sábado, 19 de janeiro de 2013

Ademar Macedo (Trovas do Ademar)


Perdão, palavra bonita 
que se pede, que se implora; 
palavra que é muito dita… 
Mas, só da boca pra fora!

Perdi minha mocidade, 
toda hombridade que eu tinha… 
Vivi sua identidade 
em vez de viver a minha! 

Política, era a vizinha. 
Ela trocou por Brasília 
todos empregos que tinha… 
Menos o bolsa família.

Por agir sem ter cautela 
um grande mico eu paguei: 
beijei uma magricela; 
não era a sogra… Era um gay!… 

Por conhecer meu valor, 
mesmo já no envelhecer, 
vou em busca de outro amor… 
Não tenho tempo a perder!

Por seu próprio desatino, 
tem gente que se maldiz 
pondo a culpa no destino 
por não ter sido feliz! 

Por ter uma fé suprema
não sofrerei agonia…
Se eu sinto uma dor extrema,
dou-lhe injeções de poesia! 

Posso jurar (não é finta):
eu não temo pesadelos,
pois fiz da saudade a tinta
para pintar meus cabelos…

Procuro sempre crescer 
mesmo enfrentando empecilhos, 
mostrando em meu proceder, 
exemplos para os meus filhos…

Quando a inspiração me envia 
a um cenário de beleza, 
eu dou beijos de poesia 
na face da natureza! 

Quando se manda um bilhete
para alguém que a gente gosta,
se faz logo um balancete,
quando não vem a resposta! 

Quando uma paixão soterra 
mágoa e dor nas cicatrizes, 
deixa uma marca que ferra 
o peito dos infelizes… 

Quase toda madrugada, 
Já vendo os raios do dia, 
busco um verso à minha amada 
numa fonte de poesia… 

Quase toda madrugada, 
Já vendo raiar o dia, 
faço um verso à minha amada 
num orvalhar de poesia… 

Quem o livre-arbítrio prega 
caminha contra a verdade. 
Pois eu não creio em quem nega 
a si mesmo…a Liberdade!

Quem semeia de verdade, 
tendo o amor como receita, 
colhe frutos à vontade 
no fim de cada colheita! 

Retratando sua história, 
o pobre cigano cria 
uma verdade ilusória 
que ele mesmo fantasia! 

Saudade… dor cruciante 
que nos maltrata demais; 
palavra sempre constante 
nas Trovas que a gente faz!

Sempre quando a noite nasce, 
traz, na escuridão dos campos, 
a luz que Deus pôs na face 
dos pequenos pirilampos…

Sem ter culpabilidade, 
eu vivo ainda os lampejos 
que você, nesta saudade 
faz brotar dos meus desejos.

Se não puder dar um bolo,
dê um pedaço de pão…
A caridade é um tijolo 
da casa da salvação!

Se o livre-arbítrio é uma escolha, 
e, não vendo outra saída, 
arranquei folha por folha 
do livro da minha vida… 

Se por piedade ou por pena, 
o casal NÃO se desfaz; 
vivem os dois triste cena… 
Onde nem pena tem mais!

Sinto ciúme, é verdade, 
quase morro de ciúme 
quando passas na cidade 
exalando o seu perfume!…

Só seu regresso conforta, 
mas já estou delirando… 
Sempre que alguém bata à porta 
penso que é você voltando!

Sua ausência, por maldade,
deixou, talvez, por vingança,
um punhado de saudade
dentro da minha lembrança! 

Tive amores – não sei quantos - 
Saudades tive, é verdade. 
Mas sei… derramando prantos, 
ninguém mata uma saudade!

Trabalho só é bacana 
se tiver, por sua vez: 
uma folga por semana 
e férias de mês em mês!

Traz alentos, novas vidas, 
muda a cor da plantação; 
a chuva sara as feridas 
que a seca faz no sertão.

Uma fé que não se abala, 
dai-me, Senhor, sem medida, 
para eu poder semeá-la 
pelos roçados da vida. 

Um desejo que me abrasa, 
no Ano Novo é ver os nobres, 
levando as sobras de casa 
para a casa dos mais pobres!

Um monumento de luz 
fez-se em mim arquitetado 
na mensagem que Jesus 
disse ao ser crucificado.

Vejo sentadas no chão, 
trajadas de desamor, 
crianças comendo pão 
amanteigado de dor!

Versos já fiz – não sei quantos - 
relembrando a mocidade. 
Hoje servem de acalantos 
para ninar a saudade.

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