sábado, 19 de janeiro de 2013

João Cézar Flores (Poesias Avulsas)


DOR

Mesmo que eu não queira
Estou preso e acorrentado
Neste estado de desencanto e desilusão.

 Sinto-me sem vida
Sem luz e impotente
Dói muito minha alma e coração.

Todas minhas certezas
 Teimam me provar ao contrário
Tenho dúvidas, errei muito ou sou mesmo um otário.

Seria isso só falta de amores
Ou me trai sem piedade
Meu mundo imaginário.

Quero mais tempo
Para assimilar as mudanças
E reencontrar pelo menos a esperança.

 Quando! E se passar este momento
Que estou só e cheio de lamentos
 Tentarei ser diferente.

Vou querer me encontrar mais comigo
Sem pesadelos e desatinos
Quero viver e ser gente.
Sem precisar perdoar ou pedir perdão
Não quero amar e nem amor
Se me convencer que isso é a causa de minha dor.

RACISMO

 Sentimentos reais
 Tesouros escondidos dentro do peito
Com chave secreta
Para ocasiões especiais.

 Tristes aqueles de discordâncias
Na prova real do quente indispor
Na auto defesa não se pesa a importância
E só sai do baú sentimentos de horror.

Jóias do fundo jamais reveladas
Vem à tona mostrando toda verdade
Entre elas o racismo a tempo guardada
Que ansioso esperava a hora da sonoridade.

É claro o prazer na sua expressão
 Balbuciada com força, raiva e sem medo
 Esvaziado o baú com muita emoção
 Ecoando ao vento o glorioso negro.

Até da vontade de rir da incoerência
 Talvez um segundo amais de paciência
 Guardariam para sempre o desafeto
E viveriam melhor com um negro por perto.

BOM ESPÍRITO

Ainda a crença que ficamos sempre sozinho
 Muitos relutam a companhia do bom espírito
Que também trilham nossos caminhos
 Trazendo energia e luz do plano divino.

Estão comigo não sei quantos e quais são
Não me fazem mal nem trazem medo
Não os vejo, mas sinto no coração
E atendo seus desejos.

 Querem falar! Posso escrever
Em forma de poesias
E a muitos discorrer
Suas sabedorias.

Não quero notoriedade, festividade
Nem horror e perplexidade
 Prefiro a leveza dos anjos
A ornamentar a vida com bons arranjos.

 Aqueles iluminados pelo amor
Que brilham no fundo da alma
Com força, com fé e fervor
 Produzindo caridade humana, que suaviza, que salva.

QUANDO SE AMA

 Quando se ama
 Vergonha não tem vez
Nada fica escondido
Por timidez.

Tudo é claro transparente
Há reciprocidade repleta
 Qualquer coisa vira festa
Você vive alegre contente.

 Quando se ama
 Abraça-se, beija-se
 Amassa-se, deita-se
Não se chora nem reclama.

 Quando se ama
O bom é a sala, melhor a cama
Para cada encontro se conta as horas
Há choramingue e dengue quando vai embora.

 Quando se ama
 Cria-se sentido para a vida
Há sempre luz e esperança
Há saudades e boas lembranças.

Nada fica nas entrelinhas
 Ninguém cala ninguém consente
Não há lugar para mesquinharias
Se for verdadeiro o amor existente.

CIÚMES

Não posso conter o vulcão
 Preste a explodir dentro de mim
 Atormenta-me esta aflição
Com pressentimentos ruins.

Por mais que se procure certezas
A entrega não é plena e total
Ciúme traz a tristeza
E tudo ao redor parece mal.

O não brigar, não falar, afugenta e esconde
E o martírio tem gosto de prazer
 Qualquer gesto vira suspeita
E a dor no coração se espreita.

O desprezo e rejeição
Andam de mãos dadas com a traição
O olhar cabisbaixo condena
Que viver junto já não vale a pena.

 Sonhos também têm fim
Amor verdadeiro deve ser assim
Com brilho no olhar, gostoso de ficar
Com cumplicidade e amizade, e juntos rir e chorar.

Os ciúmes matam a saudade
 Fermentá-lo e impiedade
E dosar de vagar a morte
De um amor que nunca foi forte.

Fonte:
http://www.tabacultural.com.br/joaocesarflores.htm

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