quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ademar Macedo (A Minha Cirurgia...)



Ao doutor cirurgião
Digo de forma direta,
Não tenho doença alguma,
O único mal que me afeta
Eu vi na tomografia;
É o acúmulo de poesia
Na cabeça do poeta.

Pra fazer uma drenagem
Tiveram que me operar,
E durante a cirurgia
De tanto o médico drenar;
Naquele lugar nascia
Mais um pé de poesia
Na cabeça de ademar.

Vejam o que me receitaram
Pra eu fazer a cirurgia:
Quatorze injeções de versos
No lugar da anestesia
E pra não sair do clima
Trezentas gotas de rima
Três vezes durante o dia.

Aconteceu um fenômeno
No centro de cirurgia.
Quando operaram o poeta
Que a minha cabeça abria;
Antes de qualquer exame
Aconteceu um derrame...
De versos e de poesia.

Disse o doutor abismado
Oh! Meu deus que maravilha,
Já estou contaminado
Sinto em mim que o verso brilha;
E depois da operação
O grande cirurgião
Saiu fazendo sextilha.

O neuro cirurgião
Falou de forma direta:
Medicina é a profissão
Mas poesia é minha meta
E disse, já no repente:
– Eu mesmo daqui pra frente
Só vou operar poeta!

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