terça-feira, 22 de janeiro de 2013

João Carlos Faria (Tarde Sem Chuva)


Poemas rasgados na tarde de sexta … Enquanto a casa de Paraty esta vazia … Adentro a ela, uma casa sem nada, sem televisão, um espaço em branco a ser preenchido. Adentro a casa e leio Gramática Expositiva do Chão de Manuel de Barros … Nas ruas, crianças brincam, famílias brigam e cães dormem em quintais. Quanto clichê! Mas respiramos e adentramos a poesia. Os poemas de Manuel são simples, mas não são fáceis. Nunca vi um poeta fácil. Sou ex poeta… Mas leio vorazmente poetas. Nas tardes, a vida é sem rima, cheia de prazeres… Nas manhãs nas tardes e nas madrugadas conversamos em bancas de jornais, enquanto elas ainda existem … E a vida desfila em nossa frente. Várias cores de emoções…As emoções tem cores … E a casa de Paraty continua vazia … Ando por suas ruas com um vestido indiano. É, eu usando um vestido indiano, com um tênis no pé. Não tem nada a ver.

Quantas propostas fiz a sociedade e sempre continuo anônimo. Graças a Deus nunca saberia lidar com a fama. Ela não ajuda a entender o mundo. Estamos aqui brincando de aprender. Se não entendermos para que servem os clichês, a escrita se faz inútil. Assisti a um programa de TV onde um mestre do roteiro ensina as manhãs de um roteiro. Deveria assistir várias vezes. Nem sei se escreverei algum roteiro, mas já sei que não poderei mais contar com Walmor Chagas que acabou de pegar um avião para o desconhecido, sem passagem de volta. Não acho que a morte acaba com tudo. Já não sou ateu. Nem me lembro se fui ateu. Crer depende de atitude. Tarde sem chuva. Manuel tem um corte nos poemas, um ar cinematográfico no seu jeito de contar historias. É um poeta de hoje. Demorei para ler este autor e agora se faz importante. Desculpem minha vil ignorância, para mim, estar junto com Fernando Pessoa nos diz muito de formas sutis. Leio muitas e muitas vezes um poema. Faço do poema parte de mim.

Hoje ouvi Raul numa banca de revista, que tem muita importância para mim nestes últimos anos. Uma conversa e troca de amizade sem nenhuma competição e sim compartilhamento. As emoções tem cores as vejo nas pessoas. Antes de voltar a cidade,fiquei em silencio vendo as emoções coloridas de meus familiares e procurei o silencio. Tenho uma voz alta, carregada de emoção. Quando falo, as árvores tampam os ouvidos. Devo calar-me e escrever. Já fui performance e alguém falou que eu poderia ter feito sucesso,  faltava teorizar, para não ficar no vazio. Deixe o tempo passar a escrita se faz inútil a razão humana mas necessária ao coração. Pássaros cantam em meu coração, Manuel me abriu infinitas possibilidades… Como amigos em bancas de revista. Conheço o mundo sem sair de meu bairro. Mas não deixo de querer pisar no Chão da Amazônia, nem de andar nas areias dos lençóis Maranhenses.

Caraca não falei das mazelas dos desgovernos da politica … Danem-se as mazelas, são homens mediocres que governam … Somos tão imitadores da América do Norte que criamos ao nosso jeito, uma Republica de dois grandes partidos … Estou fora se Deus me permitir. Já não tenho tantas ilusões. Não quero um paleto de Barnabé… Só preciso de um trabalho honesto e um teclado de computador, quem sabe um Tablet para ler tantos e tantos livros que quando morrer talvez os esqueça. Assim como esquecerão minha má literatura. Esforço-me para criar meu próprio estilo. Como não há nada novo entre o céu e a terra, devo só escrever … Dias destes critiquei um texto de alguém. Não consigo ficar em silencio quando alguém que escreve muito, faz algum texto medíocre. É o sistema que nos engole. Desculpem não sou devasso. Talvez já queira ter sido. Mas nunca fui. Só está em meus escritos antigos. Passado passou … A vida sempre segue, adentro a minha Casa de Paraty…Esta vazia, mas completamente cheia de Utopia … Que Walmor descanse … A vida é longa e curta … As estrelas estão ai a nos iluminar … Preciso recolher-me ainda não é madrugada.

Fonte:
http://entrementes.com.br/2013/01/tarde-sem-chuva/

Nenhum comentário: