Contam que a preguiça é muito preguiçosa, não quer fazer nada, não quer trabalhar e trabalha só de comer. Os outros animais não gostam disso e é por esse motivo que se zangam com a preguiça sempre que a encontram.
Um dia, o quati mandou a preguiça fazer um serviço, mas a preguiça não quis saber de trabalhar, só quis comer. O quati insistiu, insistiu, depois ficou zangado e começou a bater na preguiça, que não pôde fugir e se pôs a chorar.
Estava a preguiça chorando quando chegou a juriti e perguntou:
— Por que está chorando desse jeito, preguiça?
— É que o quati me mandou fazer um serviço e como eu estava com preguiça, ele deu muito em mim.
A juriti ficou com muita pena da preguiça e começou a chorar com ela.
Pouco depois, o quati voltou e tornou a surrar a preguiça, dizendo:
— Preguiça mais preguiçosa! E pare de chorar, senão vai apanhar mais.
A juriti, que se tinha escondido, ouviu aquilo e ficou muito zangada. Começou a pensar num meio de castigar o quati e resolveu fazer uma armadilha. Arrumou uma porção de pedaços de pau e fez um mundéu no caminho que o quati costumava percorrer. Pouco depois, o quati veio vindo, não viu a armadilha, caiu nela e ficou preso. Fez tudo o que pode para escapar mas, depois de muito tempo, nada tendo conseguido, começou a chorar e a gritar.
A juriti ouviu os seus gritos e se aproximou:
— Olá, seu quati, porque está chorando tanto?
— Estou chorando porque a preguiça fez uma armadilha no meio do caminho, eu caí nela e quase morri. E agora não posso escapar.
— A preguiça fez isso porque você deu nela.
— Quem lhe disse isso? — Perguntou o quati, espantado.
— Eu mesma vi. Você gostou de bancar o valente. Agora, está pagando por isso.
E a juriti foi embora, deixando o quati a chorar e a debater-se na armadilha. Chegou ao lugar da preguiça e contou-lhe o que acontecera.
A preguiça gostou. Riu muito e disse:
— Muito bem feito. Se ele conseguir escapar da armadilha e vier para cá, nós bateremos nele de novo!
Fonte:
Colhido por Jerônimo B. Monteiro e publicado em sua coluna Lendas, mitos e crendices
Jangada Brasil. Setembro 2010 - Ano XII - nº 140. Edição Especial de Aniversário.
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