao meu trabalho na Grande São Paulo, tive a alegria de ver, com estes olhos que amam a Natureza, meninos e meninas plantando pequenas mudas que, hoje, são árvores, às margens do Rio Sorocaba. E, a cada vez que, por ali, passo, invade-me a satisfação de testemunhar a grandiloquência daquela atividade escolar. Parabéns, Sorocaba, por tão feliz iniciativa!

Mas, nem tudo são flores, nem tudo são árvores. Há, também, as moto- serras; há grandes interesses econômico-financeiros; há interesses escusos; há insensibilidade governamental; há desobediência civil no descumprimento das leis; há subornos de funcionários públicos; há corrupção.

Ao abrir jornais, assistir programas jornalísticos nas Tvs, sinto ressurgir em minha alma a mesma tristeza que tive, quando menino, no sítio, durante episódio do eucalipto. Porém, sem qualquer justificativa. Devastou-se a Serra do Mar, devastou-se toda a orla litorânea do Brasil, devasta-se, agora, numa impressionante velocidade a Amazônia. Secam-se os rios, consequência da destruição das matas ciliares, em especial, do lendário São Francisco. A continuar nesse estado de coisas, transformar-se-á a região Amazônica num imenso e desagradável deserto. Extinguir-se-á a fauna, a piscicultura, alterar-se-á o nível pluviométrico. Em fim, extinguir-se-á a vida.

Brasileiros, não quero mais chorar a morte de uma árvore!
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Nicanor Filadelfo Pereira, poeta e cronista, nasceu em São Paulo em 1939. Foi correspondente dos jornais regionais: O Imparcial e O Suburbano da cidade de Itapevi/SP. Foi vereador na cidade de Jandira/SP, onde residia, onde exerceu o primeiro mandato de Presidente da Câmara. Sempre teve interesse especial pela Literatura, dedicando-se à escrita em prosa e verso. Em 1981 transferiu-se com sua família para Sorocaba, onde reside, mantendo, no entanto, seus vínculos com a cidade de Jandira, em função de suas atividades comerciais. Em Sorocaba faz parte das diretoria da CERES - Casa do Escritor da Região de Sorocaba, exercendo o cargo de Diretor Executivo, membro do Grupo Coesão Poética de Sorocaba e colunista dos sites:  www.sorocult.com  e  www.joaquimevonio.com

Fontes:
http://www.sorocult.com/
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

Jardel Estevão Barbosa Silva (O Perfume)

Desde a morte de Maria Clara, comecei a cultivar o estranho hábito de passear no shopping, sem objetivos, sem tempo marcado e sem a correria que, por anos, dominou minha vida a cada segundo superficialmente vivido. Apenas andava. Talvez essa fosse uma forma de fugir das marcas tatuadas em minha casa, em meus costumes e em minha alma, que apenas meio século de convívio consegue impregnar. No ambiente fechado, observava o festival de aromas misturados naquela Torre de Babel contemporânea. Meu corpo, já cansado, inexplicavelmente buscava em meu âmago a energia necessária para continuar aquela rotina, mesmo contra a vontade de meus filhos, sempre preocupados. Minhas pernas eram asas que, a cada manhã, batiam em direção ao templo sagrado da superficialidade, buscando um sol artificial, mas igualmente luminoso.

Em uma tarde de verão, caminhava muito distraído, embriagado com questionamentos e reflexões existenciais quando, de repente, senti aquele perfume único, que havia se destacado da multidão para ser absorvido por minha alma adormecida. Foi como se uma força absoluta me agarrasse no abstrato universo das reflexões, no qual eu passeava livremente, e me trouxesse instantaneamente àquele shopping, naquela cidade, naquele ano, naquele dia, naquele segundo. Parei de andar, confuso, vivenciando um momento de silêncio e curiosidade, como a criança que vê o mar afastar-se e, de repente, vislumbra boquiaberta a onda gigantesca que se aproxima. Poseidon, supremo, enviara aquela onda aromática que invadiu a praia, destruiu a muralha defensiva do forte que construí em tantos anos de trabalho e despertou uma memória há tempos não estimulada.

Na dualidade posta entre a realidade atual seca e o passado que vinha em forma de mar, resolvi mergulhar rumo ao esquecido. Lembrei de minha infância, quando passava as férias de verão na casa de minha avó, cuja vizinha tinha uma linda neta, chamada Manuela, que cultivava o mesmo hábito. Eu e Manuela vivemos muitas férias juntos, brincávamos o dia todo e, aos poucos, um sentimento ingênuo passou do branco ao rosa e do rosa ao carmim.

Por um segundo, voltei à superfície em forma de shopping, respirei e retornei aos mistérios da memória como a baleia que, mesmo precisando de ar, precisa também voltar às profundezas.

Senti o gosto do bolo de fubá de minha avó e seu cheiro, que caminhava até o quintal e nos hipnotizava em cantos de sereia aromáticos, os quais nos conduziam ao chá da tarde.

“Será que era ela?”. Havia voltado novamente à superfície, agora como o golfinho que salta das águas e pode, por um instante, flutuar entre o sol e o mar. Olhei para trás e vi uma senhora caminhando com uma jovem em sentido oposto ao meu. Sem pensar muito, passei a segui-las, mas, com a ação da gravidade, voltei ao oceano.

Estávamos agora brincando nas árvores do bosque do bairro, após uma chuva passageira. O vapor verde e cálido que nos atingia trazia um cheiro único, vinculado eternamente ao primeiro toque de nossas mãos. Lembrei das cartas que começamos a trocar durante o ano, aguardando o verão que sempre demorava tanto a chegar. Lembrei do aroma do lago em que assistíamos ao pôr-do-sol, também eternizado pelo nosso primeiro abraço e pelas reações até então desconhecidas que ele provocou em nossos corpos.

Na superfície, a senhora havia parado em uma loja. Nas águas, lembrei que o aroma de Manuela era único, pois ela havia dito que misturara três tipos diferentes de perfume em busca de um cheiro só seu. Realmente conseguiu isso, pois eu nunca mais havia encontrado algo semelhante, até aquele dia. Do perfume, caminhei à lembrança da guerra que chegou e do último verão que passei com ela. Foi muito triste, com cheiro de despedida, pois sabíamos que a guerra era algo cruel. Sem conhecer direito os sentimentos, tínhamos a certeza de que precisávamos um do outro. Em uma tarde triste, ela furou nossos dedos com um espinho do parque (como havia visto em um filme) e disse que, se misturássemos nosso sangue, viveríamos para sempre juntos, um dentro do outro. Aquele cheiro de sangue somou-se ao aroma de seu semblante, que pude sentir bem de perto, em nosso primeiro e único beijo.

Quando voltei à superfície, percebi que as imagens haviam embaçado e, ao piscar, não pude conter duas lágrimas de criança percorrendo a face já enrugada. Mesmo assim, resolvi voltar às profundezas…

Após o beijo, eu havia pressionado os dedos polegar e indicador para conter o sangramento e, levando-os ao peito, disse “para sempre juntos”. Ela fez o mesmo e eu me lembrava perfeitamente daqueles lábios jovens pronunciando palavras tão carregadas de afeto. Após aquele verão, houve a guerra. Nossas famílias mudaram várias vezes de endereço e a mútua imaturidade nos fez perder contato. Os anos passaram e a vida seguiu seu curso natural.

Uma instantânea falta de ar trouxe-me fortemente à superfície com a pergunta que gritava em minha mente: será que era ela? Vi que a jovem havia entrado em uma loja enquanto a senhora estava sentada em um banco do lado de fora: aquele era o momento! Tremendo, caminhei em sua direção guiado pelo perfume, que se tornava mais intenso a cada passo. Ainda de longe, vi que não havia alianças em seus dedos: a sorte lutava ao meu favor! Caminhei mais alguns passos e sentei ao seu lado.

Ela olhou para mim por um único instante e me cumprimentou movimentando o rosto, educadamente, como se faz a um desconhecido. Naquele único momento em que pude olhar para seus olhos, toda a realidade foi alterada. O brilho azul levou–me a um último mergulho, em que vi exatamente a mesma cor refletindo o sol daquele último verão, instantes antes do beijo. A cor era a mesma, o brilho era o mesmo, o perfume era o mesmo: senti que estava realmente diante de meu primeiro Amor.

Saltei com todas as minhas forças das águas em direção ao sol, voltando à realidade. Meu coração, eufórico, dançava inebriado por aquele perfume de que tanto sentiu falta. Uni meu polegar ao indicador e, levando-os ao peito, disse a frase daquele verão.

A senhora levou um aparente susto e parou de respirar por alguns segundos, na certa mergulhando nas mesmas profundezas das quais eu havia acabado de sair. Vagarosamente, virou seu rosto para o lado, exibindo os olhos arregalados e seu semblante lívido. Mais alguns segundos passaram até que ela mostrou um surpreendente sorriso: o mesmo sorriso que eu tão bem conhecia! Naquele momento supremo, percebi que eu havia saltado das águas não mais com nadadeiras, mas agora com asas! Despedi-me do mar e olhei para o céu, de onde pude sentir o caseiro aroma de meu então antigo, atual e futuro lar.

(Conto vencedor do Concurso Literário do Cinquentenário da Academia Campinense de Letras, categoria contos, em 2007)
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Jardel Estevão Barbosa Silva, é de Campinas/SP, formado técnico em eletro-eletrônica, cursou faculdade de psicologia, e, além de poeta, é também contista. Presidente do Grupo CRIA Literária, em Campinas-SP. Foi premiado em diversos concursos, inclusive melhor ensaio nos 10ºs Jogos Florais da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana – Portugal, em 2006, melhor conto nos 9ºs Jogos Florais da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana, Portugal, em 2005, 2º Lugar no V Prêmio Escriba de Contos – Piracicaba (SP) e primeiro lugar no Concurso Nacional de Poesia promovido pelo CBE (Clube Brasileiro de Escritores) – São Paulo, em 2004.

Fontes:
– Revista da ACL (Academia Campinense de Letras). – Ano nº 1 • Abril/2007 – pag.7-9.
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– Imagem do perfume = http://blog.cancaonova.com